domingo, 26 de março de 2006

UM COMENTÁRIO SOBRE OS CRÍTICOS DE CINEMA

Bruno Miguel Castro, o animador do blogue Animatógrafo, a quem não vejo há uns anos, deixou um comentário à entrada Sobre a generosidade dos críticos de cinema, que aqui coloquei ontem. Recupero esse texto para o corpo do blogue, para mais fácil leitura:

  • "É uma excelente questão Rogério, mas não é assim tão simples. Quando estive no Diário de Notícias, e privei com o Eurico de Barros, com o João Lopes e com o João Miguel Tavares (que na altura fazia crítica de cinema), apercebi-me que não há nenhuma grelha objectiva de análise de filme. Toda a crítica feita em imprensa (estou em crer que todos os críticos funcionam nesta base) parte de uma base de conhecimentos sobre cinema, sejam de natureza técnica, histórica ou outras, mas tem muito a ver com a abordagem de cada crítico ao objecto cinematográfico. Do João Lopes vai ter sempre uma visão mais "europeia", mais apaixonada pela conceptualidade da imagem. Do Eurico de Barros, por outro lado, terá sempre uma maior procura pela dificuldade da criação, em detrimento do facilitismo. E depois há algo comum nos críticos e que eu não sei definir, mas que sinto que também tenho na crítica que faço no Animatógrafo. É um je ne sais quoi, próximo da tarefa de desconstrução, do olhar clínico. É isso, aliás, por exemplo, que faz com [que] exista uma aproximação de pontos de vista entre o Vasco Câmara do Público e o Eurico de Barros do DN, nomeadamente em festivais de cinema como Berlim ou Veneza. Agora, há algo que creio que o Rogério deve ter em conta quando pensa na sua tarefa de classificação em termos académicos e no trabalhos dos críticos: é que a sua avalia a adequação de determinado trabalho a um conjunto de pressupostos e objectivos, enquanto a dos críticos não. E portanto, a sua [deles] visão é eternamente mais subjectiva do que a sua. E é bom que o seja, a bem do cinema. Abraço".

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