Ainda não concluí a leitura de As Representações Turísticas no Estado Novo Entre 1933 e 1940. A Bem da Nação, de Cândida Cadavez (2017). Resultado de tese de doutoramento, o livro está muito bem estruturado, dividido entre uma introdução e três partes (política e turismo, a institucionalização do turismo nos primeiros anos do Estado Novo, arquiteturas turísticas ou nacionalizantes). Na segunda parte, o meu olhar caiu nos seus dois documentos centrais: o primeiro congresso da União Nacional e o primeiro congresso nacional sobre turismo. Sem ser exaustivo e definitivo, fixo algumas ideias: a paz em Portugal perante as guerras e disputas na Europa, com a orientação de turistas para Portugal, como os Estoris (como a autora repete), mantendo a conceção de país pobre e obediente mas cioso de um passado cheio de orgulho (os gloriosos feitos históricos).
Portugal parecia o refúgio da Europa (p. 141). Os fluxos de turismo compunham-se de “revoadas de americanos, ingleses e saxões” (p. 121). O SPN (Secretariado de Propaganda Nacional), depois SNI (Secretariado Nacional de Informação), e o Automóvel Clube de Portugal foram dois dos motores a favor da propaganda do turismo, levando o próprio Salazar a aceitar a ideia de turismo e a necessidade de instalar hotéis (próximo do modelo dos paradores espanhóis), a linha ferroviária elétrica e estrada marginal de Cascais.
A parte III – ainda a explorar – é um manancial de leitura: marchas populares, Automóvel Clube de Portugal, a pequena casa lusitana, os guias turísticos, o turismo médio, FNAT, Estoril, Hotel Palácio e estrada marginal, António Ferro e a sua política de espírito, a aldeia mais portuguesa e as exposições (colonial de 1934, no Porto, internacional de 1937, em Paris, 1939, em São Francisco, e mundo português de 1940).
Para grande usufruto de leitor, e conhecimento conexo, a introdução, plena de referências bibliográficas e de uma dimensão adequada.
351 páginas, 17,90 euros
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