domingo, 13 de maio de 2018

Callas

A sinopse do filme Maria by Callas, de Tom Wolf (2017), indica: "Pela primeira vez, 40 anos depois da sua morte, a mais famosa cantora de ópera conta a sua história, nas suas próprias palavras. Um filme a partir de filmagens inéditas, fotografias nunca vistas, filmes pessoais em super 8, gravações ao vivo privadas, cartas íntimas e raras imagens de arquivo a cores".

E acrescenta incluir imagens e filmagens de, entre outros, Maria Callas, Vittorio De Sica, Aristotle Onassis, Pier Paolo Pasolini, Omar Sharif, Marilyn Monroe, Alain Delon, Yves Saint-Laurent, John Fitzgerald Kennedy, Luchino Visconti, Winston Churchill, Grace Kelly e Elizabeth Taylor.

Assim, o filme retrata a fascinante figura da cantora norte-americana (de Nova Iorque), regressada à Grécia dos seus pais com treze anos (1937), e onde ingressa na carreira musical. Não é um documentário como estamos habituados a ver na televisão, em que se cruzam depoimentos de especialistas numa matéria e que esclarecem os passos da pessoa a documentar. Apenas a sua professora Elvira de Hidalgo.

Para mim, outros pontos fracos do filme são que não explica adequadamente a razão porque a família saiu dos Estados Unidos, a troca sentimental dela por Jacqueline Kennedy por Onassis e a muita insistência, certamente para usar as imagens de arquivo, em chegadas de avião, entradas em automóveis, palmas nas salas onde cantou e vestidos e chapéus que usou e cãezinhos de estimação que a acompanhavam a todo o lado.


Mas fica, e isso é bastante para quem gosta de a ouvir e recordar, a sua imagem, nas entrevistas, de mulher tímida, nascida com nome de família Kalogerópulu e alterado para Callas, bem mais fácil de pronunciar, que sofreu com uma momentânea perda de voz em Roma (1958), e perdeu a carreira devido aos homens que amou, um porque explorou a sua condição mediática (o empresário Giovanni Battista Meneghini, bem mais velho que Callas, com quem casou) e outro porque era um bom vivant e, no fundo, aventureiro (Onassis) e a procurar constituir família e ter filhos. Uma vida simples, como acentuaria em entrevistas. O filho tido da relação com Onassis morreu no dia seguinte ao nascimento. A sua voz entraria em decadência e ela refugiou-se num apartamento em Paris, onde morreu. Apesar de muito famosa, creio que nunca terá alcançado a felicidade.

Se a glória foi efémera, a memória perdura. Maria Callas (1923-1977) cantaria em especial o bel canto, como Donizetti, Bellini e Rossini. Mas igualmente o repertório de Bizet e Wagner, entre outros [créditos das imagens: Leopardo Filmes].

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