domingo, 14 de março de 2004

RÁDIO I

A rádio parece estar na crista da onda em termos de negócios ou projecção deles nos grupos económicos portugueses de media. Depois da compra de três frequências por Nobre Guedes, destinadas a retransmitir estações da Media Capital, o Expresso de ontem tem uma peça intitulada "Impresa estuda rádio", escrita por Pedro Lima. O título puxa um tema que, na peça, é secundário - o que não deixa de ser sintomático do interesse da Impresa.

A notícia informa as contas de 2003 (ainda na forma de previsão) do grupo de Balsemão. Assim, fica-se a saber que os lucros do grupo se situarão entre os 3 e os 4,5 milhões de euros, uma melhoria de 63,5% (presumo que face a contas do ano anterior, embora o texto esteja omisso neste aspecto). Do conjunto de empresas, a SIC foi a estrela (aumento de 11%), seguida das revistas (2,4%) e dos jornais (0,4%). Um número significativo, embora não desagregado, é o das receitas relacionadas com canais temáticos, SMS, produtos editoriais e marketing alternativo (27,6%). O jornalista adianta ainda que o panorama deste ano será também positivo, quase rondando os 10% (acima dos previstos inicialmente de 5%). O Rock in Rio Lisboa e o Euro 2004 serão dois eventos que terão impacto na SIC. Há, ainda, previsão de lançamento de novas revistas, embora nada seja concretizado. E é aqui que aparece a rádio: "A Impresa tem um grupo de trabalho para a rádio, que estuda oportunidades nesta área de negócios".

Depois da investida da Media Capital no território da rádio (via Nobre Guedes) e do interesse demonstrado pelo patrão do mesmo grupo em estender o seu domínio de media à imprensa - tornando-se apetecível a Lusomundo -, será que a Imprensa estuda a aquisição da TSF, da mesma Lusomundo? Pura especulação minha.

Recordo que, na vizinha Espanha, é vulgar haver publicidade, em página inteira nos jornais, das principais cadeias de rádio, como a SER e a DIAL, ou ainda a Kiss FM, estação que também tem um âmbito nacional - demonstração de uma grande concorrência neste medium. Será que a rádio também vai ser um forte negócio no nosso país?

RÁDIO II

Em artigo saído no Público de hoje, Adelino Gomes refere-se ao desaparecimento da estação Luna. Escreve, como eu também já notei neste local, a continuidade da passagem de música clássica nestes últimos dias. Para o jornalista, será que o separador técnico ainda existente serve para "limpar" a casa? E escreve sobre a "apagada, indigente e vil tristeza em que caiu o sonho das rádios locais e regionais". Para ele, uma estação de rádio não é um gira-discos. Curiosamente, nos blogs dedicados à rádio - caso de A Rádio em Portugal -, fazia-se muito recentemente alusão a esta fase menos encantadora da rádio portuguesa.

CINEMA

Duas páginas na secção de cultura do Público de hoje são dedicadas ao cinema. Com o título "O cinema português vai mudar?", o lead fala do cinema ser ou não uma indústria. Curiosamente, um dos intervenientes citados na peça principal fala de "modelo soviético" quando se refere ao fundo de investimento recentemente anunciado (e do qual escrevi neste espaço). A jornalista Joana Gorjão Henriques ouve dois dos principais agentes do cinema: João Mário Grilo, defensor do cinema como arte, e António Pedro Vasconcelos, que tem em mente o cinema como indústria. Exactamente o debate da revista Visão de 12 de Fevereiro último, e que eu destaquei aqui. Novidades nas peças hoje publicadas são a entrevista a André Lange, do Observatório Europeu do Audiovisual, um quadro dos 10 filmes portugueses com maior circulação na Europa entre 1996 e 2002 e a análise da reprodução dos filmes em outros suportes (DVD, vídeo e televisão).

11-M
No suplemento "Domingo" do El Pais de hoje vem um conjunto de imagens dos atentados de 11 de Março em Madrid. Imagens simplesmente aterradoras. Incluindo a fotografia que sofreu retoques quando da sua divulgação, dado o lado macabro - uma mão ou um pé decepado, junto ao carril, numa cena dantesca. E, noutras fotografias, rostos e corpos já sem vida, no meio de escombros. Muito, muito triste.

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