Foi exatamente há dez anos, no dia a seguir ao Natal de 2002, que comecei a escrever em blogues. Então associado ao blogue do CIMJ (Centro de Investigação Media e Jornalismo). Escrevi às 15:31 desse dia: "Uma boa tarde para todos. A altura em que se começa este weblog faz-me lembrar outra experiência, a do "Diário dos Media" (há dois anos).
Espero que haja sucesso também neste projecto".
Nesse blogue, já desativado, escrevi, embora irregularmente, até 17 de dezembro de 2003. A minha última mensagem, publicada na data agora indicada, tinha o seguinte teor:
"WEBLOGS E JORNALISMO
"Este weblog está a fazer um ano de existência. O primeiro post em arquivo data de 26 de Dezembro de 2002, escrito por mim, embora me recorde de haver mais um ou outro post anterior escrito pelo José Carlos Abrantes, o grande dinamizador do weblog, e pelo António José Silva. A regularidade não tem sido muito boa - eu próprio estou entre os que não tem cumprido tal desiderato - mas não quero deixar de emitir uma opinião acerca da efeméride e dos weblogs ligados ao jornalismo. Isto a propósito de duas coisas.
"A primeira é a leitura (descoberta) de um texto datado de 1940, de Paul Lazarsfeld, chamado Radio and the printed page, em que o responsável pela pesquisa administrativa e dos efeitos limitados dos media, comparou o impacto da rádio, meio ainda recente na época, e os jornais. Uma das perguntas que ele fez foi: será que a rádio irá retirar campo à leitura (de jornais e de livros)? Nós já nos esquecemos desta questão, pois andamos à volta de outra: o consumo da televisão e da internet contribuem para a iliteracia? Na pág. 264 do seu livro, Lazarsfeld conclui que, até ao advento da rádio, o jornal preenchia duas funções: 1) relatar o que acontecera, e 2) interpretar a importância do acontecimento. Mas, dado que a rádio é mais rápida em relatar acontecimentos, a imprensa perde este papel. Quando abrimos um jornal, escreveu Lazarsfeld, provavelmente já conhecemos os principais acontecimentos através da rádio. Hoje, diríamos o mesmo da televisão ou da internet. Lazarsfeld ainda não escrevera sobre o two step flow of information e sobre a importância dos líderes de opinião, o que iria acontecer nos anos seguintes. Mas fala em reforço: para ele os ouvintes tipo J (jornais) têm capacidades suficientes para ler os jornais com facilidade, mas o seu interesse nas notícias intensifica-se através da complementaridade da audição da rádio. Ao invés, os ouvintes tipo R (rádio), porque dão maior destaque à rádio, têm um interesse mais modesto e recente em termos de notícias (p. 254). Ou seja, e nas palavras de Lazarsfeld, a dieta noticiosa do ouvinte tipo R é menos variada que a dos consumidores de notícias de jornais.
"A outra coisa é o trabalho de Manuel Pinto no weblog Jornalismo e Comunicação, local de passagem obrigatória para quem quer saber notícias que os media tradicionais ainda não publicaram. Através dele soubemos, por exemplo, da saida de Joel da Silveira da AACS. O que chamo a atenção é para a linguagem que Manuel Pinto está a usar. Escreve ele: segundo uma fonte bem colocada; segundo apurou este weblog. Aqui está o cerne do jornalismo, a notícia nova, a cacha. Manuel Pinto, o professor está a (re)adquirir o hábito de jornalista, atitude salutar para quem ensina jornalismo, isto é, misturar a prática com a teoria. Há, assim, a contínua deslocação entre dar o novo (o trabalho do jornalista) e o reflectir sobre as tendências dos media (o sociólogo, ou mediólogo, como a análise às referências recentes sobre a regulação dos media, a partir de posições defendidas num jantar na última semana). O novo medium (re)ocupa o lugar dos velhos media, na pesquisa e divulgação em primeira mão - mas também na análise e interpretação.
"Paul Lazarsfeld e Manuel Pinto, comungando vivências distintas, alertam-nos, contudo, para questões próximas. De que destaco uma: o consumidor do weblog da Universidade do Minho, ou quiçá o leitor deste nosso weblog, reforça o seu conhecimento adquirido noutros media. Em que a gratificação - para pegar na terminologia de uma das mais qualificadas colaboradoras de Lazarsfeld, Herta Herzog - resulta numa maior capacidade de reflectir sobre o mundo em volta e numa mais consciente tomada de posição (e de decisão, se tiver poder para isso).
"Talvez por isso valha a pena fazer um esforço para, no dia 26, o weblog do CIMJ começar o seu segundo ano de actividade".
Um destes dias, vou fazer um balanço das minhas escritas em blogues. Votos de continuação de boas festas.
Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
Videojogos 2012 - Conferência em Ciência e Arte dos Videojogos
Organizado pela Sociedade Portuguesa de Ciências dos Videojogos (SPCV) e pela Universidade Católica Portuguesa realizou-se, entre 13 e 15 de dezembro, a quinta conferência anual em ciência e arte de videojogos.
As conferências da Sociedade Portuguesa de Ciências dos Videojogos realizam-se anualmente e têm com principal objectivo promover a investigação e a indústria de videojogos em Portugal. Evento multidisciplinar, houve contribuições de diferentes áreas do conhecimento, desde a arte, desenho e narrativa de jogo, a aspetos da sua computação, bem como o estudo a teorização e a reflexão crítica sobre práticas e aplicações no mercado e na indústria, entrosando ainda os contributos da comunidade académica.
No vídeo, um curto balanço de Cátia Ferreira, da organização do evento em representação da Universidade Católica. No podcast, um excerto da intervenção de Diogo Horta e Costa, da empresa Biodroid, em mesa redonda onde participaram agentes da indústria, dos media especializados, da academia ligada aos videojogos e inteligência artificial e da associação portuguesa do setor.
As conferências da Sociedade Portuguesa de Ciências dos Videojogos realizam-se anualmente e têm com principal objectivo promover a investigação e a indústria de videojogos em Portugal. Evento multidisciplinar, houve contribuições de diferentes áreas do conhecimento, desde a arte, desenho e narrativa de jogo, a aspetos da sua computação, bem como o estudo a teorização e a reflexão crítica sobre práticas e aplicações no mercado e na indústria, entrosando ainda os contributos da comunidade académica.
No vídeo, um curto balanço de Cátia Ferreira, da organização do evento em representação da Universidade Católica. No podcast, um excerto da intervenção de Diogo Horta e Costa, da empresa Biodroid, em mesa redonda onde participaram agentes da indústria, dos media especializados, da academia ligada aos videojogos e inteligência artificial e da associação portuguesa do setor.
Luís Bonixe edita um livro sobre informação radiofónica
Em 23 de Junho de 2009, escrevi aqui sobre a tese de doutoramento de Luís Bonixe, docente e presidente da área científica de jornalismo, comunicação e tecnologias da informação da ESEP (Escola Superior de Educação de Portalegre). Agora, com a chancela dos Livros Horizonte, é editada a obra, com o título A informação radiofónica: rotinas e valores-notícia da reprodução da realidade na rádio portuguesa.
Na ocasião da tese de doutoramento, escrevi: "A dissertação tinha como centro avaliar as notícias da rádio como construção social da realidade, no caso da rádio a construção sonora da realidade. Foi também objectivo identificar momentos importantes da história recente do jornalismo radiofónico, bem como analisar os noticiários das nove horas nas três principais estações de informação: Antena 1, Renascença e TSF. Finalmente, o trabalho de Bonixe fez a comparação entre notícias da rádio hertziana e da internet".
Com oito capítulos, Bonixe parte para a sua investigação com a convicção de que o debate em torno da rádio é o futuro (p. 13), mas em simultâneo indica que pouco se sabe sobre as notícias na rádio portuguesa (p. 15). O seu desafio, ao longo das páginas, é identificar os rumos do futuro e a análise das notícias, para o que estudou as três principais estações de rádio e as suas redacções (observação participante, entrevistas e análise de conteúdo: TSF, Antena 1 e Renascença (p. 174). O capítulo 7 é o espaço onde a pesquisa no terreno tem mais expressão. Ali, o autor expõe as peças, a origem geográfica das mesmas, os temas, a política, as vozes das notícias, a voz do cidadão, os temas de abertura, os títulos dos noticiários, o comentário, as peças sonorizadas, o directo (pp. 105-154).
Para o autor, o jornalismo radiofónico enquadra-se na ideia das notícias como construção social da realidade (p. 173), com selecção e hierarquização das notícias, com existência de valores transversais a toda a comunidade jornalística. A rádio, apesar da concorrência de outros meios, possui um papel relevante na transmissão de conhecimentos aos indivíduos (p. 176). No caso da política, Luís Bonixe faz uma crítica: a uma não renovação das fontes, com a menor presença de vozes não institucionais.
Recupero o vídeo que fiz na altura da defesa da tese de doutoramento do autor:
Leitura: Luís Bonixe (2012). A informação radiofónica: rotinas e valores-notícia da reprodução da realidade na rádio portuguesa. Lisboa: Livros Horizonte
Na ocasião da tese de doutoramento, escrevi: "A dissertação tinha como centro avaliar as notícias da rádio como construção social da realidade, no caso da rádio a construção sonora da realidade. Foi também objectivo identificar momentos importantes da história recente do jornalismo radiofónico, bem como analisar os noticiários das nove horas nas três principais estações de informação: Antena 1, Renascença e TSF. Finalmente, o trabalho de Bonixe fez a comparação entre notícias da rádio hertziana e da internet".
Com oito capítulos, Bonixe parte para a sua investigação com a convicção de que o debate em torno da rádio é o futuro (p. 13), mas em simultâneo indica que pouco se sabe sobre as notícias na rádio portuguesa (p. 15). O seu desafio, ao longo das páginas, é identificar os rumos do futuro e a análise das notícias, para o que estudou as três principais estações de rádio e as suas redacções (observação participante, entrevistas e análise de conteúdo: TSF, Antena 1 e Renascença (p. 174). O capítulo 7 é o espaço onde a pesquisa no terreno tem mais expressão. Ali, o autor expõe as peças, a origem geográfica das mesmas, os temas, a política, as vozes das notícias, a voz do cidadão, os temas de abertura, os títulos dos noticiários, o comentário, as peças sonorizadas, o directo (pp. 105-154).
Para o autor, o jornalismo radiofónico enquadra-se na ideia das notícias como construção social da realidade (p. 173), com selecção e hierarquização das notícias, com existência de valores transversais a toda a comunidade jornalística. A rádio, apesar da concorrência de outros meios, possui um papel relevante na transmissão de conhecimentos aos indivíduos (p. 176). No caso da política, Luís Bonixe faz uma crítica: a uma não renovação das fontes, com a menor presença de vozes não institucionais.
Recupero o vídeo que fiz na altura da defesa da tese de doutoramento do autor:
Leitura: Luís Bonixe (2012). A informação radiofónica: rotinas e valores-notícia da reprodução da realidade na rádio portuguesa. Lisboa: Livros Horizonte
domingo, 16 de dezembro de 2012
Crianças e media
Sobre o livro Crianças & Media. Pesquisa Internacional e Contexto Português do Século XIX à Actualidade, de Cristina Ponte, agora editado pela Imprensa de Ciências Sociais, escreve Ana Nunes de Almeida na contracapa:
"A trilhar o seu caminho no Ocidente europeu desde meados dos anos 80, a sociologia da infância tem defendido a importância de se considerar a infância como um construção social, produto contingente do tempo e do espaço, afastando-se das perspetivas que a retratam como realidade biológica ou categoria universal; na mesma linha, sublinha a heterogeneidade interna das condições infantis, que produzem relevo e diferença num cenário desigual; e reivindica, ainda, o direito que as crianças têm de ser estudadas autonomamente, por direito próprio, o que se traduz metodologicamente na necessidade de a investigação lhes «dar voz». Inspirada em tais princípios, num livro onde a mudança social em Portugal constitui o fio condutor, Cristina Ponte propõe-nos cruzar a infância com os media - relação surpreendentemente pouco explorada na literatura científica. Fazendo uso da sua vasta experiência de pesquisa na área e numa linguagem simultaneamente rigorosa e atrativa, a autora fornece ao leitor criteriosos instrumentos de compreensão da experiência social das crianças na sociedade contemporânea".
O livro divide-se em duas partes e onze capítulos. A primeira parte é teórica, onde se abordam temas como a emergência do conceito moderno de infância, o contributo dos media para a construção do conceito, mudança social e medos dos media, a literatura infantil e a força da imagem. A segunda parte é empírica e incide sobre investigações que a autora tem conduzido nos últimos anos. Cristina Ponte, na introdução do livro, desenvolve melhor a divisão em duas partes. Ela parte da afirmação do modelo económico do capitalismo e da racionalização na divisão do trabalho, com reflexo na produção mediática da construção da infância (pp. 17-18). A segunda parte, para a autora, está atenta às mudanças ocorridas em Portugal desde 1974.
Da minha leitura, destaco o rigor e a profundidade dos temas e a vasta bibliografia utilizada, da reflexão sobre textos de autores internacionais ao uso de livros e revistas publicadas ao longo do período de análise, em especial em Portugal. A obra resulta das provas de agregação em Estudos dos Media e do Jornalismo na Universidade Nova de Lisboa, onde Cristina Ponte é docente.
Leitura: Cristina Ponte (2012). Crianças & Media. Pesquisa Internacional e Contexto Português do Século XIX à Actualidade. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais, 234 páginas
"A trilhar o seu caminho no Ocidente europeu desde meados dos anos 80, a sociologia da infância tem defendido a importância de se considerar a infância como um construção social, produto contingente do tempo e do espaço, afastando-se das perspetivas que a retratam como realidade biológica ou categoria universal; na mesma linha, sublinha a heterogeneidade interna das condições infantis, que produzem relevo e diferença num cenário desigual; e reivindica, ainda, o direito que as crianças têm de ser estudadas autonomamente, por direito próprio, o que se traduz metodologicamente na necessidade de a investigação lhes «dar voz». Inspirada em tais princípios, num livro onde a mudança social em Portugal constitui o fio condutor, Cristina Ponte propõe-nos cruzar a infância com os media - relação surpreendentemente pouco explorada na literatura científica. Fazendo uso da sua vasta experiência de pesquisa na área e numa linguagem simultaneamente rigorosa e atrativa, a autora fornece ao leitor criteriosos instrumentos de compreensão da experiência social das crianças na sociedade contemporânea".
O livro divide-se em duas partes e onze capítulos. A primeira parte é teórica, onde se abordam temas como a emergência do conceito moderno de infância, o contributo dos media para a construção do conceito, mudança social e medos dos media, a literatura infantil e a força da imagem. A segunda parte é empírica e incide sobre investigações que a autora tem conduzido nos últimos anos. Cristina Ponte, na introdução do livro, desenvolve melhor a divisão em duas partes. Ela parte da afirmação do modelo económico do capitalismo e da racionalização na divisão do trabalho, com reflexo na produção mediática da construção da infância (pp. 17-18). A segunda parte, para a autora, está atenta às mudanças ocorridas em Portugal desde 1974.
Da minha leitura, destaco o rigor e a profundidade dos temas e a vasta bibliografia utilizada, da reflexão sobre textos de autores internacionais ao uso de livros e revistas publicadas ao longo do período de análise, em especial em Portugal. A obra resulta das provas de agregação em Estudos dos Media e do Jornalismo na Universidade Nova de Lisboa, onde Cristina Ponte é docente.
Leitura: Cristina Ponte (2012). Crianças & Media. Pesquisa Internacional e Contexto Português do Século XIX à Actualidade. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais, 234 páginas
sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
A imprensa portuguesa segundo João Figueira
O livro A imprensa portuguesa (1974-2010), de João Figueira, foi esta semana apresentado na livraria Almedina, ao Saldanha, Lisboa, por João Céu e Silva e por Ricardo Alexandre (este num curto vídeo com parte do seu texto). Ambos evidenciaram um texto bem escrito e fácil de ler, que conta a história do jornalismo do país numa síntese onde se abordam jornais, semanários e newsmagazines e alguns dos seus principais jornalistas e grupos económicos dos media. O som (podcast) inclui uma pequena parcela da apresentação do autor.
O livro tem cinco capítulos: jornalismo e política, a mesma luta; a idade moderna da imprensa portuguesa; newsmagazines e imprensa semanal; a afirmação dos grupos económicos; novos desafios e novas interrogações. Algumas conclusões do livro: ao longo de três décadas e meia, muitos jornais e revistas desapareceram mas surgiram novos títulos; segmentação de públicos; necessidade de informação credível; jornais gratuitos e novas plataformas desafiam o negócio até há pouco exclusivo dos media clássicos; jornalismo dentro de um espectro mediático dominado pelo entretenimento e espetáculo; grau de responsabilidade dos cidadãos na defesa de um jornalismo de qualidade e independente.
Leitura: João Figueira (2012). A imprensa portuguesa (1974-2010). Coimbra: Angelus Novus, 145 p., 9 euros
Leitura: João Figueira (2012). A imprensa portuguesa (1974-2010). Coimbra: Angelus Novus, 145 p., 9 euros
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
Livro de Adelino Gomes sobre jornalismo televisivo
Foi ontem ao fim da tarde na FNAC do Chiado que o livro de Adelino Gomes Nos Bastidores dos Telejornais RTP1, SIC e TVI, editado pela Tinta da China, teve lançamento, com apresentação de José Alberto Carvalho, diretor de informação da TVI (ver vídeo abaixo). O texto resulta da tese de doutoramento que Adelino Gomes defendeu no ISCTE, como relatei aqui, em 4 de julho de 2011. O livro tem três partes e 10 capítulos. O primeiro capítulo, teórico, parte do conceito do modelo de propaganda, de Noam Chomsky e Edward S. Herman (Manufacturing Consent) e dos limites da autonomia jornalística, centrando-se em textos de Pierre Bourdieu (conceito de campo jornalístico), Erving Goffman (conceito de metáfora teatral), Stuart Hall, Nelson Traquina, José Luís Garcia e Herbert Gans, entre outros.
Depois, a partir do segundo capítulo, entra no trabalho empírico - a observação direta da construção do noticiário das 20 horas nos três canais de televisão, onde permaneceu uma semana em cada canal e entrevistou e inquiriu diretores, editores e jornalistas seniores. A observação permitiu-lhe descrever, analisar e refletir sobre a conferência de redação, o alinhamento e o frisson do intervalo (a vigilância que cada canal faz aos canais concorrentes em especial a hora de intervalo, pensando no efeito do zapping). Uma das fontes de observação mais evidenciada no livro foi o jornalista José Alberto Carvalho, então a ocupar o lugar de diretor-adjunto da informação televisiva da RTP, que confiou as suas ideias sobre alinhamento e abertura do noticiário. Sobre este (p. 274), o jornalista tinha os seguintes princípios: menor probabilidade de abrir com futebol, assegurar o princípio do contraditório. Mas, como observou o autor, os noticiários não abrem com internacional e fecham sempre ou quase sempre com faits-divers. E, no lançamento do seu livro, Adelino Gomes pediu para os canais darem mais notícias de cultura e de internacional. Na mesma ocasião, mostrou grande desagrado pelo próximo encerramento do programa Câmara Clara (RTP2).
Adelino Gomes tem 42 anos de actividade jornalística, tendo passado pelo Rádio Clube Português, Rádio Renascença, RDP, TSF, RTP e Público. Especializou-se nomeadamente na reportagem. Mais perto no tempo, foi provedor do ouvinte na RTP (Rádio e Televisão de Portugal) (2008-2010).
Homenagem a Nelson Traquina
Começou hoje, em Lisboa, o IV Seminário Internacional Media, Jornalismo e Democracia, organizado pelo CIMJ (Centro de Investigação Media e Jornalismo), edição onde se presta homenagem ao seu fundador Nelson Traquina, professor catedrático da Universidade Nova de Lisboa e meu orientador de mestrado e de doutoramento.
O meu testemunho, lido de manhã, fica aqui. Obrigado, professor Nelson Traquina. Foi uma longa e profícua aprendizagem, a partir do ano letivo de 1991-1992.
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
Teorias da Comunicação (1)
A Universidade de Twente tem recursos sobre teorias da comunicação que venho aproveitando. Isto é: tem uma síntese e fornece uma lista de leituras, com o resto a ser feito pelo investigador. Baseado nesses recursos, trago uma série de teorias a descobrir (ou a recordar), e que em muitas condições estabelecem pontes com as indústrias culturais.
A primeira é a teoria e a análise de redes, com J. A. Barnes a ser creditado por ter cunhado a noção de redes sociais, em Class and Committees in a Norwegian Island Parish (1954). A análise da rede (teoria das redes sociais) é o estudo de como a estrutura social de relações em torno do indivíduo, grupo ou organização afeta as crenças ou comportamentos. Pressões ocasionais são inerentes na estrutura social. A análise da rede é o conjunto de métodos de deteção e medição do valor dessas pressões.
Nas ciências da comunicação, há unidades sociais a observar: indivíduos, grupos ou organizações e sociedades que se interligam em fluxos ou trocas de comunicação. Exemplo - o lugar que os empregados ocupam numa organização influencia o modo como se expõem e controlam a informação. Isto ajuda a compreender os motivos porque os empregados ou colaboradores de uma organização atuam ou desenvolvem determinadas atitudes dentro e face à sua organização, numa espécie de teoria do contágio. As técnicas de análise de rede focam-se na estrutura de comunicação da organização estudada, nos modelos informais e formais de comunicação e na identificação de grupos dentro da organização (grupos de colegas, grupos de funções), determinando a posição do indivíduo dentro do grupo (estrelas, controladores, isolados).
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
Feira de antiguidades
O CCB recebe a segunda edição da Feira de Antiguidades e Obras de Arte, de 24 de novembro a 2 de dezembro, das 16:00 até à meia-noite (ou 23:00, consoante os dias). Junta no mesmo espaço 40 expositores, entre antiquários, galeristas e artistas numa mostra representativa do mercado de Arte e antiguidades nacional. A diversidade aliada a elevado nível de qualidade é o mote para uma iniciativa que regressa ao CCB no seguimento do sucesso da sua primeira edição, e que se destina ao público em geral, meros interessados no sector e colecionadores. A Feira engloba peças de distintas tipologias e períodos, apresentando pintura antiga, contemporânea e moderna, mobiliário de origens diversas, pratas antigas e joias, porcelanas chinesas e faianças, objetos de coleção, arte sacra e arte oriental, incluindo o maior antiquário de arte oriental em Portugal, um dos maiores a nível europeu.
sábado, 10 de novembro de 2012
Livro de homenagem a Nelson Traquina
Foi agora editado o ebook Pesquisa em Media e Jornalismo - Homenagem a Nelson Traquina, de Isabel Ferin Cunha, Ana Cabrera e Jorge Pedro Sousa (Orgs.), com textos de Carla Martins, Carlos Camponez, Cristina Ponte, Estrela Serrano, Francisco Rui Cádima, Helena Lima, João Carlos Correia, João Pissarra Esteves, Maria João Silveirinha, Maria José Mata, Marialva Carlos Barbosa, Marisa Torres da Silva, Rita Figueiras, Rogério Santos, Teresa Mendes Flores e Vanda Calado, numa edição do LabCom 2012. Exemplares em papel da edição serão vendidos durante o IV Seminário Internacional Media, Jornalismo e Democracia, organizado pelo Centro de Investigação Media e Jornalismo (CIMJ) e a realizar nos dias 6 e 7 de Dezembro de 2012.
Retiro da sinopse da obra a seguinte informação: "Esta é uma obra de homenagem. Uma obra de homenagem a um pesquisador singular – Nelson Traquina. Nascido nos Estados Unidos, estudou em Denver e em Paris. Viveu os anos da Revolução de Abril em Portugal, como correspondente de agências noticiosas internacionais, ingressando na Universidade Nova de Lisboa no início dos anos 80. Ao longo de trinta anos de intensa dedicação aos Estudos Jornalísticos, tornou-se, incontestavelmente, o investigador português mais influente no campo".
O meu capítulo tem o título A rádio portuguesa na década de 1960. A revista Antena (1965-1968) e a promoção da rádio.
Visita guiada
Interior (Costureiras Trabalhando), óleo sobre tela de Marques de Oliveira (1884), é uma cena que representa uma pacata vida familiar, com três mulheres em casa, costurando e bordando, no silêncio da sala de trabalho. À falta de um terceiro modelo, a mulher de Marques de Oliveira é pintada duas vezes, em posições distintas e com outro vestuário, e na casa do próprio artista. Há igualmente uma pintura sobre a pintura, pois o centro da tela mostra uma paisagem através de uma porta aberta de par em par: um jardim com árvores em dia brilhante. O sol entra do lado esquerdo da pintura, iluminando mais a mulher que se senta naquele lado, projetando-se num jarro com água, com uma sombra esbatida na parede. Essa mulher à esquerda, de costas, debruça-se sobre o trabalho numa máquina de costura, à época da pintura um objeto muito moderno. Ainda deste lado, alguns quadros na parede indicam a casa de uma família com algumas posses. Um pormenor: um dos quadros não tem moldura, o que permite a seguinte interpretação: só um artista aceita colocar na parede uma pintura sem moldura. Do lado direito, em penumbra, como quem entra num espaço às escuras, vislumbram-se peças de mobiliário e algumas roupas.
Já havia passado por, e olhado para, o quadro múltiplas vezes, das vezes que percorri a pintura exposta no Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto. Mas só agora me apercebi destes pormenores, ouvindo a responsável pela visita guiada. Histórias das obras, enquadramento geral do trabalho dos artistas e contexto mais geral da sociedade em que as obras são produzidas – só assim é possível entrarmos em cada uma das representações pictóricas expostas.
Mas, além de Marques de Oliveira, ouvi explicações entusiasmantes sobre pintores como Silva Porto e Henrique Pousão ou sobre as origens do romantismo, afinal um dos melhores conjuntos daquele espaço cultural. É isso que torna fascinante ir a um museu.
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
Os media no período de Marcello Caetano (1968-1974)
Mercado media em Portugal no período marcelista. Os media no cruzamento de interesses políticos e negócios privados, de Suzana Cavaco, editado pela Colibri (2012), é um livro, como se lê na contracapa, sobre a atividade dos media durante o período do governo de Marcello Caetano (1968-1974), onde descobre as motivações que levaram à compra de jornais diários por grandes grupos económicos, em que o governante procurou resistir a pressões e intentou moderar poderes de grupos económicos rivais.
O livro está dividido em cinco partes, a primeira das quais indica a trajetória política de Caetano, a segunda aborda as relações deste com a imprensa, a terceira as eleições de 1969, a quarta o contexto de regulação, autoregulação, empresas e mercados dos media nesse período significativo da história de Portugal e a quinta dá conta das dinâmicas do mercado dos media e da imprensa a balancear entre o poder político e o poder económico, texto pujante de mais de 570 páginas.
Livro que se aproxima pela temática do de Ana Cabrera, Marcello Caetano - poder e imprensa (Livros Horizonte, 2006), mas em que noto complementaridade e reforço, e que considero constituirem as obras de referência para o estudo do período, o trabalho de Suzana Cavaco faz uma descrição minuciosa das relações de poder e de apoio entre indivíduos, como os admiradores de Caetano no mundo dos media: Ramiro Valadão, Manuel José Homem de Mello, Fernando Fragoso, Maurício de Oliveira, Carlos Vale, Dutra Faria, Augusto de Castro, José Mensurado (pp. 141-146). Caetano retribuía as admirações. Um caso que me despertou a curiosidade foi a história de vida de Jorge Rodrigues, irmão de Urbano Tavares Rodrigues e de Miguel Urbano Rodrigues (pp. 135-137). Depois da sua atividade no Diário de Notícias, Jorge Rodrigues iria para o serviço de estrangeiro do Diário Ilustrado (a partir do final de 1956). Numa viagem aos Estados Unidos, o jornalista escreveu cartas a Caetano, contando como se via naquele país a posição de Portugal e da sua imprensa. Em 1958, Rodrigues era promovido a subdiretor do Diário Ilustrado, depois do seu irmão Miguel se ter demitido com outros por incompatibilidade com a administração. No ano seguinte, afastado do jornalismo, dedicou-se à publicidade. Já em 1968, logo após Caetano ascender ao lugar de primeiro-ministro, Rodrigues escreveu-lhe uma carta de admiração, indicando a sua proximidade a um conjunto de jornalistas que podiam ser úteis ao novo governante. O "dedicado amigo" veria retribuída as provas de gratidão, quando Caetano o indicou para um cargo de propaganda nas eleições de 1969 e de 1973. Ligado à agência de publicidade Latina-Thompson Associadas, Jorge Rodrigues procurou novos negócios para a sua empresa através desta ligação política (pp. 273-276).
A análise da situação económica das empresas dos media foi um tópico muito desenvolvido na obra de Suzana Cavaco, no concernente a imprensa, televisão e rádio. Retiro algumas ideias da análise económica a este último meio, onde se escreve sobre o Rádio Clube Português, a Rádio Renascença e a Rádio Alfabeta ((pp. 477-487). Ao Rádio Clube Português é dada bastante importância, com os emissores de frequência modulada que cobriam o país (1969), a emissão em estereofonia (1968), a autorização para emitir em Luanda (1973), acionista da RTP (1955), a compra da Rádio Ribatejo (1970) e da Rádio Alto Douro (1971), e a constituição da Imavox (1972), dedicada à edição de discos (pp. 480-484). Outra estação a que a autora prestou atenção, e que eu não conhecia pormenores económicos, foi a Alfabeta, constituída em 1968 para agregar a Rádio Peninsular e a Rádio Voz de Lisboa, ambas a emitir dentro dos Emissores Associados de Lisboa, com um capital inicial de dois mil contos (p. 485). Em 1971, o serviço informativo passou a ser transmitido dos estúdios da estação, o que era até então feito a partir da redação do Diário Popular, unidos por interesses acionistas de Brás Medeiros. Em 1972, a Alfabeta alcançava o primeiro exercício positivo (31,9 contos), alargado em 1973 (1,2 mil contos) (p. 486). Curioso que, nos começos da década de 1970, mais especificamente em 1972, a Emissora Nacional e a Rádio Renascença criavam serviços de noticiários específicos (p. 477). Um pequeno erro, que não destoa a análise autorizada da autora (ver p. 478): no começo de maio de 1974, era exigida a demissão de Pereira da Silva da administração da Rádio Alfabeta e indicado João Paulo Diniz para o substituir (Diário de Lisboa, 3 de maio de 1974).
A autora fez um apurado trabalho em arquivos como o de Marcello Caetano, relatórios e contas de empresas noticiosas e entrevistas a jornalistas e homens dos media, além da coorientação de Marcelo Rebelo de Sousa, que privou junto de Caetano, seu padrinho de batizado, aliás (orientador: Jorge Fernandes Alves). Como se percebe, a obra é resultado da sua tese de doutoramento. Suzana Cavaco é docente na Universidade do Porto em Ciências da Comunicação. Foi diretora da Escola Superior de Jornalismo, Porto (2001-2006).
Leitura: Suzana Cavaco (2012). Mercado media em Portugal no período marcelista. Os media no cruzamento de interesses políticos e negócios privados. Lisboa: Colibri, 616 páginas
O livro está dividido em cinco partes, a primeira das quais indica a trajetória política de Caetano, a segunda aborda as relações deste com a imprensa, a terceira as eleições de 1969, a quarta o contexto de regulação, autoregulação, empresas e mercados dos media nesse período significativo da história de Portugal e a quinta dá conta das dinâmicas do mercado dos media e da imprensa a balancear entre o poder político e o poder económico, texto pujante de mais de 570 páginas.
Livro que se aproxima pela temática do de Ana Cabrera, Marcello Caetano - poder e imprensa (Livros Horizonte, 2006), mas em que noto complementaridade e reforço, e que considero constituirem as obras de referência para o estudo do período, o trabalho de Suzana Cavaco faz uma descrição minuciosa das relações de poder e de apoio entre indivíduos, como os admiradores de Caetano no mundo dos media: Ramiro Valadão, Manuel José Homem de Mello, Fernando Fragoso, Maurício de Oliveira, Carlos Vale, Dutra Faria, Augusto de Castro, José Mensurado (pp. 141-146). Caetano retribuía as admirações. Um caso que me despertou a curiosidade foi a história de vida de Jorge Rodrigues, irmão de Urbano Tavares Rodrigues e de Miguel Urbano Rodrigues (pp. 135-137). Depois da sua atividade no Diário de Notícias, Jorge Rodrigues iria para o serviço de estrangeiro do Diário Ilustrado (a partir do final de 1956). Numa viagem aos Estados Unidos, o jornalista escreveu cartas a Caetano, contando como se via naquele país a posição de Portugal e da sua imprensa. Em 1958, Rodrigues era promovido a subdiretor do Diário Ilustrado, depois do seu irmão Miguel se ter demitido com outros por incompatibilidade com a administração. No ano seguinte, afastado do jornalismo, dedicou-se à publicidade. Já em 1968, logo após Caetano ascender ao lugar de primeiro-ministro, Rodrigues escreveu-lhe uma carta de admiração, indicando a sua proximidade a um conjunto de jornalistas que podiam ser úteis ao novo governante. O "dedicado amigo" veria retribuída as provas de gratidão, quando Caetano o indicou para um cargo de propaganda nas eleições de 1969 e de 1973. Ligado à agência de publicidade Latina-Thompson Associadas, Jorge Rodrigues procurou novos negócios para a sua empresa através desta ligação política (pp. 273-276).
A análise da situação económica das empresas dos media foi um tópico muito desenvolvido na obra de Suzana Cavaco, no concernente a imprensa, televisão e rádio. Retiro algumas ideias da análise económica a este último meio, onde se escreve sobre o Rádio Clube Português, a Rádio Renascença e a Rádio Alfabeta ((pp. 477-487). Ao Rádio Clube Português é dada bastante importância, com os emissores de frequência modulada que cobriam o país (1969), a emissão em estereofonia (1968), a autorização para emitir em Luanda (1973), acionista da RTP (1955), a compra da Rádio Ribatejo (1970) e da Rádio Alto Douro (1971), e a constituição da Imavox (1972), dedicada à edição de discos (pp. 480-484). Outra estação a que a autora prestou atenção, e que eu não conhecia pormenores económicos, foi a Alfabeta, constituída em 1968 para agregar a Rádio Peninsular e a Rádio Voz de Lisboa, ambas a emitir dentro dos Emissores Associados de Lisboa, com um capital inicial de dois mil contos (p. 485). Em 1971, o serviço informativo passou a ser transmitido dos estúdios da estação, o que era até então feito a partir da redação do Diário Popular, unidos por interesses acionistas de Brás Medeiros. Em 1972, a Alfabeta alcançava o primeiro exercício positivo (31,9 contos), alargado em 1973 (1,2 mil contos) (p. 486). Curioso que, nos começos da década de 1970, mais especificamente em 1972, a Emissora Nacional e a Rádio Renascença criavam serviços de noticiários específicos (p. 477). Um pequeno erro, que não destoa a análise autorizada da autora (ver p. 478): no começo de maio de 1974, era exigida a demissão de Pereira da Silva da administração da Rádio Alfabeta e indicado João Paulo Diniz para o substituir (Diário de Lisboa, 3 de maio de 1974).
A autora fez um apurado trabalho em arquivos como o de Marcello Caetano, relatórios e contas de empresas noticiosas e entrevistas a jornalistas e homens dos media, além da coorientação de Marcelo Rebelo de Sousa, que privou junto de Caetano, seu padrinho de batizado, aliás (orientador: Jorge Fernandes Alves). Como se percebe, a obra é resultado da sua tese de doutoramento. Suzana Cavaco é docente na Universidade do Porto em Ciências da Comunicação. Foi diretora da Escola Superior de Jornalismo, Porto (2001-2006).
Leitura: Suzana Cavaco (2012). Mercado media em Portugal no período marcelista. Os media no cruzamento de interesses políticos e negócios privados. Lisboa: Colibri, 616 páginas
terça-feira, 30 de outubro de 2012
História da rádio em Portugal
Changes in the Portuguese radio during the 1960s - a contribution to a new aesthetic reality, Ecrea 2012 (obrigado à Cátia Ferreira pela pronta colocação da fotografia no Facebook). A comunicação de sábado passado de manhã partiu do poster abaixo presente e resulta de investigação feita ao longo do último ano. Agradeço a Guy Starkey (autor do recente livro Local radio, going global) e à equipa da secção de Radio Research, da ECREA, a possibilidade de apresentar o meu trabalho.
Obitel 2012 - a ficção televisiva nos países ibero-americanos
Obitel 2012. Transnacionalização da Ficção Televisiva nos Países Ibero-Americanos, coordenado por Maria Immacolata Vassallo de Lopes e Guillermo Orozco Gómez, é o sexto anuário com uma metodologia que combina o estudo quantitativo e a análise contextual da ficção televisiva, a sua transmediação (passagem de um meio ou plataforma para outro ou outros) e as dinâmicas sociais e culturais e que envolvem onze países da América Latina e os dois países da Península Ibérica.
Na contracapa do livro lê-se o seguinte: "A ficção, enquanto indústria e formato, é um dos produtos culturais e mediáticos mais representativos da televisão na Ibero-América, sendo o seu enraizamento cultural e simbólico um lugar de encontros e desencontros onde não somente cabem os amores e segredos íntimos dos personagens de uma telenovela ou série, mas também a vida pública, a política, a cidadania, uma vez que cada vez mais a ficção está ancorando nas suas narrativas as múltiplas problemáticas que nos afetam como região, mas que, ao mesmo tempo, nos separam como países".
No vídeo seguinte, Catarina Duff Burnay, docente da Universidade Católica, e uma das co-coordenadoras do capítulo português, ao lado de Isabel Ferin Cunha, fala-nos do anuário e das tendências nacionais e gerais da ficção televisiva em análise. Os dados agora publicados são
referentes a 2011.
Na contracapa do livro lê-se o seguinte: "A ficção, enquanto indústria e formato, é um dos produtos culturais e mediáticos mais representativos da televisão na Ibero-América, sendo o seu enraizamento cultural e simbólico um lugar de encontros e desencontros onde não somente cabem os amores e segredos íntimos dos personagens de uma telenovela ou série, mas também a vida pública, a política, a cidadania, uma vez que cada vez mais a ficção está ancorando nas suas narrativas as múltiplas problemáticas que nos afetam como região, mas que, ao mesmo tempo, nos separam como países".
No vídeo seguinte, Catarina Duff Burnay, docente da Universidade Católica, e uma das co-coordenadoras do capítulo português, ao lado de Isabel Ferin Cunha, fala-nos do anuário e das tendências nacionais e gerais da ficção televisiva em análise. Os dados agora publicados são
referentes a 2011.
Jornalismo cultural na perspetiva de Dora Santos Silva
Cultura e Jornalismo Cultural. Tendências e Desafios no Contexto das Indústrias Culturais e Criativas é um livro de Dora Santos Silva agora lançado no mercado pela editora Media XXI.
A autora, a preparar a tese de doutoramento em Media Digitais (programa Universidade de Austin e Universidade Nova de Lisboa), projeto com o título Jornalismo Cultural na Era Digital – Novas práticas, Possibilidades e Plataformas, jornalista, investigadora e autora do sítio Culturascópio, apresenta na obra os seguintes grandes temas: conceções dominantes da cultura, da indústria cultural às indústrias culturais, das indústrias culturais às indústrias criativas, jornalismo cultural, antecedentes e tendências do jornalismo cultural em Portugal e no mundo e análise de casos nos media portugueses.
Retiro o que escrevi aqui (6 de janeiro de 2009) aquando da defesa da sua dissertação de mestrado, base do presente livro: "a investigadora analisou dois jornais diários (Público e Diário de Notícias) e revistas de tendências (NEO2, N&Style, Umbigo, DIF). No caso dos diários, as indústrias cinematográfica (estreias, DVD, entrevistas a atores) e discográfica (lançamento de CD, concertos e entrevistas a músicos) são as áreas com mais notícias. Para a autora, o impacto do cinema e da música devem-se ao peso das grandes produtoras, que alimentam celebridades e desenvolvem estratégias de comunicação e de divulgação eficazes. A programação da televisão ocupa muito espaço no Diário de Notícias, enquanto a indústria discográfica atinge 50% do espaço de cultura no Público. Outras áreas das indústrias culturais como arquitetura, moda, artesanato, design, software de lazer e modos de vida têm espaço residual. No caso das revistas de tendências, Dora Santos Silva considera que muito do trabalho ali realizado é feito por agentes de marketing e não por jornalistas, o que desqualifica a informação, apesar da importância das revistas pela análise das novas tendências de consumo".
A apresentação do livro decorreu hoje à tarde no seminário Investigar e Editar Comunicação Social, organizado pelo Gabinete para os Meios de Comunicação Social (GMCS), entidade que patrocinou a obra, em associação com a Universidade Católica Portuguesa, onde se realizou o evento. A Media XXI é uma pequena mas consagrada editora especializada em obras de comunicação, lazer e indústrias criativas, contando já com um importante catálogo de autores em línguas inglesa e portuguesa.
A autora, a preparar a tese de doutoramento em Media Digitais (programa Universidade de Austin e Universidade Nova de Lisboa), projeto com o título Jornalismo Cultural na Era Digital – Novas práticas, Possibilidades e Plataformas, jornalista, investigadora e autora do sítio Culturascópio, apresenta na obra os seguintes grandes temas: conceções dominantes da cultura, da indústria cultural às indústrias culturais, das indústrias culturais às indústrias criativas, jornalismo cultural, antecedentes e tendências do jornalismo cultural em Portugal e no mundo e análise de casos nos media portugueses.
Retiro o que escrevi aqui (6 de janeiro de 2009) aquando da defesa da sua dissertação de mestrado, base do presente livro: "a investigadora analisou dois jornais diários (Público e Diário de Notícias) e revistas de tendências (NEO2, N&Style, Umbigo, DIF). No caso dos diários, as indústrias cinematográfica (estreias, DVD, entrevistas a atores) e discográfica (lançamento de CD, concertos e entrevistas a músicos) são as áreas com mais notícias. Para a autora, o impacto do cinema e da música devem-se ao peso das grandes produtoras, que alimentam celebridades e desenvolvem estratégias de comunicação e de divulgação eficazes. A programação da televisão ocupa muito espaço no Diário de Notícias, enquanto a indústria discográfica atinge 50% do espaço de cultura no Público. Outras áreas das indústrias culturais como arquitetura, moda, artesanato, design, software de lazer e modos de vida têm espaço residual. No caso das revistas de tendências, Dora Santos Silva considera que muito do trabalho ali realizado é feito por agentes de marketing e não por jornalistas, o que desqualifica a informação, apesar da importância das revistas pela análise das novas tendências de consumo".
A apresentação do livro decorreu hoje à tarde no seminário Investigar e Editar Comunicação Social, organizado pelo Gabinete para os Meios de Comunicação Social (GMCS), entidade que patrocinou a obra, em associação com a Universidade Católica Portuguesa, onde se realizou o evento. A Media XXI é uma pequena mas consagrada editora especializada em obras de comunicação, lazer e indústrias criativas, contando já com um importante catálogo de autores em línguas inglesa e portuguesa.
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
Seminário “Rotas e Percursos Culturais: do conteúdo ao negócio”
Nos dias 15 e 16 de novembro, no Auditório da Fundação da Juventude, à rua das Flores, 69, no Porto, vai decorrer um seminário sobre rotas e percursos culturais. Para os organizadores, "A riqueza e a diversidade do Património Cultural constituem, como sabemos, um importante recurso do país, cada vez mais procurado pelo turismo interno e externo, numa perspectiva de experiência turística integrada, que alia o clima à descoberta do Património Histórico, Arquitectónico, Etnográfico e Gastronómico". A inscrição é gratuita.
Em estudo realizado em 2011, foram identificadas "mais de 500 propostas de rotas e itinerários culturais, com referência online, sobre os mais diversificados temas, reflexo da riqueza patrimonial do país e do interesse dos seus variados promotores em desenvolver iniciativas que potenciem o turismo cultural".
Para mais informações, escrever para seminariosrpt@gmail.com.
Em estudo realizado em 2011, foram identificadas "mais de 500 propostas de rotas e itinerários culturais, com referência online, sobre os mais diversificados temas, reflexo da riqueza patrimonial do país e do interesse dos seus variados promotores em desenvolver iniciativas que potenciem o turismo cultural".
Para mais informações, escrever para seminariosrpt@gmail.com.
Leituras de John Cage no Porto
Pedro Junqueira Maia e Rui Manuel Amaral lêem textos de John Cage, no sábado, 20 de Outubro, pelas 17:00, no Gato Vadio (Rua do Rosário, 281, Porto). Sessão inaugural do 2.º Ciclo de Leituras do Gato Vadio. John Cage (1912-1992). Compositor, escritor, discípulo de Schönberg, de Duchamp, de Suzuki, estudioso do I Ching, de Thoreau, de Satie e de cogumelos. Criador e introdutor do happening, da técnica do piano preparado, da casualidade nos métodos de composição.
Desdobrável de Luís Nobre.
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Sobre Darwin e outras atividades
No dia 30 de Outubro, às 18:45, na livraria Círculo das Letras, na Rua Augusto Gil, 15 B (cruzamento com Oscar Monteiro de Torres e próximo das avenidas de Roma e João XXI, em Lisboa), O desafio de Darwin, à conversa com Teresa Avelar.
A mesma livraria (http://livrariacirculodasletras.blogspot.pt/) anuncia uma exposição de fotografia (outubro) e uma exposição de desenho e serigrafia de Rui A. Pereira (novembro).
Riso. Uma exposição a sério
Inaugura no dia 19 de outubro, no Museu da Electricidade, em Lisboa, a exposição coletiva Riso. Uma exposição a sério, organizada pela Fundação EDP em parceria com as Produções Fictícias. A "exposição explora diferentes manifestações de humor na sociedade contemporânea através de diversos suportes como a pintura, vídeo, fotografia, escultura, performances, cinema, BD, televisão e literatura. Serão apresentadas cerca de 500 obras de mais de 300 artistas nacionais e internacionais, provenientes de alguns dos principais museus e coleções particulares" (informação fornecida pela organização). Uma das artistas é Joana Vasconcelos, com a obra Passerelle (2005).
Ensaios Visuais
Entre os dias 12 e 16 de Novembro, serão exibidos no Teatro Académico de Gil Vicente, em Coimbra, os filmes escolhidos para a competição Ensaios Visuais, da XIX edição do festival Caminhos do Cinema Português. Trata-se de uma mostra de filmes realizados por diversos alunos de escolas com cursos ligados ao cinema, de Norte a Sul do país. Saber mais aqui.
Abrir os cofres
A sessão, amanhã dia 18, pelas 19:30, na Cinemateca, Portuguesa - Museu do Cinema, reúne cinco curtas-metragens produzidas entre finais dos anos trinta e o início da década de setenta, no espírito do regime do Estado Novo, que refletem como peças de propaganda. Apresentação de Sérgio Bordalo e Sá. Os filmes são Parada da Legião e da Mocidade (Artur Costa de Macedo, 1937), 10 de junho: inauguração do Estádio Nacional (António Lopes Ribeiro, 1944), A manifestação a Carmona e Salazar pela paz portuguesa, Jornal Português nº 52 (1945), O jubiléu de Salazar (1953) e Portugal de luto na morte de Salazar (António Lopes Ribeiro, 1970).
Dia Nacional dos Bens Culturais da Igreja
Amanhã, dia 18, a partir das 9:30, na Igreja da Memória (Lisboa), realiza-se a 2ª edição do Dia Nacional dos Bens Culturais da Igreja.
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Escritores e ilustradores em Castelo Branco
A 1ª edição do Festival Literário de Castelo Branco (FLCB), iniciativa da respetiva câmara municipal entre os dias 24 e 26 de outubro, vai levar mais de duas dezenas de escritores e ilustradores
às escolas daquele concelho. Ana Maria Magalhães, Afonso Cruz, Mário Zambujal, José Jorge Letria, Júlio
Magalhães, Luís Miguel Rocha e Isabel Stilwell serão alguns dos autores presentes
no Festival, dividindo-se entre visitas a escolas e debates noturnos no
Instituto Politécnico de Castelo Branco e no Cine-Teatro Avenida. A eles,
juntam-se autores albicastrenses como
João de Sousa Teixeira, Manuel Lopes Marcelo ou José Manuel Castanheira (a partir de informação disponibilizada por Booktailors - Consultores Editoriais).
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
Disco dos Gaiteiros de Lisboa
O novo disco dos Gaiteiros de Lisboa, Avis Rara, editado pela d'Eurídice (selo editorial da d’Orfeu) regressa aos palcos em outubro, com duas apresentações agendadas: dia 10 na Casa da Música (Porto) e dia 15 na Culturgest (Lisboa). Saber mais aqui.
terça-feira, 2 de outubro de 2012
Serralves
No domingo, na Festa do Outono na Casa de Serralves, com entrada gratuita entre as 10:00 e as 19:00, vi muitas crianças acompanhadas pelos pais. Dia bonito e muitos visitantes de todas as idades, mas em especial os mais jovens à procura de oficinas, flora e animais da quinta e muito mais coisas, além de uma burroteca.
No museu, duas exposições. À esquerda, as obras da holandesa Marijke van Warmerdam (1959), conjunto intitulado De Perto à Distância (Close by in the Distance), com variados vídeos e filmes de 16 mm. Estes são feitos com câmara fixa, desaceleração, repetição, sem histórias específicas mas momentos. Manifestos e instalações, de que destaco Light (2010), filme que revela diversas posições das lâminas de um estore, alternando luz, sombra e escuridão. À direita, o búlgaro Nedko Solakov (1957), com o título All in Order, with Exceptions, uma retrospetiva da sua obra. Em Solakov, veem-se diversos materiais e formatos: desenhos, pinturas, murais, fotografias, vídeos, reconstituição de instalações, numa permanente provocação de imagens, formas e expressões.
No museu, duas exposições. À esquerda, as obras da holandesa Marijke van Warmerdam (1959), conjunto intitulado De Perto à Distância (Close by in the Distance), com variados vídeos e filmes de 16 mm. Estes são feitos com câmara fixa, desaceleração, repetição, sem histórias específicas mas momentos. Manifestos e instalações, de que destaco Light (2010), filme que revela diversas posições das lâminas de um estore, alternando luz, sombra e escuridão. À direita, o búlgaro Nedko Solakov (1957), com o título All in Order, with Exceptions, uma retrospetiva da sua obra. Em Solakov, veem-se diversos materiais e formatos: desenhos, pinturas, murais, fotografias, vídeos, reconstituição de instalações, numa permanente provocação de imagens, formas e expressões.
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
História das telecomunicações nacionais
O presente texto (História das Telecomunicações em Portugal, 1877-1990. Contributos para a sua Compreensão), que foi publicado pelos TLP (Telefones de Lisboa e Porto), uma das empresas que deu origem à PT, saiu há 20 anos, sensivelmente por esta altura do ano (trata-se da segunda tentativa de edição online do ficheiro). Nele se revê a história do telefone nas cidades de Lisboa e Porto desde o último quartel do século XIX até quase ao final do século XX. A empresa TLP desapareceria em 1994 para dar origem à PT, em fusão com outras empresas.
Foi um prazer escrevê-lo e uma alegria trabalhar com tanta gente para o publicar (como a agência Rêgo+Associados, que tinha escritórios perto do hotel Marriot, por sua vez perto da Universidade Católica, os fotógrafos Fernando Figueiredo, também responsável por arranjos gráficos, Abílio Vieira, António Santos e o já desaparecido António Mónica, além do maior entusiasta de todos e então meu diretor nos TLP: António Santos Serra). Comecei a escrever o texto no Porto e acabei-o em Lisboa, numa altura em que trabalhava na rua Andrade Corvo e frequentava o mestrado na Universidade Nova de Lisboa em aulas fantásticas (Teoria da Notícia, seminário lecionado por Nelson Traquina, agora a viver nos seus Estados Unidos), em instalações da Rua Pinheiro Chagas, muito perto da maternidade Alfredo da Costa. Então, havia muito otimismo no país.
Enjoy.
terça-feira, 25 de setembro de 2012
domingo, 23 de setembro de 2012
Histórias curtas (2)
Amy Winehouse (1983-2011) gostava de aparecer e cantar no bar-restaurante Jazz After Dark, como aconteceu em janeiro de 2008. Ainda antes da sua morte, a assinalar a preferência da cantora, as paredes daquele espaço estão cheias de recordações da cantora, como pinturas e desenhos assinados por Sam.
O Jazz After Dark fica na Greek Street, no coração do Soho, em Londres. A rua deve o seu nome ao número de refugiados gregos que ali viviam durante e logo depois da II Guerra Mundial.
O Jazz After Dark fica na Greek Street, no coração do Soho, em Londres. A rua deve o seu nome ao número de refugiados gregos que ali viviam durante e logo depois da II Guerra Mundial.
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
A crise e os media
A crise financeira está a ter impacto nos media. Por um lado, a perda do poder de compra está a refletir-se na diminuição das vendas de jornais e revistas (a par da mudança de hábitos de consumo). Por outro lado, o investimento publicitário das três empresas de media cotadas em bolsa caiu 16,54%, embora o primeiro semestre feche com resultados operacionais positivos para Cofina, Impresa e Media Capital (newsletter da Meios & Publicidade).
domingo, 9 de setembro de 2012
Conferência da ACIS (Association for Contemporary Iberian Studies)
Decorreu de 4 a 6 de setembro a conferência da ACIS (Association for Contemporary Iberian Studies) no King's College de Londres, envolvendo cerca de 80 investigadores de Espanha, Reino Unido e Portugal. Foi a 33ª conferência da associação, com Paul Preston e Ángel Viñas como principais oradores.
Das comunicações em que participaram conferencistas portugueses destaco as de Rogério Santos e Nelson Ribeiro (The introduction of FM in Portugal: new programmming strategies and new musical tastes), José Miguel Sardica (Silence rising: Portuguese press censorship between the end of the 1st Republic and the triumph of Salazar' "New State", 1926-1933), José Gabriel Andrade (The Iberian use of social media for communication, marketing and PR: TAP and Iberia as best practices case studies) e apresentação do painel 7, com Catarina Burnay e José Carlos Laffond (Universidade Complutense) (Television and memory: historical fiction in Portugal & Spain).
A próxima conferência está marcada para setembro de 2013 em Lisboa.
Das comunicações em que participaram conferencistas portugueses destaco as de Rogério Santos e Nelson Ribeiro (The introduction of FM in Portugal: new programmming strategies and new musical tastes), José Miguel Sardica (Silence rising: Portuguese press censorship between the end of the 1st Republic and the triumph of Salazar' "New State", 1926-1933), José Gabriel Andrade (The Iberian use of social media for communication, marketing and PR: TAP and Iberia as best practices case studies) e apresentação do painel 7, com Catarina Burnay e José Carlos Laffond (Universidade Complutense) (Television and memory: historical fiction in Portugal & Spain).
A próxima conferência está marcada para setembro de 2013 em Lisboa.
sexta-feira, 17 de agosto de 2012
Puro/Pure Cinema
Puro Cinema, Pure Cinema. Curtas Vila do Conde 20 Anos Depois / Curtas Vila do Conde 20 Years After é um livro que reflete o cinema a partir de vinte entrevistas e conversas com vinte e seis autores que passaram por Vila do Conde. Pretende ser um documento que debate as transformações e as tendências do cinema contemporâneo nas suas diferentes mutações, pondo em questão a própria definição do que é o cinema. O resultado da sua análise ajuda a clarificar a identidade do Curtas Vila do Conde nas últimas duas décadas enquanto festival de cinema contaminado por outras manifestações artísticas. Complementam o livro, reflexões pessoais sobre o festival do crítico de cinema Augusto M. Seabra e do cineasta americano Mike Hoolboom, além de uma história crítica do festival.
This book is a reflection on cinema, from twenty interviews and talks with twenty-six authors who have been in Vila do Conde. It intends to be, therefore, a document that discusses the changes and trends in contemporary cinema in its various mutations, calling into question the very definition of what cinema is. The result of this analysis also helps to clarify the identity of Curtas Vila do Conde in the last two decades while film festival contaminated by other art forms. The book is complemented by personal reflections on the festival by film critic Augusto M. Seabra and the American filmmaker Mike Hoolboom; finally, there is a critical history of the festival.
Edição bilingue (Português e Inglês) de Daniel Ribas e Mário Micaelo. 2012.
This book is a reflection on cinema, from twenty interviews and talks with twenty-six authors who have been in Vila do Conde. It intends to be, therefore, a document that discusses the changes and trends in contemporary cinema in its various mutations, calling into question the very definition of what cinema is. The result of this analysis also helps to clarify the identity of Curtas Vila do Conde in the last two decades while film festival contaminated by other art forms. The book is complemented by personal reflections on the festival by film critic Augusto M. Seabra and the American filmmaker Mike Hoolboom; finally, there is a critical history of the festival.
Edição bilingue (Português e Inglês) de Daniel Ribas e Mário Micaelo. 2012.
terça-feira, 31 de julho de 2012
Novo diretor do Museu do Chiado
Paulo Henriques assume amanhã o cargo de diretor do Museu Nacional de Arte Contemporânea (Museu do Chiado). Sucede a Helena Barranha, que ocupou o cargo nos últimos três anos, a qual pretende seguir a vida académica. Na sua carreira, Paulo Henriques já foi diretor do Museu Malhoa e do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), aqui sucedendo a Dalila Rodrigues (notícia a partir do jornal Público).
domingo, 29 de julho de 2012
EUscreen Publishes its Second Online Access to Audiovisual Heritage Status Report
"EUscreen is pleased to announce its second status report Online Access to Audiovisual Heritage. In three chapters, the report gives an overview of technological developments bearing an influence on publishing and making accessible historical footage. The report discusses online heritage practices within Europe and beyond. In a field that faces constant renewal, overhaul and additional challenges, the report means to take stock of the status of the online audiovisual heritage field. This allows the EUscreen project to measure our own strategies and technological development and allows the participating archives, broadcasters and the broader GLAM community to come up with solutions for providing access that cater to users’ needs and environments. The status report is divided into three chapters, each focusing on a different aspect of online access. Through this structure, we successively discuss three main trends regarding access, namely: 1) use and reuse today, 2) trends towards a cultural commons and 3) fundamental research in the area of audiovisual content. The first chapter gives an overview of major developments, including access provision and use of content by the creative industries. In the second chapter we explore the topic of (sustainable) reuse of audiovisual sources as a cultural and explorative practice leading towards more open and participatory archives. Finally, the third chapter discusses European research topics that are currently ongoing in areas connected to audiovisual heritage". Download the Second EUscreen Status Report [PDF] here.
Videogames 2012
5th Annual Conference in Science and Art of Videogames “Game, Play, and Society” 13, 14 and 15 December, Catholic University of Portugal - Lisbon. Videogames 2012 - Annual Conference in Science and Art of Videogames will be organized by the research line Media, Technology, Contexts of the Research Center for Communication and Culture (CECC), at the Faculty of Human Sciences of the Catholic University of Portugal, and the Portuguese Society of Videogame Sciences (SPCV). The SPCV conferences take place annually and have come to constitute significant venues to promote research as well as debate and foster the videogames industry. The conference hosts researchers and professionals in this area, and aims at promoting the dissemination of work in the field and facilitating exchanging experience between the academic community and the industry. This 5th conference seeks to assert itself as a multidisciplinary event, looking for contributions from several scientific areas including art, game design and narrative, computational aspects, as well as videogames theoretical and critical analysis regarding practices and applications that encompass the market and the industry. Original and high quality submissions are expected, from both the academic community and the gaming industry.
New deadline (full papers, short papers and demos): 1st September 2012. Further information available at the conference website: https://sites.google.com/site/videojogos2012. All suggestions and comments are welcome. Please contact the Organizing Committee through the e-mail: videojogos2012@gmail.com.
domingo, 22 de julho de 2012
Estação ferroviária Coimbra B
terça-feira, 17 de julho de 2012
Mulheres repórteres
Os meus parabéns a Isabel Ventura pelo livro As Primeiras Mulheres Repórteres. Portugal nos anos 60 e 70, uma edição da Tinta da China com prefácio de Fernando Alves.
domingo, 15 de julho de 2012
Museu do Teatro
O Museu Nacional do Teatro, através das suas coleções, constituídas a partir de 1979, desenvolve o conhecimento da história e da atualidade das artes do espetáculo e tratar, e visa conservar, preservar, organizar, investigar, documentar e divulgar um património de 250 mil peças, que incluem trajes e adereços de cena, cenários, figurinos, cartazes, programas, discos e partituras e cerca de 120 mil fotografias. Existe uma biblioteca especializada com 35 mil volumes. O Museu está instalado no Palácio Monteiro-Mor, edifício do século XVIII restaurado e adaptado especificamente para o efeito (informação retirada do sítio do museu).
quinta-feira, 12 de julho de 2012
A RTP e o sistema de medição de audiências
Hoje, ao fim da tarde, ouvi na rádio que a RTP, pela voz do seu presidente, Guilherme Costa, considera ter a auditoria ao sistema de medição de audiências da GfK provado que os resultados não são credíveis. Guilherme Costa mostrou preocupação com a próxima privatização de um canal.
Audiências de rádio
A Rádio Comercial, conforme os dados mais recentes do Bareme Rádio, passou a ser a estação mais ouvida do país, com uma Audiência Acumulada de Véspera (AAV) de 14,1% no segundo trimestre de 2012, com a RFM, líder de audiências de rádio na última década, a ter uma AAV de 13,1% (a partir de texto da newsletter Meios & Publicidade).
sábado, 7 de julho de 2012
A importância de criar o Arquivo Sonoro Nacional
Hoje, decorreu no Museu da Música Portuguesa o colóquio Património sonoro em Portugal: protagonistas, fundos e instituições, organizado pelo Instituto de Etnomusicologia – Centro de Estudos em Música e Dança e por aquele museu de Cascais. Uma das principais conclusões do encontro é a necessidade de criar um Arquivo Sonoro Nacional, já consignado em legislação do Estado português há vários anos mas ainda não concretizado.
Os intervenientes realçaram a importância da constituição deste arquivo, considerando-o no âmbito da música que existe em Portugal, com uma base de dados em rede (internet), alargado a todas as instituições com arquivos sonoros (que podem continuar a manter e gerir os seus arquivos) e a colecionadores particulares ou privados. Como disse na abertura do colóquio Salwa Castelo-Branco, coordenadora do Instituto de Etnomusicologia, o arquivo sonoro deve incluir a preservação do património sonoro, a sua disseminação, o seu estudo e a repatriação (arquivos sonoros sobre Portugal existentes em arquivos estrangeiros) [ver curto vídeo abaixo].
A existência do Arquivo Sonoro Nacional não quer dizer um novo edifício mas uma estrutura leve com especialistas dotados de técnicas de conhecimento, com criação de metadados e aptos a comunicar a informação às comunidades. Foi um dia intenso de trabalhos, tendo como elemento de fundo a presente exposição sobre o trabalho de Armando Leça (sobre a qual escrevi aqui, e cujo trabalho do compositor e coletor de música de cariz rural merece ser contextualizado técnica, teórica e ideologicamente), patente no Museu da Música Portuguesa.
Apresentaram comunicações Susana Sardo (Escutar, gravar e colonizar Arquivos Sonoros e a repatriação de património sónico na Europa pós-colonial), Eduardo Leite (76 anos de gravação sonora na rádio pública: o desafio da permanência), Manuel Nunes (A canção de Coimbra: o papel dos colecionadores), Pedro Félix (Arquivar o som em Portugal. Notas de um processo inquietante. Estratégias), Carla Raposeira (Fundação Inatel: cuidar do passado para projetar o futuro 76 anos depois), Susana Belchior (As primeiras expedições da The Gramophone Companhy em Portugal), Andreia Mendes (O património sonoro nos Açores: para um inventário regional) e Leonor Losa (A emergência de uma economia de mercado de música gravada em Portugal no início do século XX: o papel dos lojistas).
No conjunto, houve trabalhos que projetam investigações em curso, relatos de arquivos sonoros existentes ou em arrumação e modelos de investigação empírica. O colóquio encerrou com uma mesa redonda moderada por Manuel Deniz Silva e com alguns dos comunicadores acima identificados, que consideraram a criação do Arquivo Sonoro Nacional como ação premente a implementar, embora atendendo aos condicionalismos financeiros existentes. Salwa Castelo-Branco e Rosário Pestana foram as duas organizadoras principais do colóquio por parte do Instituto de Etnomusicologia.
Sem hierarquizar as comunicações, gostei de ouvir Manuel Nunes sobre os contactos que vem estabelecendo com colecionadores de música de Coimbra desde há 25 anos. Tem descoberto coleções de discos de 78, 45 e 33 rpm, gravações de festas de despedidas de estudantes finalistas, gravações efetuadas por amadores, dados sobre composições e biografias de músicos e cantores, partituras, fotografias, memórias orais, chapas de provas de discos (numa altura em que a prova ia ao artista para aprovação da edição). O conferencista traçou um perfil do colecionador, que habitualmente não adota procedimentos científicos dos arquivos e das fonotecas mas elabora uma organização própria, com coleções constituídas por discos e outros elementos (acima descritos), arrumação em espaços variados e nem sempre em boas condições (prateleiras, caixotes, empilhados no chão), qualidade da coleção dependendo da capacidade financeira e da idade (os mais velhos tornam-se mais seletivos e de gosto mais estreito), com valores associados à recolha e divulgação, em que o colecionador tem orgulho no que possui e mostra uma atitude possessiva (pode colocar muitas dificuldades no acesso ou no empréstimo para investigação, acesso que se torna mais complicado se o colecionador morre).
Gostei igualmente de ouvir Susana Belchior, que falou do modo como se efetuaram as primeiras gravações de discos em Portugal, no ido ano de 1900, por Sinkler Darby, representante da Gramophone, no Porto. Técnicas de gravação, perfil dos sons gravados (peças musicais do teatro, repertório de cantores populares e rurais, sons de ambiente) e estratégias do marketing da época (a gravação visava a venda desses discos e de aparelhos de leitura dos discos) foram elementos que desenvolveu. Por seu lado, Leonor Losa falou e identificou os lojistas como elementos essenciais da comercialização dos fonogramas, a partir de 1903, uma vez que a industrialização só se pode falar a partir da década de 1940 com a criação da Fábrica Triunfo, no Porto.
Susana Belchior e Leonor Losa publicarão em breve um livro sobre a gravação e a venda de discos no início do século XX, esperando eu atentamente a obra para ler as conclusões das suas investigações. Uma outra comunicação que me despertou muita atenção foi a de Susana Sardo e os conceitos que definiu: repatriação e arquivo sónico. Repatriação quer dizer regresso aos países de origem de registos feitos por investigadores, nomeadamente alemães e outros povos coloniais europeus no começo do século XX, com registos frequentes em cilindros de cera. A repatriação representa digitalização e investigação simultânea das gravações. Arquivo sónico implica música mas também outros sons (ambientais). Guardados em sítios longe do espaço de origem, salvar os registos quer dizer preservar a memória e analisar a identidade de uma comunidade, traduzível numa nova cartografia do conhecimento.
Os intervenientes realçaram a importância da constituição deste arquivo, considerando-o no âmbito da música que existe em Portugal, com uma base de dados em rede (internet), alargado a todas as instituições com arquivos sonoros (que podem continuar a manter e gerir os seus arquivos) e a colecionadores particulares ou privados. Como disse na abertura do colóquio Salwa Castelo-Branco, coordenadora do Instituto de Etnomusicologia, o arquivo sonoro deve incluir a preservação do património sonoro, a sua disseminação, o seu estudo e a repatriação (arquivos sonoros sobre Portugal existentes em arquivos estrangeiros) [ver curto vídeo abaixo].
A existência do Arquivo Sonoro Nacional não quer dizer um novo edifício mas uma estrutura leve com especialistas dotados de técnicas de conhecimento, com criação de metadados e aptos a comunicar a informação às comunidades. Foi um dia intenso de trabalhos, tendo como elemento de fundo a presente exposição sobre o trabalho de Armando Leça (sobre a qual escrevi aqui, e cujo trabalho do compositor e coletor de música de cariz rural merece ser contextualizado técnica, teórica e ideologicamente), patente no Museu da Música Portuguesa.
Apresentaram comunicações Susana Sardo (Escutar, gravar e colonizar Arquivos Sonoros e a repatriação de património sónico na Europa pós-colonial), Eduardo Leite (76 anos de gravação sonora na rádio pública: o desafio da permanência), Manuel Nunes (A canção de Coimbra: o papel dos colecionadores), Pedro Félix (Arquivar o som em Portugal. Notas de um processo inquietante. Estratégias), Carla Raposeira (Fundação Inatel: cuidar do passado para projetar o futuro 76 anos depois), Susana Belchior (As primeiras expedições da The Gramophone Companhy em Portugal), Andreia Mendes (O património sonoro nos Açores: para um inventário regional) e Leonor Losa (A emergência de uma economia de mercado de música gravada em Portugal no início do século XX: o papel dos lojistas).
No conjunto, houve trabalhos que projetam investigações em curso, relatos de arquivos sonoros existentes ou em arrumação e modelos de investigação empírica. O colóquio encerrou com uma mesa redonda moderada por Manuel Deniz Silva e com alguns dos comunicadores acima identificados, que consideraram a criação do Arquivo Sonoro Nacional como ação premente a implementar, embora atendendo aos condicionalismos financeiros existentes. Salwa Castelo-Branco e Rosário Pestana foram as duas organizadoras principais do colóquio por parte do Instituto de Etnomusicologia.
Sem hierarquizar as comunicações, gostei de ouvir Manuel Nunes sobre os contactos que vem estabelecendo com colecionadores de música de Coimbra desde há 25 anos. Tem descoberto coleções de discos de 78, 45 e 33 rpm, gravações de festas de despedidas de estudantes finalistas, gravações efetuadas por amadores, dados sobre composições e biografias de músicos e cantores, partituras, fotografias, memórias orais, chapas de provas de discos (numa altura em que a prova ia ao artista para aprovação da edição). O conferencista traçou um perfil do colecionador, que habitualmente não adota procedimentos científicos dos arquivos e das fonotecas mas elabora uma organização própria, com coleções constituídas por discos e outros elementos (acima descritos), arrumação em espaços variados e nem sempre em boas condições (prateleiras, caixotes, empilhados no chão), qualidade da coleção dependendo da capacidade financeira e da idade (os mais velhos tornam-se mais seletivos e de gosto mais estreito), com valores associados à recolha e divulgação, em que o colecionador tem orgulho no que possui e mostra uma atitude possessiva (pode colocar muitas dificuldades no acesso ou no empréstimo para investigação, acesso que se torna mais complicado se o colecionador morre).
Gostei igualmente de ouvir Susana Belchior, que falou do modo como se efetuaram as primeiras gravações de discos em Portugal, no ido ano de 1900, por Sinkler Darby, representante da Gramophone, no Porto. Técnicas de gravação, perfil dos sons gravados (peças musicais do teatro, repertório de cantores populares e rurais, sons de ambiente) e estratégias do marketing da época (a gravação visava a venda desses discos e de aparelhos de leitura dos discos) foram elementos que desenvolveu. Por seu lado, Leonor Losa falou e identificou os lojistas como elementos essenciais da comercialização dos fonogramas, a partir de 1903, uma vez que a industrialização só se pode falar a partir da década de 1940 com a criação da Fábrica Triunfo, no Porto.
Susana Belchior e Leonor Losa publicarão em breve um livro sobre a gravação e a venda de discos no início do século XX, esperando eu atentamente a obra para ler as conclusões das suas investigações. Uma outra comunicação que me despertou muita atenção foi a de Susana Sardo e os conceitos que definiu: repatriação e arquivo sónico. Repatriação quer dizer regresso aos países de origem de registos feitos por investigadores, nomeadamente alemães e outros povos coloniais europeus no começo do século XX, com registos frequentes em cilindros de cera. A repatriação representa digitalização e investigação simultânea das gravações. Arquivo sónico implica música mas também outros sons (ambientais). Guardados em sítios longe do espaço de origem, salvar os registos quer dizer preservar a memória e analisar a identidade de uma comunidade, traduzível numa nova cartografia do conhecimento.
quinta-feira, 5 de julho de 2012
Colóquio “Património sonoro em Portugal: protagonistas, fundos e instituições”
No dia 7 de julho, entre as 9:30 e as 17:00, no Museu da Música Portuguesa, vai decorrer o colóquio subordinado ao tema Património sonoro em Portugal: protagonistas, fundos e instituições, organizado pelo Instituto de Etnomusicologia – Centro de Estudos em Música e Dança.
O colóquio pretende promover a discussão e a circulação de informação relativas à problemática do património sonoro, sua conservação e utilização, arquivos sonoros e outras instituições depositárias, com responsáveis por coleções, colecionadores e estudiosos que têm vindo a abordar a temática a nível da preservação e do estudo e divulgação em Portugal e no estrangeiro. Os organizadores do colóquio consideram que não existe em Portugal um arquivo sonoro, à semelhança de outros países europeus, e partem do princípio que os problemas associados à preservação e divulgação do património sonoro são da responsabilidade de todos nós.
Colóquio tendo como pano de fundo a exposição patente na Casa Verdades de Faria sobre Armando Leça e a emergência das indústrias culturais e da tecnologia de gravação e reprodução em Portugal, decorrerá lugar na avenida de Sabóia, 1146, no Monte Estoril.
O colóquio pretende promover a discussão e a circulação de informação relativas à problemática do património sonoro, sua conservação e utilização, arquivos sonoros e outras instituições depositárias, com responsáveis por coleções, colecionadores e estudiosos que têm vindo a abordar a temática a nível da preservação e do estudo e divulgação em Portugal e no estrangeiro. Os organizadores do colóquio consideram que não existe em Portugal um arquivo sonoro, à semelhança de outros países europeus, e partem do princípio que os problemas associados à preservação e divulgação do património sonoro são da responsabilidade de todos nós.
Colóquio tendo como pano de fundo a exposição patente na Casa Verdades de Faria sobre Armando Leça e a emergência das indústrias culturais e da tecnologia de gravação e reprodução em Portugal, decorrerá lugar na avenida de Sabóia, 1146, no Monte Estoril.
quarta-feira, 4 de julho de 2012
Canal 180 - o olhar da estagiária
Mariana Chambel Cardoso defendeu hoje o seu relatório de estágio para obtenção do grau de mestre na Universidade Nova de Lisboa sobre o canal 180, a funcionar na televisão por cabo.
Canal lançado pela OSTV (Open Source Television) em abril de 2011 na posição 180 da ZON, mais tarde alargado à Vodafone TV e à Optimus TV, o canal 180 é uma alternativa televisiva, operando na área da cultura e da agenda de oferta cultural no país, a partir do escritório do Porto. Enquanto estagiou no canal 180, Mariana Cardoso viu aumentar o número de horas de emissão do canal. Objeto de um apoio de entidades do Porto no âmbito das indústrias criativas, o canal 180 tem três dirigentes (João Vasconcelos, Rita Moreira, Nuno Alves) e outros colaboradores, perfazendo uma equipa variável entre 10 e 15 elementos. Segundo o canal, a sua estrutura permite obter ganhos até 90% do custo do mercado tradicional. Além das plataformas acima indicadas, o canal 180 está no Facebook.
quinta-feira, 28 de junho de 2012
O Modernismo Feliz: Art Déco em Portugal. Pintura, Desenho, Escultura, 1912-1960
"O estilo Art Déco, designação que só surge nos anos 60, ou Estilo 1925, como também é conhecido (em apropriação da designação da magna Exposição das Artes Decorativas e Industriais Modernas realizada em Paris naquela data), conhece, num contexto atual de crise, um renovado interesse mundial. Congregando, eclética e decorativamente, as heranças das vanguardas artísticas dos começos do século (do Fauvismo, Cubismo, Futurismo, Expressionismo e, até, do Abstracionismo) aliadas a sugestões vindas dos Movimentos Decorativos Modernos (como a Secessão Vienense, os grafismos francês e germânico de 1900 ou os Ballets Russes), o Art Déco foi o primeiro estilo global e universal que o Mundo conheceu, aspirando a constituir-se como Arte Total (inspiração de vida), tal como na proposta pioneira de Wagner no século XIX, alargando-se a todas as expressões artísticas e a todos os aspetos da vida quotidiana e expandindo-se, ao longo dos Anos 30, dos horizontes franceses ao resto da Europa, Estados Unidos, América do Sul, África, China, Austrália e Japão. [...] Em Portugal, o Art Déco projetou-se, igualmente, com excelente pujança. Com efeito, uma parte muito substancial dos artistas portugueses do 1º e 2º Modernismos foram praticantes altamente empenhados deste gosto que, como nos outros países, renovou a totalidade dos mais diversos aspetos da vida quotidiana – e o próprio Estado Novo viu neste Movimento um veículo eficaz de propaganda e afirmação de poder" (Museu do Chiado) [Reprodução: António Soares (1894 – 1978). No terrasse do Café des Plaires. C.1925. Óleo sobre tela, 33 x 36 cm. Col. MNAC-Museu do Chiado. Inv. 654. Foto: Carlos Monteiro, DGPC].
Exposição temporária patente no Museu do Chiado até 28 de outubro de 2012.
Julieta
Espetáculo de Mario Gonzalez, com Elsa Valentim, a partir de Romeu e Julieta de William Shakespeare, projeto Tell to Joy/Open Workspace 2012. Elsa Valentim, formada pela Escola Superior de Teatro e Cinema, tem trabalhado regularmente como atriz em teatro, cinema e televisão. Mario Gonzalez, natural de Guatemala, é encenador, ator e professor no Conservatoire National Supérieur d'Art Dramatique (CNSAD), em Paris. A sua paixão reside no trabalho de clown e máscara. Tendo dedicado uma grande parte da sua vida profissional à pesquisa da tradição original da Commedia dell’Arte, Mario Gonzalez conseguiu criar uma prática única, reconhecido como o maior especialista. No Teatro do Bairro (rua Luz Soriano, 63, Lisboa), nos dias 13,14,15, 21 e 22 de julho.
quarta-feira, 27 de junho de 2012
Penthesilia
O encenador Martim Pedroso estreia Penthesilia a 30 de junho em Guimarães, Capital Europeia da Cultura 2012. A nova criação de Martim Pedroso revisita a Penthesilea, de Heinrich von Kleist (1908) em três línguas: português, italiano e alemão. A interpretação de Nicole Kehrberger, a Penthesilia, devolve ao espetáculo as origens linguísticas da sua trágica dramaturgia. O intérprete italiano Emanuele Sciannamea é a língua do amor em Aquiles, Carla Bolito e o próprio Martim Pedroso os corifeus desta peça. Um mergulho num universo de emoções contraditórias, no Centro Cultural Vila Flor, dia 30 de Junho, pelas 22:00.
More U.S. teens hide online activity from parents: survey
"More and more teenagers are hiding their online activity from their parents,
according to a U.S. survey of teen internet behavior released on Monday. The
survey, sponsored by the online security company McAfee, found that 70 percent
of teens had hidden their online behavior from their parents in 2012, up from 45
percent of teens in 2010, when McAfee conducted the same survey. McAfee
spokesman Robert Siciliano cited the explosion of social media and the wider
availability of ad-supported pornography as two factors that have led teens to
hide their online habits. The increased popularity of phones with Internet
capabilities also means that teens have more opportunities to hide their online
habits, he said. The survey found that 43 percent of teens have accessed
simulated violence online, 36 percent have read about sex online, and 32 percent
went online to see nude photos or pornography. The survey reported that teens
use a variety of tactics to avoid being monitored by their parents. Over half of
teens surveyed said that they had cleared their browser history, while 46
percent had closed or minimized browser windows when a parent walked into the
room. Other strategies for keeping online habits from parents included hiding or
deleting instant messages or videos and using a computer they knew their parents
wouldn't check. Meanwhile, the survey found that 73.5 percent of parents trust
their teens not to access age-inappropriate content online. Nearly one quarter
of the surveyed parents (23 percent) reported that they are not monitoring their
children's online behaviors because they are overwhelmed by technology" (Reuters).
Detalhes invisíveis
Instalação e fotografia. de Rodrigo Martins Vila, de 2 a 7 de julho de 2012. O tempo passa, os séculos crescem e as pessoas mudam. Aquilo que torna a cidade única e de certo modo intemporal, a par da sua paisagem e beleza natural, é a arquitectura. As imagens que chegam até nós através dos meios de comunicação, hoje em dia são na maior parte em formato digital, tornando-se a cada dia mais imateriais. A série de fotos reproduz o edifício do teatro através de detalhes e enquadramentos. A técnica utilizada pretende através da luz, representar e fixar a imagem ao papel, remetendo para as retículas utilizadas na impressão de jornais.
Inauguração de um ciclo de exposições com curadoria de Luísa Santos, na Round the Corner. Rua Nova da Trindade, 9 F/G / Chiado / Lisboa.
Inauguração de um ciclo de exposições com curadoria de Luísa Santos, na Round the Corner. Rua Nova da Trindade, 9 F/G / Chiado / Lisboa.
Festival Silêncio 2012
Tendo como principais palcos o Cinema São Jorge, o Musicbox, o Povo, a Pensão Amor e a Fundação Saramago, o Festival Silêncio pretende devolver o poder à palavra cruzando-a com as diferentes artes, juntando em Lisboa grandes nomes da cena literária e artística. Da programação de espectáculos, destacam-se “Os Poetas – Entre Nós e as Palavras” de Rodrigo Leão e Gabriel Gomes, “Neurotycon” de Pop Del Arte, “Bate Papo” por Mão Morta e “Irmãos Demónio” com Hélio Morais e Quim Albergaria (Paus), Kalaf e Filho da Mãe. As Conversas do Silêncio irão pôr em palco escritores, músicos, artistas e realizadores, tais como Rui Zink, Maria do Rosário Pedreira, Mário Zambujal, Nuno Artur Silva, Helena Vasconcelos, João Botelho, entre muitos outros e Word Cut Docs reunirá inúmeros documentários sobre escritores de renome — como Marguerite Duras, José Saramago, Herberto Helder ou Julia Kristeva — e a estreia nacional de Words of Advice – William S. Burroughs de Lars Movin. Até 1 de julho.
Manuel Estrada
Manuel Estrada (1953) é designer gráfico espanhol com uma obra notável, a trabalhar em Madrid. Desde 1989, dedica-se ao design gráfico (depois de uma experiência em estudos de arquitetura), concebendo Programas de Identidade Corporativa, Coleções de Livros e Projectos Editoriais, Embalagens, Identidade Visual para Museus, Sinalética e Arquigrafia.
A sua exposição Aonde Nascem a Ideias, Cadernos do Equilibrista inaugura no MUDE, Museu do Design e da Moda, Rua Augusta, 24, Lisboa, no dia 28 de junho 2012, sendo precedida por uma Conversa Aberta, pelas 18:00, com Manuel Estrada, Luís Serpa e Henrique Cayatte.
Rui Sanches
Rui Sanches, destacado escultor português, está até ao dia 30 de Junho de 2012, na galeria tp - situada na Rua S. João da Praça, 120 (à Sé), com várias esculturas de pequeno formato, entre as quais algumas reproduções em bronze fundidas pela Fundição Artística Mão de Fogo em colaboração com a Fundição Alfa Arte em Bilbao.
terça-feira, 26 de junho de 2012
Festival das Artes em Coimbra
O Festival das Artes em Coimbra chega à 4ª edição, com música, artes plásticas, cinema, artes do palco, gastronomia e serviço educativo, numa iniciativa cultural descentralizada em Portugal. A seguir a Noite, Água e Paixões, o tema de 2012 é Viagens, motivado pela celebração dos 440 anos da edição de Os Lusíadas, de Luís de Camões. De entre os convidados, destacam-se: Christoph Pregardien e Artur Pizarro na música, a que se juntam concertos das orquestras Metropolitana de Lisboa, Chinesa de Macau, Casa da Música, e Clássica do Centro, Drumming, Músicos do Tejo, António Chainho, Nelson Garrido, que apresenta fotografias na Casa das Caldeiras em Do Deserto à Clandestinidade, e os desenhos de António Jorge Gonçalves, em Subway Life. A programação de cinema de viagens passa pelo olhar de António Mega Ferreira, por onde passam filmes como Fitzcarraldo, de Werner Herzog, e Diários de Motocicleta, de Walter Salles. Diogo Infante declama, com acompanhamento de João Gil, a Ode Marítima, os embaixadores António Monteiro, Francisco Seixas da Costa e Marcello Mathias em conferência debatem A Viagem dos Portugueses cinco séculos depois: Ásia, Brasil, África, António Fonseca partilha o 3º Canto dos Lusíadas na Biblioteca Joanina, Gonçalo Cadilhe em workshop sobre escrita de viagens. Registam-se ainda as presenças dos escritores Almeida Faria, Gonçalo M.Tavares e Inês Pedrosa, ao passo que o Trio Laura Baptista vai tornar melhores os finais de tarde a bordo do barco Basófias e José Avillez e Miguel Vieira vão apimentar e rechear de sabores o Festival das Artes. Destaque ainda para a homenagem ao músico português que estreou o Anfiteatro Colina Camões e marcou o Festival das Artes: Bernardo Sassetti. De 13 a 29 de Julho em Coimbra.
terça-feira, 19 de junho de 2012
Resultados da auditoria ao sistema de audiências de televisão
Da newsletter Briefing de hoje, retiro a seguinte informação sobre a auditoria ao sistema de medição de audiências da CAEM: "O relatório preliminar da auditoria efetuada pela consultora PwC ao sistema de audimetria da CAEM não assinala questões que possam pôr em causa o contrato celebrado com a GfK". O relatório fez uma análise exaustiva dos aspetos relativos ao sistema de audimetria mas não produz uma conclusão definitiva.
A newsletter da Briefing continua assim: "A consultora PwC enuncia um vasto conjunto de questões, desde o establishment survey, ponto de partida para a criação da amostra de telespetadores, até às condições de segurança das instalações onde os dados são guardados. O relatório preliminar valida ainda os aspetos metodológicos relacionados com a instalação do painel e analisa a infraestrutura técnica do sistema, nomeadamente testando o limiar da perda de som e da falta de matching, aspetos suscitados publicamente nas primeiras semanas de funcionamento do novo sistema. É ainda referenciada a existência de indicadores de audiência de canais que não estão disponíveis free to air em boxes instaladas em lares que declararam não deter TV por subscrição. Os técnicos da PwC fizeram ainda um levantamento de riscos relacionados com a segurança do sistema. O relatório preliminar, sendo muito exaustivo na identificação das questões relacionadas com a prestação de serviços da GfK e, inclusivamente, com as convenções definidas no seio da CAEM, omite, no entanto, qualquer referência à eventualidade de os procedimentos adotados poderem pôr em causa a fiabilidade do sistema de audimetria. A apresentação foi feita na segunda-feira à CAEM, a entidade autorreguladora que agrupa as televisões, as agências de meios e os anunciantes".
Esperam-se comentários oficiais a este relatório.
A newsletter da Briefing continua assim: "A consultora PwC enuncia um vasto conjunto de questões, desde o establishment survey, ponto de partida para a criação da amostra de telespetadores, até às condições de segurança das instalações onde os dados são guardados. O relatório preliminar valida ainda os aspetos metodológicos relacionados com a instalação do painel e analisa a infraestrutura técnica do sistema, nomeadamente testando o limiar da perda de som e da falta de matching, aspetos suscitados publicamente nas primeiras semanas de funcionamento do novo sistema. É ainda referenciada a existência de indicadores de audiência de canais que não estão disponíveis free to air em boxes instaladas em lares que declararam não deter TV por subscrição. Os técnicos da PwC fizeram ainda um levantamento de riscos relacionados com a segurança do sistema. O relatório preliminar, sendo muito exaustivo na identificação das questões relacionadas com a prestação de serviços da GfK e, inclusivamente, com as convenções definidas no seio da CAEM, omite, no entanto, qualquer referência à eventualidade de os procedimentos adotados poderem pôr em causa a fiabilidade do sistema de audimetria. A apresentação foi feita na segunda-feira à CAEM, a entidade autorreguladora que agrupa as televisões, as agências de meios e os anunciantes".
Esperam-se comentários oficiais a este relatório.
segunda-feira, 18 de junho de 2012
Os Dias dos Media
A coordenação de Os Dias dos Media - Uma Análise de Estruturas Organizativas (2012, Universidade Católica Editora, 176 páginas, apoio do Gabinete para os Meios de Comunicação Social) é minha, mas conta com capítulos escritos por mestres em ciências da Comunicação da Universidade Católica que eu orientei ou coorientei, o que me dá muita alegria.
Assim, Rute Caldeira escreveu sobre o Gatekeeping na editoria de agenda de um canal de televisão, Bernardo Mata sobre Jornalismo desportivo: relacionamento entre jornalistas e fontes, Isabel Campos sobre Os textos de moda da Máxima online, Melissa Marques sobre Jornalismo online: novas formas de contar "estórias", Sara Vidal sobre Estações de televisão na internet, Ana Rita Nascimento sobre Rádio Renascença e Rádio Sim: estratégias de programação e Ana Luísa Branco sobre A Floribella aos olhos das crianças: diferenças de género. O texto de introdução pertence-me. Além de mim, os trabalhos dos alunos - agora em versão reduzida e adaptada para a edição do livro - foram orientados pelos meus colegas Fernando Cascais, Verónica Policarpo, José Lopes Araújo e Nelson Ribeiro.
Do começo da introdução, retiro as seguintes palavras: "O livro agora presente dá conta da análise interior às empresas de media, às suas estruturas, modos de produzir e programar. Cobre os principais media, da imprensa e da rádio à televisão e à internet. São capítulos escritos individualmente por investigadores no final do mestrado em Ciências da Comunicação para obtenção do grau académico".
Assim, Rute Caldeira escreveu sobre o Gatekeeping na editoria de agenda de um canal de televisão, Bernardo Mata sobre Jornalismo desportivo: relacionamento entre jornalistas e fontes, Isabel Campos sobre Os textos de moda da Máxima online, Melissa Marques sobre Jornalismo online: novas formas de contar "estórias", Sara Vidal sobre Estações de televisão na internet, Ana Rita Nascimento sobre Rádio Renascença e Rádio Sim: estratégias de programação e Ana Luísa Branco sobre A Floribella aos olhos das crianças: diferenças de género. O texto de introdução pertence-me. Além de mim, os trabalhos dos alunos - agora em versão reduzida e adaptada para a edição do livro - foram orientados pelos meus colegas Fernando Cascais, Verónica Policarpo, José Lopes Araújo e Nelson Ribeiro.
Do começo da introdução, retiro as seguintes palavras: "O livro agora presente dá conta da análise interior às empresas de media, às suas estruturas, modos de produzir e programar. Cobre os principais media, da imprensa e da rádio à televisão e à internet. São capítulos escritos individualmente por investigadores no final do mestrado em Ciências da Comunicação para obtenção do grau académico".
V Feira Medieval
23 e 24 de Junho em Linda-a-Velha, no Jardim das Amendoeiras do Palácio dos Aciprestes. Propõe fazer-se uma recriação histórica em volta de 1384 e de um dia na vida de Antão Vasques de Almada, com trajes à época. Algumas atividades previstas: demonstração de mesteres e profissões de então, jogos medievais, rábulas, tiro com arco e workshop de catapultas.
Teatro
O Doente Imaginário foi a última peça escrita por Molière. Ele já estava muito doente, pois morreu poucos dias depois da peça se estrear (fevereiro de 1673). Mas o papel que desempenhou na peça, Argão, mostrava um falso doente de uma grande vitalidade, que desdenhava da medicina de então, baseada no preconceito e ideias falsas e desvalorizando descobertas como a circulação sanguínea.
Falso doente, Argão (Jorge Pinto) quer ter o médico sempre perto dele e entende que a filha deve casar com o filho do médico, médico também. Mas este é um pobre coitado, que decorou e decorou uma série de coisas que mais não servem do que perpetuar preconceitos e ideias falsas, uma retórica oca. Claro que Angélica (Vânia Mendes) tem outras pretensões e di-lo ao pai e à madrasta, que queria ficar com o dinheiro do velho tonto imaginariamente doente. No quadro complexo da história, a criada Tonieta é um furacão, procurando fazer ver ao senhor o ridículo das situações. Por isso, Emília Silvestre, que desempenha o papel de Tonieta, enche o palco todo com as suas capacidades de atriz. Encenação de Rogério de Carvalho, no Teatro Nacional de S. João (Porto) até 1 de julho.
quarta-feira, 13 de junho de 2012
Futebol
O futebol é um fenómeno de massas com épocas e rituais próprios. O campeonato nacional de equipas decorre em simultâneo um campeonato europeu das melhores equipas, a que se sucede um campeonato europeu ou mundial de países. Ao longo da vida, recordo-me de vitórias e derrotas, de maiores sucessos ou maiores insucessos. A televisão transformou o modo como nós vemos esse jogo, com coreografias específicas que a montagem ou a ligação de várias câmaras permite, do mesmo modo que a rádio fizera uma estética particular, em que o modo de relatar e de transmitir o golo foi um código lentamente elaborado até ficar património coletivo de algumas gerações.
O atual ciclo é o do Europeu, iniciado no final da semana passada. Do consumo no lar passou-se para o ecrã gigante na rua. Que eu saiba, em Lisboa, há um ecrã gigante a funcionar no Campo Pequeno (dentro da praça multiusos, outrora apenas arena de touros) e fora, ao passo que no Porto há uma tela gigante na Praça D. João I. Multidões juntam-se para ver Portugal jogar, habilmente aproveitado por uma empresa de cervejas. Aos anunciantes diretos na rádio, cuja publicidade era lida pelo relatador, sucederam-se os clips ou cartões de televisão. Hoje, há mais plataformas, que trazem anunciantes de uma só marca e que vivem do consumo imediato.
Cria-se um novo património coletivo, em que a partilha da "comunidade imaginada" (Benedict Anderson) aparece ancorada a um consumo determinado [imagens de P. C., feitas no Campo Pequeno, aqui em Lisboa, a partir de telemóvel].
O atual ciclo é o do Europeu, iniciado no final da semana passada. Do consumo no lar passou-se para o ecrã gigante na rua. Que eu saiba, em Lisboa, há um ecrã gigante a funcionar no Campo Pequeno (dentro da praça multiusos, outrora apenas arena de touros) e fora, ao passo que no Porto há uma tela gigante na Praça D. João I. Multidões juntam-se para ver Portugal jogar, habilmente aproveitado por uma empresa de cervejas. Aos anunciantes diretos na rádio, cuja publicidade era lida pelo relatador, sucederam-se os clips ou cartões de televisão. Hoje, há mais plataformas, que trazem anunciantes de uma só marca e que vivem do consumo imediato.
Cria-se um novo património coletivo, em que a partilha da "comunidade imaginada" (Benedict Anderson) aparece ancorada a um consumo determinado [imagens de P. C., feitas no Campo Pequeno, aqui em Lisboa, a partir de telemóvel].
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