terça-feira, 28 de março de 2017

Memória da rádio

Há algum tempo, publiquei aqui imagens das instalações degradadas de Rádio Clube Português, em Miramar (cortesia de Ana Isabel Reis). Agora, edito uma imagem das instalações da ex-Emissora Nacional (atual RTP) em Azurara (Vila do Conde).

A Emissora Nacional precisava de um emissor que cobrisse a área do Porto e norte do país, em ondas médias. O velho emissor junto ao Palácio de Cristal (Porto) tinha de ser substituído, por avarias constantes e porque o edificado naquela zona impedia uma boa propagação. Em 1954, o edifício da Azurara entrou em atividade, com duas antenas (para os dois programas). No edifício, à direita, funcionava a parte técnica, à esquerda os escritórios dos técnicos, com os aparelhos de ar condicionado, e ao fundo a cantina e armazém. A entrada tem ainda uma decoração da esfera armilar da bandeira nacional. As portas e janelas estão emparedadas. E vê-se, logo atrás do edifício, uma antena de feixes hertzianos. Com a crescente força da frequência modulada (FM), as antenas de ondas médias perderam importância, até ao desaparecimento da emissão nessas frequências. Quando as obras do metro de superfície Porto-Póvoa do Varzim passaram perto deste edifício, as antenas seriam desmanteladas.

A existência deste quase esqueleto físico do edifício tem por detrás de si uma memória de programas, trabalho, turnos de trabalho, potência emissora, técnicos, conhecimento. Qual a razão desta arqueologia industrial? Vai ser-lhe dada alguma função?



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