domingo, 12 de março de 2017

Tentativas para matar o amor


Ana (Cleia Almeida) é casada com João, apenas nomeado na narrativa, mas vive uma paixão com Jaime (Tomás Alves) há dez anos. Também presente-ausente é o filho dela, JP. Ao fim desse tempo, fazem um balanço das dificuldades em viver daquele modo. Contas para pagar, uma vida dupla, salários baixos, presença permanente de uma sociedade agressiva (tróica, tickets restaurante em vez de subsídio de alimentação, poluição e qualidade de vida). Manuel (Eurico Lopes) é uma espécie de contraponto, próximo do casal mas também quase o narrador.

Talvez as gerações mais novas compreendam a relação, talvez os mais velhos encontrem a história muito frágil, no sentido que damos a uma peça de cristal. Aliás, podia concluir-se que ela não é bem uma história mas um olhar poético sobre o amor e as relações no interior de um casal moderno numa geografia lisboeta bem precisa. A personagem feminina está mais bem desenvolvida, apresenta uma perspetiva do amor mais moderna e desinibida, enquanto os homens surgem mais defensivos. Será que Ana e Jaime vão continuar? Ou será a peça uma construção feminista?

A peça é de Marta Figueiredo, engenheira civil a trabalhar na Infraestruturas de Portugal, concorrente e vencedora do Grande Prémio de Teatro Português SPAutores / Teatro Aberto 2015. Ela tem dois filhos pequenos, nasceu na Meda, estudou em Lisboa e vive no Porto. Dramaturgia e encenação de Levi Martins e Maria Mascarenhas, figurinos de Dino Alves, cenário e desenho de luz de Adelino Lourenço, música original e sonoplastia de André Reis e vídeo de Eduardo Breda.

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