quarta-feira, 22 de setembro de 2004

COMO SE ESCOLHEM AS NOTÍCIAS

As notícias são produzidas tendo em conta a actualidade, significado social, interesse público da matéria, consonância e novidade - disse, sintetizando intervenções nos dias anteriores, Cristina Ponte, da Universidade Nova de Lisboa, no colóquio de domingo último na Associação Abril em Maio. E perguntou: quanto custa fazer uma notícia? Há "boas" personagens nas notícias?

a1.JPGPegando na comunicação de Mário Mesquita, na sexta-feira, sobre "Os 30 anos do 25 de Abril no Jornal de Notícias", salientou-se o espaço do (de um) jornal como promotor, narrador e intérprete [de acontecimentos e factos, acrescento eu]. A efeméride tornou-se comemoração e celebração, numa escrita virada para o consenso e que rasura, por isso, a dissensão. Ou, por outras palavras, e ainda para Mário Mesquita - segundo a síntese de Cristina Ponte [eu funciono como segundo repetidor, pelo que qualquer erro ou omissão a mim deve ser imputado] -, a memória sacraliza e esquece ou apaga. É como no caso das notícias da necrologia, em que apenas assomam determinados aspectos, normalmente descontando os excessos e elevando as virtudes.

Dos dois outros comunicadores presentes na sessão de domingo à tarde, que eu acompanhei, Acácio Barradas destacou a deslocação do poder, nas redacções, dos jornalistas para os conselhos de administração, enquanto José Mário Silva (caderno DNA, do Diário de Notícias) mostrou a importância da blogosfera na actividade jornalística actual. Para este último jornalista, a blogosfera não é alternativa aos media existentes mas assume-se como um suplemento.

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