segunda-feira, 16 de agosto de 2004

O-Zone: o fenómeno musical deste verão

No blogue Renas e veados, podemos encontrar informação sobre os O-zone e diversos comentários. Mas quem são os O-zone? E que fenómeno moderno tipificam?

Os O-zone, esclarece o blogue, são uma banda musical, vinda da Moldávia. Nele se escreve: "Há poucos minutos atrás, estava eu a teclar com o meu amigo Barba-Ruiva, que me contava entusiasmado que não ouvia outra coisa há dias, que só Dragostea din tei ecoava na sua cabeça, e era já o toque do seu telemóvel, pedi-lhe que me enviasse o mp3 da canção e todas as minhas certezas se confirmaram e amplificaram. Ouvir O-zone pela primeira vez é sentir que algo de absolutamente novo nos está a ser revelado, todas as nossas certezas, noções e gostos musicais sofrem um abalo. Esqueçam as t.A.T.u., esqueçam os Scissor Sisters, esta é uma nova dimensão musical. É o euro-gay-pimba elevado a patamares de perfeição nunca antes alcançados por género musical algum". Para o mesmo bloguista, "Os rapazes vivem na Roménia, são moldavos e cantam em moldavo (que por acaso é o mesmo que o romeno)".

Segundo um dos sítios da internet dedicados aos fãs, a história do grupo terá começado no ano de 1998, quando Dan Balan abandonou a sua banda de new metal e decidiu fazer uma coisa mais comercial, criando o primeiro grupo dance moldavo, exactamente o O-Zone. O seu primeiro grande êxito foi Numai tu, um dos dez temas editados no álbum Number 1 (2002), que chegou a duplo disco de ouro (imagem retirada do sítio Poze).

As necessidades da indústria discográfica...

Os O-zone, acrescento eu, fazem o hit do Verão mais tocado nas rádios, com passagem obrigatória nos canais musicais de televisão e de som dançável para as discotecas. Em cada Verão há um fenómeno assim. Quem não se lembra do "Asereje", das Ketchup, num outro Verão recente? Toda a gente as cantava, elas vieram a Portugal dar um concerto que não terá corrido muito bem, até os telemóveis incluiram um toque com a musiquinha. Mas, como uma borboleta nocturna em torno de uma lâmpada, ela tanto dança que se cansa e morre. Nunca mais ninguém ouviu falar das Ketchup!

Nestes últimos anos, e não fiz um estudo aprofundado para confirmar ou não, tais fenómenos de sucesso episódico têm de possuir ritmo contagiante e origem em países mais ou menos exóticos à cena musical dominante da indústria discográfica. A renovação de estilos musicais - para tudo se manter igual - é uma linha preciosa para que a indústria tenha lucros (não pretendo aqui seguir a linha de Theodor Adorno, mas que dá vontade, dá). Nos O-zone, há uma nostalgia mal requintada pelos anos 1970. Não sei, até por não ser especialista musical, se isso tem a ver com mudanças de regime político e necessidade de queimar etapas (aqui, ao invés, seria reviver um dado tempo mas com outra postura cultural).

... ou a alegria do alargamento da União Europeia

Mas vale a pena seguir o que o Nouvel Obs.com (Nouvel Observateur) escreveu a 13 de Julho: "Enfim, uma notícia que alegra os partidários do alargamento da União Europeia! A música que fará dançar este Verão italianos, eslovenos, alemães e ingleses numa espécie de fervor comunitário partilhado e que não vem do império americano. Mas da... Moldávia, pequeno país situado entre a Roménia e a Ucrânia. [...] A ofensiva vinda do Leste conquistou toda a Europa: «Dragostea din tei» (O amor sob as tílias) chegou rapidamente ao primeiro lugar em quase todos os países". A banda espera chegar aos três milhões de cópias até final do Verão (para além de várias versões). Escreve o Nouvel Observateur que tal fenómeno de vendas jamais se viu desde Lambada, lá para os finais dos anos 1980. E ameaça tornar-se um hino transeuropeu, logo agora que tínhamos embadeirado em arco com a "nossa" Nelly Furtado e a música do Euro 2004.

À atenção das fãs: Dan Balan, líder incontestado da banda tem 25 anos e é solteiro e sem namorada!

Preços: 1) disco, aproximadamente: €12; 2) transferência do toque da música «Dragostea din tei» para o telemóvel: entre €1 e 1,5.

[agradeço à Patrícia Santos a colaboração na pesquisa de informação e crítica da mensagem]

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