Há dias em que a capa do Público é um mimo, caso da de hoje. Para além do tema da seca como destaque, o tema que ocupa parte significativa dessa página - a notícia do investimento da Ikea em Portugal - tem um tratamento estético que quero aqui elogiar.
Tenho aqui comentado que o grafismo do Público se tornou rapidamente clássico, se comparado com o do renovado Diário de Notícias. Mas estas páginas, apesar da estrutura mais antiga que suporta o jornal, dão uma vivacidade e um entusiasmo a quem o compra e lê. Já o novo layout do Diário de Notícias, passada a novidade dos primeiros dias, surge-me com algumas fragilidades. A falta de filetes, por exemplo. Henrique Cayate, certamente, não é apreciador do gestaltismo (forma), como Rudolf Arnheim preconizara na arte.
Ora, nós precisamos de ter linhas, apontadores, sequências, cortes. Um jornal de qualidade é lido por gente com hábitos de leitura enraizados, que olha o todo, a mancha da página no conjunto, antes de focar a notícia em particular. O leitor faz uma espécie de varrimento da página. Se olharmos o jornal de baixo para cima (ou de cima para baixo), a leitura é feita em termos de bloco. Ora, o editorial do dia confunde-se com as cartas de leitor ou com a coluna de opinião do colunista do dia. Por momentos, fica-se sem saber a quem pertence a escrita.
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