Dois casais estão prestes a separar-se. Eles (Rui e Daniel) trabalham num armazém e jogam na equipa da sua empresa, Carla é segurança na mesma empresa, Xana é cabeleireira. Os casais são amigos mas rapidamente a situação se degrada. Rui disse alguma coisa sobre Xana: a cara desta é normal, quando comparada com a beleza da nova colega dos dois homens. Carla disse ouviu e disse a Xana, que iniciou uma discussão que culminou na separação. Entretanto, Carla fica grávida mas Daniel prefere andar com a nova colega, enquanto Xana começa uma nova relação e Rui decide voltar a estudar.
João Lourenço, o encenador, teve algum receio em colocar a obra no teatro. Depois de já ter encenado outras obras de Neil LaBute, arriscou. Em texto do catálogo, João Lourenço escreve: "Como encenador de teatro posso, com isso, prejudicar o meu «prestígio» ou (citando esta peça de LaBute) a «minha imagem», mas é assim que trabalho e gosto de trabalhar". Afinal, o texto do americano (com ascendências canadiana e francesa) traduz a linguagem de uma juventude que procura viver depressa a vida, que frequenta centros comerciais e discotecas e mantém relações pessoais e afectivas sempre em convulsão. Os quatro monólogos dentro da peça ajudam a localizar a atmosfera psicológica de cada uma das personagens, do mesmo modo que o vídeo inicial.
Microcosmos, indica o autor, ou retratos, diz mais adiante, de pessoas que cresceram nas décadas de 1970 e 1980, tempos do "eu" e da "avidez" mas também da deterioração de condições sociais e económicas. Neil LaBute preferia voltar ao tempo do diagrama, da máquina dos negócios, em que as pessoas funcionam como peças dessa máquina, em que são etiquetas, sociedade mais fácil de criticar.
Em Há Muitas Razões para uma Pessoa Querer Ser Bonita, observa-se também o egoísmo do indivíduo, que procura fazer prevalecer posições pessoais mesmo que incorrectas ou exageradas. Daniel torna-se duro para esconder as suas dificuldades e mentiras, Carla revela um sentimento de mesquinhez quando fala da relação acabada entre Xana e Rui, Xana prende-se ao discurso (ao que foi dito) e mostra-se inflexível, Rui parece afastar-se dos problemas reais pelo refúgio contínuo na leitura. Ao perguntarem se há alguma personagem autobiográfica, o autor diz que não, apesar dele próprio ter tido vários trabalhos braçais, horríveis e duros. Caso da quinta propriedade do pai e onde faziam os trabalhos agrícolas necessários. Mas, em entrevista sobre ele, descreve a relação com o pai e o modo como representa as personagens masculinas, sempre inquietas e possessivas.
A peça tem interpretações de Ana Guiomar, Jorge Corrula, Tomás Alves e Sara Prata. Com dramaturgia de Vera San Payo de Lemos. No Teatro Aberto, em Lisboa.
João Lourenço, o encenador, teve algum receio em colocar a obra no teatro. Depois de já ter encenado outras obras de Neil LaBute, arriscou. Em texto do catálogo, João Lourenço escreve: "Como encenador de teatro posso, com isso, prejudicar o meu «prestígio» ou (citando esta peça de LaBute) a «minha imagem», mas é assim que trabalho e gosto de trabalhar". Afinal, o texto do americano (com ascendências canadiana e francesa) traduz a linguagem de uma juventude que procura viver depressa a vida, que frequenta centros comerciais e discotecas e mantém relações pessoais e afectivas sempre em convulsão. Os quatro monólogos dentro da peça ajudam a localizar a atmosfera psicológica de cada uma das personagens, do mesmo modo que o vídeo inicial.
Microcosmos, indica o autor, ou retratos, diz mais adiante, de pessoas que cresceram nas décadas de 1970 e 1980, tempos do "eu" e da "avidez" mas também da deterioração de condições sociais e económicas. Neil LaBute preferia voltar ao tempo do diagrama, da máquina dos negócios, em que as pessoas funcionam como peças dessa máquina, em que são etiquetas, sociedade mais fácil de criticar.
Em Há Muitas Razões para uma Pessoa Querer Ser Bonita, observa-se também o egoísmo do indivíduo, que procura fazer prevalecer posições pessoais mesmo que incorrectas ou exageradas. Daniel torna-se duro para esconder as suas dificuldades e mentiras, Carla revela um sentimento de mesquinhez quando fala da relação acabada entre Xana e Rui, Xana prende-se ao discurso (ao que foi dito) e mostra-se inflexível, Rui parece afastar-se dos problemas reais pelo refúgio contínuo na leitura. Ao perguntarem se há alguma personagem autobiográfica, o autor diz que não, apesar dele próprio ter tido vários trabalhos braçais, horríveis e duros. Caso da quinta propriedade do pai e onde faziam os trabalhos agrícolas necessários. Mas, em entrevista sobre ele, descreve a relação com o pai e o modo como representa as personagens masculinas, sempre inquietas e possessivas.
A peça tem interpretações de Ana Guiomar, Jorge Corrula, Tomás Alves e Sara Prata. Com dramaturgia de Vera San Payo de Lemos. No Teatro Aberto, em Lisboa.