Leonor Magro, sempre conhecida apenas por Maria Leonor, tem os lábios pintados e brincos nas orelhas. O ainda seu marido (divorciar-se-iam pouco depois, desfazendo a ideia de casal modelo da rádio pública) ostenta um anel de brasão e um lenço no bolso do casaco. A mesa sobre a qual o seu braço esquerdo se debruça está muito limpa, de modo a vermos o reflexo do anel, do relógio e dos dois botões da manga do casaco.
Não sei se se tratava de um diálogo, embora ela não tenha um papel para ler, o que quase elimina esta ideia. Talvez um comentário político, pois Pedro Moutinho estava identificado com o regime político, destacado com frequência para reportar atividades e cerimónias solenes do Estado Novo. Mas é, sobretudo, uma imagem idílica da rádio, num tempo em que não havia muitas oportunidades de conhecer as caras dos locutores que falavam aos "estimados ouvintes".
Um pormenor: em 1945, data provável desta imagem, a Emissora Nacional desdobrava, para os ouvintes de Lisboa, o seu programa em I e II, para garantir os gostos de música ligeira e clássica, após entrada em funcionamento dos emissores de ondas médias de Castanheira do Ribatejo. No Porto, o desdobramento só aconteceu em 1954, com a instalação do emissor em Azurara (Vila do Conde).
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