Numa visita lenta ao Museu Soares dos Reis (Porto), também redescobri Artur Loureiro. Eu não gosto das cores de uma das pinturas em que a sua mulher Marie Huybers, quase de perfil, aparece a descansar de uma pintura em que estava envolvida. As cores não parecem corresponder à iluminação. Mas outros quadros dele chamaram-me a atenção. Henrique Pousão, José Malhoa e Aurélia de Sousa despertaram ainda a minha compreensão.
Ao percorrer demoradamente a exposição patente no Museu de Arte Contemporânea (Chiado, Lisboa), reforcei a minha admiração pelos pintores do grupo do Leão, como Silva Porto, Cipriano Martins, e pelo grupo do Salon (1880-1882), com estes pintores e Marques de Oliveira e Artur Loureiro (depois partido para a Austrália até regressar ao Porto).
Ficam aqui Artur Loureiro (1878), Campina Romana e Marques de Oliveira (1884), Praia de Banhos, Póvoa de Varzim, em exposição no Chiado.
De Marques de Oliveira, referi já Interior (Costureiras Trabalhando) aqui, óleo sobre tela de 1884, "cena que representa uma pacata vida familiar, com três mulheres em casa, costurando e bordando, no silêncio da sala de trabalho. À falta de um terceiro modelo, a mulher de Marques de Oliveira é pintada duas vezes, em posições distintas e com outro vestuário, e na casa do próprio artista. Há igualmente uma pintura sobre a pintura, pois o centro da tela mostra uma paisagem através de uma porta aberta de par em par: um jardim com árvores em dia brilhante. O sol entra do lado esquerdo da pintura, iluminando mais a mulher que se senta naquele lado, projetando-se num jarro com água, com uma sombra esbatida na parede. Essa mulher à esquerda, de costas, debruça-se sobre o trabalho numa máquina de costura, à época da pintura um objeto muito moderno. Ainda deste lado, alguns quadros na parede indicam a casa de uma família com algumas posses. Um pormenor: um dos quadros não tem moldura, o que permite a seguinte interpretação: só um artista aceita colocar na parede uma pintura sem moldura. Do lado direito, em penumbra, como quem entra num espaço às escuras, vislumbram-se peças de mobiliário e algumas roupas".
Mas da exposição permanente no Museu Soares dos Reis e na temporária do Museu do Chiado elejo Dórdio Gomes (1935, O Barredo) e Miguel Ângelo Lupi (1879, Os Pretos de Serpa Pinto). Daquele, o mais recente dos quadros (e curiosamente pertença da coleção do museu do Chiado), noto influências do fauvismo e do expressionismo, paisagem do Porto ribeirinho captada da margem sul do rio Douro, com as casas estreitas coloridas a lembrar as ruas dos canais de Amsterdão, também vocacionadas para armazenar cereais e mercadorias chegadas do rio, onde um vapor está quase encostado a Gaia, com o seu guindaste e chaminé em primeiro plano. Da pintura de Lupi, relevam-se os negros Catraio e Mariana, que acompanharam Silva Porto na expedição ao centro africano até Moçambique, após a separação de Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens, que discordaram dos percursos a tomar.
1 comentário:
Caro amigo, Catraio e Mariana acompanharam Serpa Pinto e não o Silva Porto. Cumprimentos.
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