quinta-feira, 27 de abril de 2017

Discos Orfeu em exposição


Retiro de notícia editada no Diário de Notícias (27 de abril de 2017):

"Centenas de capas de discos da editora Orfeu, que gravou com José Afonso, Miguel Torga ou Sophia de Mello Breyner, vão ser exibidas em Matosinhos a partir de 04 de maio numa exposição inédita. Discos Orfeu - Imagens, Palavras, Sons (1956-1983) é o nome da «primeira grande exposição dedicada à emblemática editora» Orfeu, que chegou a gravar um disco por semana, e foi responsável pelo lançamento de discos de músicos como Adriano Correia de Oliveira, José Cid ou Sérgio Godinho, revelou hoje Câmara Municipal de Matosinhos.

A exposição tem inauguração marcada para a Casa do Design de Matosinhos na próxima quinta-feira, dia 4 de maio, pelas 17:00. Em entrevista telefónica à Lusa, o fundador da Orfeu, Arnaldo Trindade, sublinhou que a Discos Orfeu é a primeira exposição que reúne 60 anos de história daquela editora, que iniciou a sua atividade em 1956 e que é a responsável pela edição fonográfica de autores como José Régio, Eugénio de Andrade, José Rodrigues Miguéis ou Sophia de Mello Breyner. «É a primeira vez que se faz uma exposição destas e que representa 60 anos de trabalho (...), representa uma época bastante importante na nossa vida, porque foi de facto uma época das trevas, do regime anterior e que conseguiu, através da vontade e do entusiasmo de um grupo de jovens da altura, fazer uma obra que ainda hoje perdura, como é a de José Afonso, a do Adriano Correia de Oliveira, do Fausto, do Sérgio Godinho, de José Cid, do António Mafra e dos poetas a gravarem as sua obras», disse Arnaldo Trindade. A Orfeu nasceu em 1956, chegou a ter sede na rua de Santa Catarina e «teve a sorte» de estar no Porto num período que era uma «espécie de renascimento», aproveitando artistas oriundos do Teatro Experimental para declamarem poetas mortos, e artistas da Escola de Belas Artes, recordou o fundador da editora portuense.

A exposição, aberta até dia 12 de junho, tem a curadoria de José Bártolo e estrutura-se em cinco núcleos principais: No início era o verbo (1956-1959), Trovas do Vento que passa (1960-1967), Vozes da Revolução (1968-1975), Entre Vénus e Marte (1976-1979) e O fim da aventura (1980-1983). Entre as centenas de discos de vinil que vão estar em exposição ao longo do próximo mês e meio, o público vai poder ver trabalhos como Traz Outro Amigo também (1970) ou Cantigas do Maio (1971) de José Afonso, os discos Pano-Cru (1978) e Campolide (1979), de Sérgio Godinho, e 10.000 anos depois entre Vénus e Marte (1978), de José Cid. A mostra vai também revelar o primeiro contrato de José Afonso com a Orfeu ou os originais da arte final da capa do disco Coro dos Tribunais, revelou a autarquia, acrescentando que todo o trabalho de investigação para aquele certame foi coordenado por José Bártolo, em articulação com Arnaldo Trindade e Noly Trindade e teve ainda a colaboração técnica de João Carlos Callixto, Carlos Paes, João Pedro Rocha e Heitor Vasconcelos. 

O trabalho gráfico da Orfeu vai também estar em destaque na exposição com revelações de capas de discos assinadas por designers como José Santa-Bárbara, Fernando Aroso, José Brandão, José Luís Tinoco ou Alberto Lopes. Na Discos Orfeu - Imagens, Palavras, Sons (1956-1983) vai também haver oportunidade para apreciar imagens de fotógrafos da altura como Fernando Aroso, Eduardo Gageiro, Álvaro João, Nick Boothman, João Paulo Sotto Mayor ou Patrick Ullmann. A par da exposição decorre também uma programação paralela que juntará diversos artistas Orfeu, colecionadores e musicólogos, refere a autarquia, sem anunciar ainda os nomes e as datas".


[recorte do Jornal de Notícias, 3 de julho de 1959]

Sem comentários: