APANHADO NA CORRENTE
Foi a Soledade Santos, do blogue Nocturno com gatos -, com que partilho, através da comunicação electrónica, uma admiração por Salamanca, e a quem já desafiei a organizar uma tertúlia para ouvir a sua poesia - que me levou a entrar na corrente. Confesso que demorei uns dias a organizar a passagem da corrente. Mas aí vão as minhas respostas e as(o) blogueiras(o) a quem dou o testemunho.
1. Não podendo sair do "Fahrenheit 451", que livro quererias ser?
Desde há muito que digo: quando for grande quero ser Patrice Flichy. Não é inveja, mas aprecio o percurso dele, das telecomunicações à história das mesmas, passando pela sociologia da comunicação e pela direcção da revista Reseaux, uma das melhores do género no mundo. Assim, gostaria de ser o livro dele: Une histoire de la communication moderne - espace public et vie privée. Ou, na versão inglesa (que também comprei, pensando estar a adquirir outro livro): Dynamics of modern communication. The shaping and impact of new communication technologies.
2. Já alguma vez ficaste apanhadinho(a) por um personagem de ficção?
Penso em dois personagens. No recente Yambo/Giambattista Bodoni, do livro de Umberto Eco, A misteriosa chama da rainha Loana, de que já fiz alusão neste blogue. No mais antigo Ryuji, de Yukio Mishima, em O marinheiro que perdeu as graças do mar. A perda da memória ou o receio de ser esquecido/rejeitado é um problema meu (o que me arranjou a corrente: vou já consultar um psicanalista).
3. Qual foi o último livro que compraste?
O último, em termos de trabalho, foi o de Gustavo Cardoso e colegas, ontem, chamado A sociedade em rede em Portugal. O último, em termos de prazer, foi um álbum-catálogo, El alma de Almada el impar, organizado pela Câmara Municipal de Lisboa, com textos de João Paulo Cotrim e Luís Miguel Gaspar, exposição de há um ano atrás aqui a cem metros, no palácio Galveias, que eu perdi. O último livro que encomendei (mas ainda não comprei e não fixei o nome) é um livro duplo sobre revistas masculinas americanas (ponho aqui, porque o livreiro me garantiu disponibilizar a obra esta semana).
4. Qual o último livro que leste?
É a pergunta mais difícil, pois não me lembro muito bem. Completos, completos, foram os livros de Umberto Eco acima referido e o segundo volume de Rui Estrela, A publicidade no Estado Novo. Mas li jornais e revistas entre a semana passada e esta: Algarbh (1922), Jornal de Portimão (1925-1926), Vibração (1931), Espectáculo (1936-1937), Brisa (1946-1948). Razão: um jornalista e a relação entre jornalismo e cinema.
5. Que livros estás a ler?
José Gomes Ferreira (A memória das palavras ou o gosto de falar de mim, edição de 1972) [já teria acabado se não fosse este inquérito], o livro de Gustavo Cardoso e colegas já apresentado atrás, John Hartley (2005, Creative industries, para preparar uma aula de seminário para dentro de duas semanas). Os outros estão perdidos no meio dos papéis aqui no escritório.
6. Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?
A Bíblia, Marcel Proust (À procura do tempo perdido, agora numa tradução nova de Pedro Támen) e Walter Benjamin (as suas obras, agora em tradução de João Barrento). E esperava que me resgatassem rapidamente da ilha deserta.
7. A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e porquê?
Ao amigo galego Brétemas, por uma grande similitude dos nossos blogues, a Sônia Bertocchi, de S. Paulo (Brasil), que lançou um muito recente blogue, o Lousa Digital [eu já conhecia a Sônia e o seu percurso académico - e também o Rubens -, através da sua filha mais velha, a qual está a trabalhar e estudar na Universidade do Minho], e Elsa de Sousa, do delírios2004, ainda uma jovem jornalista, do eixo Coimbra-Figueira da Foz, a que desejo muitos sucessos.
2 comentários:
Aceitei o desafio e já respondi... Beijo de boa semana!
Ah, eu conheço uma boa psicanalista que anda também aqui pela blogoesfera e escreve poesia :) Fora de brincadeiras: desculpe tê-lo metido na corrente, mas teve piada. E divertiu-me ver o seu ecletismo e alguns dos nossos cruzamentos de leituras, como o "Marinheiro que perdeu as graças", ou Eco. Li o "Nome da Rosa" não sei quantas vezes, e apreciei imenso, aqui no Indústrias Culturais, a análise que fez da biblioteca (por contraponto à do respectivo filme, que desvirtua o livro noutros aspectos, como no improvável happy end e nas motivações de Frei Guilherme). Não vou é comprar a "Rainha" porque acho o preço um roubo! Quando for a Espanha, ou tiver portador, compro-o por metade do preço. Há muitas razões para esta paixão comum por Salamanca :)
Obrigada por ter aceitado o desafio.
Um abraço
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