sexta-feira, 22 de julho de 2005

LUGAR AO SUL

Já aqui referi o programa Lugar ao sul, da Antena 1. Ouvia-o regularmente, numa altura em que Judite Lima tinha o seu programa na Antena 2, Jardim da música, também nas manhãs do fim-de-semana. Ora sintonizava um ora outro, num enorme prazer de escuta.

O programa de Rafael Correia mudou para um horário mais madrugador, o que me inibe de o ouvir. Álvaro José Ferreira é um dos que defendem o regresso do programa à grelha anterior. Hoje, deixou-me um conjunto de textos provando a qualidade do programa. Eu seleccionei um deles, fazendo um corte para tornar a mensagem mais leve. Trata-se de um texto de Manuel Pinto, professor da Universidade do Minho, lido na Rádio Universitária do Minho (15 de Abril de 2002) e publicado no Diário do Minho:

"O nome de Rafael Correia não dirá provavelmente muito a um bom número de leitores. Se lhe disser que ele é o autor de um programa que dá pelo nome de Lugar ao Sul, que resiste há mais de vinte anos na grelha da Antena Um da RDP, não sei se esse nome lhe dirá mais qualquer coisa. Para mim, é esse programa que há muito pontua e pontifica em parte das minhas manhãs de sábado.

"A rádio continua a ser um meio de comunicação fascinante. Tem, apesar de tudo, conseguido resistir com imaginação às mudanças vertiginosas do panorama mediático. O transístor e a miniaturização deram-lhe flexibilidade e levaram-na aos lugares mais inesperados do planeta. Adaptou-se a novas formas de vida e está, agora, a entrar em cheio na era digital. Tenho, contudo, para mim que aquilo que faz o sucesso da rádio é a interioridade que alimenta e promove.

"A história ensina que um novo meio de comunicação não elimina o mais antigo, antes conquista e desenha o seu espaço e o seu modo próprio de existir, reconfigurando o conjunto com novas combinações e características. Ora, num universo cultural alicerçado no que é visível e na exterioridade e, portanto, no sentido da visão, o meio rádio permite ao ouvinte a criação de um mundo de ideias, sentimentos e imagens muito particulares, tendo por base o som (música, palavra, ruído) e o silêncio.

"E é assim que eu, sem nunca ter visto Rafael Correia, me sinto quase um seu amigo de longa data, imaginando a sua figura e o seu deambular semanal pelas terras do sul de Portugal [...]".

O meu apelo é que se passe a ouvir o programa a uma hora menos madrugadora, em favor da cultura portuguesa em geral e alentejana em particular!

2 comentários:

Anónimo disse...

Apoio a sua sugestão que terá consequências gratificantes e esquecidas para os ouvintes de rádio que sejam amantes de música, de notícias e de debates.

Não será também de negligenciar o facto de que apenas os rádios portáteis, incorporados ou não noutros artefactos tecnológicos, poderem proporcionar uma ligação mediática em rede, em caso de emergências e de defesa civil do território, que seja barata e instantaneamente actualizada.

Anónimo disse...

corrijo:
...o facto de apenas os rádios portáteis, incorporados ou não noutros artefactos tecnológicos, poderem proporcionar ...