quarta-feira, 11 de fevereiro de 2004

INDÚSTRIA DOS DVDs

Noticiou o Expresso de sábado o salto dado no último ano no consumo de DVDs, com um crescimento de 173,59%. O aumento deu-se quer a nível de aluguer - clubes de vídeo, que se converteram do formato VHS para o DVD - quer a nível de venda directa - para o que contribuiram os lançamentos semanais nos jornais Diário de Notícias e Público, aqui com preços da ordem dos €8,44 contras os habituais €22.

Jorge Leitão Ramos, o autor da peça jornalística que refiro, escreveu mesmo que os portugueses estão apaixonados pelos DVDs. E considera que há um novo tipo de comportamento: até agora, o consumo passava pelo aluguer no clube de vídeo; agora, o coleccionismo leva a que se compre o filme. A isto associa-se a melhor qualidade do suporte e da sua reprodução - o cinema em casa. Basta ver o espaço e o destaque que estes equipamentos têm nas lojas de equipamentos de reprodução electrónica.

Quem fala em filmes em DVDs fala também de equipamentos de reprodução. A Marktest estima que haja, neste momento, 700 mil lares com equipamentos de reprodução de DVD, contra o 1,6 milhões de reprodutores de VHS, o que quer dizer que o mercado de venda de equipamento também vai crescer.

Um último ponto, e também abordado na mesma notícia que serve de apoio a este post, é o da relação do cinema com a televisão. Em 1980, a receita de um filme cinematográfico vinha basicamente da sua passagem num ecrã (75%), contra 18% na televisão; em 2000, os números mudaram, sendo a sala de cinema responsável por 34% da receita do filme, ao passo que a televisão subia para 20% e o vídeo/DVD gerava 40% da receita do mesmo filme, enquanto 3% iam para o merchandising e 3% para o pay-per-view. Há ainda duas notas finais. A primeira é a de que o DVD não é o fim da escala, pois se estima o crescimento do pay-per-view nos próximos anos. A segunda é que a produção de novos filmes capta receitas importantes, mas não se pode esquecer a rentabilização dos fundos de catálogo, onde a Warner Home Video está à frente (24% do mercado americano).

É curioso salientar que esta onda de nostalgia - edição de produtos editoriais antigos - está a ocorrer do mesmo modo no mercado discográfico. As novas tecnologias (CD, DVD) são uma oportunidade de fazer negócio com edições antigas, pois há novos compradores ou velhos consumidores que, na altura em que os produtos culturais cinematográficos ou discográficos sairam, ou não os compraram (relacionados com o poder de compra) ou os querem recordar (porque os outros suportes perderam qualidade ou desapareceram simplesmente).

Sem comentários: