A venda de um quadro roubado (e falso) e a descoberta de um segredo do universo (a equação de Lorenz) constituem o centro da peça de Rafael Spregelburd, A Estupidez, agora em final de representação no teatro dos Artistas Unidos.
A peça é de uma velocidade quase indescritível. Os cinco atores repetem-se em personagens diferentes, obrigados a mudar de roupa e de tom e gestos de modo constante, ainda por cima com uma duração de quase três horas.
O cenário é um quarto de hotel em Las Vegas. Melhor, o cenário é palco de múltiplos quartos de hotel, incluindo um par de polícias homens apaixonado, uma família de vários elementos adultos em férias, um irmão empurrando uma deficiente (Ivy) que não sabemos muito bem o que faz na história, uma jornalista que quer entrevistar o cientista para uma coluna de mexericos lida por milhões de leitores. Peça-catástrofe para um tempo de estupidez, lê-se na folha da peça, ou de um tempo de fragilidade, li noutro sítio. Em Espanha, ganhou o prémio Tirso de Molina em 2003.
Uma das personagens que mais gostei foi a de um japonês interessado em comprar o quadro de um dos pintores neomodernistas, papel desempenhado por António Simão, em especial a pronúncia e os gestos que coloca. Igualmente os papéis de Rita Cabaço, distinguida em 2016 com o Prémio da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro.
Com Andreia Bento, António Simão, David Esteves, Guilherme Gomes e Rita Cabaço e as vozes de Isabel Muñoz Cardoso, João Meireles, João Pedro Mamede, Pedro Carraca, Vânia Rodrigues, cenografia e figurinos de Rita Lopes Alves e encenação João Pedro Mamede.
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