O título do livro Diário de Notícias. Da sua Fundação às suas Bodas de Diamante. Escorço da sua História e das suas Efemérides é muito comprido. Escrito por João Paulo Freire em 1939, destinado a comemorar uma data precisa da vida do jornal, a instalar na avenida da Liberdade, aqui em Lisboa. A capa remete para um tempo de modernidade: avião, automóveis, holofotes irradiando luz de uma torre do edifício. É certo que o mundo estava a presenciar o começo de uma feroz guerra que abalou a Europa e em que esses elementos modernos faziam parte da linguagem visual do dia-a-dia.
Para além de tudo, o livro (492 páginas) é uma bela peça para compreender o espírito da época. Lê-se: "Vê-se, porém, que num País onde há uma percentagem formidável de analfabetos não é possível levar um jornal a uma grande tiragem. Lança-se então a Campanha do analfabetismo nas colunas do Diário de Notícias. O movimento interessa o País inteiro e os poderes constituídos. Todas as associações literárias e económicas dão a sua adesão à campanha. Nos quartéis intensifica-se o ensino. Criam-se escolas e várias empresas e companhias estabelecem cursos para os seus operários. Outras iniciativas partem ainda da secção de Propaganda e Expansão. Em todas as exposições e feiras realizadas no País e em muitas do estrangeiro, aparecem stands do Diário de Notícias mostrando, através de gráficos e fotografias, o valor deste grande jornal. Uma noite, Lisboa assiste entusiasmada, em pleno Rossio, ao perpassar do Notícias Luminoso. Foi mais uma iniciativa da Secção de Propaganda que durante anos faria lembrar
a todos quantos passavam no Rossio o nome do nosso jornal. O futebol passa a ser o desporto das multidões. Portugal inteiro vibra de entusiasmo com os desafios entre as equipas nacionais e muito principalmente quando os grupos representativos de Portugal se defrontam com os estrangeiros. A secção de Propaganda sempre atenta ao interesse do público começa a dar-lhe, através dos seus placards, cuja rede foi notavelmente desenvolvida, uma informação completa dos desafios. Chega, porém, o ponto culminante da informação, batendo o Diário de Notícias todos os records. Em Maio de 1928 realizam-se em Amsterdão os Jogos Olímpicos e Portugal faz-se representar por uma equipa de futebol" (p. 52).
Da contabilidade comercial ficamos a saber qual o portfólio da empresa: "Esta secção tem a seu cargo a escrita comercial de todos os
serviços da Empresa, tais como: exploração das publicações Diário de Notícias, Os Sports, Notícias Agrícola, Arquivo
Nacional e o Mosquito; das edições da Empresa; das edições alheias consignadas, entre as quais a Enciclopédia; da exploração da tipografia, da gravura e da fotografia; das contas de devedores e credores, contas de agentes, angariadores de publicidade, consignatários e consignantes de edições e outros clientes, e a escrita de assinantes. Era chefe desta secção o sr. dr. António Filomena Lourenço, que em fins de 1936 passou a chefiar a Secção de Controlo e Organização, sendo substituído pelo actual chefe, sr. José António Costa Barros (pp. 27 e 30). Sobre a tesouraria: "Em 1926, existia a secção de Tesouraria e Valores Selados, exercendo o cargo de tesoureiro o sr. José Maria Carvalhosa, que deixou de ser empregado da Empresa em 1927 e foi substituído pelo sr. Luís da Graça Reis, que saiu em 1930. Em 1928, desta secção organizaram-se duas: Tesouraria uma e Valores Selados a outra. Em 1930, pela saída do sr. Graça Reis, ficou interinamente a exercer a chefia da Tesouraria o sr. Carlos Robalo dos Santos, que foi definitivamente provido neste cargo em 1932. A Tesouraria tem actualmente (1939), além do chefe, os seguintes empregados: Manuel Teixeira, ajudante do tesoureiro, e Joaquim da Silva, caixa" (p. 24).
Só mais uma parcela, a do estabelecimento de filial no Porto, mais vista da perspetiva comercial do que jornalística: "Em 1919, Agosto, foi criada, no Porto, a Inspeção do Norte, sendo nomeado inspector o sr. João Duque, funcionário dos Correios e jornalista do Primeiro de Janeiro, que tinha como informador noticioso António Loureiro Dias e colaborador Júlio de Oliveira, do mesmo jornal portuense. Em Dezembro de 1924, foi admitido o redator José de Miranda, tendo a colaboração de Júlio de Oliveira cessado em Dezembro de 1925. Esta inspeção organizou os serviços de propaganda, venda e expansão, aproveitando todas as oportunidades para lançar
o jornal no Porto e no Norte. Foram notáveis as suas propagandas especiais nas «Feira do Porto» e «Feira de Guimarães». Ao mesmo tempo estabeleceu um serviço especial de publicidade e aperfeiçoou a rede de correspondentes e agentes na sua área" (p. 60).
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