Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
terça-feira, 4 de abril de 2017
Mediatização da política em livro
Com apresentação de Mário Mesquita, foi hoje lançado o livro de Rita Figueiras, A Mediatização da Política nas Redes Sociais (Alêtheia), na livraria da Alêtheia (Rua do Século, Lisboa).
Segundo a autora, docente de comunicação na Universidade Católica, o livro ajuda a compreender os casos políticos. Para ela, a política, independentemente da mediatização, continua a existir. Há um interesse recíproco. A mediatização da política implica que, quanto maior o palco, maior o bastidor, o espaço do escondido, de opacidade, de invisibilidade e de negociação em cada caso político e que medeia o político e o meio de comunicação. Ela escolheu poucas personagens políticas, levando o leitor a reconstruir os seus políticos. Por exemplo, não escreveu sobre Trump, mas o presidente americano está presente na sua ausência. Tema já pensado há muito, foi durante a campanha presidencial que levou à eleição de Trump que Rita Figueiras pensou em escrever o livro.
Mário Mesquita, o apresentador, falou de um livro relevante para a área do jornalismo e da política. Após evidenciar a ampla revisão da literatura, ele indicou que o livro questiona o tempo da política (e dos seus espaços tradicionais como os partidos e o parlamento) e o tempo cada vez mais curto dos media. A televisão primeiro e as redes sociais depois ajudaram à atual reconfiguração da política. Além da temporalidade, o apresentador destacou outros elementos do livro: a conflitualidade, a negociação permanente, a pressão mediática para que o político responda de imediato, sem cuidar de saber se alcança uma boa solução ou não. O tempo do político é contraditório do tempo do decisor. O jornalista torna-se uma espécie de árbitro perante o governo e de outras instituições mais largas como os poderes de Bruxelas. O jornalista habilita o político a usar a argumentação (mas também a retórica e a demagogia) no debate permanente na mediatização. Tal quer dizer que o político precisa de um tempo maior do que o ciclo eleitoral para realizar as suas bandeiras eleitorais mas o tempo político é curto-circuitado pelo tempo do online. Mário Mesquita apontou um novo conceito da autora: a flutuação na força da mediatização. Um exemplo falado foi o dos primeiros-ministros italianos, a partir de Berlusconi, com registos mediáticos inferiores dos seus sucessores. Outro, estudado pela autora, o da mediatização dos presidentes da República portuguesa: Aníbal Cavaco Silva e Marcelo Rebelo de Sousa.
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