A obra seria a continuidade do quadro O Chafariz d'El Rei, da coleção de Joe Berardo, cuja data se atribui no catálologo da exposição ao século XII (1560-1580). Esta obra teria sido alvo de uma análise à madeira e à pigmentação. Mas alguns historiadores contestam a sua autenticidade, nomeadamente pela existência de um cão com coleira mas sem dono, o que não seria habitual (a revista do Expresso de 25 de fevereiro último traz textos de Vítor Serrão e de Diogo Ramada Curto, com posições opostas). Ao ver a reprodução deste quadro, surpreendo-me com um barqueiro que me faz lembrar Van Gogh (1853-1890) e um rio encapelado pintado à maneira dos pós-impressionistas, mas, ao mesmo tempo, parece haver a ironia de Hieronymus Bosch (1450-1516).
Independentemente da polémica, a exposição - que partiu do livro escrito pelas duas curadoras The Global City - On the Streets of Renaissance Lisbon - mostra pintura, contadores e cofres, porcelanas e lacas, gravuras que representam animais exóticos, um rinoceronte que o sultão de Guzarate ofereceu a D. Manuel I, o envio do rinoceronte ao papa mas que morreu afogado quando o barco naufragou, com a gravura imortalizada por Dürer (um animal cheio de couraças de ferro, pois o alemão não vira o animal mas desenhou-o a partir da descrição dele feita), sedas e panos. As mercadorias afluíam de África, Brasil e Ásia. No conjunto, a exposição descreve uma Lisboa cosmopolita e capital de império, com multculturalismo e inúmeros produtos e objetos exóticos trocados entre Portugal e o oriente após a viagem marítima de Vasco da Gama. O terramoto de 1755 destruiria a cidade mas ficaram memórias agora presentes no Museu Nacional de Arte Antiga. A arquitetura da Rua Nova dos Mercadores desapareceu.
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