O Vosso Pior Pesadelo, original de Manuel Jorge Marmelo e encenado por José Leitão, do Teatro Art'Imagem, é uma peça muito violenta. As personagens são três: o prisioneiro (Pedro Carvalho), o cabo (Miguel Rosas) e o coronel (Flávio Hamilton). O prisioneiro é um comediante que, por fazer humor com a política e a corrupção, foi considerado terrorista e preso e condenado a grandes sevícias. O comediante-prisioneiro, a cada tortura física e mental, respondia com um sorriso ou uma graça, o que desconcertava os algozes.
A acção decorre à volta de uma jaula onde o preso Alfa Um permanece isolado, sem direitos. Mesmo ler é algo que lhe é dificilmente concedido, um prazer de apenas quinze minutos diários. O cabo não compreende a ironia e a cultura do prisioneiro, nem isso é importante para a sua ocupação: a de cuidar de Alfa Um e inibir nele qualquer gesto, acto ou pensamento subversivo. Afinal, o cabo é um elo de uma cadeia que nem sequer se esgota no coronel, indivíduo pérfido ou com taras de ordem psicológica.
Há um espírito de obediência a um chefe ausente mas que manda. O comediante é o único que não pertence ao universo dos dois militares, mas acaba por detectar humor e alguma subversão no coronel, num jogo de alto risco físico para si. A postura realista dos actores acentua, para quem a vê a peça, a componente dolorosa do texto. Assim, o texto aborda temas atuais como a situação europeia e Portugal, o modo como as políticas dos países se deterioram e levam a questionar os direitos dos cidadãos, a democracia, a violência e perda de liberdade. Pergunta-se: de que têm medo os cidadãos.
No começo da peça, cada actor apresentou-se: estado civil, filhos e situação profissional. A última caracterizo-a como alarmante - o trabalho de ator é cada vez mais precário, o que se tornou uma boa ligação à peça.
Do Teatro Art'Imagem, vira em 2012 Madrugada, como escrevi aqui.
A acção decorre à volta de uma jaula onde o preso Alfa Um permanece isolado, sem direitos. Mesmo ler é algo que lhe é dificilmente concedido, um prazer de apenas quinze minutos diários. O cabo não compreende a ironia e a cultura do prisioneiro, nem isso é importante para a sua ocupação: a de cuidar de Alfa Um e inibir nele qualquer gesto, acto ou pensamento subversivo. Afinal, o cabo é um elo de uma cadeia que nem sequer se esgota no coronel, indivíduo pérfido ou com taras de ordem psicológica.
Há um espírito de obediência a um chefe ausente mas que manda. O comediante é o único que não pertence ao universo dos dois militares, mas acaba por detectar humor e alguma subversão no coronel, num jogo de alto risco físico para si. A postura realista dos actores acentua, para quem a vê a peça, a componente dolorosa do texto. Assim, o texto aborda temas atuais como a situação europeia e Portugal, o modo como as políticas dos países se deterioram e levam a questionar os direitos dos cidadãos, a democracia, a violência e perda de liberdade. Pergunta-se: de que têm medo os cidadãos.
No começo da peça, cada actor apresentou-se: estado civil, filhos e situação profissional. A última caracterizo-a como alarmante - o trabalho de ator é cada vez mais precário, o que se tornou uma boa ligação à peça.
Do Teatro Art'Imagem, vira em 2012 Madrugada, como escrevi aqui.