LIVRO DE ESTILO DO PÚBLICO
O jornal Público faz anos no próximo dia 5. Na realidade, surgiu após uma falsa partida, como reconhece o começo do editorial desse dia 5 de Março de 1990: "Foi um desafio dramático à confiança dos leitores e anunciantes e à capacidade de resistência de toda a equipa - jornalistas, colunistas e colaboradores, gráficos, quadros administrativos e técnicos - que produz este jornal" [imagem da primeira capa retirada do livro 300 primeiras páginas 1990-2003, editado pelo jornal vai para um ano].
Desde então, o Público é o meu jornal. Com ele, tenho aprendido muito. Por vezes, não gosto - e aproveito este espaço (ou as cartas ao provedor) (obs.: espero que a prenda do aniversário do jornal aos seus leitores inclua o nome do novo provedor). Mas, fielmente, compro-o sempre.
A razão deste post, a dias do aniversário, prende-se com a saída, prevista para o mesmo dia 5, do novo livro de estilo. Prometo lê-lo com atenção, a partir dos princípios e normas de conduta profissional: "1. O jornalista do PÚBLICO defende a democracia, condição de base para o exercício normal da sua actividade, cujos pressupostos essenciais são a liberdade de expressão e o direito à informação" [nas imagens: capas das edições do livro de estilo de 1998 e de 2005].
ANTECIPADAMENTE: PARABÉNS AO PÚBLICO.
Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2005
OBRIGADO
O meu sincero agradecimento aos blogues BLOGotinha, Pastel de Nata e Tadechuva. Os acessos ao IC parecem quase os de uma máquina registadora - isto porque fizeram um link para o meu blogue a propósito do jantar dos blogueiros de anteontem em Coimbra. Avizinha-se um dia de pico de audiência. Reconheço a vossa grande visibilidade.
E peço desculpas públicas ao amigo de O blog de Luís Silva. Eu não conhecia o acordo para não publicar imagens do encontro. Mas as imagens são inofensivas: como não estão identificadas as pessoas, não existe perigo em tirar a privacidade aos nossos colegas dos blogues. E espero que tenha grande sucesso na sua exposição de fotografias em Seia.
O meu sincero agradecimento aos blogues BLOGotinha, Pastel de Nata e Tadechuva. Os acessos ao IC parecem quase os de uma máquina registadora - isto porque fizeram um link para o meu blogue a propósito do jantar dos blogueiros de anteontem em Coimbra. Avizinha-se um dia de pico de audiência. Reconheço a vossa grande visibilidade.
E peço desculpas públicas ao amigo de O blog de Luís Silva. Eu não conhecia o acordo para não publicar imagens do encontro. Mas as imagens são inofensivas: como não estão identificadas as pessoas, não existe perigo em tirar a privacidade aos nossos colegas dos blogues. E espero que tenha grande sucesso na sua exposição de fotografias em Seia.
ÓSCARES E RELEITURA DOS JORNAIS DE ONTEM
Na noite dos óscares de Hollywood, o prémio para melhor realizador e melhor filme coube a Clint Eastwood (74 anos) em Million Dollar Baby. Também Hilary Swank (30 anos), que desempenhava o principal papel feminino, fazendo de pugilista, e Morgan Freeman, como melhor actor secundário, trouxeram estatuetas [na imagem Swank recebendo outra estatueta (2000), em página do Sunday Times de ontem]. Já O aviador, de Martin Scorsese, ganhou cinco prémios: Cate Blanchett, como melhor actriz secundária, e categorias técnicas (fotografia, montagem, guarda-roupa e direcção artística).
Pela leitura que fiz do Sunday, o jornal apostou em Scorsese (62 anos). O realizador não ganhou o que persegue há mais de trinta anos. Resta agora trabalhar no próximo filme, The departed, com o mesmo Leonardo DiCaprio, sobre o submundo irlandês em Boston. Além de recuperar dinheiro (Scorsese admite ter gasto além de 97 milhões de dólares em Gangs of New York, em 2002, e ter perdido milhões) e esquecer outras ocasiões em que o óscar estava também perto (Taxi driver, 1976; Touro enraivecido, 1980). Desta vez, a sorte não lhe sorriu talvez porque, em O aviador, ele retratasse uma certa decadência dos estúdios de Hollywood nos anos 1930, quando Hughes emerge simultaneamente como figura central e excêntrica nesse lado da Califórnia. A Academia pode não ter perdoado nesta noite passada o não politicamente correcto.
Scorsese, que nunca perdeu a sua origem italiana (Sicília, de onde vieram os pais), diz ter sido educado entre padres e gangsters, enquanto vivia num apartamento de dois quartos e meio na zona italiana de Nova Iorque e passava as tardes a ver filmes.
Os designers procuram o sonho do product placement
A atribuição dos óscares de Hollywood é um momento soberano para as marcas de moda e adereços triunfarem, dada a enorme visibilidade da cerimónia nos ecrãs televisivos de todo o mundo [na imagem, Cate Blanchette, capa parcial do caderno 4 do Sunday Times de ontem]. E John Harlow, do Sunday Times de ontem, revelaria alguns dos segredos que envolvem as noites dos óscares. Claro que a minha leitura já vai atrasada e eu ainda nem sequer vi as imagens da televisão (soube dos óscares pela rádio e aqui na internet). Hillary Swank, que ganhara um outro óscar em 2000, terá gasto cinquenta mil libras com um colar de diamantes para levar na noite passada. Joalheiro: o suíço Chopard. O ano passado, Charlize Theron, o rosto do perfume J'adore, da Christian Dior, não se vestiu com esta marca. Tratava-se de uma questão de finanças separadas, disse um porta-voz. Anteriormente, Angeline Jolie, a actriz dos filmes Tomb Raider, disse estar interessada em usar um colar de 55 pedras, chamado Diamantes para a humanidade, a fim de promover o fim de conflitos armados. Se as malas On 3 Productions, de Los Angeles, esperavam ganhar muito dinheiro com a promoção dada pela noite dos óscares. Cate Blanchett, a actriz que ganhou um prémio pela interpretação em O aviador foi presenteada com 20 malas dessas.
França: das telecomunicações para a pasta da economia
Thierry Breton (50 anos), o recém-empossado ministro francês da economia, estava à frente dos destinos do operador histórico das telecomunicações do seu país, a France Télécom (FT), desde Outubro de 2002. Nessa altura, as acções da FT tinham descido 85%, fixando-se nos €6, enquanto a dívida estava nos €68 milhões. O seu plano de recuperação visava estabelecer a confiança da bolsa, dos accionistas e dos trabalhadores. Ao mesmo tempo, baixou o papel do Estado na empresa, até chegar aos 50% de capital público, reduziu 22 mil postos de trabalho (tem actualmente 202 mil assalariados em todo o mundo), renegociou com fornecedores e começou um programa de reintegração das filiais: Orange (2003), Wanadoo (2004) e Equant (2005).
Mas a FT continuaria a enfrentar problemas: declínio da actividade da telefonia fixa (peso: 46% do volume de negócios), perda da vitalidade da operadora móvel Orange no Reino Unido e na própria França (aqui face à SFR) e da internet (a Wanadoo perdeu em confronto com a Free e a Neuf Télécom), velocidade de cruzeiro ainda não atingida em termos de inovação (vídeo e videofonia, internet sem fios e integração entre móvel e fixo).
Católico, centrista e patrão, Breton passou a maior parte dos anos 1980 a ensinar os franceses no domínio das novas tecnologias. Ele é ainda escritor, pois publicou romances de ficção científica como Softwar, Netwar e La dimension invisible (1991, que mereceu uma crítica favorável de Chirac no Le Figaro).
Fonte: Le Monde, de 27 de Fevereiro
Na noite dos óscares de Hollywood, o prémio para melhor realizador e melhor filme coube a Clint Eastwood (74 anos) em Million Dollar Baby. Também Hilary Swank (30 anos), que desempenhava o principal papel feminino, fazendo de pugilista, e Morgan Freeman, como melhor actor secundário, trouxeram estatuetas [na imagem Swank recebendo outra estatueta (2000), em página do Sunday Times de ontem]. Já O aviador, de Martin Scorsese, ganhou cinco prémios: Cate Blanchett, como melhor actriz secundária, e categorias técnicas (fotografia, montagem, guarda-roupa e direcção artística).
Pela leitura que fiz do Sunday, o jornal apostou em Scorsese (62 anos). O realizador não ganhou o que persegue há mais de trinta anos. Resta agora trabalhar no próximo filme, The departed, com o mesmo Leonardo DiCaprio, sobre o submundo irlandês em Boston. Além de recuperar dinheiro (Scorsese admite ter gasto além de 97 milhões de dólares em Gangs of New York, em 2002, e ter perdido milhões) e esquecer outras ocasiões em que o óscar estava também perto (Taxi driver, 1976; Touro enraivecido, 1980). Desta vez, a sorte não lhe sorriu talvez porque, em O aviador, ele retratasse uma certa decadência dos estúdios de Hollywood nos anos 1930, quando Hughes emerge simultaneamente como figura central e excêntrica nesse lado da Califórnia. A Academia pode não ter perdoado nesta noite passada o não politicamente correcto.
Scorsese, que nunca perdeu a sua origem italiana (Sicília, de onde vieram os pais), diz ter sido educado entre padres e gangsters, enquanto vivia num apartamento de dois quartos e meio na zona italiana de Nova Iorque e passava as tardes a ver filmes.
Os designers procuram o sonho do product placement
A atribuição dos óscares de Hollywood é um momento soberano para as marcas de moda e adereços triunfarem, dada a enorme visibilidade da cerimónia nos ecrãs televisivos de todo o mundo [na imagem, Cate Blanchette, capa parcial do caderno 4 do Sunday Times de ontem]. E John Harlow, do Sunday Times de ontem, revelaria alguns dos segredos que envolvem as noites dos óscares. Claro que a minha leitura já vai atrasada e eu ainda nem sequer vi as imagens da televisão (soube dos óscares pela rádio e aqui na internet). Hillary Swank, que ganhara um outro óscar em 2000, terá gasto cinquenta mil libras com um colar de diamantes para levar na noite passada. Joalheiro: o suíço Chopard. O ano passado, Charlize Theron, o rosto do perfume J'adore, da Christian Dior, não se vestiu com esta marca. Tratava-se de uma questão de finanças separadas, disse um porta-voz. Anteriormente, Angeline Jolie, a actriz dos filmes Tomb Raider, disse estar interessada em usar um colar de 55 pedras, chamado Diamantes para a humanidade, a fim de promover o fim de conflitos armados. Se as malas On 3 Productions, de Los Angeles, esperavam ganhar muito dinheiro com a promoção dada pela noite dos óscares. Cate Blanchett, a actriz que ganhou um prémio pela interpretação em O aviador foi presenteada com 20 malas dessas.
França: das telecomunicações para a pasta da economia
Thierry Breton (50 anos), o recém-empossado ministro francês da economia, estava à frente dos destinos do operador histórico das telecomunicações do seu país, a France Télécom (FT), desde Outubro de 2002. Nessa altura, as acções da FT tinham descido 85%, fixando-se nos €6, enquanto a dívida estava nos €68 milhões. O seu plano de recuperação visava estabelecer a confiança da bolsa, dos accionistas e dos trabalhadores. Ao mesmo tempo, baixou o papel do Estado na empresa, até chegar aos 50% de capital público, reduziu 22 mil postos de trabalho (tem actualmente 202 mil assalariados em todo o mundo), renegociou com fornecedores e começou um programa de reintegração das filiais: Orange (2003), Wanadoo (2004) e Equant (2005).
Mas a FT continuaria a enfrentar problemas: declínio da actividade da telefonia fixa (peso: 46% do volume de negócios), perda da vitalidade da operadora móvel Orange no Reino Unido e na própria França (aqui face à SFR) e da internet (a Wanadoo perdeu em confronto com a Free e a Neuf Télécom), velocidade de cruzeiro ainda não atingida em termos de inovação (vídeo e videofonia, internet sem fios e integração entre móvel e fixo).
Católico, centrista e patrão, Breton passou a maior parte dos anos 1980 a ensinar os franceses no domínio das novas tecnologias. Ele é ainda escritor, pois publicou romances de ficção científica como Softwar, Netwar e La dimension invisible (1991, que mereceu uma crítica favorável de Chirac no Le Figaro).
Fonte: Le Monde, de 27 de Fevereiro
domingo, 27 de fevereiro de 2005
TELEVISÃO E CINEMA
Marcelo Rebelo de Sousa iniciou hoje a sua colaboração com a RTP1, em conversa com Ana Sousa Dias. O cenário é agradável sempre que a câmara está de frente, com os azuis das "estantes" e dos "retratos" (e mesmo a alcatifa vermelha). Já não gostei tanto da câmara que filma de lado e anda em panorâmica, pois os "vidros" dos "retratos" cortam a visibilidade do entrevistado. No começo, a entrevistadora estava nervosa: sinal do directo e da responsabilidade de iniciar uma nova rubrica. Parecia quase um adorno, como o eram os jornalistas da TVI. Mas depois foi recuperando e assemelhando-se a si mesma. Esperemos que na próxima semana, a conversa decorra com o equilíbrio e a calma a que ela habituou os telespectadores.
Em termos de conteúdo (ou guião de temas), partindo do cultural para o social e depois para a política, espaço entremeado com escolhas de figuras, parece-me um modelo agradável. E leve em termos de tempo. A meu ver, a televisão pública está de parabéns.
Mar adentro
Trata-se de um filme comovente, o dirigido por Alejandro Amenábar. Mas o tema - a eutanasia pedida por um tetraplégico, história verídica ocorrida em Espanha - é um dos mais complexos na actualidade. O próprio filme ziguezagueia entre a aprovação e a sua oposição. Eu sinto dificuldades em avaliar o assunto, dadas as variáveis. Mas retiro um grande ensinamento na presente prova de vontade de viver do Papa, que passa por um enorme sofrimento físico mas procura manter-se na sua função.
Adenda colocada às 8:40 do dia 28 de Fevereiro
Agora que Mar adentro ganhou o prémio de melhor filme estrangeiro na noite das estatuetas de Hollywood, mais umas breves palavras sobre o filme de Amenábar. Na trama, todas as mulheres parecem gostar de Ramón Sampedro: a advogada, sofrendo de doença degenerativa, Rosa, a antiga operária de fábrica de conservas, e Géne, a activista. Seria apenas gostar ou amar? No filme, há espaço para a questão linguística, caso de algumas frases ditas não em castelhano, mas em galego, quando Ramón e o seu irmão mais velho discutem sobre a vida e a morte. Impressionaram-me também as paisagens agrestes, graníticas, e o ar de vendaval quase permanente na costa galega. Santiago de Compostela, Pontevedra, os caminhos de Santiago para quem vem de leste para Santiago de Compostela e procura desvios da estrada e entra na ruralidade galega lembram-me um rápida incursão que fiz há três anos atrás - e que constituem traços dessa dureza mas simultaneamente respeito pela geografia e geologia. O granito e a ruralidade do filme fizeram-me ainda lembrar uma época da minha infância.
Marcelo Rebelo de Sousa iniciou hoje a sua colaboração com a RTP1, em conversa com Ana Sousa Dias. O cenário é agradável sempre que a câmara está de frente, com os azuis das "estantes" e dos "retratos" (e mesmo a alcatifa vermelha). Já não gostei tanto da câmara que filma de lado e anda em panorâmica, pois os "vidros" dos "retratos" cortam a visibilidade do entrevistado. No começo, a entrevistadora estava nervosa: sinal do directo e da responsabilidade de iniciar uma nova rubrica. Parecia quase um adorno, como o eram os jornalistas da TVI. Mas depois foi recuperando e assemelhando-se a si mesma. Esperemos que na próxima semana, a conversa decorra com o equilíbrio e a calma a que ela habituou os telespectadores.
Em termos de conteúdo (ou guião de temas), partindo do cultural para o social e depois para a política, espaço entremeado com escolhas de figuras, parece-me um modelo agradável. E leve em termos de tempo. A meu ver, a televisão pública está de parabéns.
Mar adentro
Trata-se de um filme comovente, o dirigido por Alejandro Amenábar. Mas o tema - a eutanasia pedida por um tetraplégico, história verídica ocorrida em Espanha - é um dos mais complexos na actualidade. O próprio filme ziguezagueia entre a aprovação e a sua oposição. Eu sinto dificuldades em avaliar o assunto, dadas as variáveis. Mas retiro um grande ensinamento na presente prova de vontade de viver do Papa, que passa por um enorme sofrimento físico mas procura manter-se na sua função.
Adenda colocada às 8:40 do dia 28 de Fevereiro
Agora que Mar adentro ganhou o prémio de melhor filme estrangeiro na noite das estatuetas de Hollywood, mais umas breves palavras sobre o filme de Amenábar. Na trama, todas as mulheres parecem gostar de Ramón Sampedro: a advogada, sofrendo de doença degenerativa, Rosa, a antiga operária de fábrica de conservas, e Géne, a activista. Seria apenas gostar ou amar? No filme, há espaço para a questão linguística, caso de algumas frases ditas não em castelhano, mas em galego, quando Ramón e o seu irmão mais velho discutem sobre a vida e a morte. Impressionaram-me também as paisagens agrestes, graníticas, e o ar de vendaval quase permanente na costa galega. Santiago de Compostela, Pontevedra, os caminhos de Santiago para quem vem de leste para Santiago de Compostela e procura desvios da estrada e entra na ruralidade galega lembram-me um rápida incursão que fiz há três anos atrás - e que constituem traços dessa dureza mas simultaneamente respeito pela geografia e geologia. O granito e a ruralidade do filme fizeram-me ainda lembrar uma época da minha infância.
LEITURAS DE HOJE
1) El Pais
Tem destaque na primeira página e continua em toda a página 42: é a falta de sintonia dos sábios que presidiram ao comité encarregado de reformar o estatuto da RTVE. Os catedráticos Emilio Lledó, Enrique Bustamante, Victoria Camps e Fernando Savater apostavam forte numa televisão pública e financiada pelo Estado. Ao invés, o jornalista Fernando Gonzaléz Urbaneja, com o apoio do assessor do ministério da Economia, defendia um corte nos custos, a redução de pessoal e a saída da RTVE da Bolsa de Valores. Lê-se no El Pais: "A proposta de Urbaneja era «delirante e marciana», comenta Bustamante, e pergunta porque não se demitiu. «Tentei explicar-lhes o que era a Bolsa, mas parecia-lhes impróprio de gente do seu nível intelectual», replicou Urbaneja".
Vou ler atentamente o artigo. Caso ache importante, farei mais um comentário. Quero ainda assinalar que o mesmo jornal vai abrir uma nova secção, a de investigação e análise. Objectivo: reforçar a qualidade do jornal. A sua localização no diário ficará entre as páginas de Opinião e Espanha.
2) Sunday Times
Vai um óscar, senhor Scorsese?
E se ganha o filme de Eastwood? A ler, pois, com atenção.
[por dificuldades de tempo, procurarei completar este post durante o dia de amanhã]
1) El Pais
Tem destaque na primeira página e continua em toda a página 42: é a falta de sintonia dos sábios que presidiram ao comité encarregado de reformar o estatuto da RTVE. Os catedráticos Emilio Lledó, Enrique Bustamante, Victoria Camps e Fernando Savater apostavam forte numa televisão pública e financiada pelo Estado. Ao invés, o jornalista Fernando Gonzaléz Urbaneja, com o apoio do assessor do ministério da Economia, defendia um corte nos custos, a redução de pessoal e a saída da RTVE da Bolsa de Valores. Lê-se no El Pais: "A proposta de Urbaneja era «delirante e marciana», comenta Bustamante, e pergunta porque não se demitiu. «Tentei explicar-lhes o que era a Bolsa, mas parecia-lhes impróprio de gente do seu nível intelectual», replicou Urbaneja".
Vou ler atentamente o artigo. Caso ache importante, farei mais um comentário. Quero ainda assinalar que o mesmo jornal vai abrir uma nova secção, a de investigação e análise. Objectivo: reforçar a qualidade do jornal. A sua localização no diário ficará entre as páginas de Opinião e Espanha.
2) Sunday Times
Vai um óscar, senhor Scorsese?
E se ganha o filme de Eastwood? A ler, pois, com atenção.
[por dificuldades de tempo, procurarei completar este post durante o dia de amanhã]
JANTAR DE BLOGUEIRAS(OS) EM COIMBRA
Pelas minhas contas, foram 28 blogueiros(as) e acompanhantes que estiveram presentes na noite passada no salão Brasil, em Coimbra, a falarem do seu objecto: os blogues. Confraternização que começara na café Santa Cruz e acabou no barzinho Shmoo, com música gravada dos anos 70 e 80 (Sex Pistols, Ramones, UHF, entre outros). A organização esteve a cabo dos blogues O Blog do Alex e Pastel de Nata (respectivamente do Porto e de Coimbra).
Dos blogues que melhor conheci
Apesar do número não ser muito elevado, não foi possível eu conhecer todos os blogueiros em pormenor. Mas, a partir das pessoas com quem eu falei mais em pormenor, fiquei com uma ideia ainda mais precisa para caracterizar o fenómeno da blogosfera. Primeiro, houve gente vinda de várias partes do país: Lisboa, Porto, Coimbra, Figueira da Foz e Seia.
Em segundo lugar, entre os comensais verificou-se uma divisão relativamente ampla de níveis etários, embora todos adultos (a caracterização de blogues adolescentes ficará para outra ocasião, se ela houver). Em terceiro lugar, as profissões: engenheiros, jornalistas de media locais, professores, uma arquitecta a preparar o doutoramento, animadores de programas de rádio, um antigo empregado da RTP a estudar história da arte, bibliotecários (sendo um deles antigo profissional do teatro e que continua a dirigir um pequeno grupo de teatro na Serafina, aqui em Lisboa). Em quarto lugar, as razões porque leva cada um de nós a escrever um blogue: um por ser defensor da monarquia, outro porque quis protestar contra a guerra do Iraque, outro porque tem de escrever aquilo que lhe é vedado publicar no seu jornal, uma outra com vontade de publicar textos e pensamentos ligados a atitudes pessoais.
Depois, interessou-me a periodicidade com que cada um escreve no seu post. Por exemplo, o Santos da Casa, de Fausto da Silva e Nuno Ávila, animadores de programa da RUC (Rádio Universitária de Coimbra) colocam 30 a 40 posts por semana, indicando as listas de músicas que passam no seu programa, informações sobre concertos e saídas de novos discos. Também o autor do blogue Largo da Má Língua, jornalista de profissão mas que prefere manter anonimato na internet, coloca de oito a nove posts diários. Começado em Abril de 2004, com notícias locais sobre a Figueira da Foz, mas alargando os seus comentários a nível regional e nacional, sempre com uma linguagem proactiva, tem já perto de 55 mil visitantes, o que o coloca como o blogue com mais visitas na sua cidade. Aliás, este jovem jornalista entende o blogue como uma alternativa aos media tradicionais.
Porque evoluem as comunidades virtuais para reais?
No blogue, já coloquei uma referência a texto de S. Elizabeth Bird (The audience in everyday life). Para a antropóloga americana, construir comunidades não é necessariamente o objectivo da comunicação electrónica. Contudo, se muitos utilizadores dos computadores vêem estes como dando liberdade, criatividade, fantasia e prazer, embora se fiquem por aí, outros participam na tecnologia e na "vida real" de múltiplos modos: chats anónimos, membros de outros grupos de email a que se juntam por questões profissionais ou de informação.
Outros salientam o facto de a comunicação electrónica diária ser um elemento nas suas vidas. As comunidades de internet, assim como as comunidades reais, não acontecem simplesmente, conclui a antropóloga, que fez um notável trabalho científico ao estudar um grupo de discussão formado em torno da série americana Dr. Quinn, Medicine Woman, e que designaram por DQMW-L [o L significa lista], ou seja um grupo de fãs da série da CBS começada em 1992.
Não vou aqui sintetizar os resultados da investigação de Bird, mas tão só deixar duas notas. A primeira é que a comunicação de email depende da palavra escrita mas faltam-lhe os sinais orais e visuais da comunicação face-a-face. Numa lista, toda a identidade individual é constituída apenas por meios verbais. Isto habilita à possibilidade de se construírem uma ou mais personalidades completamente diferentes, como acontece nos MUD (Multi-User Dimensions). Uma utilizadora adolescente, por exemplo, estabeleceu relações com mulheres muito mais velhas que ela, o que é improvável acontecer na "vida real", pois as pessoas criam distâncias baseadas na idade, aparência, modo de vestir. Um grupo contou a Bird a sua surpresa por descobrir que um membro era afro-americano. O resultado é que a comunicação de email permite às pessoas ultrapassarem distâncias inconscientes sobre raça e outros "marcadores" externos. Algumas barreiras que funcionam na vida real, e que impedem a comunicação, podem desaparecer na comunidade virtual.
Outra nota sobre as conclusões de Bird: os grupos de fãs da internet que pertenciam à lista DQMW-L demostraram que os media podem funcionar para que as pessoas se juntem, pois esses fãs organizariam encontros, apoiando-se psicologicamente a partir do momento em que se conheciam pessoalmente, tornaram-se amigos. É isto que se observa também na blogosfera.
Um agradecimento especial aos meus companheiros de viagem: o Francisco (blogue Melga), também condutor da viatura, e o António Gomes "O Zé do Telhado" (Tá de Chuva).
Pelas minhas contas, foram 28 blogueiros(as) e acompanhantes que estiveram presentes na noite passada no salão Brasil, em Coimbra, a falarem do seu objecto: os blogues. Confraternização que começara na café Santa Cruz e acabou no barzinho Shmoo, com música gravada dos anos 70 e 80 (Sex Pistols, Ramones, UHF, entre outros). A organização esteve a cabo dos blogues O Blog do Alex e Pastel de Nata (respectivamente do Porto e de Coimbra).
Dos blogues que melhor conheci
Apesar do número não ser muito elevado, não foi possível eu conhecer todos os blogueiros em pormenor. Mas, a partir das pessoas com quem eu falei mais em pormenor, fiquei com uma ideia ainda mais precisa para caracterizar o fenómeno da blogosfera. Primeiro, houve gente vinda de várias partes do país: Lisboa, Porto, Coimbra, Figueira da Foz e Seia.
Em segundo lugar, entre os comensais verificou-se uma divisão relativamente ampla de níveis etários, embora todos adultos (a caracterização de blogues adolescentes ficará para outra ocasião, se ela houver). Em terceiro lugar, as profissões: engenheiros, jornalistas de media locais, professores, uma arquitecta a preparar o doutoramento, animadores de programas de rádio, um antigo empregado da RTP a estudar história da arte, bibliotecários (sendo um deles antigo profissional do teatro e que continua a dirigir um pequeno grupo de teatro na Serafina, aqui em Lisboa). Em quarto lugar, as razões porque leva cada um de nós a escrever um blogue: um por ser defensor da monarquia, outro porque quis protestar contra a guerra do Iraque, outro porque tem de escrever aquilo que lhe é vedado publicar no seu jornal, uma outra com vontade de publicar textos e pensamentos ligados a atitudes pessoais.
Depois, interessou-me a periodicidade com que cada um escreve no seu post. Por exemplo, o Santos da Casa, de Fausto da Silva e Nuno Ávila, animadores de programa da RUC (Rádio Universitária de Coimbra) colocam 30 a 40 posts por semana, indicando as listas de músicas que passam no seu programa, informações sobre concertos e saídas de novos discos. Também o autor do blogue Largo da Má Língua, jornalista de profissão mas que prefere manter anonimato na internet, coloca de oito a nove posts diários. Começado em Abril de 2004, com notícias locais sobre a Figueira da Foz, mas alargando os seus comentários a nível regional e nacional, sempre com uma linguagem proactiva, tem já perto de 55 mil visitantes, o que o coloca como o blogue com mais visitas na sua cidade. Aliás, este jovem jornalista entende o blogue como uma alternativa aos media tradicionais.
Porque evoluem as comunidades virtuais para reais?
No blogue, já coloquei uma referência a texto de S. Elizabeth Bird (The audience in everyday life). Para a antropóloga americana, construir comunidades não é necessariamente o objectivo da comunicação electrónica. Contudo, se muitos utilizadores dos computadores vêem estes como dando liberdade, criatividade, fantasia e prazer, embora se fiquem por aí, outros participam na tecnologia e na "vida real" de múltiplos modos: chats anónimos, membros de outros grupos de email a que se juntam por questões profissionais ou de informação.
Outros salientam o facto de a comunicação electrónica diária ser um elemento nas suas vidas. As comunidades de internet, assim como as comunidades reais, não acontecem simplesmente, conclui a antropóloga, que fez um notável trabalho científico ao estudar um grupo de discussão formado em torno da série americana Dr. Quinn, Medicine Woman, e que designaram por DQMW-L [o L significa lista], ou seja um grupo de fãs da série da CBS começada em 1992.
Não vou aqui sintetizar os resultados da investigação de Bird, mas tão só deixar duas notas. A primeira é que a comunicação de email depende da palavra escrita mas faltam-lhe os sinais orais e visuais da comunicação face-a-face. Numa lista, toda a identidade individual é constituída apenas por meios verbais. Isto habilita à possibilidade de se construírem uma ou mais personalidades completamente diferentes, como acontece nos MUD (Multi-User Dimensions). Uma utilizadora adolescente, por exemplo, estabeleceu relações com mulheres muito mais velhas que ela, o que é improvável acontecer na "vida real", pois as pessoas criam distâncias baseadas na idade, aparência, modo de vestir. Um grupo contou a Bird a sua surpresa por descobrir que um membro era afro-americano. O resultado é que a comunicação de email permite às pessoas ultrapassarem distâncias inconscientes sobre raça e outros "marcadores" externos. Algumas barreiras que funcionam na vida real, e que impedem a comunicação, podem desaparecer na comunidade virtual.
Outra nota sobre as conclusões de Bird: os grupos de fãs da internet que pertenciam à lista DQMW-L demostraram que os media podem funcionar para que as pessoas se juntem, pois esses fãs organizariam encontros, apoiando-se psicologicamente a partir do momento em que se conheciam pessoalmente, tornaram-se amigos. É isto que se observa também na blogosfera.
Um agradecimento especial aos meus companheiros de viagem: o Francisco (blogue Melga), também condutor da viatura, e o António Gomes "O Zé do Telhado" (Tá de Chuva).
sábado, 26 de fevereiro de 2005
JANTAR DE BLOGUEIROS(AS)
É hoje, em Coimbra. O ponto de encontro dar-se-á no café Santa Cruz, à Praça 8 de Maio, pelas 19:00. Depois, o jantar decorre no Salão Brasil, ao Largo Poço, 3, 1º, e a seguir, pelas 22:30, haverá no Shmoo Café (Rua Corpo de Deus) a festa dos blogues com o DJ Nuno (Pastel de Nata /Santos da Casa), isto é, uma noite com o melhor som dos anos 70 e 80.Ver-nos-emos logo. [imagem retirada do sítio Pastel de Nata, um dos blogues organizadores]
É hoje, em Coimbra. O ponto de encontro dar-se-á no café Santa Cruz, à Praça 8 de Maio, pelas 19:00. Depois, o jantar decorre no Salão Brasil, ao Largo Poço, 3, 1º, e a seguir, pelas 22:30, haverá no Shmoo Café (Rua Corpo de Deus) a festa dos blogues com o DJ Nuno (Pastel de Nata /Santos da Casa), isto é, uma noite com o melhor som dos anos 70 e 80.Ver-nos-emos logo. [imagem retirada do sítio Pastel de Nata, um dos blogues organizadores]
SONHOS VENCIDOS
Aproveito as imagens da revista "Actual" do Expresso de há uma semana atrás - capa e página 18 -, sobre o filme de Clint Eastwood, Million dollar baby, com Clint Eastwood (no papel de Frankie Dunn), o boss de Hilary Swank (no papel de Maggie Fitzgerald) e Morgan Freeman (no papel de Eddie Dupris, o narrador do filme), para ilustrar este post.
Escreve Jorge Leitão Ramos na sua crítica: "apetece gritar que este é o melhor filme dos últimos dez anos". Não sei se vale a pena elaborar um ranking de filmes da última década para colocar este filme no topo, mas a verdade é que se trata de um grande filme.
Já ficara impressionado com Mystic river. E encontro paralelos com este filme. Um dos personagens principais tem um problema familiar: se no filme anterior, o desaparecimento da mulher e do filho do polícia se resolve no final, neste a filha do treinador nunca aparece. Este mistério acompanha a origem da vida dos três principais personagens de cada um dos filmes. Em Mystic river, há um passado comum e um reencontro, mas as sequelas da diferenciação provocada pelo rapto de um dos personagens marca o resto da narrativa. Definem-se dois homens de carácter forte e um homem fraco - a história explora isto. Em Million dollar baby, há uma personagem (Maggie) que vem de fora e começa a ser aceite por um dos personagens (Eddie), até que o treinador também a adopta e molda a sua vida aos interesses da rapariga.
Cada um dos filmes tem personalidades fortes, que estabelecem relações de amizade/afastamento com mulheres muito mais jovens: a filha no outro filme, a rapariga que quer ser boxeur neste. A morte da rapariga no outro filme e a tetraplegia de Maggie são outros marcadores em ambos os filmes, que identificam a segunda parte de cada um deles com muito dramatismo. Se o assassínio do filme anterior desencadeia uma espiral de violência, onde se procura encontrar o assassino (e se apresentam duas pistas igualmente credíveis), em Million dollar baby o argumento lança a discussão num tema muitíssimo sensível: a eutanásia. E há uma crítica leve ao sistema - e à pancada traiçoeira da adversária de Maggie, que a levou ao hospital. De todo o modo, a morte é um eixo central na trama narrativa destes dois belos filmes de Eastwood.
Inegavelmente, gostei do filme de Eastwood. Ele é, sem dúvida, um dos maiores expoentes do actual cinema americano. E, depois de ter visto e ter elogiado O aviador, estou indeciso em saber qual o mais importante desta temporada. Mas gostava que Eastwood levasse para casa uma estatueta de ouro de Hollywood.
Aproveito as imagens da revista "Actual" do Expresso de há uma semana atrás - capa e página 18 -, sobre o filme de Clint Eastwood, Million dollar baby, com Clint Eastwood (no papel de Frankie Dunn), o boss de Hilary Swank (no papel de Maggie Fitzgerald) e Morgan Freeman (no papel de Eddie Dupris, o narrador do filme), para ilustrar este post.
Escreve Jorge Leitão Ramos na sua crítica: "apetece gritar que este é o melhor filme dos últimos dez anos". Não sei se vale a pena elaborar um ranking de filmes da última década para colocar este filme no topo, mas a verdade é que se trata de um grande filme.
Já ficara impressionado com Mystic river. E encontro paralelos com este filme. Um dos personagens principais tem um problema familiar: se no filme anterior, o desaparecimento da mulher e do filho do polícia se resolve no final, neste a filha do treinador nunca aparece. Este mistério acompanha a origem da vida dos três principais personagens de cada um dos filmes. Em Mystic river, há um passado comum e um reencontro, mas as sequelas da diferenciação provocada pelo rapto de um dos personagens marca o resto da narrativa. Definem-se dois homens de carácter forte e um homem fraco - a história explora isto. Em Million dollar baby, há uma personagem (Maggie) que vem de fora e começa a ser aceite por um dos personagens (Eddie), até que o treinador também a adopta e molda a sua vida aos interesses da rapariga.
Cada um dos filmes tem personalidades fortes, que estabelecem relações de amizade/afastamento com mulheres muito mais jovens: a filha no outro filme, a rapariga que quer ser boxeur neste. A morte da rapariga no outro filme e a tetraplegia de Maggie são outros marcadores em ambos os filmes, que identificam a segunda parte de cada um deles com muito dramatismo. Se o assassínio do filme anterior desencadeia uma espiral de violência, onde se procura encontrar o assassino (e se apresentam duas pistas igualmente credíveis), em Million dollar baby o argumento lança a discussão num tema muitíssimo sensível: a eutanásia. E há uma crítica leve ao sistema - e à pancada traiçoeira da adversária de Maggie, que a levou ao hospital. De todo o modo, a morte é um eixo central na trama narrativa destes dois belos filmes de Eastwood.
Inegavelmente, gostei do filme de Eastwood. Ele é, sem dúvida, um dos maiores expoentes do actual cinema americano. E, depois de ter visto e ter elogiado O aviador, estou indeciso em saber qual o mais importante desta temporada. Mas gostava que Eastwood levasse para casa uma estatueta de ouro de Hollywood.
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2005
MEDIAXXI, NÚMERO 79
Declaração de interesse: sou director da revista.
O meu destaque: entrevista de Susana de Carvalho, CEO da JWT Portugal, a Paula Cordeiro, editora da revista. Diz Susana de Carvalho: "Nesta altura, como está tudo praticamente inventado e também por este excesso de comunicação, são os próprios anunciantes que nos pedem meios alternativos. Falo dos tapumes usados nos prédios em construção que são espaços de grande visibilidade e com grande tráfego de pessoas, ou dos outdoors que hoje podem recorrer às novas tecnologias para terem, além da imagem estática, mudanças consoante a luz, música, hologramas ou mesmo cheiro".
Pergunta
As imagens seguintes ilustram publicidade (política, social) nos tapumes. Que valor tem esta publicidade?
Declaração de interesse: sou director da revista.
O meu destaque: entrevista de Susana de Carvalho, CEO da JWT Portugal, a Paula Cordeiro, editora da revista. Diz Susana de Carvalho: "Nesta altura, como está tudo praticamente inventado e também por este excesso de comunicação, são os próprios anunciantes que nos pedem meios alternativos. Falo dos tapumes usados nos prédios em construção que são espaços de grande visibilidade e com grande tráfego de pessoas, ou dos outdoors que hoje podem recorrer às novas tecnologias para terem, além da imagem estática, mudanças consoante a luz, música, hologramas ou mesmo cheiro".
Pergunta
As imagens seguintes ilustram publicidade (política, social) nos tapumes. Que valor tem esta publicidade?
VIRILIO: VELOCIDADE E DESAPARECIMENTO
Dos autores que eu falei ontem na aula, dentro da perspectiva do determinismo tecnológico [voltarei à designação] e sua reflexão próxima ou afastada às indústrias culturais, destaquei Paul Virilio. Arquitecto urbanista, cristão, teórico político e historiador militar, tem uma escrita pós-estruturalista (fragmentária e não linear) [encontram-se no sítio InfoAmérica dados muitos concisos sobre este autor francês].
Um tema central do trabalho de Virilio é o da estética do desaparecimento, a que ele associa o aumento da velocidade. Contrapondo que a face escondida da riqueza é a acumulação, Virilio considera que a aceleração da informação nos dias de hoje (cibernética, telecomunicações, internet e interactividade) torna necessária a construção de uma economia política da velocidade [imagem retirada do sítio Le Monde]. A cidade da informação transforma profundamente a concepção de tempo, por oposição à do espaço e da cidade. O espaço fica devorado pelo tempo real, pelo on-line de actualização permanente. Desaparecem ideias mestras da civilização, como o emprego e o posto de trabalho fixo: a periferia da cidade cheia de assalariados e a organização central dos recursos dão lugar ao conceito nodal de redes de telecomunicações internacionais. É um autor pessimista.
Virilio explora os momentos finais da luta entre velocidade metabólica e velocidade tecnológica na qual parece desaparecer. Programamos o nosso próprio desaparecimento. Tratamos o corpo como se fosse alguma coisa para "acelerar" constantemente. Há ritmos que crescentemente se impõem (ritmos de trabalho, edição no ecrã, videoclip, música de dança). Um exemplo disto é a alteração dos ritmos biológicos ocasionados pela tecnologia industrial, mesmo com o uso da luz eléctrica.
O poder é, sempre, o modo de controlar um território por mensagens, meios de transporte e de transmissão. E esse controlo depende da velocidade de circulação, hoje igual à da luz, e que garante os atributos divinos da ubiquidade, instantaneidade, imediatidade, omnipresença e omnipotência. Do mesmo modo que McLuhan concedia importância à luz e à iluminação eléctrica, também Virilio edifica a sua teoria baseada no fenómeno luminoso e na velocidade da electricidade, agora resultado da interacção do tempo real, dos fenómenos ópticos e da electrónica, emergindo o termo optoelectrónica.
Dos autores que eu falei ontem na aula, dentro da perspectiva do determinismo tecnológico [voltarei à designação] e sua reflexão próxima ou afastada às indústrias culturais, destaquei Paul Virilio. Arquitecto urbanista, cristão, teórico político e historiador militar, tem uma escrita pós-estruturalista (fragmentária e não linear) [encontram-se no sítio InfoAmérica dados muitos concisos sobre este autor francês].
Um tema central do trabalho de Virilio é o da estética do desaparecimento, a que ele associa o aumento da velocidade. Contrapondo que a face escondida da riqueza é a acumulação, Virilio considera que a aceleração da informação nos dias de hoje (cibernética, telecomunicações, internet e interactividade) torna necessária a construção de uma economia política da velocidade [imagem retirada do sítio Le Monde]. A cidade da informação transforma profundamente a concepção de tempo, por oposição à do espaço e da cidade. O espaço fica devorado pelo tempo real, pelo on-line de actualização permanente. Desaparecem ideias mestras da civilização, como o emprego e o posto de trabalho fixo: a periferia da cidade cheia de assalariados e a organização central dos recursos dão lugar ao conceito nodal de redes de telecomunicações internacionais. É um autor pessimista.
Virilio explora os momentos finais da luta entre velocidade metabólica e velocidade tecnológica na qual parece desaparecer. Programamos o nosso próprio desaparecimento. Tratamos o corpo como se fosse alguma coisa para "acelerar" constantemente. Há ritmos que crescentemente se impõem (ritmos de trabalho, edição no ecrã, videoclip, música de dança). Um exemplo disto é a alteração dos ritmos biológicos ocasionados pela tecnologia industrial, mesmo com o uso da luz eléctrica.
O poder é, sempre, o modo de controlar um território por mensagens, meios de transporte e de transmissão. E esse controlo depende da velocidade de circulação, hoje igual à da luz, e que garante os atributos divinos da ubiquidade, instantaneidade, imediatidade, omnipresença e omnipotência. Do mesmo modo que McLuhan concedia importância à luz e à iluminação eléctrica, também Virilio edifica a sua teoria baseada no fenómeno luminoso e na velocidade da electricidade, agora resultado da interacção do tempo real, dos fenómenos ópticos e da electrónica, emergindo o termo optoelectrónica.
A ROMA DE ANTÓNIO MEGA FERREIRA
Foi a partir de 1984, quando Mega Ferreira assumiu o cargo de chefe de redacção do Jornal de Letras, que conheci Yukio Mishima (O marinheiro que perdeu as graças do mar, O templo dourado, Confissões de uma máscara, O tumulto das ondas). Dele próprio li alguns textos, embora de forma não sistemática. Mais tarde, Mega Ferreira seria considerado um dos pais da Expo 98.
Agora, descobri um livrinho intitulado Roma. Exercícios de reconhecimento, editado pela Assírio & Alvim em finais do ano passado. E o que nos mostra o livro dele? Um "pequeno roteiro pessoal, ao mesmo tempo que se salda uma dívida com Piranesi, cujas vedute anteciparam, na minha imaginação, a experiência sensível de conhecer Roma, uma aventura que começou em 1978 e que é ciclicamente reencenada".
Claro que se encontram lá referências a Piranesi, como a Trajano, ao Coliseu ou às piazzas. Mas quero centrar-me no cinema, em Fellini, ou melhor em La dolce vita, com Marcello Mastroianni e Anita Ekberg [imagem retirada do sítio Anita Ekberg. Photos]. Pergunta Mega Ferreira: "O que é que fez de La dolce vita um ícone do cinema italiano dos anos sessenta, quando as ondas de choque neo-realista já se tinham começado a dissipar? Em primeiro lugar, o facto de o filme de Fellini ser uma espécie de repositório de clichés dos anos cinquenta". Era já o mundo da mecanização acelerada, ao lado da recepção deslumbrada do cinema americano e do esteticismo da pop arte que estava a rebentar. Filme nocturno, escreve Mega Ferreira, La dolce vita decorria à volta da Via Vittorio Veneto, ponto de encontro do beautiful people e dos paparazzi, e Anita Ekberg (sueca nascida em Setembro de 1931) era uma Marilyn Monroe transformada em bloco de gelo ao lado do vulcão Marcello.
Sugestões de visitas e compras (livrarias, perfumarias, restaurantes) fazem ainda parte deste roteiro.
Preço: €12. 187 páginas
Foi a partir de 1984, quando Mega Ferreira assumiu o cargo de chefe de redacção do Jornal de Letras, que conheci Yukio Mishima (O marinheiro que perdeu as graças do mar, O templo dourado, Confissões de uma máscara, O tumulto das ondas). Dele próprio li alguns textos, embora de forma não sistemática. Mais tarde, Mega Ferreira seria considerado um dos pais da Expo 98.
Agora, descobri um livrinho intitulado Roma. Exercícios de reconhecimento, editado pela Assírio & Alvim em finais do ano passado. E o que nos mostra o livro dele? Um "pequeno roteiro pessoal, ao mesmo tempo que se salda uma dívida com Piranesi, cujas vedute anteciparam, na minha imaginação, a experiência sensível de conhecer Roma, uma aventura que começou em 1978 e que é ciclicamente reencenada".
Claro que se encontram lá referências a Piranesi, como a Trajano, ao Coliseu ou às piazzas. Mas quero centrar-me no cinema, em Fellini, ou melhor em La dolce vita, com Marcello Mastroianni e Anita Ekberg [imagem retirada do sítio Anita Ekberg. Photos]. Pergunta Mega Ferreira: "O que é que fez de La dolce vita um ícone do cinema italiano dos anos sessenta, quando as ondas de choque neo-realista já se tinham começado a dissipar? Em primeiro lugar, o facto de o filme de Fellini ser uma espécie de repositório de clichés dos anos cinquenta". Era já o mundo da mecanização acelerada, ao lado da recepção deslumbrada do cinema americano e do esteticismo da pop arte que estava a rebentar. Filme nocturno, escreve Mega Ferreira, La dolce vita decorria à volta da Via Vittorio Veneto, ponto de encontro do beautiful people e dos paparazzi, e Anita Ekberg (sueca nascida em Setembro de 1931) era uma Marilyn Monroe transformada em bloco de gelo ao lado do vulcão Marcello.
Sugestões de visitas e compras (livrarias, perfumarias, restaurantes) fazem ainda parte deste roteiro.
Preço: €12. 187 páginas
AINDA SOBRE OS OUTDOORS DA MEDIA CAPITAL
Ontem, a jornalista Rita Pimenta, no jornal Público, escrevia sobre os outdoors nas estações do Metro, como eu fiz aqui há dias. Ela sugere que se retire o som à emissão: "Pelo direito ao silêncio e ao não consumo de publicidade num transporte pago (e sem alternativa equivalente)".
A jornalista aconselha a que desliguemos os ecrãs que pudermos. Eu seguirei essa regra. Mas, e quanto aos ecrãs nas estações do comboio, como se faz?
Ontem, a jornalista Rita Pimenta, no jornal Público, escrevia sobre os outdoors nas estações do Metro, como eu fiz aqui há dias. Ela sugere que se retire o som à emissão: "Pelo direito ao silêncio e ao não consumo de publicidade num transporte pago (e sem alternativa equivalente)".
A jornalista aconselha a que desliguemos os ecrãs que pudermos. Eu seguirei essa regra. Mas, e quanto aos ecrãs nas estações do comboio, como se faz?
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2005
NEWSLETTER MOBILIDADE BRASIL
Saiu ontem a newsletter Mobilidade Brasil número 22, edição da responsabilidade do jornalista Paulo Henrique Ferreira. Da informação destaco a vídeo arte no telefone celular.
Lê-se ali que artistas multimedia muito conhecidos “ganharam mais um meio para publicar suas produções: o celular”. A Nokia lançou vários vídeos artísticos, assinados por Louise Bourgeois, William Wegman, David Salle e Nam June Paik [a quem pertence a imagem, retirada do sítio da Nokia], que aparecem quando determinados toques de música surgem no aparelho. Também se podem usar imagens estáticas (screenshots) dos vídeos como papel de parede.
Saiu ontem a newsletter Mobilidade Brasil número 22, edição da responsabilidade do jornalista Paulo Henrique Ferreira. Da informação destaco a vídeo arte no telefone celular.
Lê-se ali que artistas multimedia muito conhecidos “ganharam mais um meio para publicar suas produções: o celular”. A Nokia lançou vários vídeos artísticos, assinados por Louise Bourgeois, William Wegman, David Salle e Nam June Paik [a quem pertence a imagem, retirada do sítio da Nokia], que aparecem quando determinados toques de música surgem no aparelho. Também se podem usar imagens estáticas (screenshots) dos vídeos como papel de parede.
OS ÚLTIMOS TRABALHOS DA LICENCIATURA
Acabo, neste post, de apresentar um conjunto de trabalhos de alunos da licenciatura de Comunicação Social e Cultural da Universidade Católica, na cadeira de Públicos e Audiências. São dois os trabalhos aqui presentes, o primeiro dos quais assinado por Ana Pina, Joana Valadão e Matilde Calheiros, com o título Imprensa forte para um sexo forte.
As alunas procederam à realização de 30 inquéritos a mulheres com idades compreendidas entre os 18 e os 30 anos. Em jogo, a análise a revistas como a Máxima, Elle e Cosmopolitan, entre outras, com a primeira a ser a eleita. As entrevistadas, questionadas quanto aos motivos que as levam a comprar revistas, salientam o conteúdo mas também os brindes. Além de comprarem as publicações, um local eleito de leitura é o cabeleireiro, definindo-se os artigos em criativos, emotivos, informativos e tendencialmente vulgares. No respeitante a secções, salientaram moda, beleza e saúde, e reconheceram não escrever nos espaços destinados aos leitores.
Recepção dos noticiários televisivos das 20 horas
Inês Almeida, Mariana Lorena e Rita Mertens intentaram, no seu trabalho, ver como é feita a recepção de noticiários televisivos da RTP e da TVI, comparando o serviço público com um canal que dá atenção às audiências. O local de recolha do inquérito foi a estação de comboios do Cais do Sodré e incidiu sobre 30 indivíduos telespectadores dos noticiários daqueles dois canais (a SIC não foi incluída). Assim, as alunas entrevistaram 17 pessoas do género feminino e 13 do masculino, com uma maioria situada na faixa etária dos 18 aos 30 anos.
Do conjunto, 18 viam a TVI e os restantes a RTP. As três alunas concluiram que os seus inquiridos procuravam informação mas também info-entretenimento, 27 dos 30 viam o noticiário das 20 horas de quatro a cinco vezes por semana, interessando-se sobretudo pelo internacional, a que se seguiam a sociedade, a política nacional e o desporto. A grande maioria (28) costuma ver o noticiário em família, embora o zapping seja uma constante em muitos dos entrevistados, havendo apenas seis que não mudam de canal enquanto o noticiário está no ar. Mas o esquecimento é um dos principais inimigos do noticiário televisivo: 27 dos indivíduos não conseguia identificar a notícia de abertura do dia anterior.
Acabo, neste post, de apresentar um conjunto de trabalhos de alunos da licenciatura de Comunicação Social e Cultural da Universidade Católica, na cadeira de Públicos e Audiências. São dois os trabalhos aqui presentes, o primeiro dos quais assinado por Ana Pina, Joana Valadão e Matilde Calheiros, com o título Imprensa forte para um sexo forte.
As alunas procederam à realização de 30 inquéritos a mulheres com idades compreendidas entre os 18 e os 30 anos. Em jogo, a análise a revistas como a Máxima, Elle e Cosmopolitan, entre outras, com a primeira a ser a eleita. As entrevistadas, questionadas quanto aos motivos que as levam a comprar revistas, salientam o conteúdo mas também os brindes. Além de comprarem as publicações, um local eleito de leitura é o cabeleireiro, definindo-se os artigos em criativos, emotivos, informativos e tendencialmente vulgares. No respeitante a secções, salientaram moda, beleza e saúde, e reconheceram não escrever nos espaços destinados aos leitores.
Recepção dos noticiários televisivos das 20 horas
Inês Almeida, Mariana Lorena e Rita Mertens intentaram, no seu trabalho, ver como é feita a recepção de noticiários televisivos da RTP e da TVI, comparando o serviço público com um canal que dá atenção às audiências. O local de recolha do inquérito foi a estação de comboios do Cais do Sodré e incidiu sobre 30 indivíduos telespectadores dos noticiários daqueles dois canais (a SIC não foi incluída). Assim, as alunas entrevistaram 17 pessoas do género feminino e 13 do masculino, com uma maioria situada na faixa etária dos 18 aos 30 anos.
Do conjunto, 18 viam a TVI e os restantes a RTP. As três alunas concluiram que os seus inquiridos procuravam informação mas também info-entretenimento, 27 dos 30 viam o noticiário das 20 horas de quatro a cinco vezes por semana, interessando-se sobretudo pelo internacional, a que se seguiam a sociedade, a política nacional e o desporto. A grande maioria (28) costuma ver o noticiário em família, embora o zapping seja uma constante em muitos dos entrevistados, havendo apenas seis que não mudam de canal enquanto o noticiário está no ar. Mas o esquecimento é um dos principais inimigos do noticiário televisivo: 27 dos indivíduos não conseguia identificar a notícia de abertura do dia anterior.
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2005
AS MINHAS LEITURAS
1) Segundo dados do estudo Netpanel da Marktest ontem anunciados, durante o primeiro mês do ano foram 1267000 os portugueses com quatro e mais anos que navegaram na internet em suas casas. Para saber mais informações, clicar no endereço acima indicado.
2) Dez anos de jornalismo brasileiro online são hoje recordados no blogue Intermezzo, que linca para o Estadão: "Se, em 1995, pouquíssimos brasileiros puderam conferir essa estreia, hoje, mais de 30 milhões têm acesso à rede. Desses, mais de 3 milhões passam pelas páginas dos sites do Grupo Estado todos os meses".
3) Em Espanha, a Sogecable (proprietária do Canal +) pediu autorização governamental para emitir 24 horas em sinal aberto. O contrato, subscrito em 1989 e renovado dez anos depois, limitava a emissão a seis horas. Agora, a estação pretende emitir de forma gratuita durante todo o dia, alegando as grandes transformações no audiovisual nos últimos quinze anos. Para os responsáveis do canal de televisão de pagamento, a medida beneficiará todos: cidadãos, indústrias culturais e publicidade. Os accionistas de referência da Sogecable são Telefónica (23,83%), PRISA (editora do El Pais) (23,64%), Corporación Gral. Financiera (3,87%), Eventos (3,23%), Caja Madrid (3,04%) e outros accionistas (38,98%), de entre os quais o Corte Inglés, o BBVA e a Vivendi.
Mas os outros canais querem impugnar qualquer modificação na licença, adianta a notícia do El Pais, base da minha mensagem. É o caso da Tele 5 (canal controlado pelo primeiro-ministro italiano Berlusconi) e da Antena 3 (do grupo Planeta). Também a nível político, enquanto o PSOE, no poder, entende haver maior pluralismo com a abertura gratuita do canal durante todo o dia, o PP, na oposição entende haver lugar para uma situação de violação da livre concorrência. Segundo estas contas, o Canal + teria uma posição dominante, limitando por outro lado a possibilidade de 14 canais digitais poderem emitir e ampliar a oferta.
Tudo isto numa altura em que a comissão de sábios apresentou resultados do seu trabalho na passada segunda-feira(ver Público de hoje). Curiosamente, o El Pais apresenta perspectivas diversas face ao relatório do grupo de sábios. A agência noticiosa Efe corrigiu alguns dos dados do relatório, tais como o estatuto de redacção, a digitalização dos arquivos e o desenvolvimento digital para a telefonia móvel). Os sindicatos Comissiónes Obreras aplaudiram a liquidação da dívida histórica do canal público RTVE (6,892 mil milhões de euros).
1) Segundo dados do estudo Netpanel da Marktest ontem anunciados, durante o primeiro mês do ano foram 1267000 os portugueses com quatro e mais anos que navegaram na internet em suas casas. Para saber mais informações, clicar no endereço acima indicado.
2) Dez anos de jornalismo brasileiro online são hoje recordados no blogue Intermezzo, que linca para o Estadão: "Se, em 1995, pouquíssimos brasileiros puderam conferir essa estreia, hoje, mais de 30 milhões têm acesso à rede. Desses, mais de 3 milhões passam pelas páginas dos sites do Grupo Estado todos os meses".
3) Em Espanha, a Sogecable (proprietária do Canal +) pediu autorização governamental para emitir 24 horas em sinal aberto. O contrato, subscrito em 1989 e renovado dez anos depois, limitava a emissão a seis horas. Agora, a estação pretende emitir de forma gratuita durante todo o dia, alegando as grandes transformações no audiovisual nos últimos quinze anos. Para os responsáveis do canal de televisão de pagamento, a medida beneficiará todos: cidadãos, indústrias culturais e publicidade. Os accionistas de referência da Sogecable são Telefónica (23,83%), PRISA (editora do El Pais) (23,64%), Corporación Gral. Financiera (3,87%), Eventos (3,23%), Caja Madrid (3,04%) e outros accionistas (38,98%), de entre os quais o Corte Inglés, o BBVA e a Vivendi.
Mas os outros canais querem impugnar qualquer modificação na licença, adianta a notícia do El Pais, base da minha mensagem. É o caso da Tele 5 (canal controlado pelo primeiro-ministro italiano Berlusconi) e da Antena 3 (do grupo Planeta). Também a nível político, enquanto o PSOE, no poder, entende haver maior pluralismo com a abertura gratuita do canal durante todo o dia, o PP, na oposição entende haver lugar para uma situação de violação da livre concorrência. Segundo estas contas, o Canal + teria uma posição dominante, limitando por outro lado a possibilidade de 14 canais digitais poderem emitir e ampliar a oferta.
Tudo isto numa altura em que a comissão de sábios apresentou resultados do seu trabalho na passada segunda-feira(ver Público de hoje). Curiosamente, o El Pais apresenta perspectivas diversas face ao relatório do grupo de sábios. A agência noticiosa Efe corrigiu alguns dos dados do relatório, tais como o estatuto de redacção, a digitalização dos arquivos e o desenvolvimento digital para a telefonia móvel). Os sindicatos Comissiónes Obreras aplaudiram a liquidação da dívida histórica do canal público RTVE (6,892 mil milhões de euros).
UM BLOGUE QUE DESCOBRI E NÃO VOU LARGAR MAIS - DESIGN*SPONGE
Estou a fazer um pequeno intervalo, depois de permanecer desde as 8:30 a preparar o módulo de um curso a desenvolver na Universidade (desenhar o percurso de uma semana lectiva, telefonar, mandar emails) [claro que fiz um outro intervalo para colocar posts aqui]. Descobri um blogue nova-iorquino (Brooklin) chamado design*sponge e não sei o nome da sua autora, mas é o tipo de blogue que eu gosto de ler. Para quem aprecia design, pins, interiores, banda desenhada, eu sei lá que mais - dê um salto a design*sponge e divirta-se.
Agora, vou esticar as pernas, tomar um café no Spazzio, ali ao Campo Pequeno, e começar a ler os trabalhos de mestrado, que são muitos e me parecem bons!
Adenda colocada à hora de almoço
Porque d*s, a autora do blogue mo autorizou, reproduzo aqui uma imagem que colocou no último dia 18, a propósito do diy (do it yourself - faça você mesmo).
Até dia 25 - depois de amanhã [perdoem-me a descoberta tão tardia] - a d*s aceita o envio, por email, de trabalhos com uma pequena descrição, com imagens e alguns dados curiosos sobre os candidatos (por exemplo, qual o sabor que mais gosta num gelado?). Têm, pois, dois dias: d*s aceita propostas e anunciará os vencedores na segunda-feira, dia 28. Categorias a concurso: mobiliário, produtos, joalharia, design (trabalhos gráficos) e outros (porque ela não quer deixar ninguém de fora).
Estou a fazer um pequeno intervalo, depois de permanecer desde as 8:30 a preparar o módulo de um curso a desenvolver na Universidade (desenhar o percurso de uma semana lectiva, telefonar, mandar emails) [claro que fiz um outro intervalo para colocar posts aqui]. Descobri um blogue nova-iorquino (Brooklin) chamado design*sponge e não sei o nome da sua autora, mas é o tipo de blogue que eu gosto de ler. Para quem aprecia design, pins, interiores, banda desenhada, eu sei lá que mais - dê um salto a design*sponge e divirta-se.
Agora, vou esticar as pernas, tomar um café no Spazzio, ali ao Campo Pequeno, e começar a ler os trabalhos de mestrado, que são muitos e me parecem bons!
Adenda colocada à hora de almoço
Porque d*s, a autora do blogue mo autorizou, reproduzo aqui uma imagem que colocou no último dia 18, a propósito do diy (do it yourself - faça você mesmo).
Até dia 25 - depois de amanhã [perdoem-me a descoberta tão tardia] - a d*s aceita o envio, por email, de trabalhos com uma pequena descrição, com imagens e alguns dados curiosos sobre os candidatos (por exemplo, qual o sabor que mais gosta num gelado?). Têm, pois, dois dias: d*s aceita propostas e anunciará os vencedores na segunda-feira, dia 28. Categorias a concurso: mobiliário, produtos, joalharia, design (trabalhos gráficos) e outros (porque ela não quer deixar ninguém de fora).
AINDA NÃO É HOJE QUE ESCREVO SOBRE MILLION DOLLAR BABY
Mas o blogue Luminescências publicou ontem um aperitivo, com duas imagens e um comentário ao filme. Eu partilho as suas opiniões. E, levemente mais abaixo, saltando a análise política, mostra a casa de cafés A Carioca. Este blogue sobre a nossa cidade, mas também sobre poesia, cinema, futebol e política, merece ser acompanhado.
Do mesmo modo que o portuense Seta despedida, que eu já destaquei na coluna dos meus preferidos. Copio o que a Alexandra Barreto escreveu no dia 17 de Fevereiro: "Antes de ir dormir, deixo marcadores sem tampa no sofá, e, no dia seguinte, eles estão secos. Distraída num anfiteatro, em várias nucas pressinto reencontrar pessoas que há muito tempo não vejo; mas as nucas são todas de pessoas que desconheço. Peço à cabeleireira que me corte um centímetro de cabelo. Lembro-me, de repente, que comprei uns bolbos de tulipa no Natal e os arrumei dentro de um armário. E receio por aquilo que possa estar a passar-se lá dentro, no escuro".
É tão bonito! Esperemos que ela goste de Eastwood como gosta do Tarkovsky de O espelho, apoiando-se no blogue Last Tapes.
Mas o blogue Luminescências publicou ontem um aperitivo, com duas imagens e um comentário ao filme. Eu partilho as suas opiniões. E, levemente mais abaixo, saltando a análise política, mostra a casa de cafés A Carioca. Este blogue sobre a nossa cidade, mas também sobre poesia, cinema, futebol e política, merece ser acompanhado.
Do mesmo modo que o portuense Seta despedida, que eu já destaquei na coluna dos meus preferidos. Copio o que a Alexandra Barreto escreveu no dia 17 de Fevereiro: "Antes de ir dormir, deixo marcadores sem tampa no sofá, e, no dia seguinte, eles estão secos. Distraída num anfiteatro, em várias nucas pressinto reencontrar pessoas que há muito tempo não vejo; mas as nucas são todas de pessoas que desconheço. Peço à cabeleireira que me corte um centímetro de cabelo. Lembro-me, de repente, que comprei uns bolbos de tulipa no Natal e os arrumei dentro de um armário. E receio por aquilo que possa estar a passar-se lá dentro, no escuro".
É tão bonito! Esperemos que ela goste de Eastwood como gosta do Tarkovsky de O espelho, apoiando-se no blogue Last Tapes.
CELEBRIDADE(S)
Até quase final do ano passado, os dois canais televisivos privados de sinal aberto (SIC e TVI) emitiram dois programas em que a palavra celebridade entrava. Um era telenovela (Celebridade), o outro reality-show (Quinta das celebridades). Um e outro gozaram de muita popularidade e audiência.
As alunas Filipa Pinto e Susana Gonçalves escreveram sobre a novela de Gilberto (Tumscitz) Braga, com base num inquérito feito a 70 respondentes que passavam na rua Augusta (Lisboa) durante o mês de Novembro, entre as 16:00 e as 18:00 [eu fiz uma curta alusão à novela, em 12 de Agosto do ano passado, a propósito de Pixinguinha, cantor referenciado na novela]. Do número total de inquiridos, 50 responderam ver a novela. As duas alunas concentraram-se nestes, 89% dos quais mulheres, a maioria com idades acima de 45 anos, reformados ou com vida doméstica, e dos quais 58% tinham como escolaridade o ensino secundário.
Passatempo (84%), identificação com os personagens (11%) e paisagens (5%) contavam-se entre as razões por que a novela era vista. As mensagens descodificadas na novela eram para os 50 respondentes: fama (53%), vingança (24%), amor (11%), brigas (5%) lealdade (5%) e ódio (2%). Maria Clara era a personagem com quem os espectadores mais se identificavam (53%), seguindo-se Darlene (32%) e Laura (10%). As personagens masculinas vinham depois. O valor mais elevado atribuido a Clara era lealdade e honestidade (43%), enquanto que em Darlene era a diversão (39%), a interpretação em Cláudia Abreu (desempenhando o papel de Laura) (42%) e honestidade (72%) em Fernando.
Cada um(a) dos telespectadores via a novela sozinho (49%), com a família (41%) e com amigos (10%), jantando (33%) ou lendo o jornal em simultâneo (9%). A fidelidade ao canal era expresso pelo acompanhamento de outras novelas da SIC (Senhora do destino, que se seguiria a Celebridade, e Cabocla)
A Quinta das celebridades foi trabalhada pelas alunas Sara Ceia e Andreia Martins [aqui no blogue fiz alguns comentários ao programa da TVI; para ver, colocar a designação do reality-show na janela de procura no campo superior esquerdo].
As duas alunas trabalharam 30 inquéritos realizados a pessoas com mais de 18 anos e espectadoras do programa. Isto explica os resultados: 11 declararam ver os resumos do reality-show mais de três vezes semanalmente, oito viam o resumo três vezes e cinco viam duas vezes por semana, enquanto a gala de domingo era visionada por 23 dos respondentes. Das razões porque acompanhavam o programa, 12 deram relevo ao entretenimento, 10 aos concorrentes, sete ao formato. Um número pequeno (seis) identificava-se com um dos concorrentes: Mónica (três), Pedro Reis (2) e Sandra Cóias (1). Isto é: com os concorrentes mais conhecidos e extravagantes - Cinha Jardim, Alexandre Frota ou Castelo Branco - ninguém se identificava. Vários dos respondentes procuravam informação suplementar em jornais (12) e internet (6), não votando nas nomeações ou expulsões (22) e não querendo participar no programa se surgisse uma oportunidade (24).
Até quase final do ano passado, os dois canais televisivos privados de sinal aberto (SIC e TVI) emitiram dois programas em que a palavra celebridade entrava. Um era telenovela (Celebridade), o outro reality-show (Quinta das celebridades). Um e outro gozaram de muita popularidade e audiência.
As alunas Filipa Pinto e Susana Gonçalves escreveram sobre a novela de Gilberto (Tumscitz) Braga, com base num inquérito feito a 70 respondentes que passavam na rua Augusta (Lisboa) durante o mês de Novembro, entre as 16:00 e as 18:00 [eu fiz uma curta alusão à novela, em 12 de Agosto do ano passado, a propósito de Pixinguinha, cantor referenciado na novela]. Do número total de inquiridos, 50 responderam ver a novela. As duas alunas concentraram-se nestes, 89% dos quais mulheres, a maioria com idades acima de 45 anos, reformados ou com vida doméstica, e dos quais 58% tinham como escolaridade o ensino secundário.
Passatempo (84%), identificação com os personagens (11%) e paisagens (5%) contavam-se entre as razões por que a novela era vista. As mensagens descodificadas na novela eram para os 50 respondentes: fama (53%), vingança (24%), amor (11%), brigas (5%) lealdade (5%) e ódio (2%). Maria Clara era a personagem com quem os espectadores mais se identificavam (53%), seguindo-se Darlene (32%) e Laura (10%). As personagens masculinas vinham depois. O valor mais elevado atribuido a Clara era lealdade e honestidade (43%), enquanto que em Darlene era a diversão (39%), a interpretação em Cláudia Abreu (desempenhando o papel de Laura) (42%) e honestidade (72%) em Fernando.
Cada um(a) dos telespectadores via a novela sozinho (49%), com a família (41%) e com amigos (10%), jantando (33%) ou lendo o jornal em simultâneo (9%). A fidelidade ao canal era expresso pelo acompanhamento de outras novelas da SIC (Senhora do destino, que se seguiria a Celebridade, e Cabocla)
A Quinta das celebridades foi trabalhada pelas alunas Sara Ceia e Andreia Martins [aqui no blogue fiz alguns comentários ao programa da TVI; para ver, colocar a designação do reality-show na janela de procura no campo superior esquerdo].
As duas alunas trabalharam 30 inquéritos realizados a pessoas com mais de 18 anos e espectadoras do programa. Isto explica os resultados: 11 declararam ver os resumos do reality-show mais de três vezes semanalmente, oito viam o resumo três vezes e cinco viam duas vezes por semana, enquanto a gala de domingo era visionada por 23 dos respondentes. Das razões porque acompanhavam o programa, 12 deram relevo ao entretenimento, 10 aos concorrentes, sete ao formato. Um número pequeno (seis) identificava-se com um dos concorrentes: Mónica (três), Pedro Reis (2) e Sandra Cóias (1). Isto é: com os concorrentes mais conhecidos e extravagantes - Cinha Jardim, Alexandre Frota ou Castelo Branco - ninguém se identificava. Vários dos respondentes procuravam informação suplementar em jornais (12) e internet (6), não votando nas nomeações ou expulsões (22) e não querendo participar no programa se surgisse uma oportunidade (24).
terça-feira, 22 de fevereiro de 2005
MAIS MUPIS
Produtos para o cabelo (L'Oreal e Garnier), produtos financeiros (BPI) e bens alimentares (Bolero e Frisumo) são algumas das campanhas que têm estado nos mupis.
Caracóis, lisos e com cor, recorrendo a vedetas como Beyoncé, os anúncios de champôs ou amaciadores são orientados para as mulheres, mostrando o rosto - ou melhor, os penteados. Na publicidade da L'Oréal, a base é sempre a mesma: rosto feminino à esquerda, embalagem do produto à direita, cores vivas como fundo e mensagem escrita no cimo do anúncio. Com Beyoncé há um outro anúncio, com ela de cabelos lisos.
De salientar a campanha do BPI, continuando com Fernanda Serrano. As metamorfoses da artista são acompanhadas nas campanhas do banco: 1) como "cara" da artista, 2) com o cabelo rapado, por ter interpretado um papel em telenovela que necessitava dessa caracterização, e 3) agora no estado de grávida.
O anúncio da Bolero apanhei-o numa feliz sincronização no mesmo mupi, em equipamento urbano de venda de jornais, à Av. Defensores de Chaves, em Lisboa.
Produtos para o cabelo (L'Oreal e Garnier), produtos financeiros (BPI) e bens alimentares (Bolero e Frisumo) são algumas das campanhas que têm estado nos mupis.
Caracóis, lisos e com cor, recorrendo a vedetas como Beyoncé, os anúncios de champôs ou amaciadores são orientados para as mulheres, mostrando o rosto - ou melhor, os penteados. Na publicidade da L'Oréal, a base é sempre a mesma: rosto feminino à esquerda, embalagem do produto à direita, cores vivas como fundo e mensagem escrita no cimo do anúncio. Com Beyoncé há um outro anúncio, com ela de cabelos lisos.
De salientar a campanha do BPI, continuando com Fernanda Serrano. As metamorfoses da artista são acompanhadas nas campanhas do banco: 1) como "cara" da artista, 2) com o cabelo rapado, por ter interpretado um papel em telenovela que necessitava dessa caracterização, e 3) agora no estado de grávida.
O anúncio da Bolero apanhei-o numa feliz sincronização no mesmo mupi, em equipamento urbano de venda de jornais, à Av. Defensores de Chaves, em Lisboa.
A SOCIOLOGIA DO JORNALISMO EM 1978
Chegou-me agora às mãos o livro das actas do I Congresso Luso-galego de Estudos Jornalísticos, realizado em Santiago de Compostela, em finais de Outubro de 2002, e coordenado por Xosé López García (Universidade de Santiago de Compostela) e Jorge Pedro Sousa (Universidade Fernando Pessoa, Porto). O título é A investigación e o ensino do xornalismo no espazo luso-galego.
Fui um dos participantes, com duas comunicações, uma das quais agora publicada no livro. Ela tem o título de História e tendências da investigação sobre jornalismo nos últimos 25 anos, onde dei conta dos principais textos lançados em 1978, ano vintage para a sociologia do jornalismo, como então designei. Ora, o que se publicou então?
Descobrir as notícias
O primeiro livro foi o de Michael Schudson, com a designação Discovering the news. O sociólogo americano destacou o papel da objectividade nas notícias como produto social da democratização da vida política, social e económica do começo do séc. XX.
Se Schudson produziu uma perspectiva mais histórica, no estudo sobre racismo de Stuart Hall e colegas (Policing the crisis) prevaleceu uma posição mais marcadamente estruturalista. Os autores olharam os intervenientes directos na produção das notícias - fontes e jornalistas - e concluiram pela preponderância daquelas no enquadramento dos acontecimentos. Era o conceito de definidor primário a marcar a sociologia do jornalismo.
Philip Schlesinger, que seria um dos críticos mais conhecidos da tipologia de Hall e colegas, editava em 1978 a sua tese de doutoramento, intitulada Putting "reality" together, sobre o trabalho interno da BBC. Para ele, a notícia resulta da construção de uma versão específica da realidade, composta de rotinas produtivas assentes numa divisão apertada do tempo e do espaço disponíveis. Schlesinger conclui pelo controlo exercido sobre os jornalistas através do sistema editorial.
O quarto trabalho seria o de Gaye Tuchman, Making news: a study in the construction of reality. Trabalhando dentro do estilo da observação sociológica da escola de Chicago, Tuchman apresentou a notícia como construção social da realidade e como narrativa, duas ideias marcantes na história da ciência aqui apresentada.
Para além das quatro obras do ano vintage de 1978 em termos de sociologia do jornalismo, saíu um outro texto marcante, o de Todd Gitlin (Sociologia dos meios de comunicação social - o paradigma dominante, publicado em português na antologia de João Pissarra Esteves, 2002), onde o autor criticava o longo domínio da perspectiva de Lazarsfeld no campo dos efeitos dos media.
Para além desta análise, o meu texto abordou as teorias da notícia, as disciplinas científicas e os novos campos de investigação dos media (novos media e tecnologias a eles associadas, impacto da comunicação global, o papel dos media na defesa da democracia e os estudos feministas dos media).
Leitura: Xosé López García e Jorge Pedro Sousa (coords.) (2004). A investigación e o ensino do xornalismo no espazo luso-galego. Santiago de Compostela: Consello da Cultura Galega
Chegou-me agora às mãos o livro das actas do I Congresso Luso-galego de Estudos Jornalísticos, realizado em Santiago de Compostela, em finais de Outubro de 2002, e coordenado por Xosé López García (Universidade de Santiago de Compostela) e Jorge Pedro Sousa (Universidade Fernando Pessoa, Porto). O título é A investigación e o ensino do xornalismo no espazo luso-galego.
Fui um dos participantes, com duas comunicações, uma das quais agora publicada no livro. Ela tem o título de História e tendências da investigação sobre jornalismo nos últimos 25 anos, onde dei conta dos principais textos lançados em 1978, ano vintage para a sociologia do jornalismo, como então designei. Ora, o que se publicou então?
Descobrir as notícias
O primeiro livro foi o de Michael Schudson, com a designação Discovering the news. O sociólogo americano destacou o papel da objectividade nas notícias como produto social da democratização da vida política, social e económica do começo do séc. XX.
Se Schudson produziu uma perspectiva mais histórica, no estudo sobre racismo de Stuart Hall e colegas (Policing the crisis) prevaleceu uma posição mais marcadamente estruturalista. Os autores olharam os intervenientes directos na produção das notícias - fontes e jornalistas - e concluiram pela preponderância daquelas no enquadramento dos acontecimentos. Era o conceito de definidor primário a marcar a sociologia do jornalismo.
Philip Schlesinger, que seria um dos críticos mais conhecidos da tipologia de Hall e colegas, editava em 1978 a sua tese de doutoramento, intitulada Putting "reality" together, sobre o trabalho interno da BBC. Para ele, a notícia resulta da construção de uma versão específica da realidade, composta de rotinas produtivas assentes numa divisão apertada do tempo e do espaço disponíveis. Schlesinger conclui pelo controlo exercido sobre os jornalistas através do sistema editorial.
O quarto trabalho seria o de Gaye Tuchman, Making news: a study in the construction of reality. Trabalhando dentro do estilo da observação sociológica da escola de Chicago, Tuchman apresentou a notícia como construção social da realidade e como narrativa, duas ideias marcantes na história da ciência aqui apresentada.
Para além das quatro obras do ano vintage de 1978 em termos de sociologia do jornalismo, saíu um outro texto marcante, o de Todd Gitlin (Sociologia dos meios de comunicação social - o paradigma dominante, publicado em português na antologia de João Pissarra Esteves, 2002), onde o autor criticava o longo domínio da perspectiva de Lazarsfeld no campo dos efeitos dos media.
Para além desta análise, o meu texto abordou as teorias da notícia, as disciplinas científicas e os novos campos de investigação dos media (novos media e tecnologias a eles associadas, impacto da comunicação global, o papel dos media na defesa da democracia e os estudos feministas dos media).
Leitura: Xosé López García e Jorge Pedro Sousa (coords.) (2004). A investigación e o ensino do xornalismo no espazo luso-galego. Santiago de Compostela: Consello da Cultura Galega
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