quinta-feira, 12 de fevereiro de 2004

MEMÓRIA JORNALÍSTICA - IV

"Povo rico, livre e culto, possui jornais poderosos e importantes; ao inverso, povo pobre, tiranizado e analfabeto tem-nos de nenhum valor. E, à medida que as nações sobem na escala da civilização, de par aumentam a riqueza e o alcance dos seus periódicos para lhes reproduzirem a fisionomia louçã e viçosa.

"A imprensa é um facho luminoso, que clareia a estrada larga do progresso social. É o órgão legítimo da opinião pública. É o quarto poder do Estado, que traduz o sentimento e a força nacional. Foi a imprensa que soprou os primeiros alentos à opinião pública, que lhe imprimiu os primeiros movimentos, que esboçou os primeiros ideais para o seu objectivo e funções. É a imprensa que trabalha pela conquista das ideias modernas, preparando-lhes o advento, apressando-lhes a evolução, garantindo-lhes a vitória.

"A sua acção é imensa: encaminha e orienta a opinião pública perante os poderes do Estado, suaviza e ameniza o rigor excessivo da aplicação da lei, aplaude os actos justos e nobres e verbera os abusos e excessos. E quantas vezes não exerce a sua acção profilática contra o egoismo! A sua influência atinge as raias do sublime, quando defende os oprimidos e patrocina os sedentos de justiça.

"A imprensa é o paládio de todas as liberdades, o apoio de todas as fraquezas, a salvaguarda de todos os direitos, a resistência a todas as prepotências, o direito oposto a todas as tiranias, inclusive a das maiorias parlamentares, condenadas e fulminadas pelo grande constitucionalista James Bryce".

Extraído de: Visconde de S. Boaventura (1908). A pasta dum jornalista. Lisboa: Parceria António Maria Pereira

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