sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Encontro do grupo de Rádio e Meios Sonoros (SOPCOM)

Foi um dia preenchido o do I Encontro do GT de Rádio e Meios Sonoros da SOPCOM, realizado hoje na Universidade do Porto. Como aliciante, dois convidados de muita qualidade: Francisco Sena Santos (profissional da rádio e atual docente da Escola Superior de Comunicação Social) e João Paulo Baltasar (diretor de informação da Antena 1) [imagem de Ana Isabel Reis].


João Paulo Baltasar, com trinta anos de carreira desde o curso de formação na TSF em 1987, destacou o lado artesanal e oficinal da rádio. Ainda sem saber qual o melhor papel – jornalista ou radialista –, ele defende a importância dos sons na notícia (os sons são os parágrafos da imprensa escrita) e do trabalho em equipa num meio de tão grande plasticidade como a rádio. O diretor de informação da rádio pública é um defensor da reportagem. Francisco Sena Santos corroborou a ideia de rádio como escola de artes e ofícios, mas falou da rádio como meio de resistência ao sensacionalismo que se vê todos os dias na televisão. De outro modo: a televisão dá o lado mau das coisas (o mórbido, o veneno) enquanto a rádio mostra o lado bom das coisas, através dos sons e da síntese. Ambos identificaram mestres: João Paulo Guerra, Adelino Gomes, Fernando Alves, Alexandra Lucas Coelho, Paulo Alves Guerra. E os dois pensam na necessidade de fugir da agenda dos factos e dos pseudo-factos (conferências de imprensa, visitas).

O diretor da Antena 1 trouxe um podcast e um vídeo de/com Rita Colaço (O Som da Minha Vida, com António Macedo) como exemplo de trabalho sério em termos de rádio. Francisco Sena Santos elegeu os sons como os elementos importantes da história, mesmo com ausência da voz do repórter. Também entende que a rádio não é tanto a música como a voz que faz companhia (por exemplo, a pessoas isoladas). E descansou o auditório com as novidades tecnológicas (DAB +), porque a rádio é um meio móvel desde o transístor, a internet possibilita ouvir rádios de todo o mundo e o podcast permite ouvir o que não se pode ouvir no momento.

Na fase de perguntas e respostas dos convidados, falou-se dos espaços abertos a ouvintes, como o Forum TSF e a importância de haver um especialista, além do jornalista, que pontue a conversa com conceitos e práticas, o sotaque na rádio, a importância do improviso na reportagem em direto, a marca da rádio, audiências, impacto das redes sociais e desporto. Como resumo, os dois radialistas e jornalistas recomendam: contar melhor o mundo (não só Lisboa e Porto), fugir da agenda e lutar contra o sensacionalismo. Para além da rádio como fator de alegria (as rubricas de humor, por exemplo), a rádio de serviço público – conceito muito falado e entendido como sendo para além da obrigação da Antena 1 – deve possuir outro perfil, como sair para a rua e estar próximo das comunidades.

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