Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
LIVROS NOVOS
Tiago Baptista (2008). As Cidades e os Filmes. Uma biografia de Rino Lupo. Lisboa: Cinemateca Portuguesa
Depois dos franceses Lion, Mariaud e Pallu, o italiano Rino Lupo foi o quarto realizador estrangeiro a fazer cinema em Portugal nos anos vinte.
Maria Immacolata Vassallo de Lopes e Lorenzo Vilches (org.) (2008). Mercados globais, histórias nacionais. Rio de Janeiro: Globo
Trata-se do anuário Obitel que se reporta à análise do ano de 2007 em termos de monitoramento dos programas de ficção nos noves países ibero-americanos. O texto sobre Portugal é de Isabel Ferin (Universidade de Coimbra), que contou com a colaboração de Catarina Burnay (Universidade Católica Portuguesa).
Eduardo Cintra Torres (2008). Mais anúncios à lupa. Lisboa: Bizâncio
Volume que recolhe meia centena de críticas de publicidade publicadas na coluna que o autor tem no Jornal de Negócios, "O Manto Diáfano". Em 2006 publicara o primeiro volume, Anúncios à lupa.
Gabriela Borges e Vítor Reia-Baptista (org.) (2008). Discursos e práticas de qualidade na televisão. Lisboa: Livros Horizonte
A qualidade em televisão é um conceito muito discutido nos estudos televisivos. O livro traz investigações que problematizam os discursos e as práticas em países como Portugal, Brasil, Espanha, Argentina, México, Inglaterra e Itália.
Luís Trindade (2008). Foi você que pediu uma história da publicidade? Lisboa: Tinta da China
O autor chama a atenção para alguns anúncios editados ao longo do século XX e arruma-os no contexto da sociedade portuguesa e no género da publicidade jornalística. Intenta ainda o relacionamento com outros anúncios e as memórias pessoais dos leitores.
APRESENTAÇÃO DE LIVRO
No domingo, dia 2 de Novembro, pelas 17:00, Sara Figueiredo Costa, do blogue Cadeirão Voltaire, estará na FNAC do Chiado para apresentar O Livro Inclinado, de Peter Newell (ver aqui). Elsa Serra vai contar a história a quem estiver presente.
Já agora: leiam o blogue da Sara.
CONCURSO PARA O QUINTO CANAL DE TELEVISÃO
O concurso público para o licenciamento do quinto canal de televisão nacional e generalista abriu hoje, através da publicação de portaria no Diário da República. Saber-se-á o vencedor do concurso em Abril de 2009.
As candidaturas serão entregues na sede da ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social, 40 dias úteis após a data de entrada em vigor do regulamento do concurso, hoje publicado.
Zon Multimédia, Cofina e Controlinveste encontram-se entre os grupos de media e telecomunicações que indicaram interesse na participação do concurso.
Base: notícia no Jornal de Notícias online.
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
BLOGUE DO IV ENCONTRO DE BLOGUES
A realizar nos dias 14 e 15 de Novembro de 2008, na Universidade Católica, pode obter informações mais detalhadas no blogue criado para o efeito, aqui em IV Encontro de Blogues.
HERÓIS
Heróis, estrelas, semi-deuses - eis um assunto que perpassa a literatura, o cinema, a banda desenhada, o desporto. E a cultura, da mitologia grega até aos dias de hoje.
Lembro-me de Edgar Morin, em As Estrelas de Cinema (em francês simplesmente Les Stars, 1972; a tradução portuguesa é de 1980). Começa logo Morin: "o ecrã parecia dever apresentar um espelho ao ser humano: ofereceu ao século XX, os seus semideuses, as estrelas de cinema". As semidivindades, continua, são as estrelas de cinema. No cinema, escreve ainda, as estrelas são seres que têm propriedades quer do humano quer do divino, suscitando um culto, uma espécie de religião. Morin alarga o seu conceito à televisão: não há hoje nenhum talk show que não apresente uma guest-star.
As estrelas cinematográficas começaram logo desde o surgimento do grande ecrã, tornadas heróis ou heroínas: Mary Pickford, a noiva do mundo [ou a namoradinha de Portugal, como se diz a uma vedeta ainda jovem], a dinamarquesa Theda Bara, que introduz o beijo na boca, Rudolfo Valentino (o primeiro herói que fez chorar espectadoras de todas as idades; a morte dele levou duas mulheres a suicidarem-se em frente à clínica onde estava o seu corpo), Greta Garbo (que se isolou quando envelheceu, mantendo o mistério da beleza), James Dean e Marilyn Monroe (ambos falecidos no apogeu das suas carreiras e ainda jovens, hoje ícones de grande relevo).
Morin, nessa revisitação às estrelas do começo do cinema, escreve sobre a beleza-juventude, fixando idades ideais das estrelas femininas nos 20-25 anos e das estrelas masculinas nos 25-30. Hoje, creio, houve um abaixamento das idades: o culto das adolescentes face aos músicos dos Tokio Hotel é um exemplo disso (ainda esta semana, o líder da banda dizia andar à procura de namorada; imagino o movimento que houve nos blogues e wikis, com mensagens desenfreadas de adolescentes ou pré-teens).
O herói - a beleza do herói ou da heroína - desperta felicidade, sonho, mito, evasão da realidade, continua Morin. Mas o cinema, como a banda desenhada e a telenovela, criou o antídoto, o anti-herói: ao lado da rapariga bonita e ingénua está a má rapariga, a vampe e erótica que rouba o namorado à outra. O fim feliz (happy end) fica fragilizado. Aliás, a mitologia grega é um conjunto de narrativas onde nem sempre a evolução dos acontecimentos caminha no sentido da felicidade mas da tragédia.
Quando li Morin, sublinhei atentamente as páginas do capítulo "Deuses e Deusas". Ele escreveu sobre o mito, que definiu como "conjunto de condutas e de situações imaginárias. Estas condutas e estas situações podem ter por protagonistas personagens sobre-humanas, heróis ou deuses; diz-se então o mito de Hércules, ou de Apolo. Mas, com toda a exactidão, Hércules e Apolo são um herói e o outro deus dos seus mitos". Os heróis, conclui, estão a meio caminho entre os deuses e os mortais. O herói é o mortal em processo de divinização. O herói humano é denominado semideus.
Mais à frente, Morin diz: tornadas heroínas, divinizadas, as estrelas são mais do que objectos de admiração; são ainda sujeitos de culto, criam uma espécie de religião, como se escreveu acima. Dá um exemplo prático: um grande estúdio americano recebia em 1939 entre 15 mil e 45 mil cartas mensais de admiradores ou fãs de uma estrela de cinema. Hoje, há sítios, com fotografias e vídeos, mensagens e blogues animados pelos fãs. E as estrelas não estão sozinhas, agora acompanhadas pelas séries ou sequelas (007, Indiana Jones, A Idade do Gelo, Star Trek).
O fã quer saber tudo do seu ídolo, compra tudo o que a ele diz respeito, guarda relíquias (bilhetes de cinema ou concertos, entrevistas, fotografias, vídeos), procura identificar-se com ele nos comportamentos, na moda, nos penteados. Vive-se uma vida imaginada ao lado do herói ou da heroína. Tudo isto também se torna possível porque a vida privada das estrelas é escrutinada a todo o tempo, por vontade delas ou porque os paparazzi e outros as perseguem constantemente. As revistas de mexericos alimentam o circuito de modo incessante, contribuindo para a informação (e desinformação, como eu tenho escrito no blogue).
Base da mensagem: Edgar Morin (1980). As Estrelas de Cinema. Lisboa: Livros Horizonte
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
CONFERÊNCIA ZON - DIGITAL GAMES 2008
A conferência Zon - Digital Games 2008 vai realizar-se dias 6 e 7 de Novembro no Porto (Universidade Católica), juntando pessoas da academia e da indústria. Ela propõe-se discutir vários temas sobre os videojogos, como Modelos e Narrativa, Impactos e Cognição ou Educação e Ludicidade.
Trata-se da primeira conferência de uma série que se pretende anual. Na sua organização, estão pessoas ligadas a eventos anteriormente ocorridos em Portugal na área dos jogos digitais (GAMES, VIDEOJOGOS).
O programa (ainda provisório) contempla quatro comunicações keynote: Stefan Baier (Holanda, Verónica Orvalho (Espanha), Lynn Alves (Brasil) e Rui Grilo (Portugal). Vai dar lugar ainda a 12 comunicações full, 4 comunicações short, 10 posters e 3 demos.
A inscrição inclui o e-book com os textos desta conferência, organização conjunta da Universidade do Minho (Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade), Instituto Superior Técnico, Universidade de Aveiro, Spellcaster Studios e Universidade Católica Portuguesa, com o patrocínio da ZON Multimédia.
Segundo os organizadores, "No âmago da conferência estão fundamentos teóricos e práticos emergentes do design, desenvolvimento e públicos que procurarão explorar novas abordagens por parte da comunidade".
CHRISTIAN SCIENCE MONITOR
Na edição de hoje do Guardian noticia-se que o Christian Science Monitor será o primeiro grande jornal americano a abandonar a impressão em papel (Abril de 2009) e a focar-se na edição online.
O jornal, que ganhou um prémio Pulitzer, enfrenta fortes perdas de circulação (223 mil exemplares em 1970 e 52 mil actualmente) e financeiras. O tráfego online é da ordem dos 5 milhões de páginas por mês (há um ano era de 4 milhões e há dez anos 1 milhão). O jornal foi o primeiro a aderir ao online, em 1995, quando um seu correspondente foi preso durante a guerra na Bósnia.
O jornal foi fundado, há precisamente 100 anos, por Mary Baker Eddy, fundadora da igreja da Ciência Cristã (Christian Science church), em reacção ao "jornalismo amarelo", não sendo, contudo, considerado um jornal religioso. Tem 95 jornalistas a tempo inteiro e nove escritórios nos Estados Unidos e outros nove no estrangeiro.
TIRAGENS DE JORNAIS
Retiro da newsletter Meios & Publicidade de hoje dados referentes à circulação de jornais no trimestre passado, a partir de dados da APCT (Associação Portuguesa de Controlo de Tiragens).
Da leitura dessa informação, fiz o seguinte quadro, que mostra um crescimento do Correio da Manhã e uma quebra do Público. No conjunto dos jornais diários houve um acréscimo de 25 mil exemplares vendidos por dia, em média.
No campo dos semanários e das revistas semanais, o Expresso vende 120811 exemplares de média, o Sol 40912 exemplares e Visão 104599. O sector dos semanários parece estável, enquanto o segmento dos diários de economia cresceu 9,74%.
terça-feira, 28 de outubro de 2008
CHRIS ANDERSON
Na quinta-feira passada, o Público editou uma entrevista com Chris Anderson, o badalado autor de A cauda longa (e que eu aqui comentei em tempo oportuno). Não quis escrever sobre o assunto no momento, pois fiquei muito irritado com o que li – e iria escrever muito duro.
Aproveitando uma passagem por Lisboa, ele foi entrevistado (por João Pedro Pereira). A grande ideia do guru americano, director da Wired e a lançar em breve um livro chamado Free, é a da gratuitidade. Diz ele que a informação foi paga nos últimos 200 anos, mas agora o ADN dos jovens traz a marca da gratuitidade. Por exemplo, Anderson não compra jornais – a mulher compra apenas o New York Times ao domingo. A informação está toda na internet, e esta é gratuita. Diz de modo eloquente: "Quem tem menos de 25 anos nunca pagou para aceder a um site. E nunca pagará. Tudo o que é digital é obviamente grátis".
Quando li esta frase, fiquei a pensar duas coisas. Primeiro, o jovem e promissor jornalista deve ter dado um pequeno salto na sua cadeira de entrevistador, pois terá pensado que o seu emprego num jornal de papel está condenado. Se não interessa ler um jornal de papel, pois está tudo na internet, para que serve um jornalista que escreve num jornal de papel – é um emprego sem futuro. Foi pena que o jornalista não tenha sido incisivo e feito perguntas incómodas.
Lembrei-me do título de uma coluna de jornal do professor João César das Neves: Não há almoços grátis. É que alguém paga a informação digital. Professa Anderson que a informação, apesar de bem espesso, não tem custo acrescentado. O autor é pago pela publicidade; a publicidade cobre os custos de produção e ainda dá lucro. Possivelmente, um sítio deve ser um lugar onde autómatos escrevem ser querer retorno algum. Essa ideia luminosa ocorreu em 2000-2001, com a especulação das empresas dotcom – e elas desapareceram. Basta a performatividade das palavras – gratuito – para não haver custos.
Parece que ficou a Google, aliás a única empresa que Anderson cita. Se existir uma empresa a fornecer toda a informação, para que servem as outras? Mas parece que a Google não produz informação nova nem abrange a realidade de todo o mundo. Por arrastamento: se a gratuitidade está no ADN dos jovens, será que a dicoteca onde vão dançar lhes oferece de borla a bebida e a permanência? Ou o cinema lhes permite acesso sem pagar?
Ciclicamente, surgem gurus cheios de certezas. Lembro-me de Negroponte e das transformações da sociedade com a economia digital. Anderson é dos mais recentes e, por isso, dos mais escutados. Mas ele, como outros antes, não tem memória histórica. Por exemplo, pode-se comprar um computador portátil de pouca capacidade com 300 ou 400 euros. Ou uma impressora por 90 euros. O primeiro computador de mesa que comprei (com menos capacidade de memória que um CD-ROM) custou-me 300 contos (1500 euros), a primeira impressora 70 contos (350 euros). Os primeiros telemóveis eram pesados e inúteis, se os compararmos com os de hoje, e custavam pequenas fortunas. A geração anterior à minha comprou uma telefonia primeiro e um televisor depois e isso custou-lhe muito dinheiro. Hoje temos um televisor por divisão da casa, e quase não fazemos conta aos preços dos electrodomésticos. Com a massificação e o uso de tecnologias mais económicas, os preços dessas unidades baixaram.
Mas o aumento de serviços trouxe uma inversão e um encarecimento. A recepção de televisão não é gratuita como ele diz, pois se paga uma renda mensal para aceder aos canais de cabo, que são os mais interessantes e em maioria. Isto sem falar dos canais de desporto ou de cinema. O telemóvel é um aparelho barato, mas a obsoletização permanente desperta a vontade de trocar regularmente por um outro aparelho mais moderno. Isso custa dinheiro. Apesar dos preços das telecomunicações terem baixado drasticamente nos anos mais recentes, o dispêndio em telecomunicações é mais alto, porque recorremos a mais serviços.
Anderson poderia aplicar a sua teoria da cauda longa para explicar este fenómeno: com o tempo, um meio determinado fica mais barato, dada a massificação, mas os pagamentos crescem, por rotatividade de equipamentos e por oferta de serviços, que, depois, são descontinuados e substituidos por outros.
Possivelmente, a palavra Free do seu último livro quer significar não o gratuito mas a possibilidade de muitos o ouvirem e partilharem as suas opiniões, num mundo de muitas trocas de ideias e de perspectivas.
O jornalista ainda ousou uma pergunta menos cómoda: falou-lhe na indústria dos automóveis. Mas o guru respondeu airosamente: 1) é possível haver carros totalmente gratuitos, 2) os automóveis trazem extras gratuitos. Não sei em que mundo ele vive mas é extraordinário como o jornal lhe tenha dado duas páginas impressas. Gracejando, quando ele falou em automóveis gratuitos, ele deve ter-se referido a motor, faróis, pneus, bancos, estrutura do automóvel, ar condicionado! Terei esquecido alguma coisa da lista do gratuito? Diz magnanimamente: um amigo dele oferece o carro e o cliente paga a electricidade. A minha pena foi ele ter-se esquecido de dizer o nome da empresa. E fala em água gratuita, no que me parece uma aposta igualmente difícil de cumprir. Eu moro num andar alto, daqui não vislumbro nenhum poço de água, tenho de pagar pela água que é elevada até às torneiras da minha casa. Pergunta ele candidamente: "e se essa pessoa nunca tiver pago pela água"? Estranho raciocínio. Pelo que li, o guru tem perfil de não pagador de impostos. Porque deve achar que o Estado ganha muito dinheiro com os impostos e porque não o redistribui equitativamente em serviços.
Depois, o senhor não tem paciência. Diz que o aborrece esperar 18 horas para receber as notícias. Em que mundo vive para demorar tanto tempo a receber informação? A rádio não lhe dá a informação ao minuto? A televisão não leva a imagem da actualidade? Só a Wired é que está conectada ao minuto? E tem uma versão superior ao que se acede gratuitamente. Aliás, o senhor conclui que nunca teremos um mercado inteiramente gratuito pois alguém tem de pagar. Então, para que falou tanto? Pagar por um bem que compramos já o sabíamos, não era preciso ele vir a Portugal e dizer isso.
Detesto a autosuficiência, a clarividência e a arrogância dos gurus que vêm dizer-nos o que fazer, porque o que fazemos está (parece estar) mal feito.
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
ELEMENTOS PARA A HISTÓRIA DA TELEVISÃO EM FRANÇA
Depois do final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, inaugurar-se-ia, em França, o período de ouro da rádio. Nunca houve tantos programas de qualidade, como o atestam os arquivos sonoros. Enumeram-se as principais rádios: Luxembourg, RDF, Monte Carlo, Andorre.
A televisão retoma, por seu turno, a actividade. 20 de Junho de 1945 é o dia de recomeço dos ensaios técnicos. Em 1 de Outubro desse ano, uma emissão experimental chegou a centenas de televisores na região de Paris. Mas seria apenas em 1947 que se retomava a programação regular, com doze horas por semana. E, no ano seguinte, tomava-se uma decisão técnica importante, o standard de 819 linhas por ecrã, com a assinatura de François Mitterrand, secretário de Estado e, logo depois, Ministro da Informação (e muito mais tarde Presidente da República). Era o dia 20 de Novembro de 1948. O standard foi apresentado como destinado a proteger a indústria francesa (noutros países, como Portugal, o standard seria de 625 linhas).
No ano seguinte, a torre Eiffel contaria com um novo emissor de televisão já emitindo com o standard de 819 linhas. E o padre Raymond Pichard, dominicano, principiava a sua emissão dominical chamada O Dia do Senhor, com missa, documentários e crónicas de inspiração religiosa. Manteria o programa até 1976.
Esses anos do pós-guerra seriam igualmente contemporâneos de outros factos: surgimento do transístor nos laboratórios americanos da Bell (1947), começo do disco de vinil em microsulco (1948).
Leitura: Robert Prot (2007). Précis d'histoire de la radio & de la télévision. Paris: L'Harmattan
domingo, 26 de outubro de 2008
HISTÓRIA DA FM
Um recurso para conhecer a história da rádio em FM (França) é o sítio SchooP.
Lê-se na página inicial que o sítio é o cruzamento de todos os que gostam da rádio e da sua história. Por isso, SchooP inclui a história de estações, sons, logótipos, publicidade, fotografias, frequências e um léxico, entre outras coisas.
LOJAS
Aos domingos, embora de modo irregular, costumava comprar os jornais na tabacaria daquele centro comercial da avenida de Roma. Via as capas e comprava um ou mais jornais portugueses mais um espanhol ou francês ou inglês. Era uma rotina de mais de dez anos.
Hoje, de manhã cedo, passei por lá. Tinha um grande anúncio: fechado por tempo indeterminado. A crise chegara à tabacaria. E olhei para as outras lojas. Centro pequeno, foi-se mantendo imune. Desta vez, contudo, está na decadência.
sábado, 25 de outubro de 2008
19º FIBDA
O 19º Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora (FIBDA) inaugurou ontem, este ano com o tema central da Tecnologia e Ficção Científica.
Recorda-se o herói Flash Gordon (de Alex Raymond), que procura liquidar o terrível imperador Ming, Valerian (de Pierre Christin e Jean Claude Mézières) que chega no ano 2770, a Guerra das estrelas e Blake & Mortimer. Luís Henrique é o autor em destaque, tendo ganho o Prémio para Melhor Desenho do FIBDA 2007 (ler o texto de Sara Figueiredo Costa no catálogo da exposição).
O catálogo é um elemento fundamental para a compreensão da filosofia da exposição central. No texto que justifica o tema e os autores escolhidos para essa exposição, escreve Pedro Mota que o ponto de partida seria o estudo de Jorge Magalhães, Banda Desenhada e Ficção Científica - as Madrugadas do Futuro (2005). Definido o universo, escolheram-se obras dos seguintes autores portugueses: Jayme Cortez, Fernando Bento, Vítor Péon, António Barata, José Garcês, Monteiro Neves, Nuno San Payo, Júlio Resende, Jorge Brandeiro, Relvas, Victor Mesquita, Augusto Mota e Nelson Dias, Luís Louro, Luís Diferr e José Ruy.
De leitura obrigatória, o ensaio do próprio Jorge Magalhães no catálogo, O Século XX e a BD de Ficção Científica em Portugal, um longo e magnífico texto de 31 páginas.
Já hoje à tarde, e em edição da Plátano Editora, Jorge Miguel lançou o álbum Camões. De vós não conhecido nem sonhado? Apenas posso dizer que me vou deliciar hoje à noite a ler a história e a olhar para os magníficos desenhos de Miguel (à esquerda na imagem em baixo). Só de olhar para o quadrinho da Rua Nova dos Mercadores (p. 8), cresce água na minha boca.
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
CARTAZES DA OLIVA
No ISVOUGA (Instituto Superior de Entre Douro e Vouga, à rua António de Castro Corte Real, em Santa Maria da Feira), está patente uma exposição de cartazes publicitários das décadas de 1940 a 1970 da Oliva, empresa de fundição com sede em São João da Madeira. O material foi reunido por Paulo Marcelo, professor de Design daquela escola. A exposição pode ser visitada até 19 de Dezembro.
Fonte: Público de hoje.
ARTE FALSA EM EXPOSIÇÃO
O Jornal de Notícias de hoje traz uma história deliciosa - a de uma exposição de arte falsa inaugurada na Directoria da Polícia Judiciária do Porto (texto de Agostinho Santos e fotografia de José Mota).
Explicando melhor: a Brigada de Obras de Arte da Directoria do Porto apresenta o trabalho de 10 anos de recuperação de obras falsas mas atribuídas a nomes como Columbano Bordalo Pinheiro, Silva Porto, Amadeu Souza-Cardoso, Cargaleiro, Artur Cruzeiro Sixas e Júlio Resende. Uma obra falsa, atribuída a Aurélia de Sousa, estaria para ser colocada numa leiloeira de Lisboa pelo valor de 3500 euros! A exposição chama-se O verdadeiro/falso.
Recentemente foi identificada uma mulher, vivendo nos arredores de Lisboa, que actuava como falsária. No caso das cópias falsas de Cruzeiro Seixas, pintor que usou poucas cores e com traços fáceis de executar, elas são boas e têm qualidade digital.
A minha pergunta é: será que a Polícia, ou o ministério que a tutela, vai abrir um museu destas obras falsas? Como há museus de cera, porque não um museu de falsários?
AUDIÊNCIAS DA RÁDIO
Esta semana, a Marktest publicou a 3ª vaga de 2008 do Bareme Rádio. Elegi para análise o share de audiência e fui buscar dados relativos a 2006 e 2007 (3ª vaga) para poder comparar, quer em grupos de rádio quer nas próprias estações. Parece-me mais adequado comparar períodos semelhantes em anos diferentes (sazonabilidade como férias em Julho/Agosto, com mudança de hábitos).
Há um crescimento do grupo RR (Renascença), embora a um ritmo lento, enquanto a Media Capital sobe mais, com recuperação face a 2006, a TSF vem decaindo lentamente e o grupo RDP (Estado) desce bastante. Há um decréscimo nas outras estações, mas o valor é muito elevado (18,9% em 2008) para percebermos onde houve alterações (nos dados fornecidos pela Marktest não consigo apurar tendências sobre outras estações). O "não sabe" tem um valor de 2,1%.
Fiz uma análise mais detalhada ao grupo RDP (Estado). A Antena 2 quase não tem flutuação (oscila entre 0,8% e 0,7%), o que não coincide com a apreciação que venho fazendo aqui no blogue, ao entender a sucessiva perda de interesse na programação ao longo dos anos. Claro que não tenho acesso a análise programa a programa para concluir mais do que isto. A Antena 3 desceu em 2008 depois de ter subido em 2007 face a 2006. Já o panorama da Antena 1 parece mais alarmante, pois baixou de 7,3% em 2006 para 5,7% em 2008. Certamente os responsáveis pelo canal irão reflectir na quebra de um ponto em apenas um ano.
PUBLICIDADE A UM PROGRAMA DA RTP (II)
Espero poder comentar a campanha nos dias mais próximos.
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
A REPRODUÇÃO DA OBRA E A PERDA DE AURA EM WALTER BENJAMIN
Benjamin parte do princípio que as obras de arte foram sempre susceptíveis de reprodução, como o relevo por pressão, a fundição e a litografia. Contudo, continua, a reprodução técnica da obra de arte seria um fenómeno novo no conhecimento humano. Como exemplos, ele destacou a fotografia e o cinema. Especifica: com a fotografia, o homem deixa de executar tarefas artísticas essenciais, reservadas para a objectiva.
Nessa reflexão, afirma que, à reprodução mais perfeita, falta o aqui e agora, a unicidade, a autenticidade. Se a reprodução feita pelo homem é apenas reprodução ou falsificação, com o original a manter a sua autoridade, na reprodução técnica não há original e cópia. Admite a desvalorização, porque a autenticidade de uma obra é o que ela contém de transmissível, de duração material ao seu poder de testemunho histórico. Recorre à noção de aura, rebaixada na era das técnicas de reprodução. Multiplicando os exemplares, um acontecimento que só se produziu uma vez constitui-se como fenómeno de massa. Logo, a reprodução de exemplares questiona a autenticidade, confere actualidade e implica perda da aura. Benjamin define aura num objecto como a aparição única (ou rara) de uma realidade longínqua. Ele encontra duas tendências: 1) exigência que as coisas estejam próximas, 2) a reprodução deprecia o que é único.
Por outro lado, a recepção da obra de arte tem dois valores fundamentais: 1) objecto de culto, 2) valor de exposição. Com a fotografia, o valor de exposição remete para plano secundário o valor de culto. E, no cinema, à redução do papel de aura (de único, inacessível, original, culto) opõe-se a personalidade do actor – culto da vedeta, magia da personalidade, identificação da personalidade com o actor (e vice-versa).
Leitura: Walter Benjamin (1985). “A obra de arte na era da sua reprodução técnica”. In Eduardo Geada (org.) Estéticas do cinema. Lisboa: Pub. Dom Quixote
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
DESDE QUE ME CONHEÇO, GOSTO DE ESTAR JUNTO DA GENTE DA GALIZA
Ambas as esculturas estão em Santiago de Compostela, cidade que eu gosto muito. As imagens reconfortam-me, depois de um dia de muita azáfama, e em que já não consigo escrever algo de mais substancial no blogue. Elas funcionam como uma espécie de "olá", "adeuzinho" e "até amanhã".
Na segunda imagem, escultura dedicada a Ramon Valle-Inclan (1866-1936), considerado o James Joyce espanhol, autor muito radical da geração de 98.
terça-feira, 21 de outubro de 2008
CIBERJORNALISMO EM PORTUGAL
Hoje, na Universidade Nova de Lisboa, foi defendida a tese de doutoramento de Helder Bastos (docente da Universidade do Porto), intitulada Ciberjornalistas em Portugal: práticas, papéis e ética.
Pioneiro no jornalismo online, pois foi redactor do Jornal de Notícias em 1995 quando este diário lançou a sua página da internet, Helder Bastos distingue três períodos do ciberjornalismo em Portugal: 1) implementação (1995-1998), 2) expansão/boom (1999-2000), 3) depressão mais estagnação (2001-2007).
CONSUMO DA MÚSICA EM PORTUGAL
Entre o CD e Web 2.0: os consumos digitais de música em Portugal é o estudo do Obercom agora divulgado (ver aqui).
O texto começa deste modo:
- O arco temporal que mediou o lançamento offline do single-hit Video Killed the Radio Star dos Buggles, em 1979, e o lançamento online do álbum completo In Rainbows dos consagrados Radiohead, em 2007, caracteriza um período de profundas mudanças no campo musical, desde os anos de ouro da rádio musical até à actualidade da música 2.0.
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
SOBRE O SÍTIO A MINHA RÁDIO
Há cerca de uma hora, o António Silva, de A Minha Rádio, lançou um apelo.
O alojamento do seu sítio em servidor VPS não está a funcionar convenientemente. Para ele, a situação precisa de ser clarificada: ou continua ou encerra o seu sítio. Uma das hipóteses de continuar é "passar para um servidor dedicado, mas de custo minimamente suportável. Mantendo a mesma empresa, esta opção será muito difícil, serão necessários cerca de mil euros anuais". Uma outra hipótese, a sexta, é encerrar o sítio.
Nestes seis anos de A Minha Rádio, habituei-me a apreciar o trabalho sério do António. Não conversámos pessoalmente tudo, mas foi importante conhecê-lo e conhecer o seu trabalho. Ele ensinou-me a instalar imagens no blogue, num conhecimento de peer-to-peer, numa ocasião em que me desloquei à Faculdade de Letras do Porto.
O que escreve é verdadeiro:
- Cresceu, cresceu, agregou coleccionadores, criou galerias de fotos, reuniu os mais importantes sons da história, as vozes mais marcantes, os inventores, os amadores, os anónimos que deram tanto à rádio, as histórias, os artigos do passado... Cresceu, cresceu e tornou-se interactiva, disponibilizou blogs pessoais, criou um "Elo" de ligação entre sites sobre rádio em língua portuguesa, disponibilizou fóruns, áudio, vídeo, podcast, RSS... Continuou a crescer e passou a abranger também a área técnica, esquemas, manuais de válvulas, textos sobre restauro e reparação... Fez renascer o vinil, fez relembrar velhas memórias, colocou o rádio no centro da história, relembrou tragédias, comédias, mostrou o que era a rádio para muitos, o que significava para tantos outros.
LIVRO SOBRE OBSERVATÓRIOS DOS MEDIA
Se estiver em Brasília, pode mais logo às 19:00 ir à Livraria Cultura (Casa Park) participar no lançamento do livro Observatórios de Mídia: olhares da cidadania. Editado pela Paulus e organizado por Rogério Christofoletti e Luiz Motta, tem como co-autores Fernando Paulino, Luiz Martins, Guilherme Canelas e Luiz Motta.
TÃO PERTO / TÃO LONGE
CALL FOR PAPERS PARA A REVISTA COMUNICAÇÃO E CULTURA
Já foi publicado o nº 5 da revista Comunicação & Cultura, uma edição da Faculdade de Ciências Humanas da UCP e do seu Centro de Estudos de Comunicação e Cultura, editado pela Quimera e com o título "Mediatização da Dor".
Agora, enquanto se coligem os materiais para o número 6 - Cultura(Lite), coordenado por Mário Jorge Torres e Catarina Duff Burnay - preparam-se os números seguintes, pelo que deixo aqui os call for papers dos próximos.
OS INTELECTUAIS E OS MEDIA
Coordenação: Jorge Fazenda Lourenço e Rita Figueiras
Número: 7
Um pouco mais de um século volvido sobre o célebre caso Dreyfus, no qual a figura do intelectual, personificada por Émile Zola, se desenhou no horizonte do pensamento europeu, importa reflectir sobre a relação dos intelectuais com o espaço público, no contexto actual marcado pela centralidade dos mass media.
Um eixo possível de reflexão diz respeito à forma como as importantes mudanças que atravessam o campo dos media podem influenciar a actividade dos intelectuais: a natureza e o impacto do seu trabalho, bem como a forma de o comunicar. A questão do tempo parece colocar os intelectuais e os media numa situação paradoxal: os primeiros, filhos de um tempo lento que é o da reflexão e da análise; os segundos, pioneiros do tempo veloz que caracteriza o jornalismo e outras formas de expressão mediática. Por outro lado, se as transformações dos media electrónicos e as novas formas de comunicação como a Internet trazem um potencial imenso de divulgação do pensamento e do trabalho dos intelectuais, elas podem também significar uma desvalorização de algumas características a estes tradicionalmente associadas, como o aprofundamento analítico e fundamentado das questões. Como integram os intelectuais estas mudanças?
Reflectir sobre o papel reservado aos intelectuais nos dias de hoje implica ainda considerar o modo como estes surgem representados nos próprios mass media (a que imagens surgem associados?) e como utilizam o espaço mediático. Aqui, o seu trabalho enfrenta um importante desafio. Pois se uma das suas tarefas é reflectir de forma crítica e distanciada sobre a realidade, a verdade é que os media estimulam um olhar narcísico, em que eles próprios se tornam o centro.
A revista Comunicação & Cultura apela à submissão de artigos científicos que abordem o papel dos intelectuais nas sociedades contemporâneas, nomeadamente nas suas relações com a cultura e os media. Entre outros tópicos, aceitam-se contributos que foquem os seguintes aspectos:
- Cultura mediática e redefinição do papel do intelectual
- Os intelectuais e o poder
- Riscos da actividade intelectual na era da “reprodução mecânica”
- Novas tecnologias da comunicação e perfil dos intelectuais: potencialidades e riscos
- O espaço mediático e a sua utilização pelos intelectuais
- Representações do Intelectual
- Género e Espaço Público
Os trabalhos submetidos a apreciação deverão estar de acordo com as normas de publicação(http://www.ucp.pt/site/custom/template/ucptplfac.asp?SSPAGEID=3493&lang=1&artigo=4966&artigoID=3779), podendo ser enviados até dia 30 de Novembro de 2008, para um dos seguintes endereços: E-mail: comunicultura@fch.ucp.pt; Correio: Universidade Católica Portuguesa, Faculdade de Ciências Humanas, Palma de Cima, 1649-023 Lisboa.
IMAGENS DA REPÚBLICA
Coordenação: José Miguel Sardica
Número: 8 (Outono-Inverno 2009)
Data-limite para a recepção de originais: 30 de Abril de 2009
A Primeira República portuguesa – cujo centenário se evocará em Outubro de 2010 – é ainda hoje um período da história contemporânea do país muito marcado pelas polémicas e confrontos que suscitou e que desde então lhe envenenaram qualquer tentativa de análise e compreensão serenas. Sobre o regime de 1910-1926 e sobre as suas figuras mais representativas impendem visões demasiado marcadas pela ideologia e pelos pressupostos de cada observador, criando tantas ortodoxias quanto as “repúblicas” que cada um julga ou acredita terem existido na realidade durante aquele arco temporal, ou que melhor se enquadram nas leituras político-historiográficas que foram sendo feitas.
Desde os seus ideólogos fundadores até à memória da recente democracia portuguesa, a I República foi louvada, criticada, condenada ou recordada, faltando agora perceber o que significa ela, à distância de um século e ao ritmo mediatizável da efeméride – qual foi o seu significado; o que dela temos a aprender ou a evitar repetir; o que nela foi conjuntural e irrepetível e o que dela ainda resta como herança simbólica, cultural, social ou política.
O que a Primeira República quis ser, foi sendo e acabou por (não) ser, como encruzilhada de modernização que diversas limitações e acidentes conjunturais prejudicaram, é assim objecto de estudo a tratar essencialmente como cultura, até hoje em busca de comunicação.
Aceitam-se contributos que incidam, entre outros, sobre os seguintes temas:
Filosofia política: República e republicanismo entre a nostalgia dos Antigos e os desafios dos Modernos
A funda(menta)ção e desenvolvimento da ideia e dos valores republicanos em Portugal: os “pais fundadores” e a propaganda oitocentista
A cultura do republicanismo: o ensaísmo filosófico, a produção literária e a divulgação jornalística;
A obra legislativa da Primeira República: Direito Constitucional, Lei de Separação, Sufrágio, Família, etc.
Ensinar a República: a escola pública e os projectos socio-educativos
Os intelectuais e o regime: colaboração, oposição e “traição”
O lugar da imprensa na obra republicana e o lugar da censura na “defesa da República”: jornalismo, espaço público e opinião pública
Sociedade, grupos sociais e economia na Primeira República
A vida política e de cidadania: instituições, parlamentos, partidos, lobbying e associativismo popular
A questão colonial, a política externa e a choque da Primeira Guerra Mundial
Iconografia, propaganda e ritualização: a representação da ideia republicana e do regime
O regime visual da República: fotografia, cinema, artes plásticas e performativas
Estudos biográficos sobre figuras de relevo do tempo da Primeira República
Os opositores à República: Monárquicos, Integralistas, Igreja Católica, operariado, sindicalismo e proto-fascismo
Imagens e avaliações historiográficas da Primeira República: modernismo, reviralhismo, salazarismo e anti-salazarismo, revolução, socialismo e democracia presente (1910-Século XXI)
O futuro da República e da ideia republicana no segundo século da sua existência
Os trabalhos submetidos a apreciação deverão estar de acordo com as normas de publicação(http://www.ucp.pt/site/custom/template/ucptplfac.asp?SSPAGEID=3493&lang=1&artigo=4966&artigoID=3779), podendo ser enviados para um dos seguintes endereços: E-mail: comunicultura@fch.ucp.pt; Correio: Universidade Católica Portuguesa, Faculdade de Ciências Humanas, Palma de Cima, 1649-023 Lisboa.
UNIÃO EUROPEIA COM MAIS DE 6500 CANAIS DE TELEVISÃO
A União Europeia (27 países) mais os dois países candidatos à adesão Croácia e Turquia contam cerca de 6500 canais de televisão, de acordo com o Observatório Europeu do Audiovisual, foi anunciado na feira internacional do audiovisual do MIPCOM (texto baseado na informação do sítio EUBusiness).
O Reino Unido lidera com 883 canais, seguindo-se Alemanha (300), Itália (284), França (252) e Espanha (199). No final da tabela, estão países como Irlanda e Letónia (14 canais cada), Estónia e Lituânia (15 cada). O número elevado no Reino Unido deve-se aos canais temáticos, tais como alimentação, jogo e canais que chegam a outros países.
Filmes e desporto dominam o conjunto dos canais especializados. As audiências de canais eróticos e para adultos atingem 190 canais. Outros temas maioritários nos canais são entretenimento (269), música (201), notícias e negócios (201), crianças (189), documentários (135), estilos de vida (110) e compras domésticas (103).
domingo, 19 de outubro de 2008
MAL NASCIDA, UM FILME DE JOÃO CANIJO
Gostei muito do seu filme Noite Escura (2004), com Beatriz Batarda e Rita Blanco, entre outros, que conta a tragédia de uma família num bar de alterne. O seu proprietário entrega a filha mais nova a uma máfia russa actuando em Portugal, como forma de pagar uma dívida. Isto provoca a forte oposição da filha mais velha e da mãe contra o pai.
Agora, o filme Mal Nascida, a sexta longa-metragem do realizador, com argumento do próprio João Canijo e de Celine Pouillon, estreado em Portugal mais de um ano depois da sua apresentação no festival de Veneza em 2007, centra-se na personagem de Lúcia. Da sinopse do filme, lê-se que “Lúcia é uma mal nascida, uma mal amada, a eterna viúva do seu pai. Um grito antes de ser um corpo, enlouquecida, maltratada e humilhada, sobrevive enlutada com a lembrança do crime e da traição da mãe, grita a sua dor inconsolável para não dar descanso nem paz aos assassinos do pai. Vive na esperança desesperada do regresso do irmão para cumprir a promessa de vingar o sangue do pai”.
O filme conta com Anabela Moreira (no papel de Lúcia), Gonçalo Waddington, Márcia Breia, Fernando Luís e Tiago Rodrigues.
Para o realizador, a base de Mal Nascida foi Electra: “É o equivalente nas meninas do complexo de Édipo nos meninos e é uma personagem que há imensos anos, desde que a descobri, me fascina. Um dos meus primeiros filmes «infantis», chamado Filha da Mãe, já era uma versão adolescente e incipiente da Electra. E toda esta trilogia que começa na Noite Escura e à qual falta a posta do meio foi feita única e exclusivamente para chegar à Electra” (entrevista a João Antunes, Jornal de Notícias).
Sobre a ruralidade patenteada no filme, e na mesma entrevista, o realizador responde que "houve sempre uma razão não folclórica para escolher o meio ambiente onde se passavam as histórias. No Noite Escura, uma casa de alterne, que é um mundo de mentira e de representação, era o meio ideal para uma tragédia passar desapercebida". João Canijo quis contar a história clássica da família de Agamemnon e de Clitemnestra, pais de Electra, em três filmes (falta um, Piedade, ainda no papel).
Assim, “Mal Nascida é um filme que incomoda, por escancarar as portas de um país isolado, de ganância, crime e castigo, adultério e incesto, a cheirar a morte, de ausência de diálogo dentro das famílias. As aldeias são tão desertificadas, que vivem numa espécie de casulo, onde todas as emoções e todos os sentimentos explodem muito mais facilmente; qualquer pequena coisa faz explodir" (Diário Digital/Lusa).
Anabela Moreira, a Lúcia do filme, viveria mês e meio numa aldeia transmontana próxima de Boticas antes da rodagem como se fosse uma camponesa. Ela cuidou de vacas e de porcos e engordou 25 quilos para ficar mais monstruosa, carácter que se adequava perfeitamente à personagem.
O filme usa muitos planos curtos, com frequência de uma grande beleza visual apoiada por uma banda sonora muito agradável. Bastantes planos são filmados próximos das personagens, o que dá para perceber melhor os seus sentimentos. Psicologicamente, o filme é muito duro e a montagem feita repete várias ideias e tramas, penso que para o espectador interiorizar a violência. Aliás, em entrevista, o realizador confirma essa violência: "É o retrato de um país que, nas cidades, se julga que não existe. Que está escondido. Curiosamente, este ambiente rural de uma aldeia um bocado perdida é mais compreensível internacionalmente. A imagem da senhora com o lenço preto na cabeça não é só portuguesa, é também da Sicília, dos Balcãs" (Jornal de Notícias).
Hoje, ouvi parcialmente uma entrevista que ele deu a Inês Meneses, da Rádio Radar. Do que ouvi não gostei. Está-se perante um indivíduo pessimista (Portugal é uma invenção artificial, disse, como se não chegassem mais de oitocentos anos de existência), politicamente dogmático (defendeu os vinhos do Douro, verticais, contra os vinhos do Alentejo, horizontais, numa estranha defesa regionalista do norte contra o sul – e logo contra o Alentejo, que é uma região do país tão autêntica e esquecida como a de Trás-os-Montes que ele retrata) e contra algumas formas de fazer cinema (coloca-se a favor do cinema de autor contra o cinema de massas, como o de Call Girl ou o Crime do Padre Amaro, e que se percebe melhor no vídeo da Sapo, acima embebido). Julgo que ele está zangado contra o país e incapaz de o ver lucidamente.
Confesso que vim desapontado da sala de cinema, pela desesperança que ameaça tornar-se o padrão da cinematografia portuguesa de autor - e mais fiquei com a entrevista à rádio.
RECEPÇÃO CULTURAL
Na edição do Público de ontem, li com atenção artigos de três colunistas do caderno P2: Pedro Mexia sobre Audrey Hepburn, Eduardo Cintra Torres sobre narrativas e folhetins nos media (imprensa, rádio, televisão) e José Pacheco Pereira sobre as leituras infanto-juvenis da sua geração.
Cada um dos textos reflecte sobre memórias geracionais, sobre cultura popular e recepção cultural, atendendo ao conhecimento aprendido pelo indivíduo ou pela geração num determinado local cultural. A ideia central que retiro da leitura de textos de autores de duas gerações diferentes (arrumo Cintra Torres ao lado de Pacheco Pereira, embora aquele seja mais novo do que este) é a do forte impacto que produtos culturais exercem na sua juventude e que perduram como dos mais importantes na sua formação intelectual. Se em Mexia há a memória pessoal, embora ele seja novo demais para ter assistido à estreia dos filmes de Hepburn e coleccionado postais, fotografias, entrevistas ou outra memorabilia sobre a actriz, nos dois outros escritores essa memória é feita de comparações de culturas (alta e popular), de meios (revistas, livros, banda desenhada, rádio, televisão), onde as interpenetrações são evidentes, e de imagens.
Fico com uma pequena nota que retiro do texto de Pacheco Pereira: "O meu primeiro contacto com Xenofonte foi uma banda desenhada num livro de Português do ensino técnico, então tido como um ensino menor. Talvez por isso os puristas dos livros únicos permitiam uma banda desenhada em vez de excertos eruditos da Anábase que deviam ir para os liceus, porque era para os de «baixo», que queriam ser serralheiros, montadores electricistas ou mecânicos de automóveis".
sábado, 18 de outubro de 2008
A HISTÓRIA DO FM
A leitura de Sounds of change. A history of FM Broadcasting in America (2008), de Christopher H. Sterling e Michael C. Keith, não foi regular, misturada com outras leituras e obrigações. Mas estou pronto a escrever um texto sobre o livro com objectivos diferentes da publicação no blogue.
Do que fica do livro, ressalto a figura ímpar de Edwin Armstrong, com as suas patentes, do receptor pioneiro até à defesa da FM, da sua aceitação inicial por David Sarnoff, o patrão da RCA, e afastamento posterior, por recear que a FM fosse um tipo totalmente diferente da AM, o que levaria o negócio ao recomeço a partir do zero. Aliás, a Sarnoff é imputado o peso moral do suicídio cometido por Armstrong, abalado de finanças e de reconhecimento após anos de luta pela modulação de frequência. Parece-me exagero, mas a ideia persiste. Em segundo lugar, a criação de uma gama de frequências do FM (42-50 MHz), mais tarde transferida para 88-108 MHZ, com dois efeitos opostos: a) retrocesso inicial, pois os emissores e receptores tinham sido construídos atendendo aquelas frequências, b) ganho posterior dada a maior largura de banda da segunda opção. Em terceiro lugar, a lenta ascensão da FM face à AM, levando animadores e anunciantes para a primeira, culminando em 1979 com o maior peso da FM (nos Estados Unidos). Pelo meio, e como quarta conclusão, ficaria a emissão simultânea de emissões nos dois tipos de frequência, com uma autonomização da programação de FM. Como quinta conclusão, a estereofonia deu um alento suplementar à popularidade da FM, já beneficiando de melhor qualidade sonora. Em termos de sexta conclusão, a programação deixou de privilegiar a música clássica, habitual nos primeiros anos da FM, para aceitar os top 40, o jazz e a música country, o que significou a perda da elite minoritária mas fiel de ouvintes e o alargamento da base social da recepção da rádio. Começariam também a funcionar rádios escolares, de mesas redondas e fóruns, e ligadas a comunidades, minorias étnicas e religiosas. Para além da rádio pública (NPR), já na década de 1960. A sétima conclusão aponta para o futuro próximo: do mesmo modo que a AM foi substituída pela FM, a digitalização traz outras apostas. Com a pergunta: a rádio manter-se-á?
Estes dias de leitura do livro levaram-me a pensar no quanto falta fazer na história da rádio em Portugal. Que eu saiba, a FM operou sempre na banda dos 88-108 MHz, mas algumas das primeiras emissoras emitiam em simultâneo com a AM, não entusiasmando muito os ouvintes que não encontravam alternativas de programação. Igualmente, algumas emissões experimentais tiveram qualidade pouco desejável. A estereofonia foi um estímulo para a audição da FM. E uma geração nova de animadores surgiu nos finais da década de 1960, trazendo estéticas musicais novas (pop e rock de língua inglesa em vez de música francesa e espanhola e música clássica) e formatos distintos.
EXPOSIÇÃO DE JASON MARTIN
Jason Martin, integrante do Young British Artists (década de 1990), expõe 12 obras de grandes formatos no Espaço Cultural David Ford do Centro Brasileiro Britânico, com o patrocínio da Cultura Inglesa de São Paulo. Abertura: dia 23 de Outubro, às 19:30.
O local da exposição fica na Rua Ferreira da Araújo, 741, térreo, em São Paulo.
[materiais informativos disponibilizados por Décio Hernandez Di Giorgi, a quem agradeço]
MARCELO SOLÁ
Marcelo Solá expõe individualmente na Galeria Oeste, de 28 de Outubro a 22 de Novembro, "Obras Recentes", com 13 desenhos em grandes formatos. Parte das obras a expor já foi exibida na mostra Heteronímia, no Museu Casa de América, em Madrid, Espanha.
A Galeria Oeste fica na Rua Mateus Grou, 618, Pinheiros (Zona Oeste), em São Paulo.
[materiais informativos disponibilizados por Décio Hernandez Di Giorgi, a quem agradeço]
THIS IS NOT A VOID
A Galeria Luisa Strina (Rua Óscar Freire, 502, São Paulo) inaugura no dia 24 de Outubro a mostra internacional This Is Not a Void, organizada pelo curador Jens Hoffmann, com obras de 37 artistas de renome internacional. A exposição foca a "noção de vazio ao criar um espaço aparentemente vazio, porém cheio de obras de arte que são desmaterializadas, imateriais ou efémeras e, por isso, imperceptíveis".
Para o curador, a ideia da mostra parte do conceito da 28ª Bienal Internacional de Arte de São Paulo, Em Vivo Contato, que abre na mesma semana. Para Hoffmann, "esse simples gesto é inspirado pela ideia do vazio como espaço potencial, um gesto simbólico de suspensão". Os artistas participantes são Artur Barrio (Portugal - Brasil), Laura Belem (Brasil), Arabella Campbell (Canadá), Ivan & Yoan Capote (Cuba), Alexandre da Cunha (Brasil), Martin Creed (Inglaterra), Guy Debord (França), Gino de Dominicis (Itália), Marcel Duchamp (França), Elmgreen & Dragset (Dinamarca e Noruega), Robert Filliou (França), o coletivo Claire Fontaine (França), Aurelien Froment (França), Ryan Gander (Inglaterra), Mario Garcia Torres (México), Loris Gréaud (França), Jordan Kantor (Estados Unidos), Paul Kos (Estados Unidos), David Lamelas (Argentina) [autor da imagem que acompanha este post], Adriana Lara (México), Tonico Lemos Auad (Brasil), Tim Lee (Canadá), Jac Leirner (Brasil), David Lieske (Alemanha), Mateo Lopez (Colômbia), Renata Lucas (Brasil), Kris Martin (Bélgica), Robert Morris (Estados Unidos), Roman Ondak (Eslováquia), Fernando Ortega (México), Kirsten Pieroth (Alemanha), Marco Rountree (México), Tino Sehgal (Inglaterra), Mark Soo (Canadá), Jan Timme (Alemanha), Ian Wilson (Inglaterra) e Cerith Wyn Evans (Inglaterra).
[materiais informativos disponibilizados por Décio Hernandez Di Giorgi, a quem agradeço]
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
RECEPÇÃO DOS MEDIA
Foi hoje apresentado na conferência da ERC, o Estudo de Recepção dos Meios de Comunicação Social, na íntegra aqui.
Retiro o início da parte VI, Resumos e Comentários Finais, do estudo realizado por José Rebelo (coordenador geral do estudo, ISCTE), Cristina Ponte (Universidade Nova de Lisboa), Isabel Férin, (Universidade de Coimbra), Maria João Malho (Instituto de Apoio à Criança), Rui Brites (ISCTE) e Vidal de Oliveira (ESCS - Instituto Politécnico de Lisboa):
A primeira impressão que ressalta, de uma leitura panorâmica do campo dos media em Portugal, é a dominação da televisão. Não é nada que surpreenda. Nem é nada de genuinamente nacional. Mas é sempre de assinalar. Todos vêem televisão, independentemente do grau de escolaridade, da idade e do género. Quando se pergunta qual o meio de comunicação social mais adequado ao exercício das funções de informação, educação e distracção, a televisão vem sempre à cabeça. Em termos relativos, a televisão será menos vocacionada para educar, a imprensa para distrair e a rádio para informar.
Comparando duas faixas etárias – com menos de 31 anos e com mais de 64 – verifica-se que os jovens lêem mais jornais e revistas, ouvem mais rádio, vão mais ao cinema, navegam mais na Internet. Apenas no que respeita à televisão, os consumos se aproximam, situando-se as dissemelhanças nos programas susceptíveis de merecer a preferência de uns e outros assim como no grau de estabilidade, ou mobilidade, que revelam: os jovens munem-se, com muito mais frequência, do comando à distância.
COMPANHIA DE TEATRO A ESCOLA DA NOITE, EM COIMBRA
Pelo blogue A Escola da Noite, ficamos a conhecer a actividade da companhia de teatro por altura da estreia de TNT [Tumulto no Teatro]. Trata-se de um novo teatro em Coimbra, no "coração da cidade", no espaço onde em 1550, no então Colégio das Artes, já se apresentava teatro.
Como se lê na apresentação da companhia:
- A primeira vez que se apresentou um espectáculo de teatro no espaço do Pátio da Inquisição, corria o ano de 1550, reinava D. Afonso III, a Inquisição ainda só estava à espreita e o edifício chamava-se Colégio das Artes. A peça, de que não há registo de nome, era uma comédia em latim no estilo das de Plauto. O teatro escolástico era, no entanto, prática comum nos colégios da Coimbra quinhentista. D. João III fez mesmo publicar um alvará, em 1546, onde ordenava que a Universidade e o Colégio de S. Jerónimo representassem, todos os anos, uma comédia. Com a fundação do Colégio das Artes em 12 de Fevereiro de 1548, a prática do teatro ganhou ainda mais importância, uma vez que alguns dos mestres que ali ensinavam eram, à sua maneira, homens de teatro: Diogo de Teive, autor de duas tragédias sobre David e Judith; e George Buchanan, autor de Jephthes, sive votum e de Baptistes, sive calunia e tradutor do grego para latim da Medea e da Alcestis , de Eurípedes. Buchanan foi provavelmente também "encenador", uma vez que, em Bordéus, no Colégio de Guyenne, as peças da sua autoria eram representadas pelos seus alunos.
A importância do Colégio das Artes, enquanto instituição cultural, deve-se em grande parte ao conjunto de humanistas portugueses, espanhóis, franceses, italianos, escoceses e flamengos que ali leccionavam sob a direcção de André de Gouveia. O ensino das humanidades: da filosofia, da retórica e da gramática, foi ali cultivado, além dos já citados, por mestres como João da Costa, Nicolas Grouchy e Guilhaume de Guérante. O séc. XVI em Coimbra é, do ponto de vista da cultura e do saber, notável: o Colégio das Artes surge no contexto de numerosos outros colégios espalhados pela cidade, muitos dos quais concentrados na zona da actual Rua da Sofia.
Em 1996, sobre o Pátio da Inquisição e a história do teatro aí feito, quando a companhia pela primeira vez se apresentava numa velha garagem adaptada à função teatral, o texto de apresentação acabava com um parágrafo novamente actual: "A Escola da Noite toma este espaço de volta".
CADERNOS DE ARTISTA NA MOSTRA IMPULSO, A INAUGURAR AMANHÃ EM SÃO PAULO
A Mostra Impulso abre amanhã, ao fim da tarde, na Galeria Emma Thomas, em São Paulo, como anunciei aqui há dias. Trata-se de uma colectiva de cadernos de artista organizada por Marcio Renée e com 24 artistas brasileiros. O conjunto dos trabalhos apresentados resulta da selecção entre mais de 100 cadernos analisados pelo curador.
Participam da exposição: Constança Lucas, Fabio Celassis, G4, Gui Mohallem, Laerte Ramos, m.luisa.lobo.editore, Renato de Cara, Thereza Salazar (com colaboração de Eduardo Jorge) [as imagens referem-se a esses autores pela mesma ordem], Wash Dellacqua, Ana Nitzan, Cildo Oliveira, Adriana Afortunatti, Alexandra Ward, Fabio Maia, Fabiola Notari, Fabiola Salles, Lais Sobral, Lucas Simões, Miguel Bandeira, Nicholas Petrus, Patricia Kondo, Sandra Lapage, Sonia Gomes e Sonia Magalhães.
Retiro da informação da organização o seguinte:
- O "caderno de artista" (pode ou não se tratar de um caderno) recebe esse nome por conta da aproximação semântica da superfície onde os artistas organizam suas referências visuais, suas anotações e projetos das obras. São apenas uma parcela do registro do processo de criação e revelam detalhes muitas vezes ausentes da obra final. Não raro, os artistas constroem os cadernos como um projeto final, uma obra, objeto ou até mesmo uma escultura, daí a escolha do curador em investigar sua pluralidade e plasticidade. Ao idealizar a mostra “Impulso” Marcio Renée não apenas os eleva ao status de obra de arte, antes revela o processo de concepção, o embrião e em muitos casos a própria obra finalizada.
[os meus agradecimentos a Décio Hernandez Di Giorgi, pelo envio do material]