Capa do livro: Maria Silvana Violante Machado |
A autora colaborou com um programa na Rádio Fundação (Guimarães). Não dito de modo explícito, creio que os poemas seriam apresentados nesse programa, versando conversas telefónicas, diálogos entre a poetisa no estúdio e os ouvintes, o pulsar de novos e velhos, as boas e más notícias, o folclore, o associativismo, tendo como pano de fundo a solidariedade, a amizade e o humanismo, com a música como pretexto (prefácio de Barroso da Fonte, diretor do jornal Poetas & Trovadores). O mesmo Barroso da Fonte enaltece o papel deste modo de fazer rádio local, com um papel social e cívico de muita importância no final do século XX.
O livro divide-se em três partes, separadas por imagens: poesia solta, diálogo com a rádio e o povo, desabafos da sua vida menos boa, evidenciando a crise empresarial na Coelima (março-abril de 1991), onde teria trabalhado. Aliás, outro introdutor da obra, António Feliciano, remete a autora para o Orfeão da Coelima. Dois dos poemas mais sentidos de Ana Machado dirigem-se a uma estagiária de psicologia na Coelima, Luísa, nesse momento de crise, quando as notícias davam conta do (previsível) despedimento de duas mil pessoas: "Disso vamos ter fé / Pela Coelima vamos lutar / Com a ida a Guimarães a pé / No futuro vamos apostar" e "Esta marcha foi feita / Com a Luisinha a animar / Deu-nos a coragem perfeita / Para o Vale do Ave reivindicar". O poema acaba com um beijinho de Ana Machado e de Goretti, certamente outra colaboradora da Coelima. Um dos poemas dedicado à estagiária descreve-a com olhos azuis, óculos e cabelos compridos aloirados, a arranjar logo um namorado dentro da Coelima, o qual pensaria em entrar para a universidade nesse ano.
Ana Machado (1954) exerceu funções de secretariado no domínio da psicologia e formação profissional (1970-1996) e na câmara municipal de Guimarães, na Divisão de Ação Cultural e Social (desde 1996). Ligada ao folclore e às danças de salão, era, à data da edição do livro, presidente do grupo Regional Folclórico e Agrícola de Pevidém, presidente da Associação de Folclore e Etnografia de Guimarães e membro dos corpos diretivos da Federação de Folclore Português e da Sociedade Musical de Pevidém.
Leitura: Ana Machado (2006). O Poeta, a Rádio e o Povo. Guimarães: Editora Cidade Berço
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