quinta-feira, 23 de setembro de 2004

CENTROS COMERCIAIS, OUTRA VEZ

Ainda me recordo da movida que foi a abertura do centro comercial Brasília, na rotunda da Boavista, no Porto. Marcou um tempo novo de lojas, num espaço já densamente comercial. Há quantos anos foi isso? Já lhe perdi a conta.

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A verdade é que começou um novo período de consumo. Lojas muito iluminadas, umas junto às outras [no Porto diz-se "à beira", em Lisboa diz-se "ao pé"], com um ambiente climatizado. A frequência de compradores ou simples mirones era elevada. Os jornais fizeram referência à "catedral de consumo". Depois, anos mais tarde, o espaço de lojas alargava-se, com chão mais nobre (passando da matéria plástica para pedra) e lojas mais modernas. O fluxo de visitantes ampliou-se, creio que se faziam excursões ao sítio para admirar e comprar. Até abriu um cinema, o Charlot. Vi lá algumas fitas, embora a sala não fosse a minha preferida.

Mais tarde, talvez há uns dez anos (ou mais, que a memória esbate o tempo), abriram novos centros comerciais na zona e entravam na rota do consumo os centros comerciais tipo GaiaShopping, onde as lojas eram predominantemente de marcas internacionais, fosse roupa, ténis ou equipamentos eléctricos.

brasilia1.JPGO Brasília, de lojinhas familiares, com poucos produtos a rodarem as montras, entrou em declínio inexorável. Os críticos e racistas começariam a dizer: até já tem lojas de indianos! Mas estas acabam por ser úteis, vendendo acessórios para informática, computadores e telemóveis.O cinema fechou, como mostra a imagem em cima, muitas lojas estão vazias, o centro comercial parece um fantasma, até se ouve o eco dos sapatos passando no chão de plástico ou de pedra.

Quantos shoppings, outrora brilhantes, procurados por gente sempre apressada a comprar, estão degradados ou entram numa velhice triste? E, se estes entram em crise, também a actividade comercial fora do espaço fechado sofre. É que, apesar da concorrência, passava a haver uma complementaridade, pois o centro comercial funcionava como um pólo, uma âncora, como se diz agora.

Mas, no meio desse vazio, pode haver espaço para uma surpresa. E que contraria a regra dominante, embora não saiba por quanto tempo. Prometo voltar ao assunto.

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