Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
sexta-feira, 9 de agosto de 2013
A venda do Washington Post
O Washington Post resistiu a Nixon mas não à internet, consideram os media desta semana quando comentam a venda do jornal da família Graham ao fundador da Amazon, Jeff Bezos. Este vai pagar 250 milhões de dólares (190 milhões de euros) e terá garantido os princípios e os valores do jornal. O Post nunca foi um jornal para ganhar dinheiro mas como agente de promoção de uma sociedade mais informada, culta e democrática (sigo os textos de Rita Siza e João Pedro Pereira, do Público de 7 de agosto).
A quebra da imprensa em papel é mostrada no percurso do Washington Post: há 20 anos, tinha uma média de 832 mil assinaturas; este ano, a circulação baixou para 450 mil exemplares. Nos últimos cinco anos, as receitas desceram mais de 25% e a redação baixou de mil profissionais para 640 pessoas. A perda dos jornais tem a ver com a mudança de hábitos de leitura e com o número de milionários com interesse no papel social e cívico dos jornais.
Do lado de Bezos, sabe-se que ele está habituado a prejuízos. A sua Amazon, lançada em 1994, começou a dar lucros em 2003 mas em 2012 teve prejuízo. Experimentar mas manter as equipas de administração e de direção editorial são duas ideias chave de Bezos, que não se vai envolver na gestão quotidiana. Uma certeza apenas: os media digitais e o online são o futuro. As suas linhas de sucesso é que ainda não estão determinadas.