COMO SE FAZ A PENETRAÇÃO DAS ONDAS HERTZIANAS: O CASO DE MARROCOS
Vem ontem no El Pais o modo como as ondas hertzianas são “conquistadas” por novos colonizadores. O exemplo é Marrocos. A peça, escrita por Ignacio Cembrero, dá conta da perda da influência da língua espanhola nos media audiovisuais do vizinho do Sul.
Nos anos de 1970, era aceite ver, ouvir e aprender a língua e a cultura espanhola através da televisão. Mas hoje as influências são outras: de Espanha só se sintoniza quando há jogos de futebol. A audiência marroquina busca os canais nacionais (58%), os canais árabes generalistas, como a libanesa LBC, a egípcia ESC e a Al-Jazeera (30%), e os canais ocidentais (12%). Já na Tunísia, os canais pan-árabes têm uma quota de 42%, seguidos dos nacionais (40%) e dos franceses (18%), e, na Argélia, a televisão francesa atinge metade dos telespectadores, repartindo-se as audiências ainda pelos canais árabes (30%) e pelas cadeias nacionais (20%). Estes são dados da Sigma Conseil, um instituto de sondagens que opera no Magrebe.
O artigo, que é muito curioso dado que os imigrantes marroquinos têm um peso destacado em Espanha, dá conta de algumas modificações recentes no panorama audiovisual de um país próximo de Espanha (e nosso também): Marrocos. Há 14 meses atrás, a então embaixadora americana exigiu – no campo da rádio – uma alteração à lei daquele país, de modo a implantar a estação de FM Sawa, a versão árabe da Voice of America. O êxito da sua programação – uma mistura de música árabe e anglo-saxónica com a informação – conduziu a que 73% da população de Casablanca e Rabat, as duas maiores cidades do país, sintonizassem a Sawa (inquérito da AC Nielsen de Abril último). A percentagem sobe a 88% entre os jovens com menos de 30 anos.
Mas a próxima liberalização do audiovisual em Marrocos está a mexer com outros países. Chirac, o presidente francês, já prometeu instalar a Médi Sat no próximo ano, uma estação de televisão. E a BBC pressionou para que pudesse emitir televisão, embora as autoridades tenham remetido para depois da alteração legislativa. Já na Tunísia, a francesa TF1 e a italiana Finvest (de Berlusconi) associaram-se à primeira cadeia privada, Hannibal TV, que começará a emitir no próximo mês de Outubro.
O jornalista pergunta: e Espanha, o que está a fazer? É que apenas a Radio Exterior de España emite em árabe e somente 14 horas semanais, muito menos que a RAI italiana.
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