BOM ANO NOVO.
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Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
Hoje, numa grande superfície, tomei contacto com alguns deles, saltando-me à vista um devido ao seu título. João Pedro Pereira apresenta-o: Grand Theft Auto, de 1998. O jogador é um criminoso urbano que pode assaltar bancos, assassinar contra um pagamento, roubar carros e extorquir dinheiro a prostitutas. Enquanto eu procurava saber o preço do videojogo, uma mãe respondia ao filho: "esse jogo nem pensar; não to vou comprar". Se calhar, a criança queria um dos jogos indicados no texto do Público.
A entrevista dada hoje pelo jornalista a Nuno Azinheira (fotografia de Rodrigo Cabrita) é muito interessante (pelo entrevistado e pelo entrevistador, que sabe fazer muito bem este tipo de trabalhos e que, agora, eu leio menos frequentemente, dadas as suas tarefas na hierarquia do jornal, que o inibem de escrever com tanta assiduidade sobre media). Detecto três momentos-chave na entrevista, o primeiro dos quais quando Azinheira alude a um certo desinvestimento na SIC Notícias, ao que o até agora pivô da televisão reagiu: "Para mim é muito claro que há um momento-chave na vida da SIC e da SIC Notícias que deve ser reflectido, que foi a fusão das duas redacções. A SIC generalista beneficiou muito dessa fusão, mas acho que a SIC Notícias ressentiu-se um pouco".
Depois, à pergunta sobre onde quer chegar o RCP, responde João Adelino Faria: "Vejo as pessoas a falar muito em audiências e liderança. Estou mais preocupado em fazermos um bom trabalho. O que quero é que o RCP dê notícias, marque o dia, dê manchetes. O que se passa hoje é que a rádio e as televisões, normalmente, desenvolvem no dia as manchetes dos jornais. Queremos poder competir com os jornais em informação que marque o dia. Se isso acontecer, as pessoas vêm atrás".
Finalmente, quando o novo director de informação do RCP diz: "vamos disputar um mercado já existente e que também é o da TSF, mas o RCP não será uma rádio só de informação, vai ser uma rádio generalista que vai apostar muito na informação, na entrevista, no debate, em determinados períodos do dia. Mas é uma rádio mais generalista, como a Antena 1 ou a Renascença".
Parece, assim, confirmar-se que a aposta da Prisa - grupo espanhol de media que adquiriu um terço do capital da Media Capital, que detém a TVI e aquela e outras rádios - de um modelo próximo da Cadena Ser, numa combinatória de rádio nacional de informação e música com descentralização regional e local.
Ora, parece que os jovens que se revêem na série americana The Bachelor, afortunados jovens que encontram depressa o par ideal para casar, vão ter de se voltar para a família e para os conselheiros matrimoniais e pedir ajuda para achar a cara-metade adequada. E parece que os avós vão começar a gastar à tripa-forra em concertos. Até agora, as crianças e os adolescentes enchiam as salas de música; agora estima-se que chegue a vez dos mais velhos com saídas nocturnas regulares e festivaleiras. O futurólogo inquirido pelo Guardian considera que um papel mais activo dos mais velhos pode contribuir para a confusão de papéis e comportamentos adequados a cada idade. Os mais velhos parecerão mais novos e os mais novos parecerão mais velhos. Além de que os avozinhos vão disputar toques de celular como os adolescentes, como o "Für Elise" de Beethoven para um apaixonado de idade madura (www.booseytones.com). Confesso que o meu toque de celular já anda pelas "Gymnopédies" de Eric Satie!
E, depois, estima-se o crescimento de experiências extremas. Já não serão os desportos radicais nem viagens de sonho, mas actividades inolvidáveis como jantar com amigos em mesas e cadeiras 50 metros flutuando acima do solo (ver www.dinnerinthesky.com). Espero que essa espécie de restaurante móvel se desloque para apreciar novos locais enquanto se degusta. Já sei: aqui em Lisboa, quero começar a jantar no Campo Pequeno, começar a sobremesa junto ao rio e voltar lentamente, após os aperitivos, até perto de casa. Calma: o serviço é ainda modesto - a "sala" é apenas suportada por um guindaste gigante. Sempre se poderá dar uma volta, imaginemos que à praça de touros do Campo Pequeno, bem seguro na sua cadeira. Ao pé disto e em termos de domínio espacial, a montanha russa é uma brincadeira infantil.
Além disso, parece-me que vou ganhar dinheiro, segundo o que dizem esses "prospectivadores". Se este ano foi o ano do "You" (você) na internet, como mostra a capa da mais recente Time e os jornais portugueses se deliciaram a comentar, encontrando mesmo o "You" português, o ano de 2007 vai ser o ano em que o produtor de conteúdos na internet vai começar a cobrar pelo seu trabalho (ver www.cambrianhouse.com, que paga direitos de autor aos produtores de conteúdos que vendam materiais realizados, ou a www.lego.com, que permite que os visitantes desenhem modelos Lego, colocando-os nas suas galerias de venda). Já não vou fechar o blogue como tenho pensado, agora que o muito trabalho diário me atira a produção das mensagens bloguísticas da manhã bem cedo para a noite bem tarde, mas tornar-me mais criativo, à espera que o dinheiro corra para o meu bolso.
Para quem tem animais, projecta-se uma vastíssima gama de serviços, desde cabeleiras para o seu gato ou um spa para o seu cão ou produtos de luxo para papagaios - sei lá, talvez se incluam também pinguins - ou outras aves domésticas (ver www.puffins.co.uk). E se o animal está com stress nada como um spray de "redução da modificação de comportamento". Imagino já psicólogos e psiquiatras de periquitos e canários a aconselharem repouso absoluto e férias na neve agora pela passagem de ano. Este tema não me absorve muito, porque de animais só possuo fotografias. O último animal que habitou cá em casa, um pobre periquito, morreu de uma longa exposição solar, já lá vão mais de quinze anos.
Da vasta lista de previsões para 2007, há uma que seguirei certamente. De bom tom em 2007 será desligar o telefone enquanto se almoça ou janta e não trabalhar horas extra para responder a emails ou SMS tardios. Nem colocar posts no blogue às 22:36, como este, por exemplo. A qualidade de vida impõe essas regras, agora que toda a gente anda esbaforida a telefonar - até no metro, que era um sítio sossegado até instalarem antenas para ter sinal de rede do celular (e aquelas tonitruantes televisões indoor nas estações).
Mediante estas prospectivas tão cheias de imaginação, talvez mude de profissão e passe a escritor surrealista (pós-surrealista, certamente) ou consultor de novas tendências de consumo, ofícios que quis fazer desde sempre. O futuro - promissor - está garantido.
As pequenas superfícies, lê-se numa das peças, perderam a importância de centros comerciais. Por um lado, em 1984, legislou-se no sentido de designar centro comercial o espaço que tivesse um mínimo de 500 metros quadrados e mais do que 12 lojas. Depois, nasciam os grandes centros comerciais, com o Amoreiras em primeiro lugar (1985, quase em simultâneo com a adesão de Portugal à então CEE - 1986 -, mais a abertura dos primeiros hipermercados e o arranque das novas auto-estradas, símbolos do moderno consumismo nacional).
Como na vida das pessoas e das sociedades, alguns centros comerciais de primeira geração estão a lutar pela sobrevivência, enquanto outros se adaptaram aos novos desafios. No primeiro caso, estão o Stop no Porto e o Cine 222 em Lisboa. No segundo caso, o jornal destaca o Fonte Nova que, apesar da proximidade do Colombo, inaugurado em 1997, soube reagir e aproveitar-se dessa situação de vizinhança, com clientes que preferem maior rapidez e atendimento personalizado e não se preocupam tanto com as lojas de marca internacional.
Imaviz (Lisboa) e Brasília (Porto) são centros que estão a tentar reagir à crise actual. Eu, que conheço bem os dois, pois cheguei a trabalhar perto de um e de outro e os frequentava com assiduidade, reconheço o estado de degradação, mais o segundo que o primeiro, dada a dimensão daquele (250 lojas, à época o maior da Península Ibérica).
Ainda numa das peças, revive-se a história do Imaviz, cujo lago de espelhos chegou a atrair pessoas de todo o país que se queriam deixar fotografar junto dele. Agora, um novo logótipo substituirá o lettering antigo, e mais luminosidade e montras criativas serão objectivos a atingir. No Brasília, um investimento de € 12,5 milhões servirá para modernizar a fachada e reconverter o espaço do antigo cinema em zona de restauração. Lojas especializadas em modelismo, banda desenhada, artes marciais e jogos de computador constituem metas para atrair uma clientela de nichos de mercado.
Esta parcela do lead de uma notícia do jornal Público de hoje - tema da secção de sociedade, ocupando duas páginas escritas por Sofia Rodrigues - alerta para a importância da publicidade junto de crianças e adolescentes nesta altura do ano, quando o Natal significa consumo para muitos. Num dos canais observados, a jornalista contou perto de oito minutos seguidos de publicidade, enquanto noutro dos canais estudados houve quatro intervalos de programação com dez minutos cada dedicados à publicidade.
Dos pontos da newsletter destaco o debate sobre o Estado da Comunicação Interna em Portugal (6 de Dezembro). As perguntas de partida incluiram: quais os desafios da Comunicação Interna? Existe estratégia ou apenas mecanismos? Como avaliar a CI nas empresas em Portugal? Que resultados?
A APCE criou o seu Conselho Consultivo, que reúne sócios da área empresarial e académica, indo apoiar a direcção, presidida por Mário Branco, em iniciativas que visam a dinamização da Associação. O coordenador do novo órgão é Álvaro Esteves, director geral da Média Alta, consultora de comunicação e relações públicas a actuar desde 1989 no mercado português.
Por seu lado, foi lançada mais uma edição do Concurso Grande Prémio APCE 2006, ao qual podem concorrer empresas, entidades e profissionais da área (sócios ou não sócios da APCE). O prazo de candidatura decorre até 29 de Dezembro de 2006.
Outra notícia a destacar é a nomeação de Isabel Borgas, directora de comunicação da Sonaecom, para assessora da European Association of Communication Directors. Esta associação, com sede em Bruxelas e mais de 100 membros oriundos de 23 países, pretende funcionar como rede de directores de comunicação e porta-vozes de empresas europeias, associações e instituições políticas. Além de Isabel Borgas, há outro português membro da associação, David Damião, porta-voz do governo português.