Não sei se Fialho de Almeida, quando editou o texto Os Jornalistas no livro Pasquinadas (1890, reeditado em 2009), conhecia o texto de Honoré de Balzac, Monografía de la prensa parisina (1843, reeditado em castelhano em 2009). Mas noto muito mais semelhanças do que diferenças entre estes dois textos separados por 47 anos, além das diversas alusões a textos franceses na escrita de Fialho.
Do trabalho de Fialho, já fiz uma curta referência aqui. Para ele, o jornalismo era um sítio de passagem, de preferência para o parlamento e para as actividades públicas e empresariais, ou "aposentadorias", como escreveu.
Do jornalista nefasto de Fialho salta-se para a caracterização mais fina e irónica de Balzac. Este escritor foi também jornalista e mesmo patrão de jornais (Le Figaro, La Caricature, Rénovateur, Quotidienne, La Chronique de Paris, Le Siècle, Revue Parisienne), algo que não soube fazer muito bem porque levou alguns desses empreendimentos à rápida falência. Para Balzac, havia dois tipos fundamentais de jornalista: 1) publicista (o jornalista que se aproxima rapidamente da vida política, como Fialho também analisou, o panfletário, o escritor de artigos de fundo), 2) crítico (o universitário, o que escreve sobre grandes obras, o folhetinista e até o anónimo).
A leitura de Balzac, quase 150 anos depois, mantém muita actualidade. A edição que consultei traz três textos introdutórios (Javier Díaz Noci, Antonio López Hidalgo e Pedro J. Crespo, o editor), que colocam muito bem a obra no seu tempo e cultura.
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