terça-feira, 2 de setembro de 2014

Claves (1966)

No dia 25 de Maio último, como aqui referi, Luís Pinheiro de Almeida lançou o seu livro Biografia do Ié-Ié, na Associação Desportiva e Cultural da Encarnação e Olivais. Foi uma sessão riquíssima, pois tocaram e cantaram alguns dos protagonistas da música portuguesa dessa época. Uma das bandas que tocou foi Os Claves, que interpretou o seu êxito de 1966 Crer (embora de não boa qualidade, o vídeo é um excelente documento).



Letra e música de Luís Pinto de Freitas (1966): "Chovia lá fora / Quando saíste / Quando te foste embora / Eu fiquei tão triste / Talvez tu regresses / Ainda algum dia / Eu rezei minhas preces / À Virgem Maria / Tu foste embora / Sem querer saber / Que importa agora / Crer ou não crer / Tu foste embora / Sem querer saber / Que importa agora / Crer ou não crer / Chovia lá fora / Quando saíste / Quando te foste embora / Eu fiquei tão triste / Talvez tu regresses / Ainda algum dia / Eu rezei minhas preces / À Virgem Maria / Tu foste embora / Sem querer saber / Que importa agora / Crer ou não crer / Crer ou não crer".

Retiro de um sítio da internet (http://www.oocities.org/vilardemouros1971/claves.htm): "Vencedores do único concurso de música ié-ié realizado em Portugal, que teve lugar no Teatro Monumental em 1966, e especialistas em cantar em inglês os grandes êxitos da época, Os Claves são lembrados pela gravação da balada Crer, em português, escrita por Luís Pinto de Freitas propositadamente para a final daquele concurso. A história de Os Claves começa quando em 1965 Luís de Freitas Branco (viola ritmo e voz), João Valeriano (baixo e voz) e Alexandre Corte Real (bateria), formam um trio a que dão o nome The Saints. Com a saída do baterista e a entrada de novos elementos, os Saints passam a ser cinco, incluindo Luís Pinto de Freitas (viola solo e voz), João Ferreira da Costa (teclas e voz) e José Atouguia (bateria). Decidem participar no Concurso de Música Ié-Ié no Teatro Monumental, organizado por jornal O Século, Movimento Nacional Feminino, Emissora Nacional, Rádio Clube Português e empresário Vasco Morgado. Passaram três eliminatórias, ganhando folgadamente a meia-final em que se apresentaram: Claves 47 pontos; Jets 34,5; Tubarões 33,5; Cometas 28,5; Kimicos 25,5; Boys 24,5. Antes de chegarem à final mudam o nome para Os Claves, designação sugerida por Moreno Pinto, técnico de som da Rádio Renascença. A final do concurso ié-ié teve lugar no Teatro Monumental em 30 de Abril de 1966, após o que o jornal O Século publicou: “Explosão Juvenil no Monumental”. O Diário de Notícias titulou “Final Yé-Yé: delírio e pandemónio”, anunciando em caixa «O melhor entre 100: O conjunto Os Claves». O artigo do jornal dizia: “Noite yé-yé de delírio. Os ritmos modernos viram ontem à noite, de forma inequívoca, empolgante, a confirmação do seu êxito junto das camadas juvenis. Abertas as bilheteiras, cedo se esgotou a lotação da ampla sala de espectáculos. Os aplausos foram indescritíveis. Quentes, entusiastas, intermináveis. O Teatro Monumental vibrou como nunca se viu. Terminou, em autêntico delírio, a grande maratona de música yé-yé que, desde Agosto findo, através da actuação de cerca de 100 conjuntos, da Metrópole e Ultramar, alvoroçou milhares de jovens, no decurso das várias eliminatórias de apuramento e meias finais realizadas sobre a égide do Grande Concurso Yé-Yé”. A classificação final ficou assim ordenada: 1) Claves, 55 pontos (pontuação máxima), 2) Rocks (de Angola, com Eduardo Nascimento), 45, 3) Night Stars, 39,5, 4) Jets, 35, 5) Ekos, 29,5, 6) ChinchiIas, 29, 7) Espaciais, 18, 8) Tubarões, 18".

Num livro que também já fiz aqui referência (Yeah, Yeah, Yeah. The Story of Modern Pop, 2013), Bob Stanley alude a 1966 (finais de 1965 a começos de 1967) como sendo um tempo fantástico na música pop, com os Beatles (Paperback Writer, Eleanor Rigby), Beach Boys (Barbara Ann, God Only Knows, Good Vibrations), Kinks (Till the End of the Day, Sunny Afternoon), Rolling Stones (Lady Jane), Beatles (Sgt Pepper's Lonely Heart Club Band), Four Tops (Opus 17). A minha preferência vai para os Kinks, dos irmãos Ray e Dave Davies (havia também um Rod Stewart). 1966, escreve Stanley (2013: 193) é o ano em que a moderna música pop adquire significado cultural e artístico.

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