domingo, 18 de fevereiro de 2007

CULTURA PARTICIPATIVA

Editado o ano passado, o livro de Henry Jenkins, Fans, bloggers and gamers. Exploring participatory culture trabalha o domínio das audiências activas, nas quais ele inclui fãs, blogueiros e jogadores.

Participante em comunidades electrónicas, parte fundamental da sua investigação opera a análise de séries televisivas como Star Trek e Twin Peaks, em que os fãs vão além da construção de textos semióticos (em John Fiske). O ser-se fã [fandom em inglês] permite criar e ocupar espaços em que as pessoas (os fãs) aprendem a viver e colaborar no que Jenkins chama de comunidade do conhecimento (conceito formado em Pierre Levy).

O fã já não é um couch potatoe (aquele que vê televisão de um modo passivo), procura ser também um produtor de media, um distribuidor, um crítico (p. 135). Mas, adverte Jenkins, em vez de se falar de tecnologias interactivas, deve-se documentar a interacção existente entre consumidores de media, entre consumidores e textos dos media, entre consumidores e produtores dos media. Isto porque a cultura participativa que Jenkins defende reside na intersecção de três tendências: 1) as novas ferramentas e tecnologias capacitam os consumidores ao arquivo, apropriação e recirculação do conteúdo dos media, 2) um conjunto de subculturas promove o DIY (Do It Yourself) na produção dos media, e 3) as tendências que encorajam os conglomerados horizontais de media encorajam igualmente o fluxo de imagens, ideias e narrativas através de múltiplos canais e procuram modos activos enquanto espectadores.

Afirma Jenkins que os fãs são motivados pela epistemofilia - não apenas têm prazer em conhecer mas também têm prazer em trocar conhecimento. Para além da produção de um significado enquanto activista, o fã produz um investimento afectivo. E a cultura do computador acelera a actividade dos fãs, que deixam de ser fãs apenas em encontros de fim-de-semana mas fazem-no numa mobilização instantânea: basta acabar um episódio de uma série de culto para escreverem mensagens nas comunidades electrónicas a que pertencem, sem barreiras de distância, idade, género ou condição social.

Jenkins introduz uma distinção entre improvisador (jammer) e , em que aquele pretende dominar e alterar os media enquanto este quer apropriar-se do conteúdo, imaginar um mais democrático, diversificado e partilhado. Mas ambos alteraram a relação entre produtores e consumidores dos media, ganhando visibilidade e aprendendo/ensinando - na construção de comunidades, na troca e distribuição intelectual e no activismo nos (dos) media (p. 150).

O livro abre com uma entrevista concedida por Jenkins a Matt Hills, autor já aqui trabalhado (ver mensagem de
8 de Novembro de 2005).

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