Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
quinta-feira, 13 de abril de 2017
Museu Nadir Afonso
O Museu Nadir Afonso (Chaves, numa margem do rio Tâmega) merece ser visto (e refletido). Pintor, arquiteto e filósofo, Nadir Afonso Rodrigues nasceu em Chaves (1920) e licenciou-se em arquitetura na Escola Superior de Belas-Artes do Porto. Ele tinha 24 anos quando a sua obra A Ribeira entrou no Museu de Arte Contemporânea de Lisboa. Em 1965, abandonou a arquitetura e desenvolveu estudos sobre a geometria (e a abstração geométrica). Influenciaram-no os estudos, experiências e contactos em França (com Le Corbusier) e Brasil (com Óscar Niemeyer), como a vemos no museu, onde se exibem trabalhos das décadas de 1930 a 1970. Para saber mais sobre o pintor, que faleceu em 2013, ler aqui.
O museu, suportado no Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), foi orçado em nove milhões de euros, com projeto do arquiteto Siza Vieira (2016). Segundo a estratégia cultural da região, o Museu Nadir Afonso localiza-se dentro do perímetro do centro histórico e da reabilitação ribeirinha do Tâmega e forma um triângulo cultural com o Museu do Douro (Peso da Régua) e o Museu do Côa (Vila Nova de Foz Côa).
Sem contestar o valor arquitetónico do museu de Chaves, o seu volume parece-me exagerado, a lembrar outras obras em Portugal, como o CCB e o museu de Côa, acima indicado. A opção de colocar um conjunto de pinturas de menor formato acima do nível da longa janela de corredor voltado para o lado do rio não permite ver com profundidade as linhas geométricas e as cores dessas obras. Além disso, Chaves, cidade interessante a visitar, tem ainda problemas vindos da crise financeira da última década. Se o museu influenciará na produção de riqueza da região, com ida de interessados em conhecer melhor a obra do pintos, uma casa onde ele pintor viveu, mesmo junto à ponte de Trajano, com uma lápide sobre a porta a indicar tal situação, está em total ruína. Parece-me uma contradição violenta.
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