Hoje, comecei a escrever sobre Maria Manuela Couto Viana (1919-1983), poeta, escritora e tradutora, que também trabalhou na rádio (escreveu e interpretou). Ela obteve o primeiro prémio do concurso “Procura-se um Romancista”, em 1942, organizado pelo Grémio Nacional dos Escritores e Livreiros, com o romance Raízes que não Secam. De ascendência galega, ela usou o galego no livro Frauta Lonxana (1964).
Orlando Raimundo, no seu livro de 2015, António Ferro. O Inventor do Salazarismo, conta que Salazar não pudera assistir a espetáculo em Viana do Castelo em 1938, levando António Ferro a obsequiá-lo com uma representação noturna em espaço fechado do Auto das Oferendas, de António Correia de Oliveira. A representação esteve a cargo de grupo folclórico de Santa Marta de Portuzelo (Viana do Castelo), integrado por camponesas afinal oriundas das melhores famílias da sociedade minhota (Raimundo, 2015: 238-240). Maria Manuela Couto Viana, então com 19 anos, já com pequenos papéis nos filmes do regime Revolução de Maio (1937) e Rosa do Adro (1938), interpretou o papel principal do auto. Salazar ficou encantado com a calorosa declamação, o que teria facilitado a carreira da jovem na Emissora Nacional como autora e intérprete de teatro radiofónico.
Esta história precisa de ser acautelada, pela importância da família Couto Viana: o irmão António Manuel Couto Viana (1923-2010) estreou-se como ator e figurinista em 1946 no Teatro Estúdio do Salitre, em Lisboa, por intermédio de David Mourão-Ferreira. Ele esteve sempre ligado a companhias de teatro para a infância. Muito novo, ele recebera como herança do avô o Teatro Sá de Miranda em Viana do Castelo (retirado da wikipedia).
[imagens: entrevista a Maria Manuela Couto Viana (Jornal de Notícias, 18 de agosto de 1957) e fotografia de Maria Manuela Couto Viana com o traje de Meia Senhora, ao lado de Luísa Cerqueira com traje de Mordoma, na Festa do Traje (década de 1950, catálogo do Museu do Traje de Viana do Castelo)]
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