Na semana passada, obituários, homenagens e comentários a Júlio Pomar, pelo seu passamento, deixaram-me sem margem para escrever algo diferente. Recupero o pequeno texto que aqui escrevi em 7 de abril de 2013:
Abriu na semana passada o Atelier Museu Júlio Pomar, num armazém comprado (2000) e recuperado pela Câmara Municipal de Lisboa com traço de Álvaro Siza Vieira, na rua do Vale, 7, muito perto da Igreja das Mercês. É um espaço airoso de dois pisos, em que se expõe a obra do pintor Júlio Pomar. A fundação que gere o atelier museu possui um total de várias centenas de obras no seu acervo, incluindo pintura, escultura, desenho, gravura, cerâmica, colagens e assemblages, que irá expor doravante. Alberga ainda um auditório para realização de conferências, lançamentos de livros e outros eventos.
A exposição inaugural tem obras da fundação e de entidades privadas e está dividida em quatro núcleos, o primeiro dos quais mostra a pintura do artista no período neo-realista das décadas de 1940 e 1950, como Resistência (1946) e Marcha (1946). O segundo núcleo pertence à década de 1960, de linguagem gestual, onde estão presentes temas como as corridas de touros e cavalos. O terceiro núcleo, que ocupa uma parede do segundo piso, revela colagens, de grande beleza conceptual, com temas de animais e cenas de corpos, desejo e maior erotismo, e assemblages. O último núcleo, um regresso à pintura nas décadas de 1980 e 1990, tem telas de maior dimensão, de cores fortes e vivas, o que expressa vidas intensas, algumas delas dedicadas aos índios da Amazónia.
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