Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
domingo, 30 de março de 2008
KLIMT, KOKOSCHKA, SCHIELE
Gustav Klimt, Oskar Kokoschka e Egon Schiele são apenas três nomes do enorme universo artístico e cultural da Viena que passou do século XIX para o XX. Outros nomes famosos nos domínios da música, do cinema, da literatura e das ciências exactas deram igual destaque à cidade, marcando-a com uma qualidade ímpar, nascendo e desenvolvendo lá o seu trabalho (ou tornando-se cidadãos do mundo): Sigmund Freud, Alban Berg, Arnold Schönberg, Anton Webern, Frtiz Lang, Josef von Stenberg, Adolf Loos, Otto Wagner, Victor Adler, Ludwig Boltzmann, Herman Broch, Alois Riegl, Arthur Schnitzer e Ludwig Wittgenstein. Mas ainda Robert Musil, Wilhelm Reich, Joseph Schumpeter. O edifício da Secession é um dos magníficos exemplos, perto dos edifícios de Wagner e não muito longe do palácio de Beleverde (que são dois), onde a obra de Klimt e dos seus pares pode também ser apreciada.
A obra de Klimt é mais conhecida, do ponto de vista da massificação da cultura (caso da pintura O beijo ou do painel a Beethoven, no edifício da Secession), mas Kokoschka é um pintor que ocupou o lugar de Klimt após a sua morte enquanto expoente máximo vienense. Kokoschka, com uma exposição temporária até 12 de Maio no Belvedere, merece toda a atenção. Um expressionismo forte, uma arte dedicada aos cartazes e às revistas (ver Der Sturm), nus estilizados são algumas das ideias fortes deste pintor que teve uma grande paixão por Alma Mahler. Alma, de vida sentimental atribulada, não terá retribuído; Kokoschka encomendou um boneco que a lembrasse, mas este veio tão tosco que nada a fazia comparar à mulher.
Klimt e Schiele desapareceram em 1918, ficando Kokoschka. Schiele tinha 28 anos, quando começava a ganhar prestígio depois de uma juventude de fortes controvérsias, dividido entre a modelo de alguns dos seus trabalhos (e que já fora de Klimt), Wally Neuzil, e Edith Harm, com quem casaria. Desgostosa, Wally alistou-se na Cruz Vermelha durante a Primeira Guerra Mundial, acabando por morrer de escarlatina na frente dos Balcãs; entre Outubro e Novembro de 1918, Edith e Schiele morriam da gripe espanhola.
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4 comentários:
Viajar a pensar que posso levar alguém comigo
Partilhar, informar, despertar para, acrescentar o meu olhar ao daqueles que me precederam, passa-lo aos outros - Rogério Santos.
Sentimos sempre uma certa curiosidade em observar o que o outro vê. Os meus olhos nao sabem, nao podem guardar tudo. Entao gosto de ver com os olhos dos outros.
Aqui gosto de ver a Mulher que sustenta, alimenta a nossa imaginaçao, aquela que esta escondida e vive claramente na obra... Vivera?
Vive hoje aqui pela mao e no olhar de Rogério dos Santos, e eu na sua companhia.
são artistas intensos e muito bons
abraços
Constança
Para a Constança:
Irritam-me "intensidades" mudas. Sabem-me a bolos com ovos de aviario. é por isso que eu nunca tive casa sem horta.
Froilas
RECONVEXO
Maria Bethania
Eu sou a chuva que lança a areia no Saara
Sobre os automóveis de Roma
Eu sou a sereia que dança, a destemida Iara
Água e folha da Amazônia
Eu sou a sombra da voz da matriarca da Roma Negra
Você não me pega, você nem chega a me ver
Meu som te cega, careta, quem é você?
Que não sentiu o suingue de Henri Salvador
Que não seguiu o Olodum balançando o Pelô
E que não riu com a risada de Andy Warhol
Que não, que não, e nem disse que não
Eu sou o preto norte-americano forte com um brinco de ouro na orelha
Eu sou a flor da primeira música,
A mais velha e mas nova espada e seu corte
Eu sou o cheiro dos livros desesperados, sou Gitá gogoya
Seu olho me olha, mas não me pode alcançar
Não tenho escolha, careta, vou descartar
Quem não rezou a novena de Dona Canô
Quem não seguiu o mendigo Joãozinho Beija-Flor
Quem não amou a elegância sutil de Bobô
Quem não é recôncavo e nem pode ser reconvexo
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