ELE HÁ PÁGINAS FELIZES
As páginas do Público de domingo e segunda-feira estavam toldadas de escuro, a propósito do previsível "não" francês à Constituição Europeia. Mas, dentro, havia páginas muito felizes. A 15 de domingo e as 6 e 7 de segunda-feira.
Passo a explicar. No domingo, lia-se o par ideal Mário Mesquita e Ana Sá Lopes (pela ordem de leitura da esquerda para a direita). Aliás, os dois já assinaram juntos, há ainda pouco tempo, um texto - um governo só de mulheres para Portugal. Mesquita, no seu agradável estilo, escreveu agora sobre Ricoeur, de modo lúcido e profundo de quem conhece bem do que fala. Trata-se de um trabalho para guardar. Por seu lado, Sá Lopes, em estilo dominical liberto de pressões do tempo de fecho, desta feita sem a volúvel Vanessa mas com um adepto de futebol, foi à feira do livro. Não conto a história - quem quiser que compre o jornal e a leia.
Na segunda-feira, Eduardo Prado Coelho falava do serviço público de televisão, a propósito do jogo de domingo, género "E você, Jorginho, o que é que pensa [...] fazer aquele que vai ser o seu último jogo pelo Setúbal"? Parecia um respeitável chefe de família a dissecar a realidade banal da televisão do dia-a-dia - e que eu partilho nesse ponto de vista. Ao lado, em tom também sério mas interrogativo, Fernando Ilharco publicava um dos seus melhores textos: "Marcados por uma cultura electrónica de intenso envolvimento sensorial, os mais novos quando iniciam o ensino obrigatório levam para a escola a disponibilidade para se envolverem participativa e totalmente. E, estrutural e fundamentalmente, o que faz a escola? Como tecnologia mais avançada da era do alfabeto fonético, a escola obviamente rejeita aquela disponibilidade". Vislumbro ali decisões a tomar por um jovem pai.
Glosa crua
Mas havia outra pérola, na página 6 do jornal de ontem, numa carta ao director, a de Carlos J. F. Sampaio. O título, possivelmente colocado pelo jornal, é Informação limitada, muita ou demais? Não maço os meus leitores com a carta toda, mas o aperitivo é excelente: "É frequente ouvirmos dizer que vivemos numa sociedade «mediatizada», em que os media têm um enorme poder, que condicionam fortemente a informação que nos chega e, consequentemente, a nossa visão do mundo. Embora, em parte, isso seja verdade, acho que essa perspectiva deve ser um pouco matizada". O texto pode ser lido na totalidade no blogue de Carlos Sampaio, Glosa Crua.
Ora, quem é este Carlos Sampaio, que já nos brindou recentemente com uma carta sobre a linguagem adolescente nos blogues (também editada no Público), e que eu aqui destaquei? Autor do blogue acima indicado, engenheiro electrotécnico oriundo do Grande Porto, tem exercido a sua actividade profissional em Singapura, Argentina, Hong Kong, Índia, Bélgica, Brasil, Magreb e outras partes do mundo. Habituado a ver o país "de fora para dentro e de dentro para fora" (80% do seu trabalho, disse-me, é exterior a Portugal), no seu blogue escreve sobre livros, que "sempre foram uma parte importante da minha vida. A minha vivência de contacto com o exterior e a minha actividade profissional criaram-me a apetência para e a necessidade de acompanhar o que se passa um pouco por todo o lado. Num dia «normal» visito aí uns oito a nove jornais de cinco ou seis países". Há, nele também, uma vontade de intervenção cívica, cuja sequência lógica é o blogue.
O meu obrigado ao jornal Público por ter dado a conhecer, se não um escritor, alguém que reflecte a realidade da comunicação dos dias que correm, sem o aparato académico de muitos de nós, que inibe o diálogo com os outros. Ele há páginas felizes.
Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
terça-feira, 31 de maio de 2005
INDÚSTRIAS CULTURAIS - III
[continuação da mensagem de 30 de Maio]
Indústrias culturais e desmaterialização
Outro texto é o da Comissão Inter-Ministerial para o Audiovisual (1997), que parte da concepção de que, num contexto de convergência tecnológica, a progressiva desmaterialização dos processos de produção e a crescente inter-operacionalidade dos suportes provocados pelo digital vão desmaterializando os próprios circuitos de distribuição, dando forma física ao produto final apenas quando este chega ao consumidor.
Os autores do relatório entendem que, enquanto a sociedade industrial se baseia na produção em massa de produtos, a sociedade da informação gira em torno da reprodução em massa de conteúdos. O elemento chave do novo sistema económico é o produtor/editor que precisa ter a capacidade para seleccionar os projectos apropriados e uma infra-estrutura de distribuição que assegure a sua efectiva comercialização. Os passos fundamentais na comercialização de qualquer tipo de conteúdo são comparáveis aos de qualquer outro produto: design, produção, distribuição, comércio e consumo. Cada passo na cadeia de valor constitui-se como um mercado próprio, com um comprador e um vendedor específicos, culminando no consumidor final (confrontar com esquema da Andersen, no final da mensagem).
O relatório considera ainda a convergência crescente. Num futuro próximo, todos os conteúdos originais serão produzidos e copiados num formato digital, transmitidos através de cabos digitais e recebidos por computadores. Continuarão a existir formatos tradicionais, como o cinema, livros, jornais, mas uma crescente proporção das receitas de cada media será originada através de canais digitais. Isto implicará a existência de impérios, que sustentem uma lógica de mercado assente na interdependência dos sectores das indústrias culturais e de conteúdos.
Cidade e cultura
Dentro da perspectiva da América latina sobre indústrias culturais, Hamilton Faria (2003) desenvolve uma perspectiva da cultura urbana e entrosamento com as culturas populares, tradicionais e de rua, num país de rico simbolismo cultural como o Brasil. Para o autor, a cultura está para além do mundo artístico/actividade cultural especializada. Ele escreve sobre cultura como arte, pensamento, imaginário, valores – o sentido mais amplo da palavra. Ao falar em cultura fala de acontecimento cultural da sociedade. A cultura apresenta-se como uma dimensão da realidade e não como um cenário onde se movem actores e vivências sociais significativas. Faria refere constantemente cultura e cidade. Para ele, o acto de criar é o fundador da cultura, responsável pela riqueza cultural da sociedade. Mas apenas algumas manifestações adquirem este estatuto, em especial as legitimadas pelo mercado e pela indústria cultural. Como os processos criativos são, muitas vezes, lentos e sem resultados imediatos, são necessários critérios para obtenção de resultados. Um é o mapeamento cultural (da cidade): a visibilidade da produção (local) (Faria, 2003: 36). Outro instrumento é dado pelos indicadores culturais. Faria reflecte sobre a identidade na gestão cultural, em políticas culturais como novas saídas para as artes, no papel do público: (1) para além do consumidor-produto-espectador, (2) passa para criação/fruição-processo-participação (Faria, 2003: 38).
Nas grandes cidades, há uma nova sociabilidade, devido a multiplicidade étnica, de manifestações criativas, identidades de novos países (em emergência), que desconstrói muitos dos padrões anteriores de sociabilidade (Faria, 2003: 39-40). Não há uma universalidade mas diferenças e identidades distintas. E as leis culturais têm de seguir estas novas dimensões de cultura urbana. Para Faria, sem negar os templos culturais – o centro cultural, a casa da cultura, o museu, a escola, a biblioteca, o teatro, lugares já consagrados do acontecimento cultural –, as políticas culturais devem olhar para as gentes e procurar propostas de realização próximas delas. Surge a ideia de descentralizar. Que não é desconcentrar equipamentos e espalhá-los pela periferia, apenas. Descentralizar é fortalecer actores culturais autónomos; confiar na sua capacidade criativa e estimular a participação.
Cadeia de valor das indústrias culturais (ou do audiovisual)
A Arthur Andersen (2002) desenvolveu um modelo de cadeia de valor das indústrias culturais (ou de audiovisual), constituído por oito elementos, agrupados em três conjuntos. Estes são: 1) produtores de conteúdo – a) direitos de autor; b) produtores de conteúdo; c) direitos dos distribuidores; 2) programadores – a) programadores; b) agregadores; 3) difusores – a) redes; b) fornecedores de acesso; c) vendedores de equipamentos. Nada é dito quanto à recepção, elemento primordial em toda a cadeia de valor. Por isso, construi um modelo simples, que contempla esta vertente:
[nota: tópicos dados em aula de Análise das indústrias culturais e de conteúdos em Portugal, no mestrado de Ciências da Comunicação da Universidade Católica Portuguesa, em Novembro de 2002]
Leituras:
Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1985). Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor
Arthur Andersen (2002). Outlook of the development of technologies and markets for the European Audio-visual sector up to 2010. União Europeia (versão online)
Jesús Martín-Barbero (1997). Dos meios às mediações. Rio de Janeiro: UFRJ
Walter Benjamin (1936/1985). "A obra de arte na era da sua reprodução técnica". In Eduardo Geada (org.) Estéticas do cinema. Lisboa: D. Quixote
Enrique Bustamante (2002). Comunicación y cultura en la era digital. Industrias, mercados y diversidad en España. Barcelona: Gedisa
Néstor Garcia Canclini (1980). A socialização da arte. São Paulo: Cultrix
Roberto Carneiro (coord.) (2000). As indústrias de conteúdos culturais em Portugal. Lisboa: Forum M (CD-ROM)
Hamilton Faria (2003). "Políticas públicas de cultura e desenvolvimento humano nas cidades". In Leonardo Brant (org.) Políticas culturais, vol. 1. S. Paulo: Manole
Isabel Ferin (2002). Comunicação e culturas do quotidiano. Lisboa: Quimera
Ministério da Cultura (1997). Relatório da Comissão Inter-Ministerial para o Audiovisual. Lisboa: Ministério da Cultura
Maria Lurdes Lima Santos Lima (coord.) (1998). As políticas culturais em Portugal. Lisboa: Observatório das Actividades Culturais
Maria Lurdes Lima Santos (1999). "Indústrias culturais: especificidades e precariedades". OBS, 5: 2-6
Armand Mattelart e Michèle Mattelart (1997). História das teorias da comunicação. Porto: Campo das Letras
Ramón Zallo (1992). El mercado de la cultura. Donostia: Tercera Prensa
[continuação da mensagem de 30 de Maio]
Indústrias culturais e desmaterialização
Outro texto é o da Comissão Inter-Ministerial para o Audiovisual (1997), que parte da concepção de que, num contexto de convergência tecnológica, a progressiva desmaterialização dos processos de produção e a crescente inter-operacionalidade dos suportes provocados pelo digital vão desmaterializando os próprios circuitos de distribuição, dando forma física ao produto final apenas quando este chega ao consumidor.
Os autores do relatório entendem que, enquanto a sociedade industrial se baseia na produção em massa de produtos, a sociedade da informação gira em torno da reprodução em massa de conteúdos. O elemento chave do novo sistema económico é o produtor/editor que precisa ter a capacidade para seleccionar os projectos apropriados e uma infra-estrutura de distribuição que assegure a sua efectiva comercialização. Os passos fundamentais na comercialização de qualquer tipo de conteúdo são comparáveis aos de qualquer outro produto: design, produção, distribuição, comércio e consumo. Cada passo na cadeia de valor constitui-se como um mercado próprio, com um comprador e um vendedor específicos, culminando no consumidor final (confrontar com esquema da Andersen, no final da mensagem).
O relatório considera ainda a convergência crescente. Num futuro próximo, todos os conteúdos originais serão produzidos e copiados num formato digital, transmitidos através de cabos digitais e recebidos por computadores. Continuarão a existir formatos tradicionais, como o cinema, livros, jornais, mas uma crescente proporção das receitas de cada media será originada através de canais digitais. Isto implicará a existência de impérios, que sustentem uma lógica de mercado assente na interdependência dos sectores das indústrias culturais e de conteúdos.
Cidade e cultura
Dentro da perspectiva da América latina sobre indústrias culturais, Hamilton Faria (2003) desenvolve uma perspectiva da cultura urbana e entrosamento com as culturas populares, tradicionais e de rua, num país de rico simbolismo cultural como o Brasil. Para o autor, a cultura está para além do mundo artístico/actividade cultural especializada. Ele escreve sobre cultura como arte, pensamento, imaginário, valores – o sentido mais amplo da palavra. Ao falar em cultura fala de acontecimento cultural da sociedade. A cultura apresenta-se como uma dimensão da realidade e não como um cenário onde se movem actores e vivências sociais significativas. Faria refere constantemente cultura e cidade. Para ele, o acto de criar é o fundador da cultura, responsável pela riqueza cultural da sociedade. Mas apenas algumas manifestações adquirem este estatuto, em especial as legitimadas pelo mercado e pela indústria cultural. Como os processos criativos são, muitas vezes, lentos e sem resultados imediatos, são necessários critérios para obtenção de resultados. Um é o mapeamento cultural (da cidade): a visibilidade da produção (local) (Faria, 2003: 36). Outro instrumento é dado pelos indicadores culturais. Faria reflecte sobre a identidade na gestão cultural, em políticas culturais como novas saídas para as artes, no papel do público: (1) para além do consumidor-produto-espectador, (2) passa para criação/fruição-processo-participação (Faria, 2003: 38).
Nas grandes cidades, há uma nova sociabilidade, devido a multiplicidade étnica, de manifestações criativas, identidades de novos países (em emergência), que desconstrói muitos dos padrões anteriores de sociabilidade (Faria, 2003: 39-40). Não há uma universalidade mas diferenças e identidades distintas. E as leis culturais têm de seguir estas novas dimensões de cultura urbana. Para Faria, sem negar os templos culturais – o centro cultural, a casa da cultura, o museu, a escola, a biblioteca, o teatro, lugares já consagrados do acontecimento cultural –, as políticas culturais devem olhar para as gentes e procurar propostas de realização próximas delas. Surge a ideia de descentralizar. Que não é desconcentrar equipamentos e espalhá-los pela periferia, apenas. Descentralizar é fortalecer actores culturais autónomos; confiar na sua capacidade criativa e estimular a participação.
Cadeia de valor das indústrias culturais (ou do audiovisual)
A Arthur Andersen (2002) desenvolveu um modelo de cadeia de valor das indústrias culturais (ou de audiovisual), constituído por oito elementos, agrupados em três conjuntos. Estes são: 1) produtores de conteúdo – a) direitos de autor; b) produtores de conteúdo; c) direitos dos distribuidores; 2) programadores – a) programadores; b) agregadores; 3) difusores – a) redes; b) fornecedores de acesso; c) vendedores de equipamentos. Nada é dito quanto à recepção, elemento primordial em toda a cadeia de valor. Por isso, construi um modelo simples, que contempla esta vertente:
[nota: tópicos dados em aula de Análise das indústrias culturais e de conteúdos em Portugal, no mestrado de Ciências da Comunicação da Universidade Católica Portuguesa, em Novembro de 2002]
Leituras:
Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1985). Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor
Arthur Andersen (2002). Outlook of the development of technologies and markets for the European Audio-visual sector up to 2010. União Europeia (versão online)
Jesús Martín-Barbero (1997). Dos meios às mediações. Rio de Janeiro: UFRJ
Walter Benjamin (1936/1985). "A obra de arte na era da sua reprodução técnica". In Eduardo Geada (org.) Estéticas do cinema. Lisboa: D. Quixote
Enrique Bustamante (2002). Comunicación y cultura en la era digital. Industrias, mercados y diversidad en España. Barcelona: Gedisa
Néstor Garcia Canclini (1980). A socialização da arte. São Paulo: Cultrix
Roberto Carneiro (coord.) (2000). As indústrias de conteúdos culturais em Portugal. Lisboa: Forum M (CD-ROM)
Hamilton Faria (2003). "Políticas públicas de cultura e desenvolvimento humano nas cidades". In Leonardo Brant (org.) Políticas culturais, vol. 1. S. Paulo: Manole
Isabel Ferin (2002). Comunicação e culturas do quotidiano. Lisboa: Quimera
Ministério da Cultura (1997). Relatório da Comissão Inter-Ministerial para o Audiovisual. Lisboa: Ministério da Cultura
Maria Lurdes Lima Santos Lima (coord.) (1998). As políticas culturais em Portugal. Lisboa: Observatório das Actividades Culturais
Maria Lurdes Lima Santos (1999). "Indústrias culturais: especificidades e precariedades". OBS, 5: 2-6
Armand Mattelart e Michèle Mattelart (1997). História das teorias da comunicação. Porto: Campo das Letras
Ramón Zallo (1992). El mercado de la cultura. Donostia: Tercera Prensa
segunda-feira, 30 de maio de 2005
AUMENTOS DE VENDAS DE JORNAIS EM TODO O MUNDO, INCLUINDO PORTUGAL
Os jornais de hoje já dão conta dessa boa nova: a circulação de jornais aumentou bastante em todo o mundo no ano transacto, enquanto simultaneamente subiram os investimentos publicitários. Isto faz parte do relatório da World Association of Newspapers, divulgado em Seul, onde decorrem o 58º congresso mundial de jornais e o 12º fórum de editores. Assim, a circulação aumentou globalmente 2,1% em 2004, totalizando vendas diárias de 395 milhões de cópias. Quanto ao tráfego na internet (jornais online), a nível mundial, houve um aumento de 32% em 2004 e 350% nos últimos cinco anos.
Dos países europeus, retirando a Polónia que aumentou 15,21%, Portugal foi o país de maior crescimento nas vendas de jornais: 5,78%. Ao invés, países como Reino Unido (-4,43%), Dinamarca (-4,06%) e Alemanha (-2,11%) viram as vendas baixarem. Em termos do mercado de jornais gratuitos, há um verdadeiro fenómeno: em Espanha representam já 40% do mercado de jornais, em Itália 29% e em Portugal 25%.
Eu tenho reservas face aos números indicados para Portugal: a WAN já não divulgava dados do nosso país há anos, pelo que os valores de vendas e crescimento dos gratuitos devem ser lidos com cuidado.
Os jornais de hoje já dão conta dessa boa nova: a circulação de jornais aumentou bastante em todo o mundo no ano transacto, enquanto simultaneamente subiram os investimentos publicitários. Isto faz parte do relatório da World Association of Newspapers, divulgado em Seul, onde decorrem o 58º congresso mundial de jornais e o 12º fórum de editores. Assim, a circulação aumentou globalmente 2,1% em 2004, totalizando vendas diárias de 395 milhões de cópias. Quanto ao tráfego na internet (jornais online), a nível mundial, houve um aumento de 32% em 2004 e 350% nos últimos cinco anos.
Dos países europeus, retirando a Polónia que aumentou 15,21%, Portugal foi o país de maior crescimento nas vendas de jornais: 5,78%. Ao invés, países como Reino Unido (-4,43%), Dinamarca (-4,06%) e Alemanha (-2,11%) viram as vendas baixarem. Em termos do mercado de jornais gratuitos, há um verdadeiro fenómeno: em Espanha representam já 40% do mercado de jornais, em Itália 29% e em Portugal 25%.
Eu tenho reservas face aos números indicados para Portugal: a WAN já não divulgava dados do nosso país há anos, pelo que os valores de vendas e crescimento dos gratuitos devem ser lidos com cuidado.
INDÚSTRIAS CULTURAIS - II
[continuação do texto de 29 de Maio]
Em análise, proponho a leitura de vários textos sobre indústrias culturais. Um deles, voltado para o mercado – embora mantendo uma vertente cultural – é a do Forum M (Roberto Carneiro e colegas, 2000), em que as indústrias de conteúdo cultural se distinguem com base nestas definições: 1) cultura – património de símbolos, de códigos interpretativos e de modelos de relacionamento que representam o modo de ser de um povo (nação) e que foram sendo cristalizados como expressão decantada do seu drama de vida e das vicissitudes da sua história; 2) conteúdos culturais – expressão organizada das diversas perspectivas em que se desdobra a cultura tendo por finalidade a sua transmissão experiencial ou comunicação sistematizadas; 3) indústria de conteúdos culturais (ICC) – actividade centrada sobre empresas, mercados e clientes de conteúdos culturais, tendo por fundamento a sua transformação/difusão permanentes de modo a acrescentar-lhes valor e a criar utilidade económica.
Ao aceitar-se tal ponto de partida, ressalta que a própria existência das ICC postula uma relação económica de mercado nas transacções de bens culturais. A prevalência de factores intangíveis numa economia desmaterializada faz sobressair a importância da manipulação de símbolos nas cadeias de valor: o marketing, o branding, a gestão das relações de lealdade, o conceito de produto extensivo que incorpora serviços e satisfação do cliente, a competição dos call centres, a inteligência comunicacional. Os agentes económicos intervenientes nessa relação buscam a sustentabilidade nas leis do mercado e na esfera dos interesses empresariais predominantes.
Indústrias culturais e interrelacionamento
Já para Maria de Lourdes Lima dos Santos (1999), ela parte do princípio da necessidade de relacionar os processos de produção, distribuição e consumo de bens e serviços culturais das indústrias culturais com o sector clássico ou tradicional e o sector de vanguarda ou experimental. Ela define assim as indústrias culturais: "Quando os bens ou serviços culturais são produzidos, reproduzidos e difundidos segundo critérios comerciais e industriais, ou seja, quando se trata de uma produção em série, destinada ao mercado e orientada por estratégias de natureza prioritariamente económica. E o que cabe, concretamente, neste sector das indústrias culturais? Em geral, refere-se o cinema, o disco, o rádio, a televisão, mas também se avança a informática, a publicidade e o turismo, ou ainda, a organização de espectáculos e o comércio da arte" ("Arte e media: indústrias ou cultura". Sociologia, Problemas e Práticas, 1990, 8: 163-166.
Consideram-se três ordens de relação: (1) relação das indústrias da cultura com as outras indústrias, em que se entendem as indústrias da cultura como as actividades industriais que integram trabalho cultural ou artístico directamente nos seus produtos; (2) relação das indústrias culturais entre si, pois não constituem um conjunto homogéneo; (3) relação das indústrias culturais com outras formas culturais.
Quanto à primeira relação, das indústrias culturais com as outras indústrias, coexistem, a nível do processo produtivo, estruturas produtivas variadas, que vão do assalariamento à profissão liberal e pequena produção independente. A concentração do grande capital permite a existência de bolsas de produção independente. É o caso dos produtores independentes de cinema face às majors, em que o sucesso das inovações daqueles é apropriado por estas. A nível do produto, distingue-se entre mercadoria industrial e mercadoria cultural. Mesmo quando os produtos culturais são de grande reprodutibilidade e admitem uma economia de escala e de gama (filmes no cinema e que passam para a TV e o vídeo), o valor de uso da mercadoria cultural apresenta-se com um grande grau de incerteza de sucesso. A nível do mercado, regista-se um grau elevado de imprevisibilidade. Daí o uso de estratégias de promoção (star-system, recurso a mediadores culturais).
Segundo, na relação das indústrias culturais entre si, há dois universos distintos. O primeiro é o da criação, que mesmo sendo cada vez menos a obra de um só, permanece como lugar da relação única entre os criadores. O segundo é o dos meios de reprodução e de difusão. Por exemplo, a integração do trabalho cultural e artístico no processo produtivo industrial pode ser maior ou menor conforme a indústria cultural e o grau de reprodutibilidade.
Finalmente, na terceira ordem de relações, entre o sector das indústrias culturais e outros sectores culturais (clássico e experimental), delineiam-se duas premissas: (1) qualquer um dos sectores é tomado como um sistema complexo que integra elementos diversificados; (2) há permeabilidade entre os vários sectores, quer no plano da produção, quer no plano da distribuição e do consumo. Um exemplo de interdependência é o da relação entre espectáculo gravado e espectáculo ao vivo.
[continua]
[continuação do texto de 29 de Maio]
Em análise, proponho a leitura de vários textos sobre indústrias culturais. Um deles, voltado para o mercado – embora mantendo uma vertente cultural – é a do Forum M (Roberto Carneiro e colegas, 2000), em que as indústrias de conteúdo cultural se distinguem com base nestas definições: 1) cultura – património de símbolos, de códigos interpretativos e de modelos de relacionamento que representam o modo de ser de um povo (nação) e que foram sendo cristalizados como expressão decantada do seu drama de vida e das vicissitudes da sua história; 2) conteúdos culturais – expressão organizada das diversas perspectivas em que se desdobra a cultura tendo por finalidade a sua transmissão experiencial ou comunicação sistematizadas; 3) indústria de conteúdos culturais (ICC) – actividade centrada sobre empresas, mercados e clientes de conteúdos culturais, tendo por fundamento a sua transformação/difusão permanentes de modo a acrescentar-lhes valor e a criar utilidade económica.
Ao aceitar-se tal ponto de partida, ressalta que a própria existência das ICC postula uma relação económica de mercado nas transacções de bens culturais. A prevalência de factores intangíveis numa economia desmaterializada faz sobressair a importância da manipulação de símbolos nas cadeias de valor: o marketing, o branding, a gestão das relações de lealdade, o conceito de produto extensivo que incorpora serviços e satisfação do cliente, a competição dos call centres, a inteligência comunicacional. Os agentes económicos intervenientes nessa relação buscam a sustentabilidade nas leis do mercado e na esfera dos interesses empresariais predominantes.
Indústrias culturais e interrelacionamento
Já para Maria de Lourdes Lima dos Santos (1999), ela parte do princípio da necessidade de relacionar os processos de produção, distribuição e consumo de bens e serviços culturais das indústrias culturais com o sector clássico ou tradicional e o sector de vanguarda ou experimental. Ela define assim as indústrias culturais: "Quando os bens ou serviços culturais são produzidos, reproduzidos e difundidos segundo critérios comerciais e industriais, ou seja, quando se trata de uma produção em série, destinada ao mercado e orientada por estratégias de natureza prioritariamente económica. E o que cabe, concretamente, neste sector das indústrias culturais? Em geral, refere-se o cinema, o disco, o rádio, a televisão, mas também se avança a informática, a publicidade e o turismo, ou ainda, a organização de espectáculos e o comércio da arte" ("Arte e media: indústrias ou cultura". Sociologia, Problemas e Práticas, 1990, 8: 163-166.
Consideram-se três ordens de relação: (1) relação das indústrias da cultura com as outras indústrias, em que se entendem as indústrias da cultura como as actividades industriais que integram trabalho cultural ou artístico directamente nos seus produtos; (2) relação das indústrias culturais entre si, pois não constituem um conjunto homogéneo; (3) relação das indústrias culturais com outras formas culturais.
Quanto à primeira relação, das indústrias culturais com as outras indústrias, coexistem, a nível do processo produtivo, estruturas produtivas variadas, que vão do assalariamento à profissão liberal e pequena produção independente. A concentração do grande capital permite a existência de bolsas de produção independente. É o caso dos produtores independentes de cinema face às majors, em que o sucesso das inovações daqueles é apropriado por estas. A nível do produto, distingue-se entre mercadoria industrial e mercadoria cultural. Mesmo quando os produtos culturais são de grande reprodutibilidade e admitem uma economia de escala e de gama (filmes no cinema e que passam para a TV e o vídeo), o valor de uso da mercadoria cultural apresenta-se com um grande grau de incerteza de sucesso. A nível do mercado, regista-se um grau elevado de imprevisibilidade. Daí o uso de estratégias de promoção (star-system, recurso a mediadores culturais).
Segundo, na relação das indústrias culturais entre si, há dois universos distintos. O primeiro é o da criação, que mesmo sendo cada vez menos a obra de um só, permanece como lugar da relação única entre os criadores. O segundo é o dos meios de reprodução e de difusão. Por exemplo, a integração do trabalho cultural e artístico no processo produtivo industrial pode ser maior ou menor conforme a indústria cultural e o grau de reprodutibilidade.
Finalmente, na terceira ordem de relações, entre o sector das indústrias culturais e outros sectores culturais (clássico e experimental), delineiam-se duas premissas: (1) qualquer um dos sectores é tomado como um sistema complexo que integra elementos diversificados; (2) há permeabilidade entre os vários sectores, quer no plano da produção, quer no plano da distribuição e do consumo. Um exemplo de interdependência é o da relação entre espectáculo gravado e espectáculo ao vivo.
[continua]
domingo, 29 de maio de 2005
O COMPUTADOR NA REDACÇÃO DOS JORNAIS
Segundo post colocado por Juliana Iorio, do blogue Brasil X Portugal, foi defendida tese de mestrado de Elaine Javorski Souza, na Universidade Católica, sob o tema A introdução do computador na redacção dos jornais impressos: uma análise brasileira e portuguesa, no passado dia 20.
O "estudo além de analisar a evolução da escrita, passando por Gutenberg, pela máquina de escrever, até chegar ao computador, comparou, através da percepção dos próprios jornalistas, a mudança ocorrida ao longo dos anos nas redacções dos jornais Diário de Notícias (em Portugal) e Folha de São Paulo (no Brasil). A introdução das novas tecnologias, segundo a autora, mudou a forma de comunicar, acarretando, também, mudanças no comportamento e pensamento dos jornalistas". No entanto, «a chegada dessas tecnologias não alterou a essência do jornalismo, mas transformou a maneira de fazê-lo», concluiu Elaine Souza.
Segundo post colocado por Juliana Iorio, do blogue Brasil X Portugal, foi defendida tese de mestrado de Elaine Javorski Souza, na Universidade Católica, sob o tema A introdução do computador na redacção dos jornais impressos: uma análise brasileira e portuguesa, no passado dia 20.
O "estudo além de analisar a evolução da escrita, passando por Gutenberg, pela máquina de escrever, até chegar ao computador, comparou, através da percepção dos próprios jornalistas, a mudança ocorrida ao longo dos anos nas redacções dos jornais Diário de Notícias (em Portugal) e Folha de São Paulo (no Brasil). A introdução das novas tecnologias, segundo a autora, mudou a forma de comunicar, acarretando, também, mudanças no comportamento e pensamento dos jornalistas". No entanto, «a chegada dessas tecnologias não alterou a essência do jornalismo, mas transformou a maneira de fazê-lo», concluiu Elaine Souza.
Indústrias Culturais - I
Foi em meados dos anos 1940 que Adorno e Horkheimer, então a viver nos Estados Unidos, como exilados, criaram o conceito de indústria cultural. Os bens culturais inseriam-se numa lógica de produção industrial, logo como uma mercadoria igual a outras – seriação, padronização, divisão de trabalho. O padrão da criação artística é semelhante ao padrão de produção de um qualquer bem industrial.
A escola de Frankfurt, a que Adorno e Horkheimer estavam vinculados, partiu da concepção de formas e funções superiores de cultura, inerentes ao ritual e ao sagrado. No centro desta concepção encontra-se o conceito de obra de arte não reprodutível, possuidora de aura, valor cultural e autenticidade, o aqui e agora da obra de arte (Benjamin), peça única e de acesso difícil. Ora, com os seus objectivos de análise, a escola de Frankfurt ignorou a originalidade das culturas populares e a potencial identidade das culturas de massa [que autores da América latina redescobriram, como Néstor García Canclini (1980), Jesús Martín-Barbero (1997) e Hamilton Faria (2003)].
A concepção de Adorno e Horkheimer ignorou também o que reside atrás do princípio da reprodução, como Benjamin escreveu em A obra de arte na era da sua reprodução técnica (1985). Aqui, Benjamin mostra que a arte do cinema só se concebe no estádio da reprodução, da multiplicidade de cópias, tornando caduca a ideia de arte como peça única.
Nota acrescentada em 30 de Maio: sobre Theodor Adorno e indústria cultural (no singular) ver outros meus posts: 1) 27.2.2004 - a cultura da indústria; 2) 3.4.2004 - cultura e mercadoria; 3) 9.7.2004 - pensamento de Adorno; 4) 18.7.2004 - pensamento de Adorno (continuação).
sábado, 28 de maio de 2005
DIY
A partir de amanhã, o Público tem um novo suplemento, como já fiz eco ontem (imagem tirada de um mupi). É o Kulto (assim mesmo, com k). O que nos diz o encarte que cobria parcialmente o jornal? Trata-se de "uma revista de 16 páginas produzida pelo Estado de Sítio [será este o endereço da empresa que a produz?] para o Público, direccionada para jovens de ambos os sexos, dos 7 aos 13 anos". Promete não usar linguagem cifrada e alarga-se ao suporte blogue, estando disponível 24 horas por dia, com interactividade de conteúdos e possibilitando a publicação de textos e imagens enviadas pelos leitores(as). O sítio é Kulto, alojado na Blogger.com.
De blogues falou-se ontem no DNA, em troca de correspondência entre Edson Athayde, o brasileiro da publicidade e que aderiu também aos blogues, e o director do suplemento do Diário de Notícias, Pedro Rolo Duarte. Retenho umas frases da carta deste último: "Escrevi então o meu modesto artigo defendendo esta tese: os blogues deviam ser «reservados» aos que não têm voz na comunicação social, e só. Os outros, os que podem publicar, os que são ouvidos, os que têm voz activa, deveriam abster-se deste universo - porque ele se transforma, naturalmente, num puro exercício de vaidade, ou num caixote do lixo das coisas que não querem publicar nos media «tradicionais»". Contudo, revela o mesmo cronista, passada a euforia dos blogues, mudou de ideias e até se tornou adepto do conceito: "Os blogues tornaram-se tão banais quanto essenciais. Na semana passada [a data da carta de Rolo Duarte é de 20 de Maio] houve uma manchete do Diário de Notícias feita a partir de um blogue".
Destas leituras, retiro duas ou três ideias. A primeira é que, crescentemente, as figuras públicas usam os blogues. Athayde usa-o para uma questão simples: aloja os seus textos já publicados, tornando-os acessíveis a quem os procura. Depois, à banalização associa-se uma curiosidade dos media tradicionais, levando-os também à adesão, caso do Público (Kulto), como meio de captar públicos fãs da internet e das suas variadas formas. O problema 16-25 (idades pouco sensíveis à leitura de jornais de papel, mau grado o recente êxito dos jornais gratuitos) desloca-se para montante: o Público quer captar leitores de uma faixa etária mais jovem. Uma terceira ideia é a da comercialização de um produto em cima de uma tecnologia não paga até hoje. Reforçando a ideia: o objectivo do Público é conquistar leitores, vender mais. A Blogger.com tem disponibilizado o serviço gratuitamente. Eticamente isto é correcto? Ou o jornal tem um acordo com a Blogger.com para ter mais facilidades gráficas, espaço, maior interactividade que o simples comentário e paga por isso?
Claro que o blogue se parece cada vez mais diy (do it yourself) [em português seria fvm - faça você mesmo]. Diy porque não há hierarquias, não há regras como horário, dimensão ou tema do post. Pode apresentar-se um texto longo e aborrecido como curto e bem escrito, em linguagem literária ou cifrada, com imagens ou sem elas ou apenas com elas. Um cidadão anónimo pode coexistir, em termos de publicitação nesta esfera, com um conceituado especialista. Pode dizer coisas sérias ou simples anormalidades. E nem precisa de se deslocar à Ikea ou a outra loja para trazer as peças e montar o equipamento em casa. Basta estar em casa ou num sítio de acesso à internet sem fios. Diy mais democrático não há. Por isso, temos aí uma grande adesão, quer se tenha um ideal ou se escrevam tagarelices ou se persigam valores comerciais. O que, eventualmente, poderá dificultar uma mudança de filosofia e obrigar a pagar o serviço.
A partir de amanhã, o Público tem um novo suplemento, como já fiz eco ontem (imagem tirada de um mupi). É o Kulto (assim mesmo, com k). O que nos diz o encarte que cobria parcialmente o jornal? Trata-se de "uma revista de 16 páginas produzida pelo Estado de Sítio [será este o endereço da empresa que a produz?] para o Público, direccionada para jovens de ambos os sexos, dos 7 aos 13 anos". Promete não usar linguagem cifrada e alarga-se ao suporte blogue, estando disponível 24 horas por dia, com interactividade de conteúdos e possibilitando a publicação de textos e imagens enviadas pelos leitores(as). O sítio é Kulto, alojado na Blogger.com.
De blogues falou-se ontem no DNA, em troca de correspondência entre Edson Athayde, o brasileiro da publicidade e que aderiu também aos blogues, e o director do suplemento do Diário de Notícias, Pedro Rolo Duarte. Retenho umas frases da carta deste último: "Escrevi então o meu modesto artigo defendendo esta tese: os blogues deviam ser «reservados» aos que não têm voz na comunicação social, e só. Os outros, os que podem publicar, os que são ouvidos, os que têm voz activa, deveriam abster-se deste universo - porque ele se transforma, naturalmente, num puro exercício de vaidade, ou num caixote do lixo das coisas que não querem publicar nos media «tradicionais»". Contudo, revela o mesmo cronista, passada a euforia dos blogues, mudou de ideias e até se tornou adepto do conceito: "Os blogues tornaram-se tão banais quanto essenciais. Na semana passada [a data da carta de Rolo Duarte é de 20 de Maio] houve uma manchete do Diário de Notícias feita a partir de um blogue".
Destas leituras, retiro duas ou três ideias. A primeira é que, crescentemente, as figuras públicas usam os blogues. Athayde usa-o para uma questão simples: aloja os seus textos já publicados, tornando-os acessíveis a quem os procura. Depois, à banalização associa-se uma curiosidade dos media tradicionais, levando-os também à adesão, caso do Público (Kulto), como meio de captar públicos fãs da internet e das suas variadas formas. O problema 16-25 (idades pouco sensíveis à leitura de jornais de papel, mau grado o recente êxito dos jornais gratuitos) desloca-se para montante: o Público quer captar leitores de uma faixa etária mais jovem. Uma terceira ideia é a da comercialização de um produto em cima de uma tecnologia não paga até hoje. Reforçando a ideia: o objectivo do Público é conquistar leitores, vender mais. A Blogger.com tem disponibilizado o serviço gratuitamente. Eticamente isto é correcto? Ou o jornal tem um acordo com a Blogger.com para ter mais facilidades gráficas, espaço, maior interactividade que o simples comentário e paga por isso?
Claro que o blogue se parece cada vez mais diy (do it yourself) [em português seria fvm - faça você mesmo]. Diy porque não há hierarquias, não há regras como horário, dimensão ou tema do post. Pode apresentar-se um texto longo e aborrecido como curto e bem escrito, em linguagem literária ou cifrada, com imagens ou sem elas ou apenas com elas. Um cidadão anónimo pode coexistir, em termos de publicitação nesta esfera, com um conceituado especialista. Pode dizer coisas sérias ou simples anormalidades. E nem precisa de se deslocar à Ikea ou a outra loja para trazer as peças e montar o equipamento em casa. Basta estar em casa ou num sítio de acesso à internet sem fios. Diy mais democrático não há. Por isso, temos aí uma grande adesão, quer se tenha um ideal ou se escrevam tagarelices ou se persigam valores comerciais. O que, eventualmente, poderá dificultar uma mudança de filosofia e obrigar a pagar o serviço.
SOCIOLOGIA DO JORNALISMO
Espera-se para breve a tradução em português de um livro de Érik Neveu, originalmente chamado Sociologie du journalisme. Deixo aqui uma leitura que fiz ao livro quando ele surgiu.
Érik Neveu [imagem retirada do sítio Sciences Po Rennes], que explora as práticas do jornalismo dentro de um bem ancorado quadro sociológico, distingue as origens do jornalismo americano e francês. Enquanto o jornalismo americano assenta na recolha de informação, predominância do discurso da objectividade, atenção às informações económicas de mercado, estatuto da imprensa como actividade empresarial e jornalista como assalariado, o jornalismo francês começou a sua história sem jornalistas e relacionou-se com a actividade política.
Um dos conceitos centrais é o de campo jornalístico, marca do trabalho de Pierre Bourdieu. Para Neveu, pela noção de campo, o espaço do jornalismo apresenta-se como universo estruturado em oposições objectivas e subjectivas e relaciona-se com outros espaços sociais. Há três elementos fundamentais no campo jornalístico. O primeiro opõe jornais estabelecidos – que mobilizam recursos múltiplos: imagem, redes de fontes e especialistas, prestígio acumulado pelas tomadas de posição, exclusivos – a outsiders, que precisam de construir a sua própria imagem. No segundo princípio, separa especializações de estatuto nobre (política, economia, finanças) e outras (faits divers, desporto). O terceiro prende-se com a sociologia dos leitores.
A autonomia dos modelos profissionais conquistada no campo jornalístico aparece, hoje, posta em causa pelas lógicas do campo económico. Ao modelo ligado a valores de objectividade, rigor deontológico, distanciação crítica e de análise, sucedem-se outras referências, em que o profissional se mede pela capacidade de criar audiências, trabalhar em directo e se exprimir em linguagem emotiva ou sensacionalista.
Neveu analisa o poder dos jornalistas. Por ser capaz de hierarquizar e problematizar os acontecimentos e os enjeux em torno deles, atribui-se ao jornalista um poder desmesurado. Porém, este tem de ser visto como integrado numa rede de interdependências. E o autor estuda acentuadamente o fenómeno das revistas, que considera pertencente ao jornalismo de mercado. Caracteriza uma tipologia, em que o primeiro ponto é a prioridade dada às rubricas mais próprias para maximizar públicos, com a oferta de soft news e o declínio da cobertura de notícias do estrangeiro. O segundo ponto referencia a política de redução de custos: os meios noticiosos contratam jornalistas com estatuto e salários semelhantes aos estagiários e recorrem a serviços de agência. Se o terceiro ponto salienta a pressão dos serviços financeiros sobre a autonomia da redacção, o último destaca a dissolução da profissão jornalística num continuum de ofícios de comunicação, o media-worker.
O sociólogo tem ainda tempo de se debruçar sobre a escrita jornalística e o trabalho de investigação. Os "casos" (affaires) ou escândalos entraram no trabalho do jornalista como notícias de ocorrência sistemática. A investigação não significa apenas trabalho autónomo do jornalista mas também a revelação de documentos produzidos pelo Estado. Aqui, há uma transacção que convém a fontes com interesses na fuga e divulgação de segredos. Neveu refere o caso do sangue contaminado – escândalo que abalou o poder político francês no final dos anos 80 – como paradigma da desocultação da informação e do consequente jornalismo de investigação.
Érik Neveu é professor de ciências políticas no Institut d'Etudes Politiques, em Rennes, e director do Centre de Recherches Administratives e Politiques (unidade associada ao CNRS).
Leitura: Érik Neveu (2001). Sociologie du journalisme. Paris: La Découverte. 123 páginas (texto publicado na revista JJ – Jornalismo e Jornalistas, nº 9, Janeiro/Março 2002)
Espera-se para breve a tradução em português de um livro de Érik Neveu, originalmente chamado Sociologie du journalisme. Deixo aqui uma leitura que fiz ao livro quando ele surgiu.
Érik Neveu [imagem retirada do sítio Sciences Po Rennes], que explora as práticas do jornalismo dentro de um bem ancorado quadro sociológico, distingue as origens do jornalismo americano e francês. Enquanto o jornalismo americano assenta na recolha de informação, predominância do discurso da objectividade, atenção às informações económicas de mercado, estatuto da imprensa como actividade empresarial e jornalista como assalariado, o jornalismo francês começou a sua história sem jornalistas e relacionou-se com a actividade política.
Um dos conceitos centrais é o de campo jornalístico, marca do trabalho de Pierre Bourdieu. Para Neveu, pela noção de campo, o espaço do jornalismo apresenta-se como universo estruturado em oposições objectivas e subjectivas e relaciona-se com outros espaços sociais. Há três elementos fundamentais no campo jornalístico. O primeiro opõe jornais estabelecidos – que mobilizam recursos múltiplos: imagem, redes de fontes e especialistas, prestígio acumulado pelas tomadas de posição, exclusivos – a outsiders, que precisam de construir a sua própria imagem. No segundo princípio, separa especializações de estatuto nobre (política, economia, finanças) e outras (faits divers, desporto). O terceiro prende-se com a sociologia dos leitores.
A autonomia dos modelos profissionais conquistada no campo jornalístico aparece, hoje, posta em causa pelas lógicas do campo económico. Ao modelo ligado a valores de objectividade, rigor deontológico, distanciação crítica e de análise, sucedem-se outras referências, em que o profissional se mede pela capacidade de criar audiências, trabalhar em directo e se exprimir em linguagem emotiva ou sensacionalista.
Neveu analisa o poder dos jornalistas. Por ser capaz de hierarquizar e problematizar os acontecimentos e os enjeux em torno deles, atribui-se ao jornalista um poder desmesurado. Porém, este tem de ser visto como integrado numa rede de interdependências. E o autor estuda acentuadamente o fenómeno das revistas, que considera pertencente ao jornalismo de mercado. Caracteriza uma tipologia, em que o primeiro ponto é a prioridade dada às rubricas mais próprias para maximizar públicos, com a oferta de soft news e o declínio da cobertura de notícias do estrangeiro. O segundo ponto referencia a política de redução de custos: os meios noticiosos contratam jornalistas com estatuto e salários semelhantes aos estagiários e recorrem a serviços de agência. Se o terceiro ponto salienta a pressão dos serviços financeiros sobre a autonomia da redacção, o último destaca a dissolução da profissão jornalística num continuum de ofícios de comunicação, o media-worker.
O sociólogo tem ainda tempo de se debruçar sobre a escrita jornalística e o trabalho de investigação. Os "casos" (affaires) ou escândalos entraram no trabalho do jornalista como notícias de ocorrência sistemática. A investigação não significa apenas trabalho autónomo do jornalista mas também a revelação de documentos produzidos pelo Estado. Aqui, há uma transacção que convém a fontes com interesses na fuga e divulgação de segredos. Neveu refere o caso do sangue contaminado – escândalo que abalou o poder político francês no final dos anos 80 – como paradigma da desocultação da informação e do consequente jornalismo de investigação.
Érik Neveu é professor de ciências políticas no Institut d'Etudes Politiques, em Rennes, e director do Centre de Recherches Administratives e Politiques (unidade associada ao CNRS).
Leitura: Érik Neveu (2001). Sociologie du journalisme. Paris: La Découverte. 123 páginas (texto publicado na revista JJ – Jornalismo e Jornalistas, nº 9, Janeiro/Março 2002)
MUPIS
Campanhas de bebidas (Compal e Pepsi, entre outras), telecomunicações e entertenimento (Optimus, TV Cabo e Sapo) e teatro (A ópera dos 3 vinténs e Vincent) iluminam alguns dos mupis da Av. de Roma e do país. Fica o registo.
Para além das bebidas, tipo de produtos permanentemente publicitados, dada a imensidade de marcas e sabores, anoto neste período a presença de várias campanhas ligadas às telecomunicações e entretenimento. Assim, há a oferta de um pacote específico de canais pagos na televisão por cabo, o que aumenta a oferta mas torna mais dispendiosa a sua adesão, enquanto a Optimus lança serviços dentro da terceira geração de telemóveis, associando-se à MSN, líder de comunicação síncrona de mensagens na internet, e a Sapo publicita uma maior velocidade no acesso à internet. Finalmente, há o anúncio a duas peças de teatro, embora em número reduzido de mupis. A publicidade à peça Vincent existe também em cartazes colados em paredes.
Campanhas de bebidas (Compal e Pepsi, entre outras), telecomunicações e entertenimento (Optimus, TV Cabo e Sapo) e teatro (A ópera dos 3 vinténs e Vincent) iluminam alguns dos mupis da Av. de Roma e do país. Fica o registo.
Para além das bebidas, tipo de produtos permanentemente publicitados, dada a imensidade de marcas e sabores, anoto neste período a presença de várias campanhas ligadas às telecomunicações e entretenimento. Assim, há a oferta de um pacote específico de canais pagos na televisão por cabo, o que aumenta a oferta mas torna mais dispendiosa a sua adesão, enquanto a Optimus lança serviços dentro da terceira geração de telemóveis, associando-se à MSN, líder de comunicação síncrona de mensagens na internet, e a Sapo publicita uma maior velocidade no acesso à internet. Finalmente, há o anúncio a duas peças de teatro, embora em número reduzido de mupis. A publicidade à peça Vincent existe também em cartazes colados em paredes.
sexta-feira, 27 de maio de 2005
NOVIDADES DOS JORNAIS DE REFERÊNCIA
O Público vai ter uma nova revista, Kulto, a partir de domingo. O Diário de Notícias arranca com a colecção BD Jazz, surgindo quase em simultâneo com a do Público. O marketing atento não consegue prever as jogadas da concorrência. Perguntas: haverá muita gente a comprar estes coleccionáveis todos? Não estará a esgotar-se este modelo que se estende aos países da Europa do sul (França, Espanha e Portugal)? Sabe-se que a colecção de livros "Mil Folhas" foi um êxito, mas a "Enciclopédia" lançada pelo mesmo jornal não seguiu o mesmo caminho. E se tinha qualidade a colecção de discos e livros de fados ainda do Público, com textos de Rui Vieira Nery, não sei os resultados. Gostaria de saber números.
O Público vai ter uma nova revista, Kulto, a partir de domingo. O Diário de Notícias arranca com a colecção BD Jazz, surgindo quase em simultâneo com a do Público. O marketing atento não consegue prever as jogadas da concorrência. Perguntas: haverá muita gente a comprar estes coleccionáveis todos? Não estará a esgotar-se este modelo que se estende aos países da Europa do sul (França, Espanha e Portugal)? Sabe-se que a colecção de livros "Mil Folhas" foi um êxito, mas a "Enciclopédia" lançada pelo mesmo jornal não seguiu o mesmo caminho. E se tinha qualidade a colecção de discos e livros de fados ainda do Público, com textos de Rui Vieira Nery, não sei os resultados. Gostaria de saber números.
SOBRE A COMUNICAÇÃO
A comunicação existe no centro da vida diária. De tão habitual nem damos pela sua importância. Falamos, ouvimos, escrevemos, seguimos os sinais de trânsito, empregamos gestos. Lemos notícias nos jornais, na televisão, nos painéis de rua. Usamos correio electrónico para o envio e recepção de mensagens; trocamos mensagens no telemóvel em linguagem simplificada. O nosso mundo está saturado de mensagens.
Dos transportes à comunicação
Comunicar significa, etimologicamente, tornar comum, isto é, a partilha de opiniões ou ideias, o diálogo, a troca de informações. Houve formas primitivas de comunicação. Por exemplo, o estafeta, mensageiro a pé ou cavalo. Ou ainda a cadeia de transmissores acústicos, que levam a mensagem através da voz, do grito ou por outro meio sonoro, como o tambor africano. São também os casos do telégrafo óptico, utilizado pelos romanos, com a sua rede de “torres de fogo”, ou dos sinais de fumo dos índios norte-americanos. Em 1794, Claude Chappe retomaria a telegrafia visual, reduzindo o tempo de transmissão de uma mensagem: na linha de Paris a Toulon, de vários dias para 20 minutos. Os grandes inconvenientes do sistema de Chappe residiam no recurso a transmissores humanos (fontes de erro na identificação e transmissão de sinais) e na fraca capacidade de utilização em tempo (cerca de seis horas diárias e somente em dias de sol).
O transporte de informação a grandes distâncias e em boas condições de comunicação apenas se tornará possível graças à utilização da energia eléctrica. Esta pode transformar-se noutros tipos de energia: as mensagens eléctricas convertem-se em sinais ópticos, acústicos ou mecânicos. O telégrafo de Chappe é suplantado pelo telégrafo eléctrico de Samuel Morse (1844). A partir de 1874, Émile Baudot aperfeiçoa um sistema que permite enviar textos a partir do alfabeto – aproximava-se o nascimento do telex. Dois anos mais tarde, em 1876, Bell profere as primeiras frases a partir do seu telefone.
No início do século XX, com a melhor qualidade dos condutores (e a gradual atenuação de perdas de energia), a utilização de retransmissores-amplificadores, de cabos coaxiais e de sistemas de comutação, as telecomunicações crescem de importância. A aplicação dos feixes hertzianos permite às comunicações libertarem-se do condutor eléctrico: Guglielmo Marconi, aproveitando as investigações de outros cientistas, fez funcionar, em 1897, o primeiro telégrafo sem fios.
O aparecimento de válvulas electrónicas (o díodo em 1904 e o tríodo em 1907) permitiu a sua aplicação à telefonia e, desde 1913, tornou-se possível a retransmissão de música. Por seu turno, Vladimir K. Zworykin, culminando longas investigações, aplica o tubo de raios catódicos ao sistema de transmissão radioeléctrica. Chegava a vez da televisão [a última imagem da série representa o dia de inauguração do serviço telefónico no Porto, estação instalada na rua Ferreira Borges, a 1 de Julho de 1882].
Leitura: Rogério Santos (1992). História das telecomunicações em Portugal (1877-1990). Contributos para a sua compreensão. Lisboa: TLP, pp. 7-8
A comunicação existe no centro da vida diária. De tão habitual nem damos pela sua importância. Falamos, ouvimos, escrevemos, seguimos os sinais de trânsito, empregamos gestos. Lemos notícias nos jornais, na televisão, nos painéis de rua. Usamos correio electrónico para o envio e recepção de mensagens; trocamos mensagens no telemóvel em linguagem simplificada. O nosso mundo está saturado de mensagens.
Dos transportes à comunicação
Comunicar significa, etimologicamente, tornar comum, isto é, a partilha de opiniões ou ideias, o diálogo, a troca de informações. Houve formas primitivas de comunicação. Por exemplo, o estafeta, mensageiro a pé ou cavalo. Ou ainda a cadeia de transmissores acústicos, que levam a mensagem através da voz, do grito ou por outro meio sonoro, como o tambor africano. São também os casos do telégrafo óptico, utilizado pelos romanos, com a sua rede de “torres de fogo”, ou dos sinais de fumo dos índios norte-americanos. Em 1794, Claude Chappe retomaria a telegrafia visual, reduzindo o tempo de transmissão de uma mensagem: na linha de Paris a Toulon, de vários dias para 20 minutos. Os grandes inconvenientes do sistema de Chappe residiam no recurso a transmissores humanos (fontes de erro na identificação e transmissão de sinais) e na fraca capacidade de utilização em tempo (cerca de seis horas diárias e somente em dias de sol).
O transporte de informação a grandes distâncias e em boas condições de comunicação apenas se tornará possível graças à utilização da energia eléctrica. Esta pode transformar-se noutros tipos de energia: as mensagens eléctricas convertem-se em sinais ópticos, acústicos ou mecânicos. O telégrafo de Chappe é suplantado pelo telégrafo eléctrico de Samuel Morse (1844). A partir de 1874, Émile Baudot aperfeiçoa um sistema que permite enviar textos a partir do alfabeto – aproximava-se o nascimento do telex. Dois anos mais tarde, em 1876, Bell profere as primeiras frases a partir do seu telefone.
No início do século XX, com a melhor qualidade dos condutores (e a gradual atenuação de perdas de energia), a utilização de retransmissores-amplificadores, de cabos coaxiais e de sistemas de comutação, as telecomunicações crescem de importância. A aplicação dos feixes hertzianos permite às comunicações libertarem-se do condutor eléctrico: Guglielmo Marconi, aproveitando as investigações de outros cientistas, fez funcionar, em 1897, o primeiro telégrafo sem fios.
O aparecimento de válvulas electrónicas (o díodo em 1904 e o tríodo em 1907) permitiu a sua aplicação à telefonia e, desde 1913, tornou-se possível a retransmissão de música. Por seu turno, Vladimir K. Zworykin, culminando longas investigações, aplica o tubo de raios catódicos ao sistema de transmissão radioeléctrica. Chegava a vez da televisão [a última imagem da série representa o dia de inauguração do serviço telefónico no Porto, estação instalada na rua Ferreira Borges, a 1 de Julho de 1882].
Leitura: Rogério Santos (1992). História das telecomunicações em Portugal (1877-1990). Contributos para a sua compreensão. Lisboa: TLP, pp. 7-8
UMA BOA COMPANHIA
A Sports America, revista onde Dan trabalha (Dennis Quaid), foi comprada por um grupo económico de telecomunicações. Dan perde a posição de director de publicidade, agora ocupada por um jovem muito ambicioso, Tom (Topher Grace). No final da história, os papéis invertem-se, com Tom despedido e Dan a readquirir o seu estatuto. Isto enquanto Tom se divorciava e apaixonava pela filha de Dan, Alex (Scarlett Johansson). Esta escuta-o mas entende estar ele ainda na ressaca de um casamento frustrado, pelo que se afasta e se concentra a estudar na universidade, para onde entrara recentemente. No filme, contracena também Marg Helgenberger (conhecida por participar na série televisiva CSI, Crime Scene Investigation), no papel de mulher de Dan. O filme é dirigido por Paul Weitz [imagem retirada do sítio In Good Company].
O filme Uma boa companhia assenta numa história de como se arranja e perde emprego nos Estados Unidos. Ela gira em torno de duas gerações, uma que está a perder o poder e a mais nova que aspira a controlá-lo, hesitando em desperdiçar ou não os valores e os conhecimentos da anterior. Outra das histórias do filme fala-nos de um certo contraste entre a vida na cidade e nos arredores e de valores antigos a preservar. No fundo, trata-se de uma comédia que faz pensar na função profissional que cada um de nós desempenha, sujeita à crescente precariedade das relações laborais.
Observação: no dia 25, tinha colocado um post sobre um departamento de estudos de mercado (Nestlé). No filme Uma boa companhia, apesar do núcleo ficcional se centrar na relação de poder entre pessoas e não dentro da profissão em si, é possível acrescentar alguns elementos de análise à área de publicidade, marketing e vendas de uma empresa. As relações pessoais e profissionais representam um elemento crucial para o bom desempenho - ou, como se diz agora, para as boas práticas.
A Sports America, revista onde Dan trabalha (Dennis Quaid), foi comprada por um grupo económico de telecomunicações. Dan perde a posição de director de publicidade, agora ocupada por um jovem muito ambicioso, Tom (Topher Grace). No final da história, os papéis invertem-se, com Tom despedido e Dan a readquirir o seu estatuto. Isto enquanto Tom se divorciava e apaixonava pela filha de Dan, Alex (Scarlett Johansson). Esta escuta-o mas entende estar ele ainda na ressaca de um casamento frustrado, pelo que se afasta e se concentra a estudar na universidade, para onde entrara recentemente. No filme, contracena também Marg Helgenberger (conhecida por participar na série televisiva CSI, Crime Scene Investigation), no papel de mulher de Dan. O filme é dirigido por Paul Weitz [imagem retirada do sítio In Good Company].
O filme Uma boa companhia assenta numa história de como se arranja e perde emprego nos Estados Unidos. Ela gira em torno de duas gerações, uma que está a perder o poder e a mais nova que aspira a controlá-lo, hesitando em desperdiçar ou não os valores e os conhecimentos da anterior. Outra das histórias do filme fala-nos de um certo contraste entre a vida na cidade e nos arredores e de valores antigos a preservar. No fundo, trata-se de uma comédia que faz pensar na função profissional que cada um de nós desempenha, sujeita à crescente precariedade das relações laborais.
Observação: no dia 25, tinha colocado um post sobre um departamento de estudos de mercado (Nestlé). No filme Uma boa companhia, apesar do núcleo ficcional se centrar na relação de poder entre pessoas e não dentro da profissão em si, é possível acrescentar alguns elementos de análise à área de publicidade, marketing e vendas de uma empresa. As relações pessoais e profissionais representam um elemento crucial para o bom desempenho - ou, como se diz agora, para as boas práticas.
quinta-feira, 26 de maio de 2005
A CONSOLA PARECE ESTAR A GANHAR AO COMPUTADOR O LAZER ELECTRÓNICO
O El Pais de hoje, no seu caderno dedicado à informática e em peça assinada por Pep Sánchez, dá conta do aumento de vendas de consolas relativamente aos computadores no mercado de videojogos. Assim, nos Estados Unidos, em cada segundo vendem-se oito videojogos, segundo relatório apresentado na feira dedicada ao entretenimento electrónico realizada a semana passada em Los Angeles. O volume facturado em vendas de software (excluindo hardware/consolas) ascendeu em 2004 a 7300 milhões de dólares apenas nos Estados Unidos. Por seu turno, a nova consola portátil Nintendo DS foi adquirida por mais de um milhão de jogadores quando a máquina se lançou no mercado norte-americano o ano passado. Como comparação, o iPod da Apple precisou de 19 meses para chegar ao mesmo valor de vendas.
A indústria de videojogos está a perder o lado infantil - até porque as crianças que os jogavam cresceram e tornam-se lentamente adultos - e a ganhar culto familiar. O artigo que venho a citar, de Pep Sánchez, refere que em 2004 foram vendidos 7,5 milhões de jogos para computador (facturação: 1100 milhões de dólares, menos 100 milhões que em 2003), enquanto se venderam 160,7 milhões de unidades de jogos para consolas (facturação: 5200 milhões de dólares). Os jogos, muito devido às consolas portáteis da Sony Play Station Portable e da Nintendo DS, atingiram 42,3 milhões de unidades (facturação: mil milhões de dólares). O passo seguinte é tornar o videojogo o centro do lazer digital e electrónico. Algumas empresas anunciam para breve novas consolas: Microsoft (Xbox 360) para Novembro, Sony (PlayStation 3) para a Primavera de 2006 e Nintendo (Revolution) para igual período do próximo ano.
O El Pais de hoje, no seu caderno dedicado à informática e em peça assinada por Pep Sánchez, dá conta do aumento de vendas de consolas relativamente aos computadores no mercado de videojogos. Assim, nos Estados Unidos, em cada segundo vendem-se oito videojogos, segundo relatório apresentado na feira dedicada ao entretenimento electrónico realizada a semana passada em Los Angeles. O volume facturado em vendas de software (excluindo hardware/consolas) ascendeu em 2004 a 7300 milhões de dólares apenas nos Estados Unidos. Por seu turno, a nova consola portátil Nintendo DS foi adquirida por mais de um milhão de jogadores quando a máquina se lançou no mercado norte-americano o ano passado. Como comparação, o iPod da Apple precisou de 19 meses para chegar ao mesmo valor de vendas.
A indústria de videojogos está a perder o lado infantil - até porque as crianças que os jogavam cresceram e tornam-se lentamente adultos - e a ganhar culto familiar. O artigo que venho a citar, de Pep Sánchez, refere que em 2004 foram vendidos 7,5 milhões de jogos para computador (facturação: 1100 milhões de dólares, menos 100 milhões que em 2003), enquanto se venderam 160,7 milhões de unidades de jogos para consolas (facturação: 5200 milhões de dólares). Os jogos, muito devido às consolas portáteis da Sony Play Station Portable e da Nintendo DS, atingiram 42,3 milhões de unidades (facturação: mil milhões de dólares). O passo seguinte é tornar o videojogo o centro do lazer digital e electrónico. Algumas empresas anunciam para breve novas consolas: Microsoft (Xbox 360) para Novembro, Sony (PlayStation 3) para a Primavera de 2006 e Nintendo (Revolution) para igual período do próximo ano.
CONSUMO DE PRODUTOS CULTURAIS
Os consumos de produtos culturais têm sido alvo de investigações, algumas delas baseadas em preferências sobre um conjunto de elementos (por exemplo: géneros musicais) ou em comportamentos (por exemplo: assistência a concertos ao vivo ou aquisição de discos), segundo López e García (2002: 20), texto que acompanho nesta mensagem. Podem relacionar-se consumos com classes cultas ou populares, classificação que apresenta alguma arbitrariedade na sua construção, enquanto os dados reflectem preferências e não comportamentos reais. Uma das investigações citadas no livro referido trabalha quatro variáveis culturais latentes: produtos cultos, populares, tempo livre e musicais. Outra pesquisa, de âmbito sociológico, também aponta quatro variáveis: 1) conjunto amplo de práticas culturais, 2) comportamento real não baseado em preferências manifestas ou grupo socioeconómico, 3) assegurar o modo como se influenciam e mudam no tempo a classificação cultural e a estratificação, e 4) aplicar eventualmente o conceito de omnívoro a quem consome muitos produtos culturais [imagem retirada de trabalho académico de Joana Pinto no mestrado de Ciências da Comunicação da UCP].
Ao aplicarem tais conceitos ao consumo de artes cénicas e musicais, López e García (2002: 23) tiveram em conta a posição social dos consumidores e de espaço estrutural a partir de diversos indicadores dessa posição social, o interesse diversificado dos consumidores pelos vários géneros dramáticos e musicais, o nível de equipamento audiovisual e o grau de inovação.
Os autores atribuiram quatro designações ao consumo de produtos culturais nas artes do espectáculo e da música, como se pode ver no interior do quadro existente ao lado: 1) esporádico, devido a um padrão de consumo com escassa probabilidade em assistir a eventos culturais, 2) popular, com grande probabilidade em ir ao teatro e a concertos de música pop e baixa probabilidade na frequência de concertos de jazz, 3) snob, com elevada probabilidade de assistir a concertos de música clássica e teatro, e 4) omnívoro, aquele que tem um elevado apetite pelo consumo de diferentes géneros culturais, tanto populares como cultos. Todo o trabalho de López e García (2002) se desenvolve em torno desta nomenclatura.
Leitura: López, Jordi, e Ercilia García (2002). El consumo de las artes escénicas y musicales en España. Madrid: Fundación Autor
Os consumos de produtos culturais têm sido alvo de investigações, algumas delas baseadas em preferências sobre um conjunto de elementos (por exemplo: géneros musicais) ou em comportamentos (por exemplo: assistência a concertos ao vivo ou aquisição de discos), segundo López e García (2002: 20), texto que acompanho nesta mensagem. Podem relacionar-se consumos com classes cultas ou populares, classificação que apresenta alguma arbitrariedade na sua construção, enquanto os dados reflectem preferências e não comportamentos reais. Uma das investigações citadas no livro referido trabalha quatro variáveis culturais latentes: produtos cultos, populares, tempo livre e musicais. Outra pesquisa, de âmbito sociológico, também aponta quatro variáveis: 1) conjunto amplo de práticas culturais, 2) comportamento real não baseado em preferências manifestas ou grupo socioeconómico, 3) assegurar o modo como se influenciam e mudam no tempo a classificação cultural e a estratificação, e 4) aplicar eventualmente o conceito de omnívoro a quem consome muitos produtos culturais [imagem retirada de trabalho académico de Joana Pinto no mestrado de Ciências da Comunicação da UCP].
Ao aplicarem tais conceitos ao consumo de artes cénicas e musicais, López e García (2002: 23) tiveram em conta a posição social dos consumidores e de espaço estrutural a partir de diversos indicadores dessa posição social, o interesse diversificado dos consumidores pelos vários géneros dramáticos e musicais, o nível de equipamento audiovisual e o grau de inovação.
Os autores atribuiram quatro designações ao consumo de produtos culturais nas artes do espectáculo e da música, como se pode ver no interior do quadro existente ao lado: 1) esporádico, devido a um padrão de consumo com escassa probabilidade em assistir a eventos culturais, 2) popular, com grande probabilidade em ir ao teatro e a concertos de música pop e baixa probabilidade na frequência de concertos de jazz, 3) snob, com elevada probabilidade de assistir a concertos de música clássica e teatro, e 4) omnívoro, aquele que tem um elevado apetite pelo consumo de diferentes géneros culturais, tanto populares como cultos. Todo o trabalho de López e García (2002) se desenvolve em torno desta nomenclatura.
Leitura: López, Jordi, e Ercilia García (2002). El consumo de las artes escénicas y musicales en España. Madrid: Fundación Autor
quarta-feira, 25 de maio de 2005
O FUNCIONAMENTO DE UM DEPARTAMENTO DE ESTUDOS DE MERCADO E A SUA RELAÇÃO COM UMA AGÊNCIA
A newsletter da Marktest.com publicou ontem um texto do presidente da Marktest, dr. Luís Queirós, que mostra como funcionava um departamento de estudos de mercado e a sua relação com uma agência. Embora inserido na homenagem a um membro destacado da agência AC Nielsen, considero o texto um documento de características históricas sobre o modo de actuar das empresas, numa altura em que a medição de audiências não tinha a sofisticação de hoje. Pedi autorização para inclusão do texto total e da imagem que acompanha a peça, e que vem a seguir [apenas compactei os parágrafos, para haver uma leitura mais simples no blogue]. Agradeço à Marktest e ao seu presidente. O título do texto, que pode ser lido no original no endereço acima assinalado, é Jorge Alves homenageado no Congresso da Apodemo.
"No início dos anos 70, quando comecei a trabalhar no departamento de Estudos de Mercado da Nestlé, as apresentações da AC Nielsen constituíam um ritual que se repetia de dois em dois meses. Eram calendarizadas com boa antecedência, confirmava-se a disponibilidade de todos de forma a que ninguém pudesse faltar.
"Jorge Alves, director da Nielsen, muito pontual, chegava sempre antes da hora da apresentação carregando um retroprojector de acetatos, um ecrã e uma grande pasta. Os especialistas de produto cedo tomavam o seu lugar e, aproveitando a presença de uma fonte de informação sempre actualizada, iam comentando descontraidamente as últimas do mercado, da política ou do social. Quando chegava o director comercial, (o imponente Lemos, o beijoqueiro Mieville ou o versátil Nuno do Carmo) punha-se um ar mais sério e entrava-se propriamente na matéria do dia.
"Para quebrar a rotina dos quadros que se iam projectando, o Jorge Alves apresentava sempre umas análises especiais, feitas a caneta de feltro sobre os acetatos, sempre muito comentadas, e das quais, no final, invariavelmente toda a gente requisitava fotocópias que a Maria Genoveva se encarregava de distribuir. Havia sempre lugar a um esclarecimento suplementar sobre «distribuição ponderada» que aquilo metia fórmulas, era conceito um pouco complicado de entender - uma coisa mais para os técnicos.
"O Sr. Cunha, que carregava nos çç e tinha vestígios de um sotaque abrasileirado, às vezes interrompia com um «Olha aí» e aproveitava para desenvolver elaborados raciocínios. O Sr. Vilan sofria muito com o share dos caldos Maggi, que não havia promoção «4x1» que fizesse subir dos 18%. A marca era a ovelha ranhosa duma empresa que liderava em todos os mercados - pudera, tirando a Knorr, a concorrência era frouxa, até se desdenhava dizendo que o cacau açucarado Coqui era fabricado numa garagem dentro de uma misturadora da construção civil... O Alberto Meirelles, com uma pose sempre aristocrática, invocava com gravidade a sua estadia em França ou a sua anterior experiência de estudos de mercado e punha sempre muito charme e muita graça nas suas intervenções.
"Acreditava-se muito nos resultados da Nielsen e arranjava-se justificação para tudo, mesmo para aquilo que não se podia justificar: falta de produto, acções da concorrência, pressões do fecho do mês... A distribuição dos produtos era elevada...e, muito confiante por ser o homem que trazia o dinheiro para a empresa, o António Martins, chefe de vendas, bem garantia: «O produto está lá, meus senhores», como que a dizer aos especialistas de produto: agora é a vossa vez de o fazer sair das prateleiras.
"Mesmo nos conturbados meses que se seguiram ao 25 de Abril, nada pacíficos dentro da Nielsen, não me recordo de uma única vez em que o Jorge Alves tenha chegado atrasado ou tenha cancelado uma reunião. Para nós, que nos anos setenta tivemos o privilégio de trabalhar em empresas internacionais, o prestígio da Nielsen esteve sempre associado à imagem, ao profissionalismo, ao rigor e à competência dos seu Director Geral. Jorge Alves foi acima de tudo aquilo que a palavra client service tem de melhor: um servidor de clientes. Pessoas como o Jorge são um grande exemplo que deve ser preservado e transmitido a todos os jovens que hoje iniciam a suas carreiras no marketing e nos estudos de mercado".
A newsletter da Marktest.com publicou ontem um texto do presidente da Marktest, dr. Luís Queirós, que mostra como funcionava um departamento de estudos de mercado e a sua relação com uma agência. Embora inserido na homenagem a um membro destacado da agência AC Nielsen, considero o texto um documento de características históricas sobre o modo de actuar das empresas, numa altura em que a medição de audiências não tinha a sofisticação de hoje. Pedi autorização para inclusão do texto total e da imagem que acompanha a peça, e que vem a seguir [apenas compactei os parágrafos, para haver uma leitura mais simples no blogue]. Agradeço à Marktest e ao seu presidente. O título do texto, que pode ser lido no original no endereço acima assinalado, é Jorge Alves homenageado no Congresso da Apodemo.
"No início dos anos 70, quando comecei a trabalhar no departamento de Estudos de Mercado da Nestlé, as apresentações da AC Nielsen constituíam um ritual que se repetia de dois em dois meses. Eram calendarizadas com boa antecedência, confirmava-se a disponibilidade de todos de forma a que ninguém pudesse faltar.
"Jorge Alves, director da Nielsen, muito pontual, chegava sempre antes da hora da apresentação carregando um retroprojector de acetatos, um ecrã e uma grande pasta. Os especialistas de produto cedo tomavam o seu lugar e, aproveitando a presença de uma fonte de informação sempre actualizada, iam comentando descontraidamente as últimas do mercado, da política ou do social. Quando chegava o director comercial, (o imponente Lemos, o beijoqueiro Mieville ou o versátil Nuno do Carmo) punha-se um ar mais sério e entrava-se propriamente na matéria do dia.
"Para quebrar a rotina dos quadros que se iam projectando, o Jorge Alves apresentava sempre umas análises especiais, feitas a caneta de feltro sobre os acetatos, sempre muito comentadas, e das quais, no final, invariavelmente toda a gente requisitava fotocópias que a Maria Genoveva se encarregava de distribuir. Havia sempre lugar a um esclarecimento suplementar sobre «distribuição ponderada» que aquilo metia fórmulas, era conceito um pouco complicado de entender - uma coisa mais para os técnicos.
"O Sr. Cunha, que carregava nos çç e tinha vestígios de um sotaque abrasileirado, às vezes interrompia com um «Olha aí» e aproveitava para desenvolver elaborados raciocínios. O Sr. Vilan sofria muito com o share dos caldos Maggi, que não havia promoção «4x1» que fizesse subir dos 18%. A marca era a ovelha ranhosa duma empresa que liderava em todos os mercados - pudera, tirando a Knorr, a concorrência era frouxa, até se desdenhava dizendo que o cacau açucarado Coqui era fabricado numa garagem dentro de uma misturadora da construção civil... O Alberto Meirelles, com uma pose sempre aristocrática, invocava com gravidade a sua estadia em França ou a sua anterior experiência de estudos de mercado e punha sempre muito charme e muita graça nas suas intervenções.
"Acreditava-se muito nos resultados da Nielsen e arranjava-se justificação para tudo, mesmo para aquilo que não se podia justificar: falta de produto, acções da concorrência, pressões do fecho do mês... A distribuição dos produtos era elevada...e, muito confiante por ser o homem que trazia o dinheiro para a empresa, o António Martins, chefe de vendas, bem garantia: «O produto está lá, meus senhores», como que a dizer aos especialistas de produto: agora é a vossa vez de o fazer sair das prateleiras.
"Mesmo nos conturbados meses que se seguiram ao 25 de Abril, nada pacíficos dentro da Nielsen, não me recordo de uma única vez em que o Jorge Alves tenha chegado atrasado ou tenha cancelado uma reunião. Para nós, que nos anos setenta tivemos o privilégio de trabalhar em empresas internacionais, o prestígio da Nielsen esteve sempre associado à imagem, ao profissionalismo, ao rigor e à competência dos seu Director Geral. Jorge Alves foi acima de tudo aquilo que a palavra client service tem de melhor: um servidor de clientes. Pessoas como o Jorge são um grande exemplo que deve ser preservado e transmitido a todos os jovens que hoje iniciam a suas carreiras no marketing e nos estudos de mercado".
terça-feira, 24 de maio de 2005
EDITADOS QUASE 17 MIL LIVROS EM PORTUGAL O ANO PASSADO
Ontem, coloquei uma mensagem com este título, que retirara do Diário Digital. Não indiquei completamente a origem da peça, a qual vinha no final (Diário Digital/Lusa).
Hoje recebi uma amável mensagem de Helena de Sousa Freitas, da Lusa, autora do texto de base à notícia do Diário Digital. Porque me parece útil, e dado que tinha levantado a questão, a informação prestada pela jornalista da agência noticiosa esclarece-me sobre o que eu procurava - que géneros literários subiram e desceram?
Assim, e de acordo com a "informação facultada à Lusa pela Biblioteca Nacional [,] permite ainda concluir que, de 2003 para 2004, se registou uma quebra de 41,3% nas obras de literatura portuguesa, com destaque para os volumes de correspondência (cuja publicação desceu 82,6 por cento), teatro (50,6 por cento) e poesia (45,5 por cento). Entre os géneros mais comuns, a quebra afectou ainda os ensaios literários (menos 45,2 por cento) e os livros de crónicas, memórias e similares (41,9 por cento), enquanto a ficção, apesar da baixa de 32,9 por cento, foi o género menos atingido".
Por outro lado - e ainda segundo a peça de Helena de Sousa Freitas -, "Maria Paula Andrade, inspectora da IGAC, revelou à Lusa que, de 2003 para 2004, foram registados mais seis romances (3,1 por cento), uma ligeira subida que não compensa as baixas de 28 volumes de teatro (29,5 por cento), 26 obras de poesia (7,9 por cento) e nove estudos (7,4 por cento)".
O meu obrigado!
Ontem, coloquei uma mensagem com este título, que retirara do Diário Digital. Não indiquei completamente a origem da peça, a qual vinha no final (Diário Digital/Lusa).
Hoje recebi uma amável mensagem de Helena de Sousa Freitas, da Lusa, autora do texto de base à notícia do Diário Digital. Porque me parece útil, e dado que tinha levantado a questão, a informação prestada pela jornalista da agência noticiosa esclarece-me sobre o que eu procurava - que géneros literários subiram e desceram?
Assim, e de acordo com a "informação facultada à Lusa pela Biblioteca Nacional [,] permite ainda concluir que, de 2003 para 2004, se registou uma quebra de 41,3% nas obras de literatura portuguesa, com destaque para os volumes de correspondência (cuja publicação desceu 82,6 por cento), teatro (50,6 por cento) e poesia (45,5 por cento). Entre os géneros mais comuns, a quebra afectou ainda os ensaios literários (menos 45,2 por cento) e os livros de crónicas, memórias e similares (41,9 por cento), enquanto a ficção, apesar da baixa de 32,9 por cento, foi o género menos atingido".
Por outro lado - e ainda segundo a peça de Helena de Sousa Freitas -, "Maria Paula Andrade, inspectora da IGAC, revelou à Lusa que, de 2003 para 2004, foram registados mais seis romances (3,1 por cento), uma ligeira subida que não compensa as baixas de 28 volumes de teatro (29,5 por cento), 26 obras de poesia (7,9 por cento) e nove estudos (7,4 por cento)".
O meu obrigado!
jLJCC'05 - 1ª JORNADAS DA LICENCIATURA EM JORNALISMO E CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO DA UNIVERSIDADE DO PORTO
O blogueiro não resistiu a não escrever hoje, conforme anotara ontem. Porque vim um pouco mais cedo do Porto que pensara anteriormente, deixo umas notas do que ouvi e participei nas jornadas da licenciatura em jornalismo e ciências da comunicação da Faculdade de Letras do Porto, a escola onde tirei a minha licenciatura [nota inserida em 25 de Maio, após um comentário, que agradeço: a licenciatura está articulada com quatro faculdades e não uma só: Letras, Engenharia, Belas Artes e Economia, todas da Universidade do Porto].
Retiro algumas notas do que disseram António Granado (Público) e Isabel Ferin (Universidade de Coimbra). O primeiro apresentou números sobre cursos, alunos e doutorados em ciências da comunicação (valores de 2003/2004). Assim, ele conclui existirem cerca de 40 cursos da área de comunicação e jornalismo em todo o país, com 2500 alunos a entrarem todos os anos (a partir de um total de 8 mil candidatos!). Por ano e pela primeira vez em todos os cursos, inscrevem-se 87781 alunos, sendo que 2,8% o são em ciências da comunicação. As escolas públicas têm um número de acesso fixado previamente: 75 vagas em 385 candidatos na Universidade do Porto, 51 em 639 na Universidade de Coimbra, 75 em 523 candidatos na Universidade Nova de Lisboa (exemplos).
Quanto a doutores na área, António Granado contabiliza 68 entre 1970 e 2003, sendo que 31 obtiveram o grau entre 2001 e 2003 (45,5% do total). Do número geral de 68, 20 foram obtidos no estrangeiro. 2/3 são homens, sendo a média actual de idades dos doutores 50,8 anos (em Portugal, os doutores fazem essa prova mais tarde que noutros países). Em termos de publicações no estrangeiro, o jornalista e professor universitário mostrou a existência de apenas seis artigos indexados no Social Science Citation Index, enquanto uma pesquisa feita por nomes dá apenas um português! Como notas suplementares desta radiografia, Granado aponta a discrepância entre os 0,58% de doutores em ciências da comunicação com os 2,8% de alunos de licenciatura (para haver comparação seriam precisos 245 doutores).
Também Isabel Ferin apontou caminhos para a investigação e internacionalização. Para ela, o ideal, a partir da declaração de Bolonha, o sistema 3+2+3 (três ciclos) será a fórmula mais aproximada com a Europa. Para o primeiro ciclo (licenciatura), a base deverá constituir-se por ciências sociais e humanas e novas tecnologias, com um leque de opções que permita ao aluno fazer um currículo do seu interesse. Ferin defende a necessidade imperiosa de funcionamento de laboratórios, na licenciatura como nos dois ciclos seguintes. Um segundo tópico defendido por esta professora da Universidade de Coimbra é o da criação de instituições de excelência, pelo que considera contra-senso o actual número de cursos [ela considera um número mais alto que o defendido por Granado]. Como solução, e sem ter falado explicitamente em fusão de cursos, entende a necessidade do estabelecimento de parcerias e consórcios capazes de optimizarem recursos humanos e técnicos.
A internacionalização do ensino, na docência como na discência, representou o terceiro tópico da sua comunicação. A aposta linguística, para além do inglês como língua franca, é o espanhol, devido ao mercado do país vizinho e da América Latina. Um quarto ponto consiste na diversificação de fontes de financiamento por parte dos centros de investigação. Para esta dirigente do CIMJ (Centro de Investigação Media e Jornalismo), é preciso a assinatura de protocolos com instituições em dois sentidos: investigação pura e investigação aplicada. Finalmente, defendeu o acesso à matéria-prima da informação, em bibliotecas, centros de documentação e acesso a dados (estatísticos, audiências) e a constituição de equipas interdisciplinares.
O blogueiro não resistiu a não escrever hoje, conforme anotara ontem. Porque vim um pouco mais cedo do Porto que pensara anteriormente, deixo umas notas do que ouvi e participei nas jornadas da licenciatura em jornalismo e ciências da comunicação da Faculdade de Letras do Porto, a escola onde tirei a minha licenciatura [nota inserida em 25 de Maio, após um comentário, que agradeço: a licenciatura está articulada com quatro faculdades e não uma só: Letras, Engenharia, Belas Artes e Economia, todas da Universidade do Porto].
Retiro algumas notas do que disseram António Granado (Público) e Isabel Ferin (Universidade de Coimbra). O primeiro apresentou números sobre cursos, alunos e doutorados em ciências da comunicação (valores de 2003/2004). Assim, ele conclui existirem cerca de 40 cursos da área de comunicação e jornalismo em todo o país, com 2500 alunos a entrarem todos os anos (a partir de um total de 8 mil candidatos!). Por ano e pela primeira vez em todos os cursos, inscrevem-se 87781 alunos, sendo que 2,8% o são em ciências da comunicação. As escolas públicas têm um número de acesso fixado previamente: 75 vagas em 385 candidatos na Universidade do Porto, 51 em 639 na Universidade de Coimbra, 75 em 523 candidatos na Universidade Nova de Lisboa (exemplos).
Quanto a doutores na área, António Granado contabiliza 68 entre 1970 e 2003, sendo que 31 obtiveram o grau entre 2001 e 2003 (45,5% do total). Do número geral de 68, 20 foram obtidos no estrangeiro. 2/3 são homens, sendo a média actual de idades dos doutores 50,8 anos (em Portugal, os doutores fazem essa prova mais tarde que noutros países). Em termos de publicações no estrangeiro, o jornalista e professor universitário mostrou a existência de apenas seis artigos indexados no Social Science Citation Index, enquanto uma pesquisa feita por nomes dá apenas um português! Como notas suplementares desta radiografia, Granado aponta a discrepância entre os 0,58% de doutores em ciências da comunicação com os 2,8% de alunos de licenciatura (para haver comparação seriam precisos 245 doutores).
Também Isabel Ferin apontou caminhos para a investigação e internacionalização. Para ela, o ideal, a partir da declaração de Bolonha, o sistema 3+2+3 (três ciclos) será a fórmula mais aproximada com a Europa. Para o primeiro ciclo (licenciatura), a base deverá constituir-se por ciências sociais e humanas e novas tecnologias, com um leque de opções que permita ao aluno fazer um currículo do seu interesse. Ferin defende a necessidade imperiosa de funcionamento de laboratórios, na licenciatura como nos dois ciclos seguintes. Um segundo tópico defendido por esta professora da Universidade de Coimbra é o da criação de instituições de excelência, pelo que considera contra-senso o actual número de cursos [ela considera um número mais alto que o defendido por Granado]. Como solução, e sem ter falado explicitamente em fusão de cursos, entende a necessidade do estabelecimento de parcerias e consórcios capazes de optimizarem recursos humanos e técnicos.
A internacionalização do ensino, na docência como na discência, representou o terceiro tópico da sua comunicação. A aposta linguística, para além do inglês como língua franca, é o espanhol, devido ao mercado do país vizinho e da América Latina. Um quarto ponto consiste na diversificação de fontes de financiamento por parte dos centros de investigação. Para esta dirigente do CIMJ (Centro de Investigação Media e Jornalismo), é preciso a assinatura de protocolos com instituições em dois sentidos: investigação pura e investigação aplicada. Finalmente, defendeu o acesso à matéria-prima da informação, em bibliotecas, centros de documentação e acesso a dados (estatísticos, audiências) e a constituição de equipas interdisciplinares.
segunda-feira, 23 de maio de 2005
NOTÍCIAS
1) Amanhã: descanso do blogueiro - O blogueiro não vai pôr posts amanhã. Estarei no Porto, em jornadas dedicadas aos media. Espero fazer comentários no dia seguinte.
2 )Um blogue novo a visitar - Trata-se do Glosa Crua. Tem reflexões serenas mas profundas sobre o mundo e os livros. A partir de Esposende, Carlos Sampaio já nos deliciou com uma carta de escrita tatuada, recentemente editada no Público (cartas ao director) e que eu aludi aqui.
3) Blogues no Porto - Parece-me que a iniciativa de Orlando Braga, do Letras com Garfos, em organizar uma reunião de comensais a 25 de Junho vai ser um enorme sucesso. A um mês de distância, já há 28 blogues inscritos e do almoço de Beja, este sábado passado, criou-se um consenso em "invadir" o Porto (ou melhor: Vila Nova de Gaia) para mais este convívio. O restaurante Tromba Rija - passe a publicidade - demonstrou estar à altura no ano passado, nessa memorável confraternização também organizada pelo Orlando. Eu também vou inscrever-me. E os amigos que me lêem, de que estão à espera?
4) 75 mil leitores - O I. C. alcançou, ontem, 75 mil leitores. Obrigado a todos!
1) Amanhã: descanso do blogueiro - O blogueiro não vai pôr posts amanhã. Estarei no Porto, em jornadas dedicadas aos media. Espero fazer comentários no dia seguinte.
2 )Um blogue novo a visitar - Trata-se do Glosa Crua. Tem reflexões serenas mas profundas sobre o mundo e os livros. A partir de Esposende, Carlos Sampaio já nos deliciou com uma carta de escrita tatuada, recentemente editada no Público (cartas ao director) e que eu aludi aqui.
3) Blogues no Porto - Parece-me que a iniciativa de Orlando Braga, do Letras com Garfos, em organizar uma reunião de comensais a 25 de Junho vai ser um enorme sucesso. A um mês de distância, já há 28 blogues inscritos e do almoço de Beja, este sábado passado, criou-se um consenso em "invadir" o Porto (ou melhor: Vila Nova de Gaia) para mais este convívio. O restaurante Tromba Rija - passe a publicidade - demonstrou estar à altura no ano passado, nessa memorável confraternização também organizada pelo Orlando. Eu também vou inscrever-me. E os amigos que me lêem, de que estão à espera?
4) 75 mil leitores - O I. C. alcançou, ontem, 75 mil leitores. Obrigado a todos!
LEITURAS DE HOJE
1) Blogues como instrumento de marketing directo
É o que escreve Dulce Furtado, no caderno de economia do Público. Retiro do texto o primeiro parágrafo: "Toda uma nova indústria de consultoria de marketing está a emergir por causa da proliferação dos web logs, com o propósito de guiar as empresas neste admirável - e espantoso - mundo novo, onde qualquer pessoa, com um computador e uma ligação à Internet, pode fazer-se ouvir perante enormes audiências".
Bastante mais à frente na peça, a jornalista fala da criação de dois blogues da Vespa, uma marca de motoretas, geridos por uma empresa de relações públicas e supervisionados por Steve Rubel, autor de um blogue que tem persuadido os clientes daquela empresa de relações públicas a aderirem à blogosfera. E mesmo o presidente da Associação Portuguesa de Marketing e director da revista Marketeer, Carlos Manuel de Oliveira, entende que os blogues podem ser "um elemento de comunicação que pode ser muito eficiente como forma de marketing directo".
Eu já tinha dado atenção a este fenómeno do marketing entrar nos blogues, prova do interesse da ferramenta. Não foi por acaso que a Google comprou a Blogger. Os meus colegas dos blogues dedicados ao jornalismo devem meditar neste tema. Há ainda os puristas, que vêem os blogues, como mais e melhor espaço público, e os que espreitam para fazer negócio. Há uma terceira corrente, a dos que escrevem coisas do seu agrado e se reúnem de quando em vez para almoçarem ou jantarem. Apesar de gostar mais da primeira corrente e não desdenhar da segunda, a terceira é muita gregária e dá a conhecer as pessoas que estão por detrás dos posts.
2) Editados quase 17 mil livros em Portugal o ano passado
É uma das notícias do Diário Digital: em média, são publicados dois livros por hora, o que perfaz 46 obras diárias, ou 16850 em todo o ano de 2004. Isto é: a edição subiu quase 50%, o maior aumento dos últimos anos, segundo a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros.
Os dados dos outros anos são: 11490 (2000), 11150 (2001), 11330 (2002) e 11440 (2003). A divulgação, feita por Isabel Carvalho, da APEL, entidade co-organizadora da feira do livro de Lisboa, regista-se poucos dias antes da abertura desta. Curiosamente, uma pesquisa que fiz na página da APEL deu-me a conhecer um estudo de Hábitos de Leitura 2004, onde se constata que 16% tinham declarado comprar livros em 2003 e 15% em 2004 e que "A maioria dos leitores declara ler livros não escolares nem técnicos mas os livros escolares, lidos por um quarto dos leitores, assumem muito maior importância no grupo etário 15-19 anos (85%) enquanto os livros técnicos são mais lidos por individuos dos 30 aos 44 anos". Isto é, o inquérito ao público revela uma descida de compra de livros, apesar desta incidir maioriamente em edições escolares.
Não me é possível fazer muitas extrapolações dos dados, além de frisar o facto de as declarações da responsável da APEL serem dadas dois dias antes da abertura da feira do livro e do jornalista considerar importante o valor-notícia do aumento das tiragens em livros. Mas nada nos diz de que tipos de livros estamos a falar: literatura light?, bandas desenhadas?, ciências sociais?
1) Blogues como instrumento de marketing directo
É o que escreve Dulce Furtado, no caderno de economia do Público. Retiro do texto o primeiro parágrafo: "Toda uma nova indústria de consultoria de marketing está a emergir por causa da proliferação dos web logs, com o propósito de guiar as empresas neste admirável - e espantoso - mundo novo, onde qualquer pessoa, com um computador e uma ligação à Internet, pode fazer-se ouvir perante enormes audiências".
Bastante mais à frente na peça, a jornalista fala da criação de dois blogues da Vespa, uma marca de motoretas, geridos por uma empresa de relações públicas e supervisionados por Steve Rubel, autor de um blogue que tem persuadido os clientes daquela empresa de relações públicas a aderirem à blogosfera. E mesmo o presidente da Associação Portuguesa de Marketing e director da revista Marketeer, Carlos Manuel de Oliveira, entende que os blogues podem ser "um elemento de comunicação que pode ser muito eficiente como forma de marketing directo".
Eu já tinha dado atenção a este fenómeno do marketing entrar nos blogues, prova do interesse da ferramenta. Não foi por acaso que a Google comprou a Blogger. Os meus colegas dos blogues dedicados ao jornalismo devem meditar neste tema. Há ainda os puristas, que vêem os blogues, como mais e melhor espaço público, e os que espreitam para fazer negócio. Há uma terceira corrente, a dos que escrevem coisas do seu agrado e se reúnem de quando em vez para almoçarem ou jantarem. Apesar de gostar mais da primeira corrente e não desdenhar da segunda, a terceira é muita gregária e dá a conhecer as pessoas que estão por detrás dos posts.
2) Editados quase 17 mil livros em Portugal o ano passado
É uma das notícias do Diário Digital: em média, são publicados dois livros por hora, o que perfaz 46 obras diárias, ou 16850 em todo o ano de 2004. Isto é: a edição subiu quase 50%, o maior aumento dos últimos anos, segundo a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros.
Os dados dos outros anos são: 11490 (2000), 11150 (2001), 11330 (2002) e 11440 (2003). A divulgação, feita por Isabel Carvalho, da APEL, entidade co-organizadora da feira do livro de Lisboa, regista-se poucos dias antes da abertura desta. Curiosamente, uma pesquisa que fiz na página da APEL deu-me a conhecer um estudo de Hábitos de Leitura 2004, onde se constata que 16% tinham declarado comprar livros em 2003 e 15% em 2004 e que "A maioria dos leitores declara ler livros não escolares nem técnicos mas os livros escolares, lidos por um quarto dos leitores, assumem muito maior importância no grupo etário 15-19 anos (85%) enquanto os livros técnicos são mais lidos por individuos dos 30 aos 44 anos". Isto é, o inquérito ao público revela uma descida de compra de livros, apesar desta incidir maioriamente em edições escolares.
Não me é possível fazer muitas extrapolações dos dados, além de frisar o facto de as declarações da responsável da APEL serem dadas dois dias antes da abertura da feira do livro e do jornalista considerar importante o valor-notícia do aumento das tiragens em livros. Mas nada nos diz de que tipos de livros estamos a falar: literatura light?, bandas desenhadas?, ciências sociais?
CIDADE CRIATIVA (III)
[continuação da mensagem de 19 de Maio]
c) Culturgest. Fica no edifício sede da Caixa Geral de Depósitos (CGD), num bairro antigo e rico de Lisboa, e com muito bons acessos: eixo Av. de Roma/Praça de Londres/Av. Guerra Junqueiro; Praça do Areeiro/Av. João XXI/‘Via Venetto’; Campo Pequeno/Palácio das Galveias, Av. República/Saldanha e S. João de Deus/Hotel Holliday Inn. Tem pólos universitários e de ensino superior (Universidade Nova de Lisboa e Instituto Superior de Formação Bancária) e perto de outra instituição cultural de grande prestígio (Gulbenkian).
Assim, a Culturgest insere-se: 1) num bairro criativo, 2) com ambientes diferentes estimulantes, 3) constituído por vários cenários, 4) e componentes culturais, que, 5) ao mesmo tempo, geram emprego.
d) Danças na cidade. Trata-se de uma associação cultural sem fins lucrativos que promove actividades e iniciativas para o desenvolvimento da dança contemporânea portuguesa no contexto internacional.
Podemos dividi-la em: 1) criação, cultura e tecnologia, com edição de vídeos e livros sobre dança e artes do espectáculo e edições online, 2) apoio à criação, em Portugal e no mundo, com cedência do estúdio de dança, co-produção de obras e organização de residências de formação. O Festival Danças na Cidade decorreu nos anos de 1993 a 1997, 1999, 2002 e 2004, em vários locais de Lisboa. Objectivo: espaço de encontro entre criadores nacionais e internacionais, pesquisa coreográfica, troca artística, com encomenda de novas peças, organização de workshops e seminários. Mais-valia: acontecimento que funciona como ponto de referência da dança portuguesa.
Análise SWOT
Dentro de uma análise SWOT (pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças) relativamente ao trabalho da turma, em especial o desempenho do professor, destaco os seguintes pontos:
I) Pontos fortes: 1) trabalho de conceitos como indústrias criativas, bairro criativo, cadeia de valor – embora ainda numa fase experimental, sem grande sedimentação empírica, 2) congregação de esforços da turma, 3) conjugação de saberes diversos: geografia, economia, cultura, antropologia, sociologia, história, 4) desenvolvimento de ideias – ainda não tornadas conceitos – de produção alternativa e de reciclagem (reflectindo um estádio pré-pós industrial), e 5) uso de metodologias variadas, tais como entrevistas, observação etnográfica, análise documental.
II) Pontos fracos: 1) ausência de análise de diversas áreas das indústrias criativas e culturais, tais como: televisão, produção discográfica, festivais de cinema, produção de cinema e vídeo digital , joalharia e outras artes criativas, 2) falta de dados económicos e de cadeia de valor, 3) falta de uma grelha comum de análise, 4) falta de articulação dos vários sectores estudados (caso do Chapitô como formador de artistas a colocar dentro da cadeia de valor do cinema e da televisão), 5) ausência frequente de bibliografia, e 6) ênfase nem sempre conseguida das tecnologias electrónicas e digitais como produtoras de actividades e promotoras de acontecimentos.
III) Oportunidades: 1) desenvolver projectos mais solidificados, 2) criar possibilidades de publicar pequenas monografias ou artigos em página da internet ou em revista em papel.
IV) Ameaças (sem efeito no presente projecto).
Trabalhos dos alunos: 1) Patrícia Bica, Chapitô, promoção sócio-cultural a partir da prática artística; 2) Joana Pinto, Dançar a cidade; 3) Paulo Cavaleiro, A Galeria Zé dos Bois como exemplo de cultura de vanguarda e alternativa; 4) Isabel Aguillar, Lisboa, cidade educadora; 5) Paula Perfeito, FNAC - uma aliança entre o comércio e a cultura; 6) Raquel Leal, Bairro Alto; 7) Soraia Bragança, A Culturgest na cidade criativa; 8) Pedro Correia, Do Terreiro do Paço à Praça do Império e a Festa da Música no CCB; 9) Mário Borges, Frequências de Lisboa.
[continuação da mensagem de 19 de Maio]
c) Culturgest. Fica no edifício sede da Caixa Geral de Depósitos (CGD), num bairro antigo e rico de Lisboa, e com muito bons acessos: eixo Av. de Roma/Praça de Londres/Av. Guerra Junqueiro; Praça do Areeiro/Av. João XXI/‘Via Venetto’; Campo Pequeno/Palácio das Galveias, Av. República/Saldanha e S. João de Deus/Hotel Holliday Inn. Tem pólos universitários e de ensino superior (Universidade Nova de Lisboa e Instituto Superior de Formação Bancária) e perto de outra instituição cultural de grande prestígio (Gulbenkian).
Assim, a Culturgest insere-se: 1) num bairro criativo, 2) com ambientes diferentes estimulantes, 3) constituído por vários cenários, 4) e componentes culturais, que, 5) ao mesmo tempo, geram emprego.
d) Danças na cidade. Trata-se de uma associação cultural sem fins lucrativos que promove actividades e iniciativas para o desenvolvimento da dança contemporânea portuguesa no contexto internacional.
Podemos dividi-la em: 1) criação, cultura e tecnologia, com edição de vídeos e livros sobre dança e artes do espectáculo e edições online, 2) apoio à criação, em Portugal e no mundo, com cedência do estúdio de dança, co-produção de obras e organização de residências de formação. O Festival Danças na Cidade decorreu nos anos de 1993 a 1997, 1999, 2002 e 2004, em vários locais de Lisboa. Objectivo: espaço de encontro entre criadores nacionais e internacionais, pesquisa coreográfica, troca artística, com encomenda de novas peças, organização de workshops e seminários. Mais-valia: acontecimento que funciona como ponto de referência da dança portuguesa.
Análise SWOT
Dentro de uma análise SWOT (pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças) relativamente ao trabalho da turma, em especial o desempenho do professor, destaco os seguintes pontos:
I) Pontos fortes: 1) trabalho de conceitos como indústrias criativas, bairro criativo, cadeia de valor – embora ainda numa fase experimental, sem grande sedimentação empírica, 2) congregação de esforços da turma, 3) conjugação de saberes diversos: geografia, economia, cultura, antropologia, sociologia, história, 4) desenvolvimento de ideias – ainda não tornadas conceitos – de produção alternativa e de reciclagem (reflectindo um estádio pré-pós industrial), e 5) uso de metodologias variadas, tais como entrevistas, observação etnográfica, análise documental.
II) Pontos fracos: 1) ausência de análise de diversas áreas das indústrias criativas e culturais, tais como: televisão, produção discográfica, festivais de cinema, produção de cinema e vídeo digital , joalharia e outras artes criativas, 2) falta de dados económicos e de cadeia de valor, 3) falta de uma grelha comum de análise, 4) falta de articulação dos vários sectores estudados (caso do Chapitô como formador de artistas a colocar dentro da cadeia de valor do cinema e da televisão), 5) ausência frequente de bibliografia, e 6) ênfase nem sempre conseguida das tecnologias electrónicas e digitais como produtoras de actividades e promotoras de acontecimentos.
III) Oportunidades: 1) desenvolver projectos mais solidificados, 2) criar possibilidades de publicar pequenas monografias ou artigos em página da internet ou em revista em papel.
IV) Ameaças (sem efeito no presente projecto).
Trabalhos dos alunos: 1) Patrícia Bica, Chapitô, promoção sócio-cultural a partir da prática artística; 2) Joana Pinto, Dançar a cidade; 3) Paulo Cavaleiro, A Galeria Zé dos Bois como exemplo de cultura de vanguarda e alternativa; 4) Isabel Aguillar, Lisboa, cidade educadora; 5) Paula Perfeito, FNAC - uma aliança entre o comércio e a cultura; 6) Raquel Leal, Bairro Alto; 7) Soraia Bragança, A Culturgest na cidade criativa; 8) Pedro Correia, Do Terreiro do Paço à Praça do Império e a Festa da Música no CCB; 9) Mário Borges, Frequências de Lisboa.
domingo, 22 de maio de 2005
BEJA CAPITAL DA BLOGOSFERA
Foi ontem em Beja. O almoço reuniu 27 blogues e acompanhantes, num total de 36 comensais (se o número que ouvi está correcto). Durante e depois do almoço houve momentos de cultura. Primeiro, o Grupo Coral da Freguesia de Cabeça Gorda; depois, a abertura da exposição Bit-Afectos, com fotografias de Dionísio Leitão (Ognid) e João Espinho (Nikonman) e lançamento do livro de Luís Ene, Mil e uma pequenas histórias (observação: a primeira imagem pertence a João Espinho, publicada no seu blogue Praça da República, e que pode ser vista aí com melhor qualidade).
Do livro de Luís Ene, projecto inserido na linha dos micro-contos, publicados originalmente na internet, retiro um texto: "Todas as histórias têm um princípio, um meio e um fim. Tal e qual uma sanduíche. O princípio e o fim suportam o meio. Tal e qual uma sanduíche. Sem as fatias de pão o recheio cairia, o que seria bastante desagradável e inestético. A sanduíche obedece a uma estética do belo e do funcional. Tal e qual as histórias. Mesmo as que têm pouco recheio" (p. 54) [na imagem, o autor com o seu editor, Paulo Querido, à esquerda].
Mupis de Beja
Tenho um afecto especial por Beja. Mas não posso deixar de, neste post, criticar as mensagens existentes nos mupis que vi na cidade. Anunciam realizações de... Abril! Porque não são renovados ou dali retirados?
Foi ontem em Beja. O almoço reuniu 27 blogues e acompanhantes, num total de 36 comensais (se o número que ouvi está correcto). Durante e depois do almoço houve momentos de cultura. Primeiro, o Grupo Coral da Freguesia de Cabeça Gorda; depois, a abertura da exposição Bit-Afectos, com fotografias de Dionísio Leitão (Ognid) e João Espinho (Nikonman) e lançamento do livro de Luís Ene, Mil e uma pequenas histórias (observação: a primeira imagem pertence a João Espinho, publicada no seu blogue Praça da República, e que pode ser vista aí com melhor qualidade).
Do livro de Luís Ene, projecto inserido na linha dos micro-contos, publicados originalmente na internet, retiro um texto: "Todas as histórias têm um princípio, um meio e um fim. Tal e qual uma sanduíche. O princípio e o fim suportam o meio. Tal e qual uma sanduíche. Sem as fatias de pão o recheio cairia, o que seria bastante desagradável e inestético. A sanduíche obedece a uma estética do belo e do funcional. Tal e qual as histórias. Mesmo as que têm pouco recheio" (p. 54) [na imagem, o autor com o seu editor, Paulo Querido, à esquerda].
Mupis de Beja
Tenho um afecto especial por Beja. Mas não posso deixar de, neste post, criticar as mensagens existentes nos mupis que vi na cidade. Anunciam realizações de... Abril! Porque não são renovados ou dali retirados?
sábado, 21 de maio de 2005
HOJE, TODOS OS CAMINHOS VÃO DAR A BEJA
Trata-se do segundo aniversário do Praça da República e o primeiro do Aliciante, dois blogues da longa e bela planície alentejana. Vivi em Beja um período de curtos meses há muito tempo e já lá não vou quase desde então. Já sinto o cheiro, a luz brilhante e os cantares da terra. E salivo pela grelhada mista de porco preto com massa de migas e batatas fritas, pela mesa de doces e pelo vinho regional alentejano.
À tarde, haverá a inauguração da exposição Bit-Afectos, com trabalhos fotográficos de Nikonman e Ognid e textos relacionados, bem como a apresentação do livro Mil e uma pequenas histórias, de Luís Ene, com a presença do autor e do editor Paulo Querido (bar O Barrote, às portas de Moura, em Beja).
Trata-se do segundo aniversário do Praça da República e o primeiro do Aliciante, dois blogues da longa e bela planície alentejana. Vivi em Beja um período de curtos meses há muito tempo e já lá não vou quase desde então. Já sinto o cheiro, a luz brilhante e os cantares da terra. E salivo pela grelhada mista de porco preto com massa de migas e batatas fritas, pela mesa de doces e pelo vinho regional alentejano.
À tarde, haverá a inauguração da exposição Bit-Afectos, com trabalhos fotográficos de Nikonman e Ognid e textos relacionados, bem como a apresentação do livro Mil e uma pequenas histórias, de Luís Ene, com a presença do autor e do editor Paulo Querido (bar O Barrote, às portas de Moura, em Beja).
CICLO COMUNICAÇÃO
Sob o lema geral Discutir jornalismo, em organização de Filipa Melo e livraria Almedina, ao Saldanha, em Lisboa, estão agendadas duas conferências. A primeira é já no dia 25, Jornalismo e desporto, com Leonor Pinhão, Vítor Serpa e Afonso de Melo. A outra, a 23 de Junho, é sobre As crónicas nos jornais, com Clara Ferreira Alves, Ricardo Araújo Pereira e Eduardo Prado Coelho. No Atrium Saldanha, o centro comercial com um(a) pianista a tocar sempre para os visitantes e clientes.
Sob o lema geral Discutir jornalismo, em organização de Filipa Melo e livraria Almedina, ao Saldanha, em Lisboa, estão agendadas duas conferências. A primeira é já no dia 25, Jornalismo e desporto, com Leonor Pinhão, Vítor Serpa e Afonso de Melo. A outra, a 23 de Junho, é sobre As crónicas nos jornais, com Clara Ferreira Alves, Ricardo Araújo Pereira e Eduardo Prado Coelho. No Atrium Saldanha, o centro comercial com um(a) pianista a tocar sempre para os visitantes e clientes.
sexta-feira, 20 de maio de 2005
FRASE DO DIA
"Menosprezar o mundo dos blogues é, como se sabe, um erro comum. O acesso pago aos jornais é provavelmente outro". Pedro Mexia, "Ministério da Cultura", Diário de Notícias de hoje, p. 39 (em suporte papel). A propósito do recente acessamento pago ao Público online. E porque "nove décimos dos blogues portugueses (há cerca de 40 mil) citavam e lincavam sobretudo o Público" (idem).
Os blogues segundo Orihuela
Em entrevista a Blogs Peru, José Luis Orihuela, da Universidade de Navarra, respondeu: "Creio que os blogues e os meios tradicionais têm funções diferentes, são complementares e fazem parte de uma paisagem mediática renovada na qual os utilizadores da Rede se converteram em geradores de conteúdo e vigilantes dos meios clássicos. Os blogues não são jornalismo por serem blogues, mas, quando se decidem a fazê-lo, podem ser mais e melhor jornalismo que os meios tradicionais. Hoje, a questão central não é se os blogues são ou não jornalismo, mas o que é o jornalismo".
Aconselho a que leiam a entrevista toda no endereço Blogs Peru [dica do blogue Intermezzo].
"Menosprezar o mundo dos blogues é, como se sabe, um erro comum. O acesso pago aos jornais é provavelmente outro". Pedro Mexia, "Ministério da Cultura", Diário de Notícias de hoje, p. 39 (em suporte papel). A propósito do recente acessamento pago ao Público online. E porque "nove décimos dos blogues portugueses (há cerca de 40 mil) citavam e lincavam sobretudo o Público" (idem).
Os blogues segundo Orihuela
Em entrevista a Blogs Peru, José Luis Orihuela, da Universidade de Navarra, respondeu: "Creio que os blogues e os meios tradicionais têm funções diferentes, são complementares e fazem parte de uma paisagem mediática renovada na qual os utilizadores da Rede se converteram em geradores de conteúdo e vigilantes dos meios clássicos. Os blogues não são jornalismo por serem blogues, mas, quando se decidem a fazê-lo, podem ser mais e melhor jornalismo que os meios tradicionais. Hoje, a questão central não é se os blogues são ou não jornalismo, mas o que é o jornalismo".
Aconselho a que leiam a entrevista toda no endereço Blogs Peru [dica do blogue Intermezzo].
O SUCESSO DO CANAL PANDA
Segundo informação disponibilizada ontem pela newsletter da Marktest.com, o canal por cabo Panda regista um grande sucesso. Razão: os desenhos animados japoneses.
Como se lê na mesma newsletter, o canal está orientado para o público infantil, tendo mais de dez mil espectadores diários, o que o torna o segundo canal mais visto na televisão por cabo. Com programação baseada em desenhos animados, mais da metade do seu público-alvo é constituído por espectadores da faixa etária 4-14 anos. O maior volume de produção dos desenhos animados vem do Japão.
Embora pouco perceptível na mensagem, o gráfico ao lado mostra o perfil etário dos jovens espectadores (para uma leitura mais adequada, aconselho a consulta da newsletter acima indicada, fonte desta informação). O sucesso do canal tem uma forte compensação em termos de investimento publicitário, retirando-o dos canais generalistas que transmitem em sinal aberto. Por isso, embora eu não tenha estudos à mão que o comprovem, as produções nacionais, que constituiram uma fórmula de sucesso de canais como a RTP, estão a regredir. Pelo simples facto de haver uma grande fidelização a um canal que passa todo o dia desenhos animados, o que não sucede com canais generalistas, que dedicam uma parcela pequena da sua programação a tais formatos.
O último quadro (também mais visível na newsletter de onde extraí a informação) mostra os programas com maior audiência. Recupero os exibidos este ano: Monstros Rancher (84200 espectadores), DoReM (78500), Digimon (72400), Pequenas Histórias (60100) e Jimbo (58200) são os mais vistos. De notar que as cinco séries passam depois das 20 horas, em especial às terças e quintas-feiras.
Perguntas: qual a qualidade das mensagens? O que nos contam as séries? Estarão os adultos pais de crianças dos 4 aos 14 anos atentos ao que elas narram? Lembro uma mensagem que aqui coloquei, a partir de um trabalho académico de Carla Pereira, em 1 de Abril último, sobre a violência das séries de desenhos animados.
Observação: conforme escrevi no topo do post, a informação factual e os quadros foram retirados da newsletter da Marktest.com. A interpretação dos dados é da minha responsabilidade.
Segundo informação disponibilizada ontem pela newsletter da Marktest.com, o canal por cabo Panda regista um grande sucesso. Razão: os desenhos animados japoneses.
Como se lê na mesma newsletter, o canal está orientado para o público infantil, tendo mais de dez mil espectadores diários, o que o torna o segundo canal mais visto na televisão por cabo. Com programação baseada em desenhos animados, mais da metade do seu público-alvo é constituído por espectadores da faixa etária 4-14 anos. O maior volume de produção dos desenhos animados vem do Japão.
Embora pouco perceptível na mensagem, o gráfico ao lado mostra o perfil etário dos jovens espectadores (para uma leitura mais adequada, aconselho a consulta da newsletter acima indicada, fonte desta informação). O sucesso do canal tem uma forte compensação em termos de investimento publicitário, retirando-o dos canais generalistas que transmitem em sinal aberto. Por isso, embora eu não tenha estudos à mão que o comprovem, as produções nacionais, que constituiram uma fórmula de sucesso de canais como a RTP, estão a regredir. Pelo simples facto de haver uma grande fidelização a um canal que passa todo o dia desenhos animados, o que não sucede com canais generalistas, que dedicam uma parcela pequena da sua programação a tais formatos.
O último quadro (também mais visível na newsletter de onde extraí a informação) mostra os programas com maior audiência. Recupero os exibidos este ano: Monstros Rancher (84200 espectadores), DoReM (78500), Digimon (72400), Pequenas Histórias (60100) e Jimbo (58200) são os mais vistos. De notar que as cinco séries passam depois das 20 horas, em especial às terças e quintas-feiras.
Perguntas: qual a qualidade das mensagens? O que nos contam as séries? Estarão os adultos pais de crianças dos 4 aos 14 anos atentos ao que elas narram? Lembro uma mensagem que aqui coloquei, a partir de um trabalho académico de Carla Pereira, em 1 de Abril último, sobre a violência das séries de desenhos animados.
Observação: conforme escrevi no topo do post, a informação factual e os quadros foram retirados da newsletter da Marktest.com. A interpretação dos dados é da minha responsabilidade.
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